Athena e Eu escrita por Naiane Nara


Capítulo 20
Preparação


Notas iniciais do capítulo

Saint Seiya não me pertence, só me emociono e adoro loucamente. Espero que gostem.



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Shun

Assim que a deusa adormeceu, pude finalmente dar um longo suspiro de desânimo e deixar transparecer toda a minha tristeza e cansaço. Mais uma guerra, justo agora que os deuses fizeram um acordo e este foi selado com a paz duradoura. Pensei que isso acabaria um dia, não quero mais ter que ferir as pessoas. Porém devo lutar, se assim for preciso, de novo usar meus punhos para trazer dor e morte. Estava no meio dessa batalha interna quando uma voz me interrompeu bruscamente, vinda de algum ponto atrás de mim:

– Você vai ajudá-la?

O Cosmo estava mais preocupado que enfurecido, mas ainda assim me virei com cautela.

– Ikki!

Ele bufou:

– Mas que pergunta a minha! É claro que vai ajudar.

– O que mais eu poderia fazer, irmão?

Ele se aproximou e sentou-se ao meu lado.

– Qualquer coisa, menos ajudar uma deusa. Não basta o que já sofremos em nome de Athena? Quer mesmo voltar a lutar, Shun?

– Sabe melhor do que ninguém o quanto custou para mim participar de todas essas batalhas.

Meu irmão se colocou de frente para mim, agachado de mal jeito e me olhou com desespero contido:

– Então por quê?

Fechei os olhos enquanto sentia o calor da deusa me aquecer.

– Viu o que ele fez a ela? A própria esposa! No inferno, Kanon me disse que não podemos nos dar ao luxo de simplesmente ficar cansados de tanto lutar. Há pessoas que dependem de nós. Se meu sofrimento puder evitar o sofrimento de outras pessoas, então aceito de bom grado e lutarei mais uma vez.

– Shun, não é sua obrigação defendê-la nem ajudá-la. Perséfone é uma divindade mais antiga que eu e você. Pode se defender e se vingar, se julgar necessário.

Abri meus olhos e encarei meu irmão firmemente. Depois de tantas vezes que minha hesitação quase me matou e a meus companheiros comigo, como ele podia acreditar que eu fugiria agora?

– Ela me chamou, Ikki. Estava desesperada, abatida, preocupada... Eu senti a sua essência enquanto ofertava meu sangue. Perséfone não é má, ama Athena e pode nos ajudar.

Um momento de silêncio incômodo teve lugar, enquanto nos encarávamos. Percebi que não me faria compreender com simples palavras. Até entendi a preocupação de meu irmão mais velho, que quebrou o silêncio com raiva:

– Tantas mulheres que te procuram desde a Guerra Galática, e tem que se interessar justamente por ela?

O Cosmo de Ikki cresceu assustadoramente, me fazendo corar de advertência:

– Nã-Não se trata disso.

– Eu te conheço melhor do que ninguém, garoto, não ouse mentir para mim!

Fiquei vermelho como um tomate, mas gaguejei tanto que não soube o que dizer. Por que essa conversa tinha tomado um rumo tão constrangedor?

– Hm...

Para minha sorte, Perséfone já estava a despertar e me poupar de uma discussão desnecessária com meu irmão. O Cosmo dele se abrandou, porém recuperou imediatamente a postura distante que usa em público. A deusa abriu os olhos docemente e sorriu. Meu coração se desmanchou com essa imagem. Ikki teve que interromper, é claro:

– Você é quem sabe. Mas está se arriscando a toa. Não tive todo o trabalho de manter você vivo para deixá-lo morrer assim.

Fiquei aparvalhado, sem entender. Mas Perséfone logo se desconectou do meu abraço, erguendo-se, e senti como se houvesse sido tirado um pedaço de mim.

– Os deuses preparam uma armadilha, não para matar, mas para torturar Athena infinitamente até que ela finalmente morra. – Disse a deusa de cabelos ruivos e olhos da maravilhosa cor das violetas. - Sei o que fazer, mas posso matar a todos se falhar. Digam a Athena... Por favor, digam a ela que me perdoe e que vou compensá-la por tudo.

Foi difícil para encontrar a minha voz, mas não pude deixar de demonstrar meu apoio neste momento em que ela se sente tão só:

– Não irá sozinha. Sei que não é muito o que ofereço, mas irei acompanhá-la.

Perséfone sorriu de forma adorável e seus olhos se encheram de lágrimas.

– Agradeço, querido Andrômeda, mas já fez muito. Fiz tudo isso sozinha e desfarei da mesma forma.

– Sim, ele já fez muito, agora já pode ir! – Ikki deu um pulo e se colocou entre nós de forma bastante ameaçadora.

– Irmão! Pare com isso!

Em um movimento que juro não ter sido ensaiado, dei a volta rapidamente, abracei a deusa e me curvei, de forma que meu corpo ficasse sobreposto ao dela e a protegesse do impacto do Ave Fênix. Perséfone tremia, com as marcas de violência recentes no corpo e na alma, e a abracei ainda mais forte. Mas ao invés da força descomunal desse golpe, o que senti foi uma risada altamente sarcástica.

– Está bem, se querem tanto assim se matar, podem ir. Não vou impedir.

Dei um suspiro de alívio, me ajeitei e segurei o rosto da deusa com as mãos para ver se não restava nenhum machucado. Depois que nos separamos, ela agradeceu a Ikki se curvando de forma graciosa e humilde. Como se não fosse nada demais, abriu uma fenda no espaço-tempo. Quando passei por Ikki para entrar nela, ele colocou a mão em meu ombro e disse, baixinho:

– Não tive todo aquele trabalho para te manter vivo para que morra assim.

Sorri, sem graça.

– Já disse isso, irmão. Vou me cuidar.

Ele olhou para Perséfone e depois para mim muito sério, antes de responder:

– Não acredito. Para me certificar, vou com vocês.

Em seguida nos empurrou para a fenda, caindo conosco.

*****


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Notas finais do capítulo

Saint Seiya é uma obra que marcou a minha vida. Agradeço a quem chegou até aqui.



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