Seiya

– Não posso, Seiya.

Meu rosto se desmanchou imediatamente, aquelas 3 palavras batendo em mim com violência e se repetindo na minha cabeça:

– Não posso, Seiya.

Não que eu estivesse magoado. O que vim fazer aqui? É claro que ela não pode. É uma deusa. O que eu estava pensando? Isso é só um sinal de que estava tendo esperanças sem me dar permissão para isso. Levantei-me bem devagar. Que vontade de gritar!

– Então é tudo inútil - disse com a voz tremendo, tentando não chorar. - Eu estou fadado a ficar do seu lado. Você é meu ímã Saori... Vai me atrair de qualquer jeito, em qualquer vida.

O rostos dela se constrangeu:

– Tudo o que tenho feito é para que pessoas como você tenham uma vida normal, Cavaleiro.

Minha voz se alterou:

– E em toda a sua sabedoria, deusa, lembra-se de alguma encarnação que eu tenha tido uma vida? - Ela estava assustada, então respirei fundo e abaixei minha voz. - Há 200 anos morremos com um amigo para conter o mal. Eu preferiria que isso tivesse acontecido de novo, ou que me deixasse morrer com a maldição de Hades, do que ter que te ouvir dizendo isso, Saori!

– Por favor, entenda Seiya... - Tornou ela.

– Acha que estou brincando, exagerando? Que é tudo delírio de um adolescente? Acha que sou capaz disso? Está reduzindo o que eu sinto a isso?

Ferida por minhas palavras, minha arrogância e minha raiva, a deusa começou a chorar.

– Seiya, por favor...

Mas meu coração estava insensível mesmo a sua súplica, e gritei bem mais alto e com mais raiva:

– Então diga que não me ama, Athena!

Seus lindos olhos, velados de lágrimas, se arregalaram de surpresa, depois se suavizaram, apesar da face ainda estar sombria. Respondeu-me:

– Jamais direi isso, independente de quantas eras se passem.

Seu olhar me acalmou; suas palavras me aqueceram. Ela continuou:

– Eu também vou estar sempre com você, Seiya kun. Mas quebrando meu juramento, eu te condenaria de forma irreparável, e você merece algo muito melhor.

Enquanto falava Athena pegou minhas mãos de forma inconsciente e manteve-as entre as suas, num gesto imensamente acolhedor. Eu não resisti, dei dois passos em sua direção enquanto falava:

– Mas é do seu lado que me sinto em casa.

– Você precisa tentar ter uma vida. Tente, Pégaso. Por mim. - Ela sussurrou de forma torturada, o que me forneceu desculpa para me aproximar mais sem que ela notasse. Então disse:

– Eu não quero...

Só mais um passo. Inclinar a cabeça. Sentir seu perfume. Um passo, e posso beijá-la. Sei agora que Athena me ama e não vai me impedir. Quando estivermos juntos, realmente juntos, tudo vai ficar bem.

Os olhos dela continuam presos dos meus de forma encantadora. A tentação é ainda maior. Posso dar um passo e acabar com essa fome que tenho dela, essa espera angustiante e mal disfarçada. Um beijo, e sei que não precisaremos de explicações, não nessa noite.

Depois disso, posso enfrentar qualquer coisa, qualquer um, qualquer deus.

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