É Evans, Potter! escrita por Anchorage


Capítulo 13
Verde e vermelho




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Lily

– Eu já falei o quanto eu amo Natal? – Suspirei ao olhar mais uma vez para o enorme pinheiro enfeitado.

– Sim! – Meus amigos responderam em coro e eu comecei a rir.

– Esse Natal vai ser ótimo! – Alice bateu palmas alegremente e não pude deixar de notar o modo como Frank a olhava – ele a admirava, seus olhos denunciavam o quão apaixonado era.

– Não sei se eu já contei, mas a mãe do Frank cozinha muito bem! Ano passado eu passei o feriado com a família dele e eu acho que nunca comi uma ceia tão deliciosa. – Ela continuou.

Olhei para James e, apesar de estar sentado ao meu lado, ele não poderia estar mais distante. Ele me olhou e sorriu sem jeito, respirei fundo e remexi minha comida. Estava incomodada com aquela tensão entre a gente.

– Uma pena vocês não poderem passar o Natal conosco, nós conseguimos convencer a Marlene! – James apontou para minha amiga, que revirou os olhos.

– Eu só vou passar o Natal com vocês... – Ela apontou o dedo para James de uma maneira acusadora.

– Por ser a sua melhor opção. Afinal, um longo feriado ao meu lado é tudo que as garotas desejam. – Sirius piscou e ela fingiu vomitar.

– Você está me fazendo mudar de ideia, Black! – Marlene franziu o nariz, provocando-o.

– Infelizmente, você não tem mais opção. A lista com os nomes dos alunos que vão ficar em Hogwarts já está fechada e, bom, o trem sai em algumas horas. – Sirius sorriu satisfeito e Marlene o fuzilou com o olhar.

– É melhor conferirmos nossas malas. – Lily disse olhando para as meninas. Elas se retiraram da mesa e caminharam até o salão da Grifinória.

– Lils, está tudo bem entre você e o James? – Emmeline se aproximou de mim e eu assenti.

– Sim.

– Eu notei que vocês estão um pouco distantes... – Ela continuou e eu suspirei fundo.

– Emm, estamos bem, sério. – Tentei soar convincente e ela sorriu gentilmente. Entramos no nosso dormitório e sentei-me em minha cama.

Nós não estávamos bem, James parecia se distanciar de mim cada vez mais e, nos últimos dias, ele lotava seu dia com diversos compromissos, nos quais eu não estava incluída, que o deixavam extremamente cansado. Uma hora ou outra, nos esbarrávamos no corredor e ele me dava um sorriso amarelo, fazendo meu coração afundar.

James não conseguia entender o meu lado. Existem certas coisas que uma pessoa precisa guardar para si. Se contasse a ele que eu estava pensando em me juntar a Voldemort, ele surtaria. Eu sabia que nós acabaríamos discutindo por causa disso e, honestamente, dadas as circunstâncias, não podia me dar ao luxo de discutir com ele.

Sirius conseguia ser tão compreensível... Ele tem a preocupação de entender meu lado e se prontificou a me ajudar, mesmo sem concordar totalmente com meu plano. Ao pensar nisso, me dei conta de que se James descobrisse que Sirius está me acobertando e, pior, me ajudando... Ele teria um colapso nervoso.

– Lily? – Alice me chamou. – Tudo pronto?

– Oh... – Olhei para a Alice e vi que todas estavam prontas. – Sim, sim. Podem ir, desço em um minuto!

Caminhei até o banheiro e observei meu reflexo no espelho. Meus olhos estavam marejados e eu sentia o vazio constante em meu peito se alastrar por todo o meu corpo. Lavei meu rosto e respirei fundo, não podia ceder agora. Ainda precisava avisar Avery que eu queria uma reunião com Voldemort.

Seria mais fácil falar com Sev, mas Sirius me alertou que talvez não fosse a melhor opção. Sev poderia tentar me proteger, – o que eu achava difícil, considerando que não éramos mais amigos – e não transmitir a mensagem para Voldemort.

Desci as escadas e entrei no dormitório dos monitores-chefes. No começo do ano, eu e James fomos até o escritório de Dumbledore para pedir que continuássemos em nossos dormitórios comuns, junto com nossos amigos. O diretor concordou, mas mesmo assim passou a senha para acessar o cômodo. Apesar de preferir ficar com minhas amigas, o dormitório dos monitores funcionava como um refúgio para mim. Era super aconchegante e tranquilo, possuía uma sala de estar com um sofá, uma lareira e uma mesa central. Do outro lado da sala, tinham duas portas e a esquerda era a do meu quarto.

Abri a porta e imediatamente senti o costumeiro cheiro de hortelã do quarto. Estava tudo do jeito que eu havia deixado. Minha janela era virada para o Lago Negro e eu adorava ficar apoiada ali, admirando a vista. Caminhei até minha escrivaninha e retirei, de uma das gavetas, um pedaço de pergaminho e uma pena.

Mudança de planos, avise a ele que estou interessada. Gostaria de marcar uma reunião.

L.E.

Enrolei o bilhete e retornei ao salão comunal. Caminhei até meus amigos, que estavam perto da lareira e avisei que precisava ir até o corujal.

– Nos encontramos em frente ao Salão Principal? – Remus perguntou e eu assenti. – Eu levo seu malão.

Agradeci e saí pelo retrato da Mulher Gorda. Respirei fundo e deixei meus pés me guiarem até a Torre Oeste. Chegando ao corujal, avistei uma coruja parda,que mantinha seus olhos focados em mim, quase como se desconfiasse de mim. Aproximei-me lentamente e acariciei sua cabeça, ela piou tranquila e eu sorri.

– Preciso que você leve esta carta para mim. – Ela piou em concordância e amarrei o pergaminho em sua pequena pata. – Avery Jr.

Falei baixinho e ela abriu suas enormes asas, voando para longe. Respirei fundo e segui a ave até ela sumir de vista. Estava começando.

– Lils? – James apareceu no topo da escada.

– James.

– Já estamos indo para Hogsmeade. – Assenti e nós caminhamos até o Salão Principal.

– Então, Lily, preparada para conhecer o sogro? – Peter perguntou divertido e eu engoli em seco.

xx

– Sejam bem vindos! – Dorea Potter estava nos esperando na estação King’s Cross. Charlus mantinha uma mão sobre o ombro da esposa e um sorriso torto no rosto. Sirius correu até Dorea e a abraçou. James se aproximou de Charlus e eu notei a semelhança entre os dois: os cabelos negros arrepiados, os mesmos olhos castanho-esverdeados e os traços do rosto eram iguais.

Por um momento, os quatro se abraçaram e eu senti um aperto no coração. Remus passou o braço pela minha cintura e beijou o topo de minha cabeça.

– Mãe, nós temos visitas! – James disse um pouco envergonhado, pois sua mãe não parava de lhe dar beijos.

