Athena e Eu escrita por Naiane Nara


Capítulo 19
Sacrifício


Notas iniciais do capítulo

Saint Seiya é de propriedade de Masami Kurumada, mas pertence à humanidade. Boa leitura!



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Perséfone

Pelos deuses, eu preciso avisar Palas! Minha visão se revelou finalmente completa! Não é o casamento de Pégaso com qualquer uma que a fazia sofrer... Era o casamento dele com ela mesma! O sofrimento horrível de que a vi presa é a maldição. A maldição do que é perjuro pelo Estige...

Oh, céus! Por favor, meu Pai, Zeus todo Poderoso! Não permita que isso aconteça... Eu suplico.

Claro que para nossos irmãos e irmãs seria muito conveniente. Por isso que vi que esse casamento traria a paz. Que político! Seria feita a união através da mais poderosa das deusas com um humano, mas ela iria pagar por salvar, de qualquer maneira.

Ah, Palas, o que foi que eu fiz... Você ainda podia estar plácida e serena, cuidando da reconstrução dos destroços da Guerra, oh Athena Ergani, única deusa que reconstrói e ajuda depois de batalhar, Ergani, deusa da liberdade e paz recém-conquistada. Agora, por minha culpa, terás de ser Athena Higéia, a deusa que cura, mais uma vez.

O que foi que eu fiz?

Choro então desesperadamente, as lágrimas vindas em borbotões. Mas paro repentinamente. Há um jeito. Uma maneira de impedir. Uma única maneira, mas é perigoso demais; posso acabar matando todos nós se eu falhar.

E há uma grande chance disso acontecer.

Mas para tentar, eu preciso de ajuda para me recuperar. Sangue do Pai ou de um mortal puro podem fazê-lo, mas os dois são de localização desconhecida e difícil. Minha mente vagueia a beira da inconsciência até que um rosto me aparece. Não tão difícil, pensei sorrindo, não tão difícil.

Andrômeda, penso delicadamente, como seu sangue me fará bem, então não posso evitar lamber os lábios, em expectativa, exatamente como um animal esfomeado. Mas não aguento nem me arrastar por esse chão, então venha até mim, Andrômeda, Cavaleiro da Esperança. Venha até mim, meu doce sacrifício, venha até mim!

Pronto. Coloquei nesse chamado toda força que me restava. Sei que ele virá; só preciso me manter acordada até lá. Mas é tão difícil respirar com os braços, pernas e costelas quebrados... Estão se curando, mas estão quebrados, e o Ikhor faz melhor seu trabalho enquanto dormimos.

Algumas horas depois, entre o Sono e a vigília, Andrômeda surge onde estou, com seus insuportáveis olhos gentis, tão parecidos com os dele. E se horroriza ao me ver, ao ver meus ossos em estranhos ângulos e meu corpo coberto de sangue dourado.

– Ikhor - consegui dizer - Meu Ikhor esvaziou quase todo. Ele... Ele fez isso comigo.

Ele empalideceu, com a expressão angustiada.

– Preciso de ajuda, - continuei - grande guerra. Mais uma. Preciso ir até Athena.

– O que preciso fazer? - disse ele, falando pela primeira vez. - Parece-me que é impossível transportar você.

– Sangue - Respondi, cansada. - Sacrifício de sangue. Como os antigos.

Ele é uma boa pessoa, e solidária também. Balança a cabeça, assentindo. Em seguida, aquele que chamam de Shun rasga as mangas da comprida camisa, e meio incerto do que fazer me oferece seu braço nu. O simples gesto de estender minha mão até ele é dolorosa além dos limites do insuportável. Infinitamente cuidadoso, ele aproxima mais o seu braço. Sorrio um pouquinho, e até isso dói. Se eu não soubesse que Shun é alguém puro, saberia agora. Somente as pessoas de coração puro tem tamanho desprendimento da própria vida pelos outros.

Minha unha consegue cortar, e o Cosmo de Andrômeda queima feito fogo. Seu sangue é quente, e cai sobre mim como uma manta, o aroma é tão suave, e a sensação... Quase me esqueci de por que eram exigidos sacrifícios nos tempos antigos. São deliciosos. E se a vítima é voluntária, é melhor do que qualquer outra coisa que já tenha provado.

Meu corpo se cura, agora rápido, enquanto nos encaramos. Jamais imaginei que tamanha bondade fosse existir em um único olhar. Momentos se passaram. Ordeno à ferida dele que se feche, para em seguida fechar meus olhos, embalada por seus braços longos que me transmitem segurança.

– Não se preocupe. - Ouvi longe, sua voz dizer. - Velarei por você.

– Seu sangue é muito bom - Foi minha estúpida resposta.

Ele riu fracamente, e só então notei como estava cansado. Respondeu-me:

– Mas você não tomou meu sangue... Não pela boca, de qualquer forma.

Rimos juntos, a inconsciência se aproximando agora, avassaladora:

– Claro que não, acaso sou uma vampira? Deuses sentem gosto pelo olfato.

– Faz sentido - tornou ele, como uma cantiga de ninar. - Os antigos dizem que as divindades apreciam oferendas queimadas. As melhores.

– Apreciamos muito mais as que são dadas de coração.

Olhos fechados, dor passando, calor humano sendo transmitido pelo Cosmo em forma de tão terno abraço, aconchego. Mas nem isso me livra do medo.

– Não quero dormir - Consegui choramingar. - Na vez mais recente que me fizeram dormir, foi por mil anos.

– Não se preocupe - Repetiu ele. - Velarei por você.

*****


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.