Athena e Eu escrita por Naiane Nara


Capítulo 12
Lágrimas e Dor


Notas iniciais do capítulo

Saint Seiya não me pertence, tio Kuru é quem enche os bolsinhos. A fic está toda remodelada, por isso esse não é um capítulo ''novo'' em si, é mais uma nova face para a fic :p



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Perséfone

É difícil entender por que demoramos tanto tempo para recuperar as lembranças. Como não pensei nisso antes? Ísis, onde quer que esteja, se puder, lembre-se de mim em suas orações; vou fazer o mesmo que você fez a muito tempo, mas sozinha. Terei a concentração necessária?

Recitando as palavras do ritual, abri o círculo mágico para minha proteção. Uma luz azul brilhante rodeou o espaço do círculo que demarquei, palpitando como algo vivo.

É tão bonito... E eu havia esquecido.

– Para realizar nossos desejos, temos que descobrir nossa própria ponte que une o mundo visível ao invisível. Tenho um desejo, um pedido e uma ordem. Os três são um. Nesse momento, minha ponte para o invisível é minha Outra Parte, não necessito nada mais.

Esfreguei as palmas das mãos como se quisesse aquecê-las, a luz azul surgiu também no espaço entre elas como se fosse uma imensa massa de modelar, sujeita aos meus caprichos.

– Venha, Imperador do Submundo. Venha. Retorne à vida e retome sua esposa; Reconstrua o seu reino e tome o que é seu por direito.

Trabalho a energia azul em minhas mãos por algumas horas. Não posso falhar, a concentração deve ser perfeita. Espero o Sol se pôr; é o melhor momento, onde luz e trevas se misturam.

– Venha romper o Selo da deusa. Não posso viver eternamente sem ti. Hades, retorne antes do tempo ao Mundo dos Vivos.

Meu amado surge diante de mim, apenas alma e corpo etéreo por alguns instantes. Para finalizar o ritual e tornar essa mudança permanente, devo fazer o mesmo que Ísis fez com derradeira coragem ao seu Osíris.

– Ofereço-lhe a linhagem real de meu sangue para legitimar seu retorno.

Com minhas próprias unhas, fiz um longo ferimento em meu braço direito e deixo meu ikhor, o sangue sagrado dos deuses, banhar os pés do meu marido. Quando o líquido santo chegou até os seus tornozelos, fechei o ferimento e levantei a cabeça para vê-lo.

Estava glorioso. Tão glorioso como era antes dessa Guerra maldita.

– Eu aceito o ikhor sagrado que oferece para alimentar minha alma imortal. Dá-me também seu corpo, para que meu físico reviva. - Disse meu esposo e tomou-me em seus braços para que consumássemos nossas saudades. Sem dúvida a melhor parte do ritual, a que vou cumprir com maior prazer e alegria, pois seremos um, em corpo, alma e pensamento, então seu retorno estará completo.

Quando o desejo ordenou que nos tornássemos um, qual não foi a minha surpresa ao ver que meu marido pensava em me trair. Em seus pensamentos mais ocultos, desejava que fosse outra a fazer isso, não eu, pelo menos não neste momento.

Ele roubou meus conhecimentos. Tudo que aprendi, tudo pelo qual me esforcei, tudo que me veio como talento natural. Lembranças que eu queria esconder. E agora deseja lutar pelo que quer.

Assim que captei suas intenções, tentei me desvencilhar para que o ritual não se completasse e o selo divino o mantivesse preso por mais alguns séculos.

Mas eu estava enfraquecida e ele se tornava forte; o que começou com amor se converteu em um terrível ato de violação.

– Deixe-me! –implorei com lágrimas nos olhos, tensa e fraca.– Conhece as leis! Não pode forçar quem não o deseja!

“Não era o que parecia a um minuto atrás.” Disse ele mentalmente. Seus olhos brilhavam de cobiça e ambição.

– Deixa-me... Não reviverei a ti! Não agora!

“Inútil, querida. Por que não relaxa e aproveita? Quem desejo em minha cama depois disso é problema meu.”

Machucada, humilhada no maior grau que uma mulher pode suportar, isto é, traída e forçada, pensei em como fui tola desperdiçando energia para vingar alguém assim. Agora, enquanto me enfraqueço e ele se torna forte, não consigo nem invocar o Poder. Tudo por que ele me usou para estar vivo e se deitar com outra mulher para ter o Poder Supremo.

Ainda tentei lutar, mas ele me prendeu mais forte e bateu-me... A mim! Filha de Zeus e Démeter! A mim, a quem chamam Destruidora, a Terrível, a mãe das Fúrias!

Hades me possuiu durante horas sem fim, sempre atento a me ferir e machucar mais ainda. Meu corpo estava cheio de hematomas e sangramentos. Eu estava fraquíssima, só pedia que acabasse logo pois não suportava mais a dor.

Dor física, e dor da alma.

Meu marido pôs as duas mãos em meu pescoço e me sufocou durante muito tempo... Alternadas vezes. Quando decidiu que já tinha tomado energia suficiente de mim o fez mais uma vez, até chegar ao êxtase e finalizar o ritual.

– Eu realmente gosto de você... - Disse ele, com sua voz aveludada e letal. – É linda e uma fera nas artes do amor, além de excelente rainha. Mas tinha que bisbilhotar meus pensamentos, a pequena puta.

Que podia eu responder, quando suas mãos poderosas ainda não tinham liberado meu pescoço para que pudesse buscar ar?

– Ou acha que eu não soube de seu precioso Adônis? Eu sou Hades! – Com o seu grito, a floresta estremeceu. - Antes de você nascer já tinha lutado e governado por mil anos!

Depois de me dar violentos tapas no rosto, finalmente tirou suas mãos imundas de mim. E com um sorriso macabro, acrescentou:

– Vamos ver que Adônis vai desejá-la do jeito que está.

Levantou-se, orgulhoso de sua beleza e poder conquistados de forma tão vil; já me dava as costas para ir-se.

– Nã... Jama... – Respirei fundo. – Não a terá. - Consegui balbuciar.

Ele voltou, puxou-me os cabelos com força para elevar minha cabeça à mesma altura da sua.

– Athena será minha. Por vontade dela, ou como fiz contigo agora.

– Nã... Não... Por favor...

Penso em Palas, tão altiva, tão orgulhosa e ao mesmo tempo humilde, minha alma fica em pedaços ao imaginar que ela seja humilhada dessa maneira, manchando seu juramento, condenando-a a escuridão. E tudo por minha culpa, por um acesso de ciúme idiota...

– Eu... Faço... Faço o que quiser... Mas não toque em Palas, por favor...

– Tarde demais, minha linda. O que poderia fazer por mim já fez, e agradeço muito por isso. Volto depois para ter mais, delícia - Disse aquela voz tão suave que odiei naquele momento.

Não consegui articular mais nenhuma frase. Estava na reserva das minhas forças. Maldita hora em que me voltei contra Palas e fiz esse ritual idiota. Antes disso eu era... Feliz.

O beneplácito do esquecimento quase completo é dado sem ressalvas apenas aos humanos. Apesar de eles também terem suas exceções, quando os deuses despertam, têm que se lembrar de coisas antigas, muito antigas. Cada passo, cada erro, cada sorriso, cada arrependimento. Demora um pouco, mas lembramos de tudo.

Eu vou me lembrar destas horas sempre que despertar. Sempre. Os humanos não têm noção da dádiva que é esquecer.

*****


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Notas finais do capítulo

E aí, gostou da remodelagem da fic? Quer me matar? Acha que ficou melhor assim? Aguardo sua opinião!



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