– Oh, mas é claro! Remus, meu querido, como você está? Peter, você não vai acreditar na sobremesa que fiz especialmente para você! – Ela cumprimentou os meninos.

– Meninas, estou tão feliz que vocês não passar o Natal conosco, vai ser muito divertido! – Ela sorriu simpática e aquele afeto maternal recobriu meu coração de conforto. Dorea se aproximou de mim, segurou minha mãe de forma firme e me olhou nos olhos.

– Meus sentimentos, querida. – Ela disse baixinho e eu sorri sem forças, ao sentir meus olhos ficarem embaçados. Dorea me puxou para um abraço e me permiti respirar fundo, lembrando de minha mãe e desejando mais que tudo que ela estivesse aqui, assim como Dorea, para me receber de braços abertos. Gostaria que meu pai também estivesse aqui, com um de seus suéteres quadriculados, as mãos escondidas nos bolsos da calça e um sorriso contagiante.

Charlus se aproximou de nós e deu leves tapinhas nos ombros de Dorea, que se separou levando o calor confortável junto com ela. Cruzei meus braços sobre meu peito, como se estivesse com frio, mas, na realidade, o frio não me incomodava.

– Lily. – Charlus me cumprimentou e James logo se aproximou de mim. Ele beijou meu nariz e acariciou meu rosto.

– Tudo bem? – Ele perguntou com uma de suas mãos ainda em minha bochecha. Eu assenti e esfreguei meus olhos para limpar as lágrimas. Entrelacei minha mão na dele e nós aparatamos juntos.

A família de James morava em Portsmouth, uma cidade ao sul da Inglaterra.

– Você sabia que Elias Grimstone – aquele famoso criador de vassouras – é daqui? – Eu sussurrei para James e ele assentiu.

– Ano passado, Sirius descobriu o endereço dele e nós quatro fomos até lá. A assistente dele nos atendeu, mas disse que o Sr. Grimstone não recebia mais visitas.

– Sério? Que legal! Quer dizer, legal vocês terem descoberto, mas é uma pena que vocês não conseguiram entrar em contato com ele.

– Quem disse que nós não conseguimos? – Ele fingiu estar ofendido e eu arqueei uma sobrancelha. – Entramos pela janela. – Ele deu de ombros e minha boca se abriu em um perfeito “o”.

– Peter ficou encarregado de distrair a assistente, Remus nos ajudou a entrar pela janela e eu e Sirius conseguimos uma foto. Elias estava dormindo, mas o que vale é a intenção. – Ele piscou e eu gargalhei por causa da naturalidade com que ele relatava aquele episódio.

– Que tal vocês levarem as meninas para que elas possam se acomodar? – Dorea juntou as palmas de sua mão e sorriu animada. James assentiu e nos levou até o quarto de hóspedes.

– Sua mãe é tão fofa, James! – Emm disse com um enorme sorriso e eu assenti. Dorea realmente era especial em muitos sentidos: era uma excelente auror, uma bruxa muito conhecida, tinha uma linda família, um coração enorme e era uma pessoa pra lá de carismática.

– Ela é mesmo. – Sirius respondeu com um brilho incomum em seus olhos. James o olhou com o cenho franzido e socou o ombro do amigo, que soltou uma risada rouca, que mais parecia um latido.

– Pessoal, eu estou preparando um charrusco!

– Churrasco? – Eu me virei para Remus, com uma sobrancelha arqueada.

– Provavelmente. – Ele respondeu risonho.

– Mas nós estamos no inverno... – Eu disse baixinho.

– Vocês precisam ver o que eles fizeram no quintal! – Peter disse com um prato de carne na mão. Olhei para Remus com um olhar curioso e nós seguimos até o quintal da casa.

Quando saí pela porta e me deparei com o quintal, fiquei boquiaberta. Charlus estava com um avental branco que continha os dizeres: “Eu sou um bom cozinheiro. E também um bom mentiroso!”, tinha uma espátula nas mãos e estava em frente a uma churrasqueira improvisada.

– Bonito o avental, Charlus. – Marlene disse com um sorriso genuíno em seu rosto.

– Ora, obrigado, Marlene!

Eles haviam colocado alguns feitiços na parte coberta do quintal. O clima estava ameno, o calor invadia minha pele e uma leve brisa batia em meu rosto. Fechei os olhos e respirei fundo. Era como se estivéssemos em uma bolha, onde Charlus e Dorea conseguiram trazer o verão para dentro do inverno.

Olhei para o gramado na parte descoberta e observei a neve cair, caminhei até o limite da bolha e estiquei uma de minhas mãos. Um pequeno floco de neve caiu entre meus dedos e puxei meu braço para o verão, fazendo com que o floquinho derretesse. Sorri abobada com aquela situação, era completamente adorável.

Charlus apontou para mim com a espátula e sorriu.

– Eu aprendi a fazer charrusco especialmente para você, ruiva! Espero que esteja bom.

– Obrigada, Sr. Potter. – Senti minhas bochechas corarem e Dorea piscou para mim.

– Charlus, o nome correto é: churrasco. – Remus o corrigiu.

– Como? – Charlus perguntou confuso.

– Churrasco. – Remus repetiu divertido.

– Churrasco. – Charlus assentiu e ficou repetindo baixinho.

– Bom, sentem-se! – Dorea apontou para a mesa. James puxou a cadeira para que eu me sentasse eu sorri admirada. Ele se sentou ao meu lado e apoiou um de seus braços sobre o encosto de minha cadeira. Repousei uma de minhas mãos em sua coxa, ele levantou as sobrancelhas divertido e me deu um beijo estalado na bochecha.

– Não fique muito animado. – Eu sussurrei.

Logo, todos estávamos sentados a mesa saboreando o delicioso charrusco de Charlus.

– Mais vinho, Emm? – Dorea ofereceu.

– Ah, não, muito obrigada. Acho que já tomei o suficiente. – Ela riu um pouco abobada e Remus a olhou com uma sobrancelha arqueada. Dorea riu e serviu um pouco mais de vinho para Sirius.

– Pra você eu não preciso nem perguntar, não é? – Ela riu gostosamente e ele piscou.

– Marlene? – A loira assentiu e estendeu sua taça. – Meninos? – Ela se virou para Remus e Peter que recusaram.

– James, querido? – James balançou a cabeça negando a oferta e Dorea ergueu a garrafa para mim. Eu sorriu e assenti, ela me serviu e eu beberiquei o vinho.

A elfa dos Potter, Foxy, apareceu no quintal com um belo vestido laranja, ela correu até Sirius e abraçou sua perna, assim como fez com James. Ela apertou a mão de Peter e logo depois chacoalhou a mão de Remus, Emm estendeu a mão para cumprimentar a elfa, mas esta fez apenas uma reverência.

– Parece que ela prefere os homens. – Marlene sussurrou e apontou para a pequena elfa.

