Athena e Eu escrita por Naiane Nara


Capítulo 13
Dúvidas e Medo


Notas iniciais do capítulo

Saint Seiya não me pertence legalmente, apenas ao meu coração meloso e romântico.



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Seiya

Eu não estava preparado para o que viveria.

Ajoelhado no chão, em posição de reverência, aguardava aquela presença tão preciosa e necessária para mim e a minha existência.

A menina mais maravilhosa que já conheci. Voluntariosa, guerreira, delicada, inteligente, sensível, animada. Coincidentemente ela é uma deusa. Uma divindade que fez um voto de castidade eterno para se dedicar somente a sua missão.

Pelas águas do Estige. Já ouvi uma lenda sobre isso uma vez...

Meu coração dói e se estilhaça ao pensar nisso, o que é frequente, já que vejo essa menina-deusa quase todos os dias. Eu, que já lutei tanto para sobreviver e não desistir, entreguei minha própria vida para ela uma vez, me oferecendo para morrer desde que fosse pelas suas mãos. Sei que não combina comigo, mas é verdade.

Será que é fantasia demais pensar que talvez ela aprecie minha companhia, apesar de eu irritá-la de vez em quando? Gosto de fazê-la rir, seus olhos brilham tão intensamente e o rosto assume uma expressão sonhadora. Gosto de contemplar seu rosto e as inúmeras expressões que ele assume. Por exemplo, adoraria vê-la cozinhando agora...

Como se Nêmesis ouvisse o pedido sussurrado no mais íntimo da minha mente, eu a vejo de longe, caminhando ao seu Templo para me encontrar. Ruborizo instantaneamente; sem evitar um breve sorriso, abaixo a cabeça, envergonhado.

Quem dera que jamais tivesse levantado a face novamente para vê-la.

Uma grande corrente de ar gelado me alcançou, e o impacto foi de um bom murro no estômago, seguido de uma queda no chão de cabeça.

É... Quem não gosta de começar o dia assim?

A nuvem negra se expande do ponto onde estou até o Décimo Terceiro Templo, onde me sinto no meio de um tufão. Finalmente ergo a cabeça para ver, preocupado com Athena, mas ela já está no meio da nuvem, impassível. Parece saber do que se trata.

Então uma forma conhecida surge diante dos meus olhos, de costas para mim, de frente para Athena, que já estava no fim da escadaria.

– Bom dia, linda sobrinha.

O maldito que fez sofrer a cada um de nós além do indescritível na última Guerra Santa...

– Tio. – Retruca Athena, cuspindo a palavra.

– Não resisti à saudade. Precisava te ver. Mas você não sai do seu mundo protegido por humanos. Quando voltará a ser uma deusa da guerra de verdade, que procura enfrentar seus inimigos em vez de ficar esperando por eles?

Athena suspirou com impaciência:

– Agiu rápido, mas, se não me engano, seu tempo nesta projeção astral é curto. Por que não diz logo o que veio dizer?

O semblante da deusa continua impassível, como se fosse esculpido em gelo.

– Correta como sempre, mais sábia entre as deusas. Aliás, devo agradecer a você por ter ajudado a enviar Perséfone tão depressa para mim, obrigado. – E fez uma reverência insultante diante de Athena. Resolvi ficar parado onde estava, já que não se tratava do Imperador do Submundo em pessoa.

Deveria ter saído correndo.

– Vim lhe propor um acordo. Você está cansada de mortes, e seu ato de altruísmo mais recente tirou muitos dos humanos mortos dos meus domínios, sem mencionar que destruiu o meu Reino. O jogo me cansou. Quero você em minha cama por uma noite, e terás minha rendição nessa Guerra jurada pelo Estige.

Saori empalideceu mortalmente, e tive que exigir tudo de mim para não atacar aquela sombra maldita. É só uma sombra projetada. Preciso me concentrar em acabar com o original. Pensava nisto, quando me veio a mente minha última conversa com Saori. De que adianta acabar com ele agora, se mais cedo ou mais tarde ele voltará?

A voz melodiosa de Athena interrompeu meus devaneios:

– Isso me parece impróprio do Imperador dos Mortos. Abrir mão da Terra por uma noite de luxúria? E acaso não sabe que não me interesso por esses assuntos? Também se apagou de tua mente deturpada o castigo ao que deflora uma virgem do Olimpo jurada pelo Estige, Hades? Enlouqueceu?

– Sim, você me enlouqueceu. - Respondeu ele com aquela voz odiosa. - Já não se importa mais com seus Cavaleiros? Quer vê-los sofrer novamente a cada era? Estou te oferecendo a rendição. Agora que Perséfone retornou, quero desfrutar-lhe a companhia em paz, no silêncio dos mortos. Antes, só faço um pedido. Que te importa se depois vou ser castigado ou não?

Saori ficou enrubesceu pelo que imaginei ser raiva ou indignação, mas suas palavras me mostraram o contrário:

– Mesmo que eu concordasse, também seria severamente punida. Por que acha que correria esse risco por você?

– Por mim? Jamais, Athena Ergani. Mas pela Terra? Seus preciosos humanos? Você vive se sacrificando por eles. Essa seria a última vez.

– Não, não Saori. – Eu disse baixinho. – Por favor, não.

– É casado com minha irmã, além de meu tio. Sua mente está acabada se vês tudo por essa lógica. Deves procurar ajuda. Saia já de meu Templo. - gritou ela em resposta.

– Sairei. Mas a semente está plantada e a deusa da Paz recusa um acordo.

A Névoa negra se desfez em meio a gritos de pessoas que pareciam estar sendo torturadas, e senti novamente o impacto de um murro no estômago e a queda no chão de cabeça.

Respirei fundo o ar puro do Santuário, me sentindo aflito como nunca antes. Então, finalmente, nossos olhares se encontraram; ela viu a desconfiança nos meus crescendo de forma absurda e irreversível.

Sim, a semente estava plantada, pensei miseravelmente. Hades sabe que Athena faz qualquer coisa por nós, mesmo que a degrade ou a faça sofrer. Eu só não esperava vê-la se conformar tão rápido. Esperava que lutasse.

– Seiya...

Me levantei e andei em direção a entrada do Templo antes de responder:

– Só queria saber de sua saúde. Já sei que está muito bem. Com licença.

– Pégaso, espere.

Hesitei por um instante, sem parar de caminhar.

– Adeus.

– Virá mais tarde? - Perguntou-me de forma adoravelmente suplicante.

Já de costas para ela, tornei ironicamente:

– Não sou um Cavaleiro?

Somente uma obrigação para me fazer retornar ao Templo da deusa depois do que presenciei.

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