– E ela está certíssima em preferir! – Emmeline respondeu entre risos. Remus censurou Emm com o olhar e eu ri baixinho.

– Posso retirar, senhorita? – Ela perguntou para Marlene, que assentiu.

– Muito obrigada, Foxy.

– A Srta. Mckinnon lembra meu nome? – A elfa se perguntou um pouco assustada.

– Mas é claro. – Marlene sorriu e a elfa guinchou feliz.

– Tenho que retirar a mesa. Com licença, Srta. Mckinnon. – Foxy fez uma reverência e retirou todos os pratos, talheres e panelas da mesa.

– Vou pegar a sobremesa, então. – Charlus se levantou, retirou seu avental e entrou pela porta dos fundos.

– Peter, eu fiz com muito carinho! Quero sua aprovação, hein?! – Dorea apertou as bochechas de Peter, que ficou vermelho como um pimentão, e sorriu envergonhado.

Charlus voltou com um enorme pudim de leite, mas meu estômago pulou de alegria ao ver a torta que Dorea trazia: era de chocolate e tinha miniaturas de sapos de chocolates por toda a superfície.

– Ao ataque! – Ela sorriu. Peter se adiantou e colocou um enorme pedaço de torta em um prato e um pedaço considerável de pudim em outro. Eu o olhei com os olhos arregalados e ele deu de ombros.

James me serviu de torta de chocolate e eu esperei todos estarem servidos para começar a comer. Enfiei uma garfada na boca e fechei os olhos, o sapo de chocolate se derreteu dentro de minha boca e o licor de morango escorreu pela minha língua. Coloquei mais um pedaço para dentro e saboreei o chocolate.

– E então? – Dorea perguntou nervosa.

– Está maravilhosa, Dorea! – Peter respondeu de boca cheia. – De verdade, acho que é a melhor torta que já comi em minha vida e olha que eu já comi muitas e muitas tortas.

Dorea riu contente e pegou um pedaço para ela mesma.

– Foxy, venha comer um pedaço! – Ela chamou a elfa, que apareceu no mesmo instante, segurando a barra de seu vestido. Sirius partiu um pedaço pequeno de chocolate e entregou para a elfa. Ela colocou um pedaço em sua boca e mastigou receosa. Arregalou os olhos e guinchou.

– Sra. Dorea, i-isso é bom. – Ela disse maravilhada.

– Quer mais um pedaço, Foxy? – Charlus perguntou e a elfa assentiu com os olhos brilhando.

– Esse almoço foi espetacular! – Emmeline bateu as palmas e começou a rir.

– Acho que alguém exagerou no vinho. – Peter sussurrou. Emmeline olhou para os lados e apontou para si mesma, voltou a rir até que soluçou.

– Oh, me desculpem! – Ela disse corada.

– Bom, acho melhor levá-la para o quarto. – Remus se levantou e pegou a mão de Emm.

– Mas já? Aqui está tão agradável. – Ela fez beicinho e Remus hesitou. Ela começou a rir novamente e me olhou. – Lily...Hic! Você lembra daquela v-vez... – Ela estava gargalhando sozinha, até que cobriu sua boca com as mãos. – Oh, acho que você tem razão, Remy. Minha cabeça está latejando.

– Bom... Com licença. – Ele sorriu um pouco envergonhado e pegou Emmeline no colo.

– Amanhã é a véspera de Natal e nós organizamos uma grande ceia! – Dorea disse animada.

– Sim, sim, é verdade. – Charlus tomou um gole de seu vinho. – E dia 25 teremos uma pequena confraternização aqui em casa.

– Meus pais comentaram! Mal posso esperar para vê-los. – Marlene acrescentou.

– Evans. – Sirius apontou para mim com um olhar enigmático. – Uma partida de xadrez?

– Prepare-se para perder, Black. – Eu cerrei meus olhos e terminei de tomar o vinho.

xx

– Ganhei! – Levantei meus braços em forma de vitória e Sirius revirou os olhos.

– Você só ganhou uma partida, Lily. – Ele disse entediado e eu continuei sorrindo.

– O que isso importa? Eu ganhei. Fim de papo. – Levantei-me e pisque para ele.

Segui até o quarto de hóspedes, onde Emm e Remus estavam adormecidos. Caminhei na ponta dos pés até o banheiro para pegar minha nécessaire e voltei para o quarto, observei os dois agarradinhos e resolvi registrar o momento. Remexi minha bolsa à procura da minha câmera e tirei uma fotografia. Deixei a foto em cima da mesinha de cabeceira e saí do quarto, evitando fazer qualquer barulho.

– Lily! – Peter disse baixinho fazendo com que eu me assustasse.

– Peter! Você me deu um baita susto. – Eu disse com a mão sobre o coração e ele riu.

– Marlene está te procurando. – Ele sussurrou e eu assenti.

– Ah, certo, obrigada, Peter. – Eu sussurrei de volta. – Espera, por que estamos sussurrando?

– Ahn, eu não sei, você começou a sussurrar e eu sussurrei também. – Ele respondeu.

– Lily, aí está você! – Marlene apareceu no corredor e Peter acenou, enquanto voltava para a sala de estar.

– Está tudo bem?

– Sim! Você entrou no nosso quarto? – Eu assenti e ela continuou. – Eles estão tão lindinhos, queria sua máquina emprestada para tirar uma foto!

– Eu tirei uma, mas com minha câmera fotográfica trouxa. – Marlene enrugou a testa. – A foto não vai se mexer. – Ela murchou visivelmente e suspirou.

– Como você consegue viver com isso, Lily? – Ela balançou a cabeça.

– Não é tão ruim quanto parece. – Eu respondi divertida.

É interessante entrar em contato com uma cultura diferente. Você, dotada de certas crenças, acaba acreditando em coisas que, na visão de outras pessoas, são totalmente inimagináveis. Como por exemplo, as fotos. No mundo trouxa, em hipótese alguma, as fotos se mexeriam, já no mundo bruxo, é uma raridade uma foto não se mexer.

– Eu vou tomar um banho, ok?

– Ok! Acho que vou jogar uma partida de xadrez com Sirius. – Ela disse pensativa e eu arqueei uma sobrancelha.

– Você vai jogar uma partida com Sirius? – Perguntei desconfiada e ela pareceu desconfortável.

– O que que tem?

– Nada. – Eu respondi. – Nada.

Subi as escadas até o quarto de James e bati na porta; não obtive resposta e abri a porta. Coloquei minha cabeça para dentro e me deparei com James sentado em sua cama, tocando violão.

– James? – Eu perguntei baixinho e ele não respondeu. – Jaaaaames? – Cantarolei e ele me olhou surpreso.

– Vem cá. – Ele disse baixinho e eu caminhei até ele, sem retirar meus olhos dos deles. Sentei-me ao seu lado e acariciei seu rosto.

– Você está tão distante, James. – Ele fechou os olhos e beijou a palma de minha mão.

– Me desculpa, Lils. – Ele bagunçou o cabelo, demonstrando que estava nervoso. – Estou com muita coisa na cabeça...

– Sabe o que é bom para isso? – Eu perguntei manhosa enquanto me aproximei de sua orelha. – Um banho bem quente.

– Te encontro no chuveiro? – Ele perguntou maroto e eu sorri.

Não é que ele me encontrou?

James

Lily escapou, no meio da noite, para minha cama. Peter e Remus estavam no quarto de Sirius, e Sirius estava dormindo no meu quarto, em uma cama improvisada. Eu ainda estava acordado – tentando me controlar para não correr até o quarto de hóspedes e abraçar aquela ruiva para nunca mais soltá-la – quando ela entrou no meu quarto. Ela se assustou ao notar que eu a encarava e, por alguns segundos, ficou parada contra a porta, como se estivesse pensando se tinha sido ou não uma boa ideia vir até aqui. Suspirei e sentei-me na cama, levantei o lençol e olhei sugestivamente para ela.

Ela caminhou devagar e se deitou ao meu lado. Seus olhos verdes estavam um pouco arregalados e eu acariciei sua bochecha. Ela se aproximou de mim e se aninhou em meu peito.

– Eu não consigo lidar com isso... – Ela se apoiou em seu cotovelo e me encarou.

– Isso...? – Soprei baixinho, mas eu já sabia a resposta.

– Parece que tem uma parede enorme de concreto entre a gente. – Ela começou a acariciar meu peito. – Eu sei que você está chateado, mas por favor, James, tenta entender.

– O que tem para entender, Lily?

– Que eu te amo, James. – Ela sussurrou com os olhos fechados.

Eu a beijei apaixonadamente e a puxei para perto de mim. Ela depositou uma de suas mãos em meu pescoço, separou nossos lábios, apoiou sua testa em meu queixo e suspirou.

– Voldemort quer me recrutar. – Ela balbuciou sem me encarar.

– O quê? – Eu perguntei alterado e ela me repreendeu. Lily olhou para a cama de Sirius e constatou que ele continuava apagado. – Então era isso? – Perguntei ganhando sua atenção novamente.

– Sim.

– Por que você não me contou?

– Eu achei que seria melhor...

– Melhor? Como você pôde esconder isso, Lily? É muito sério.

– Eu sei, James...

– Eu tinha minhas suspeitas, é claro.

– Tinha? – Ela perguntou surpresa e eu assenti.

– Nós temos que avisar Dumbledore, amanhã vou falar com meu pai e nós vamos...

– Não. – Ela me interrompeu. – James, você não pode falar para ninguém.

– Lily, você está em perigo. Nós precisamos te proteger de todas as maneiras possíveis. Até mesmo em Hogwarts, você está em perigo.

– James, agora você entende porque eu não te contei antes? – Ela suspirou. – Por favor, deixa isso pra lá. Eu estou te pedindo para não contar para ninguém.

– Certo. – Eu respondi contrariado. – Nós podemos conversar sobre isso amanhã.

– James, me promete que você não vai falar com ninguém. – Ela pediu e eu fechei os olhos.

– Prometo.

Puxei-a para perto de mim e beijei sua testa.

– Tudo vai se normalizar agora?

– Sim. – Eu beijei o topo da cabeça dela e ela me abraçou, enterrando seu rosto em meu pescoço. – Então quer dizer que Lily Evans me ama?

– Oh, Merlin. Achei que você tivesse esquecido.

– Nunca vou esquecer.

– Ótimo.

– Mas eu não me incomodaria se você me lembrasse disso todo dia. – Sorri e ela revirou os olhos.

– Esqueça, Potter. – Ela respondeu com um sorriso brincalhão.

xx

Acordei preguiçosamente com Lily se remexendo na cama.

– Lily, você poderia parar de se mexer? – Perguntei ainda de olhos fechados e ela riu baixinho.

– Estava tentando me levantar sem te acordar, mas pelo visto não deu certo.

– Pelo visto, não...

– Você está com seu braço em cima de mim, tentei sair de outro jeito da cama. – Ela deu de ombros e eu a puxei pela cintura.

– Então é assim? Durante a noite diz que me ama, mas ao amanhecer planeja me deixar sozinho.

– Pombinhos, já entendi que vocês tiveram uma noite esplêndida e tudo mais, porém não se esqueçam que tem outra pessoa no aposento. – Sirius estava sentado em sua cama com um sorriso maroto. – E essa pessoa não precisa ouvir a intimidade do casal.

Eu comecei a rir e Lily me beliscou, suas bochechas estavam coradas e seus olhos arregalados.

– Desculpe-nos, Almofadinhas.

– O mínimo que vocês podiam fazer é me convidar para participar da festa. – Ele passou uma de suas mãos pelo cabelo e se levantou. Lily arremessou um travesseiro nele, que desviou com facilidade, e Sirius fingiu estar ofendido.

– Agora, ainda por cima, estou sendo agredido! Em meu próprio quarto! Não acredito que você me trocou por essa mulher, Pontas. – Sirius balançou a cabeça, fingindo frustração e eu gargalhei.

– Você sempre preferiu o Remus. – Lily apontou para Sirius e ele começou a gargalhar também.

– E eu sempre te preferi. – Eu soprei em seu ouvido e percebi que os pelos de sua nuca se eriçaram. Ela se aproximou de mim e Sirius pigarreou.

– Se vocês me dão licença, vou me aprontar para o café da manhã. – Lily revirou os olhos e pulou para fora da cama.

– É melhor eu voltar para meu quarto, tenho que tomar banho e me vestir.

– Por que você não toma banho aqui? Assim eu posso me juntar a você novamente. – Ela corou e minha mente viajou para o momento de ontem.

Ela estava com as mãos apoiadas em seus ombros, os olhos fechados e o cabelo estava escorrido para trás. Empurrei a porta do box e parei em frente a ela. Ela abriu os olhos lentamente e eu me aproximei, passei meus dedos por toda a extensão de seu cabelo, enrolei uma mecha em meu dedo e a puxei para um beijo. Ela passou os braços pelo meu pescoço e eu a puxei para meu colo. Suas mãos passeavam por meu cabelo, enquanto ela se entregava ao beijo. Encostei-a na parede e transferi os beijos para seu pescoço.

– Por mais que eu tenha adorado nosso banho de ontem... – Ela sorriu envergonhada. – Preciso das minhas coisas.

Eu a puxei pela mão e ela caiu novamente na cama. Eu me movi para cima dela e segurei seus braços por cima de sua cabeça. Ameacei fazer cócegas e ela se contorceu, assumindo uma postura séria. Eu me aproximei e a beijei vagarosamente. Ela entrelaçou suas pernas ao redor de minha cintura e me puxou mais pra perto. Beijei sua clavícula enquanto minha mão passeava por sua coxa. Meu nome escapou da boca dela, como um sussurro, cheio de desejo. Eu acariciei sua bochecha e observei seus olhos, com um brilho intenso, me convidando para saciar aquele desejo.

– Pontas? – Remus entrou no quarto e Lily me empurrou. Eu pigarreei e Remus ficou boquiaberto. Olhei para Lily que estava descabelada e ofegante, suas bochechas estavam ainda mais avermelhadas do que o normal.

– Sim, Aluado? – Perguntei com a mandíbula travada.

– Hm, eu vou... – Remus fechou a porta e Lily se escondeu embaixo do lençol.

– Que vergonha. – Ela sussurrou e eu entrei embaixo do lençol também. – Acho que é um sinal. – Ela me olhou, enquanto mordia o lábio inferior. – Eu deveria ir para meu quarto.

– Ah, não. – Eu a puxei pela nuca para depositar um leve beijo em seus lábios.

– Vocês ainda estão na cama? – A voz de Sirius ecoou e eu bufei irritado. Lily começou a rir e se levantou.

– Eu já estava de saída. – Ouvi a porta do quarto bater e eu gritei contra meu travesseiro.

– Ótimo timing, Almofadinhas. – Ele deu de ombros e também saiu do quarto.

Quando desci para a cozinha, todos já estavam sentados à mesa, se servindo.

– Dia.

– Bom dia, James. – Sirius respondeu eufórico. – Dormiu bem? – Ele piscou os olhos tentando parecer inocente.

– Sim.

– E você, Lily? Dormiu bem? – Sirius se virou para a ruiva, que se engasgou com a torrada.

– Eles demoraram bastante para levantar, não foi, Almofadinhas? – Remus perguntou sarcástico e eu os fuzilei com os olhos.

– O que nós vamos fazer hoje? – Marlene perguntou, tentando mudar de assunto, ao ver que Lily estava quase roxa de vergonha.

– Podemos ajudar a preparar a ceia. – Lily sugeriu animada, mas Marlene e Emm se entreolharam e negaram com a cabeça.

– James. – Emm disse baixinho, após a mesa do café ter sido retirada. – Desculpa por ontem, seus pais falaram alguma coisa? – Ela perguntou nervosa e eu ri.

– Não se preocupe, Emm.

– Certo. – Ela sorriu gentilmente.

– Ei, venham aqui para fora! – Lily estava parada em frente a janela e acenava com uma bola de neve em sua outra mão. Peguei meu cachecol que estava pendurado próximo a porta e assim que abri a porta recebi um amontoado de neve no rosto.

– Certo, certo. Quem jogou?

Peter apontou para Lily, que estava com os braços para trás e um sorriso inocente.

– Ah, não. Você não fez isso, Evans. – Corri até ela com uma bola de neve na mão. Ela soltou um gritinho e tentou fugir de mim, mas eu a acertei nas costas e ela acabou se desequilibrando.

– Lily!

– Estou bem, estou bem. – Ela disse ainda deitada no chão. Eu corri até ela e apoiei minhas mãos em meus joelhos.

– Tudo bem aí? – Perguntei sorrindo. Ela se levantou em segundos, pulou em cima de mim e me derrubou no chão, sorrindo vitoriosa. Tentei me mexer, mas ela havia lançado algum feitiço paralisante em mim. Ela gargalhava divertida e eu sorria que nem um bobo. Quando consegui me livrar do feitiço, empurrei-a para o lado e ela girou até ficar agarradinha no meu braço. Eu acariciei sua bochecha e percebi o maravilhoso contraste que o cabelo ruivo dela fazia sobre a neve. Me aproximei dela e...recebi outra bola de neve no rosto.

– Ei! – Gritei irritado e Lily riu ainda mais.

– Você por acaso bebeu o mesmo vinho que a Emm?

– Não. Eu só...estou feliz.

– Eu fico feliz por isso. – Ela sorriu e colou nossos lábios. – Agora vamos acabar com esses perdedores que estão nos atacando! – Gritei com uma voz rouca e grave.

Ela riu e montou uma bola de neve, correu para perto de nossos amigos e jogou em Marlene, que acertou Remus, que jogou neve em Sirius, que lançou uma bola na barriga de Peter, que esbarrou em Emmeline, que caiu em cima do boneco de neve que estava construindo.

Olhei para aquela cena e não pude evitar a risada, mas minha risada foi logo interrompida por algo gelado em meu rosto.

– Qual é? – Eu bufei irritado.

– Não é legal rir da desgraça dos outros! – Emm fingiu estar brava e logo foi atingida por uma bola de neve.

– Vance, não acerte meu denguinho! – Lily disse com as mãos na cintura e todos começaram a rir.

– De Potter para denguinho. Uma mudança e tanto. – Remus jogou uma bola de neve em minha direção, mas consegui desviar.

– Uh, Remy, cuidado com o denguinho! – Sirius cantarolou com sarcasmo e Lily pulou nas costas dele.

– O quê? – Sirius perguntou confuso. – Eu também não posso chamá-lo de denguinho?

xx

– Meninos, desçam! Está tudo pronto para a ceia. – Minha mãe gritou do andar de baixo e eu terminei de ajeitar minha gravata.

– Você está bonito, meu caro Pontas. – Sirius apareceu atrás de mim e eu vi seu reflexo no espelho.

– Gostaria de poder dizer o mesmo. – Respondi com um sorriso no rosto. Ele fez um biquinho e eu revirei os olhos. – Na verdade, eu posso. Você está espetacular, Almofadinhas. Deslumbrante.

– Assim está melhor. – Sirius me deu alguns tapinhas nas costas. Pete e Remus estavam nos esperando no corredor.

– Estou com muita de uma fome. – Pete resmungou baixinho.

Chegando na sala de jantar, avistei Lily. Ela estava com o cabelo preso em um coque, usava um vestido dourado de mangas compridas e um enorme decote nas costas e um sapato de salto igualmente dourado.

– Nossa. – Eu me aproximei dela e sussurrei. – Nossa.

– O quê? – Ela perguntou confusa.

– Você tem ideia de como está absolutamente linda?

– Você também não está nada mal, Potter. – Ela sussurrou e beijou minha bochecha.

– Sentem-se. – Charlus se sentou na cadeira cabeceira. No lado oposto, Dorea já estava sentada.

– Eu gostaria de propor um brinde. – Remus ergueu sua taça e sorriu. – Bom, nesse Natal, eu gostaria de pedir saúde.

Ele olhou para Emmeline, que se levantou prontamente.

– Segurança.

– Amor. – Marlene disse ao se levantar. Sirius a observou com o cenho franzido e ficou de pé.

– Amizade.

– Confiança. – Falei baixinho e senti os olhos de James em mim.

– Paz. – Ele sussurrou.

– Felicidade. – Peter ergueu sua taça e todos nós bebemos um gole do espumante.

O jantar se passou com um clima confortável e gostoso. Me sentia completamente feliz naquele momento. As pessoas que eu amava e me importava estavam todas ali, perto de mim, a comida estava deliciosa, e tudo parecia estar certo.

Meu braço estava apoiado na cadeira de Lily. Ela estava conversando com Emmeline e Remus. Sirius e Marlene conversavam entre sussurros e minha mãe morria de rir com as coisas que Pete estava falando. Sorri ao observar todos a mesa, quando meus olhos encontraram os de meu pai, ele piscou para mim.

– Que tal fazermos a troca de presentes? – Lily perguntou com as palmas das mãos juntas. Eu podia perceber pelo brilho dos olhos dela que ela estava muito ansiosa para isso.

– Certo. Divirtam-se, crianças. Nós já vamos nos deitar. – Meu pai disse ao passar os braços ao redor da cintura de minha mãe.

– Boa noite.

– Então, quem vai começar? – Marlene perguntou se sentando no chão, perto da grande árvore de Natal, que estava montada próxima a lareira da sala de estar.

– Eu gostaria de ir primeiro. – Pete ergueu o dedo e pegou um grande saco. – Bom, feliz Natal para nós!

Peter me entregou um embrulho azul com uma fita branca. Rasguei o embrulho e segurei o porta-retrato, nele estavam os marotos e no canto esquerdo havia um cervo entalhado na madeira.

– Rabicho, isso é demais, cara! Muito obrigada.

Ele se dirigiu a Sirius e entregou um pacote verde, que continha o mesmo porta-retrato, mas com um grande cachorro preto entalhado. Portanto, imaginei que o presente de Remus era o mesmo, mas com um lobo entalhado. E assim que Aluado abriu o embrulho amarelo avistei o lobo.

Peter caminhou até Lily e lhe entregou um pacote vermelho.

– Peter, é linda. – Ela segurava uma pena luxuosa em suas mãos. A ponta era preta e a cauda vinho. – Obrigada, Peter. De verdade. – Ela o abraçou.

– Pra você, Marlene. – Peter entregou uma caixa preta aveludada para Marlene. Ela destravou a fechadura e retirou uma miniatura dela, com as vestes de Quadribol e seu bastão apoiado no ombro. Ela deu um beijo estalado na bochecha de Peter, que ficou corado.

Para Emmeline, Peter deu uma caixa enorme com vários quadrados cor-de-rosa de sorvete de coco. Era o sabor preferido dela e ele havia descoberto isso em uma de suas escapadas à cozinha – Emm costumava acompanhá-lo.

Ela se levantou e entregou seus presentes. Ganhei luvas novas para o Quadribol, Lily – assim como Marlene – ganhou um colar que continha um pequeno pingente que simbolizava o apoio mútuo em Runas Antigas. Peter ganhou um imenso caldeirão de chocolate.

– Sirius, foi bem difícil achar um presente para você! – Ela estendeu um embrulho retangular para ele. – Mas eu achei ideal!

Ele abriu a caixa e se deparou com um telescópio. Sirius era um grande admirador do céu – acho que é por causa do nome – e sempre fora seu sonho ganhar um telescópio, por mais que ele não admitisse isso.

Emm se sentou no colo de Remus e entregou um livro a ele. Era o favorito de Emm: "Um Voto perpétuo para toda a vida" de Nicholas Spells.

Remus deu um canivete capaz de abrir qualquer porta para Sirius, uma balança de prata para Marlene, que (secretamente) adorava Poções, um par de meias berradoras – as meias começam a gritar quando estiverem muito sujas e elas continuam a gritar até serem limpas – para Peter, uma pulseira de ouro com um penduricalho em forma de lobo para Emm, uma penseira para Lily e uma bússola de vassoura para mim.

Sirius caminhou até a árvore e distribuiu seus embrulhos. Uma câmera fotográfica enfeitiçada para Marlene, que abraçou Sirius euforicamente e conseguiu arrancar um sorriso genuíno daquele cachorro. Uma pena de repetição rápida para Pete usar nas aulas, já que ele era muito preguiçoso. Um baralho de cartas auto-embaralhantes para Emmeline, um tabuleiro de gobstones para Remus e um exemplar de “Quadribol Através dos Séculos” para mim. Para Lily, ele deu um bisbilhoscópio, o que eu achei um ótimo presente, considerando as circunstâncias.

Logo, foi a vez de Marlene. Lily e Emm ganharam baús com suas coisas preferidas dentro, desde doces até livros. Remus recebeu a primeira edição de “Os Contos de Beedle, o Bardo”, eu ganhei um frisbee dentado e Peter ganhou uma caixa com vários sapos de chocolate, edição especial de Natal. Ela entregou uma pequena caixa azul para Sirius e quando ele abriu, revelou uma miniatura de moto, ela era toda preta, na placa estava escrito “Sirius” e havia uma estrela estampada na parte traseira. Acho que não preciso comentar a felicidade de meu amigo, ele beijou a testa de Marlene e ficou sorrindo que nem um idiota.

Lily se levantou e sorriu para todos e entregou os pacotes a Remus, Sirius, Peter, Marlene e Emmeline.

– Espero que gostem! – Ela mordeu os lábios apreensiva.

Sirius ganhou um disco de vinil de uma banda trouxa “Beatles” – ele, pelo que pareceu, adorava as músicas desse conjunto e correu para tocar o disco. Remus ganhou um tabuleiro de xadrez trouxa com suas iniciais, Peter ganhou uma caixa com várias varinhas de alcaçuz decoradas para o Natal. Emmeline ganhou um pufoso azul e Marlene recebeu um espelho falante.

– Que esplendorosa mulher reflete em mim hoje. – A voz do espelho ecoou e Marlene começou a gargalhar.

Lily se aproximou de mim com uma caixinha de madeira. Dentro estava um pomo de ouro com meu nome grafado. Ela me entregou outro pacote. Neste continha um lindo relógio com a pulseira de couro.

– Lils, eu nem sei como agradecer. – Eu a beijei e ela sorriu.

– Que bom que você gostou.

– Certo, pessoal. Minha vez! Como todos sabem, os finais são sempre a melhor parte. – Bati minhas mãos e Peter revirou os olhos, enquanto comia mais uma varinha de alcaçuz.

Entreguei o presente de Sirius, que era um espelho de dois sentidos. Era um par de espelhos, na verdade, eles servem para comunicação. Portanto, dei um para Sirius e guardei o par. Para Remus, dei uma carteira marrom peluda, em que era necessário acariciar para se retirar o dinheiro. Peter ganhou um baralho de snap explosivo. Dei a Emm uma bolsa encantada que podia se transformar em qualquer acessório e para Marlene dei um álbum de fotografias – como complemento para o presente de Sirius. Para Lily, eu pedi ajuda a meu pai. Fui a uma joalheria e comprei uma gargantilha prata e um pingente com a letra “J”, pedi para colocarem uma esmeralda.

– Para minha dama. – Estendi o pacotinho para ela. Ela abriu e me olhou boquiaberta.

– Oh, James... É lindo. Você poderia colocar? – Ela retirou o colar e me entregou, segurou os cabelos e se virou. Fechei o colar e beijei o pescoço dela.

– Obrigada! Obrigada! Obrigada! – Ela beijava meu rosto a cada “obrigada”. Eu me sentei novamente no sofá, ela se sentou em meu colo e acariciou minha nuca.

– Como você sabia? – Marlene perguntou para Sirius.

– Hm...Eu pensei que... – Ele parou momentaneamente e Marlene ergueu uma sobrancelha, esperando por uma resposta. – Você sempre pegava a câmera da Lily e achei que seria um presente legal.

Marlene riu e se aproximou de Sirius.

– Obrigada. – Ela sussurrou.

– Você já agradeceu. Três vezes.

– Eu sei. – Ela sorriu e colou seus lábios nos deles.

xx

O dia seguinte passou voando, cada um ficou encarregado de realizar uma tarefa. Meus pais dariam uma festa em nossa casa e minha mãe costumava exagerar na produção desses eventos, ela adorava esse tipo de coisa. Eu e Remus éramos os responsáveis por colocar a decoração natalina na parte externa da casa.

– Você viu aquele beijo, certo? – Eu perguntei para ele.

– Marlene e Sirius? – Ele interrogou enquanto tentava desembolar o fio das luzes de Natal.

– Sim.

– Eu vi. Foi um pouco... inesperado.

– Definitivamente. Nem Sirius estava esperando por essa.

– Tanto que ele foi para o quarto logo em seguida.

– Eu nunca o vi daquele jeito. Ele parecia confuso? – Eu olhei para Aluado com o cenho franzido.

– Ele está estranho, realmente.

– Meninos, está ficando lindo! – Minha mãe apertou a bochecha de Remus e sorriu contente.

– Seria melhor se pudéssemos usar magia... – Resmunguei baixinho e ela me censurou divertida.

– Bom, se fizéssemos tudo com mágica, algumas coisas perderiam a graça.

– Certo, certo.

– Então? – Remus me entregou o último laço vermelho e eu o pendurei.

– Então o que?

– Eles ainda não se falaram hoje.

– Eu sei, mas Sirius vai acabar cedendo. – Eu desci das escadas e olhei para Remus. – Eu acho.

xx

Era um pouco mais de quatro da tarde quando a campainha tocou. Minha mãe olhou ansiosa para meu pai e Foxy correu para abrir a porta.

– Alice, seja bem-vinda!

– Olá, Dorea! Eu adorei aqueles bonecos de neve na entrada. – Alice abraçou minha mãe. – Charlus, como está?

– Como vai, Frank? – Meu pai cumprimentou nosso amigo e ele caminhou até nós.

– Sirius, você poderia colocar uma música? – Minha mãe pediu ao entrar novamente na cozinha.

Os convidados chegaram um tempo depois de Alice e Frank, deixando minha casa apinhada de gente. O que deveria ser uma pequena confraternização era, na verdade, uma grande festa. Vários garçons circulavam pela sala com bandejas e mais bandejas. Lily estava envolvida em uma conversa com um dos gêmeos Prewett.

– Essa aqui é minha irmã, Molly. – Gideon puxou uma bruxa baixinha pela mão.

– Muito prazer, Molly. Sou Lily Evans. – Aproximei-me de Lily e coloquei uma mão em sua cintura.

– Gideon, Molly, como estão? – Lily se virou para mim e sorriu.

– Então essa é a famosa ruiva, James? – Fabian Prewett se aproximou de nós.

– Famosa ruiva? – Lily sussurrou baixinho e eu assenti.

– A própria. – Respondi a Fabian, que cumprimentou Lily.

– Encantado. – Fabian beijou as costas da mão dela, que ficou levemente corada.

– Meu irmão é um galanteador mesmo. – Gideon abraçou Fabian e Lily riu.

– James! – Ouvi minha mãe me chamar.

– O dever me chama. – Bati uma falsa continência e caminhei até meus pais. Eles me apresentaram a colegas de trabalho e engatamos em uma conversa sobre a estrutura do Ministério da Magia.

– Posso roubar o James um pouquinho? – Lily perguntou a meu pai, que assentiu sorridente.

– Molly e Arthur são maravilhosos! Eles já tem três filhos e Molly está grávida novamente, você acredita? – Ela disse com brilho nos olhos. – O sonho dela é ter uma menina, mas até agora não teve sorte.

– Sim, Arthur me contou que está torcendo para que seja uma menina.

– Imagina se for um outro menino! – Ela riu divertida e entrelaçou sua mão na minha. – Te atrapalhei ali? – Ela apontou para o grupo de meu pai.

– Na verdade, você me salvou de um debate interminável sobre caldeirões. – Eu beijei o topo de sua cabeça e ela sorriu.

– Ah! – Marlene gritou animada ao ver seus pais chegando. Ela pulou no pescoço do Sr. Mckinnon, que a girou pelo ar. Sua mãe abraçou os dois e começou a beijar o rosto de Marlene.

Lily sorriu gentilmente ao ver a cena, mas pude notar em seus olhos um sinal de tristeza. Minha mãe pareceu ter notado a mesma coisa, então se aproximou de nós e sorriu para Lily.

– Está tudo bem, querida? – Minha mãe passou um de seus braços pelos ombros da ruiva.

– Está tudo ótimo, Dorea. – Ela disse baixinho.

– É uma festa e tanto, não é? – Peter se aproximou de nós.

– Peter! Você provou a torta de nozes?

– Está divina, Dorea. Você que fez? – Ele perguntou.

– Gostaria de dizer que sim, mas Foxy é a verdadeira autora daquela obra de arte. – Ela gargalhou ao pegar um outro copo de whisky de fogo. – Remus, que tal um pedaço?

– Eu sou alérgico a nozes. – Ele coçou a nuca envergonhado.

– Não seja por isso! Tem várias outras coisas gostosas para você comer.

– Comer? – Emm apareceu de repente com os olhos arregalados. Lily se assustou e eu comecei a rir.

– Agora eu estou com fome. – Eu choraminguei e Lily revirou os olhos.

– Vem, vamos comer alguma coisa. – Ela me puxou pelo braço. Lily me guiava de costas até que ela colidiu em alguém.

– Oh, me desculpe, eu...Amos?

– Lily! – Ele a abraçou forte. Eles se encararam sorridentes por alguns instantes e Lily pareceu se esquecer de mim. Pigarreei e ela se virou para mim, com uma expressão divertida. Seus olhos se arregalaram e ela me puxou pelo braço.

– Amos, esse é James. James, esse é Amos, um amigo.

– Eu sou o namorado. – Eu falei ao cumprimentar o amigo.

– Ah, certo. – Ele pareceu constrangido. – Parabéns, cara. Lily é uma garota incrível.

– É, eu sei. – Respondi tentando parecer simpático, mas pela censura no olhar de Lily, percebi que foi em vão.

– Bom, foi um prazer, James. E foi ótimo te encontrar, Lils.

– Tchau, Amos. – Ela acenou simpática e se virou para mim. Caminhei até a mesa de sobremesas.

– James...?

– Sim. – Eu respondi ao colocar um outro pedaço enorme de bolo de chocolate na boca.

– Querido, é falta de educação comer de boca aberta. – Minha mãe comentou ao limpar o canto da minha boca, me fazendo revirar os olhos. Lily mordeu os lábios tentando segurar o riso.

– Vá em frente, ria. – Eu disse ranzinza. Lily se aproximou de mim, colocou seus braços ao redor de meu pescoço e sorriu.

– Você é impossível, Potter. – Ela balançou a cabeça e eu colei nossas testas.

– E você é minha, Evans.

xx

– Tchau, tchau! Até a próxima. – Minha mãe se despediu dos últimos convidados.

– Ufa, achei que nunca fossem embora! – Meu pai, que estava sentado em uma poltrona, disse cansado. Minha mãe caminhou até a poltrona e se debruçou sobre meu pai.

– Não fale assim, Charlus! A festa foi muito agradável.

– Nas primeiras 5 horas de festa. – Ele sorriu sarcástico e minha mãe deu tapinhas em seu ombro.

– Então, pessoal? – Ela perguntou para nós.

Eu estava sentado no sofá, com os sapatos jogados na minha frente, a gravata vermelha aberta. Lily estava deitada em meu colo, bocejava uma hora ou outra. Remus estava sentado no chão, com as costas apoiadas no sofá e as pernas esticada, Emm estava sentada no colo de Remus e sua cabeça estava apoiada no ombro do meu amigo. Marlene estava cochilando em uma poltrona e Sirius estava sentado em frente a esta mesma poltrona, ele brincava com sua gravata e por vezes olhava para a mão da loira, que estava caída ao seu lado.

– Acho que estamos muito cansados para responder. – Peter falou devagar.

– Sem mais delongas, todos para cama! – Dorea bateu palmas e Marlene acordou sobressaltada.

– O quê?

– Hora de dormir. – Sirius respondeu baixinho, sem olhar para ela. Marlene levantou-se da poltrona e tropeçou no tapete, mas Sirius a segurou com uma das mãos. Ela o encarou assustada por alguns instantes e ele correspondeu seu olhar.

Emm e Lily trocaram olhares espertos e todos nós, inclusive meus pais, saíram da sala.

Lily

O Natal na casa dos Potter havia sido incrível. A ceia, a troca de presentes, a festa no dia 25...Tudo. As coisas tinham finalmente se acertado com James e eu não poderia estar mais feliz.

Os dias se passaram e logo era o último dia do ano. Eu, Marlene e Emm ficamos responsáveis por preparar a ceia do ano novo. A cozinha estava uma bagunça e nós estávamos sujas, o que indicava um bom trabalho. Ou quase isso. Parecia que a qualquer momento Foxy teria um infarto.

– Você ainda não nos contou como foi, Lene! – Emm chiou.

– Já se passaram dias e dias e você não falou nada. – Eu acrescentei.

– Não tenho nada a contar. – Ela deu de ombros.

– Ah, não? – Emm perguntou debochada.

– E o beijinho no Natal? – Eu me aproximei dela e comecei a mandar beijinhos pelo ar.

– Lily Evans, você é ridícula.

– E você tem coisas para contar. – Eu apontei a colher de pau em sua direção e ela suspirou.

– Certo. Eu o beijei no dia do Natal e, desde então, ele está agindo como um completo estranho. Não faz brincadeirinhas e praticamente não fala comigo.

– Deve ser porque ele também te ama. – Emm disse pensativa.

– Eu não o amo!

– Ama sim! – Emm cantarolou e Marlene fechou a cara.

– Você quer que eu continue a contar ou não? – Emm colocou um dedo sobre os lábios indicando que não falaria mais nada e Marlene continuou. – Ele está todo estranho e no dia da festa, depois que vocês foram embora da sala, eu me desvencilhei dele e pretendia ir para nosso quarto, mas ele me puxou e me beijou. Muito. Tipo, muito mesmo.

– Merlin! – Eu exclamei animada e Emm estava com um enorme sorriso no rosto.

– E aí? – Emm perguntou.

– E aí nada, foi isso. Ele me beijou naquele dia e as coisas voltaram ao normal.

– Como assim?

– Ele finge que nunca aconteceu e eu também, a gente continua implicando um com o outro e é isso.

– Mas...

– O quê? Sempre foi assim, Emm. E eu não é como se eu esperasse alguma coisa dele. – Eu e Emm nos olhamos, mas não falamos mais nada. Voltamos a preparar o jantar em silêncio.

– Nós conseguimos! – Emm disse satisfeita ao ver a mesa pronta para o nosso jantar.

– Eu preciso urgentemente de um banho. – Marlene disse cansada.

– Temos uma hora e meia para nos arrumarmos. – Eu disse ao consultar meu relógio.

– O quê? – As duas perguntaram ao mesmo tempo.

– Eu vou tomar banho no quarto de James para ganharmos um tempinho.

– Certo.

– Vamos logo! – Emm gritou um pouco histérica e eu caí na gargalhada.

Corri até o quarto de James e bati na porta algumas vezes.

– Pode entrar.

– James, eu posso tomar banho aqui? Só tenho uma hora e meia para me arrumar e não vai dar tempo se eu for esperar a Marlene e a Emmeline. – Falei rapidamente, quase sem respirar.

– Claro. – Ele respondeu um pouco confuso e eu corri para seu banheiro.

– Mas uma hora e meia não é muito tempo? – Eu o ouvi perguntar para ele mesmo e sorri.

xx

– Um brinde para o novo ano!

Levantamos nossas taças de champagne e, com sorrisos nos rostos, começamos a contagem regressiva.

– Dez. – Peter começou animado. James segurou minha mão e sorriu.

Nove.

Oito.

Sete.

Seis.

Cinco.

Quatro.

Três.

Dois.

UM!

– Feliz Ano Novo! – Todos gritaram e James me puxou para perto dele, suas íris estavam escurecidas e eu podia ver pelos seus olhos o quanto ele me queria. Eu o puxei pelo colarinho e passei minha mão livre pela sua cintura. Sua língua me explorou em cada espacinho da minha boca, sua mão roçava as minhas costas e eu fechei os olhos, me entregando completamente àquele beijo.


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Notas finais do capítulo

Oi, pessoas!!!!!!! Como estão?

Mais um capítulo aí! Espero que gostem, eu gostei muuuuuuito de escrevê-lo.

Se vocês gostaram não se esqueçam de deixar um comentário, porque é sempre muito bom receber comentários.

É isso!

Bjs,
Mi.