É Evans, Potter! escrita por Anchorage


Capítulo 14
Ciclo Lunar




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Lily

— O aluno que conseguir preparar corretamente a Poção da Memória ganhará 50 pontos para a sua Casa e poderá escolher um ingrediente do meu depósito pessoal. – O professor Slughorn disse animado e olhou para mim com expectativa. – Mãos à obra!

Procurei a poção no índice do meu livro e li seu modo de preparo. Separei os ingredientes e comecei a fazer a poção.

— Lene, que tal uma ajudinha? – Emm perguntou nervosa ao olhar para seu caldeirão. Espiei por cima de seu ombro e me deparei com um líquido espesso e verde borbulhando. Olhei com os olhos arregalados para Marlene e mordi minha bochecha para evitar a risada.

— O que você fez? – Alice perguntou com o cenho franzido.

— Eu não sei! Acho que inverti a ordem dos ingredientes...

— Emm! – Marlene pegou seu livro e olhou para os ingredientes de Emm. – Se a receita pede três penas de Dedo-Duro, você coloca três penas de Dedo-Duro! Não duas, não quatro, não dez! Apenas três.

— Eu só coloquei três! – ela disse histérica.

— Você deve ter colocado muita pasta de losna. – Eu olhei para o conteúdo do caldeirão.

— Quantos ferrões de girassol você colocou? – Marlene perguntou.

— Err... eu coloquei cinco, porque achei que três seriam poucos. – ela respondeu baixinho e Marlene começou a balançar a cabeça de um lado para o outro.

— Emm, queridinha, você tem que seguir a receita da poção. Você não tem que achar nada. – Marlene respondeu e começou a mexer no caldeirão de Emmeline.

— Coloca um pouco de suco de margarida. – Eu passei um pequeno pote para Marlene, que virou sobre o caldeirão e o líquido, agora não tão espesso, adquiriu uma coloração mais clara.

Aos poucos, a poção de Emm se normalizou – dentro do possível, é claro – e ela conseguiu finalizá-la.

— Eu definitivamente vou ganhar os 50 pontos! – ela disse divertida.

— Definitivamente. – Marlene repetiu sarcástica e eu comecei a rir.

O professor visitou cada caldeirão e analisou as poções. Ele carregava pequenos vidrinhos que continham um líquido vermelho. Esse líquido era jogado sobre os caldeirões e, se a poção se tornasse avermelhada significava que estava correta.

— Sr. Pettigrew, o que é isso? – Slughorn olhou para dentro do caldeirão com uma expressão preocupada. Quando o professor derramou o líquido vermelho sobre a poção de Peter, uma fumaça preta começou a sair do caldeirão, deixando a sala com um cheiro horrível.

— Srta. Fortescue, uma coloração bastante rosada! Muito bem.

— Srta. Mckinnon, ótima poção! Atingiu uma coloração bem próxima da desejada, a mais rosada até agora. – Ele falou animado e deu leves tapinhas nas costas de minha amiga, que sorriu envergonhada.

— Srta. Vance, sua poção ficou um pouco rala, tenho certeza que a próxima sairá melhor. – Olhou para dentro do caldeirão e deu leves tapinhas no ombro dela.

Ele se aproximou de mim e piscou, derramando o líquido vermelho e, aos poucos, minha poção se tornou vermelha.

— Srta. Evans, você sempre consegue me impressionar. Sua poção está perfeita! – O professor levantou seu dedão mostrando aprovação e eu senti minhas bochechas esquentarem.

— Sr. Gudgeon! – Slughorn exclamou horrorizado.

— Por que não podemos te acompanhar hoje? – Alice sussurrou enquanto Davey Gudgeon levava uma bronca do professor e a turma segurava o riso.

— É contra as regras! E vocês não têm nenhum argumento convincente o suficiente para que eu permita isso. – eu respondi baixinho, cansada daquela discussão.

— Mas você vai ter que fazer a ronda sozinha hoje. – Emm fez biquinho.

— A responsabilidade é minha, não de vocês.

— Lily, por favor, que mal vai fazer? – Marlene perguntou.

— Eu já falei que não. – eu respondi irritada e as três ficaram em silêncio, trocando olhares entre si.

Assim que o professor terminou de analisar as poções, caminhou até a frente da sala e bateu palmas para chamar a atenção de todos.

— Algumas poções ficaram catastróficas... – Ele olhou para Davey e suspirou. – Mas, por outro lado, outras ficaram extraordinárias. É como eu sempre digo: é preciso praticar para se tornar um exímio preparador de poções e sei que todos aqui têm a capacidade para isso. – Ele fez uma pausa. – 50 pontos para a Grifinória pela excelente poção de Lily Evans! – Ele anunciou sorridente e os meus colegas bateram palmas. – Estão liberados. Tenham um bom dia.

Limpei meu caldeirão e guardei todos os ingredientes e instrumentos que eu havia usado e me aproximei da mesa do professor Slughorn.

— Professor, qual seria o melhor horário para eu passar em seu escritório?

— Lily, minha última aula de hoje acaba às 18. Que tal você passar às 18h30min?

— Claro, sem problemas!

Eu assenti e me encaminhei para a saída das masmorras. James estava me aguardando do lado de fora da sala de aula e assim que o avistei sorri.

— E então? – James me perguntou enquanto subíamos a escada para encontrar nossos amigos.

— Vou passar lá às 18h30min. – eu respondi e ele segurou minha mão, entrelaçando nossos dedos.

— Vocês estão com horário livre? – Emmeline perguntou antes de dar uma mordida em sua maçã.

— Não, temos treino. – Sirius arrastou James, antes que ele pudesse responder qualquer coisa. Remus depositou um leve beijo na bochecha de Emm e saiu atrás dos dois.

— Ei, esperem por mim! – Marlene resmungou ao ser deixada pra trás.

— Lily, você poderia me ajudar com Poções? Não me sinto preparado para os NIEM’s. – Peter coçou a cabeça envergonhado.

— Claro, Peter. Qual é o melhor horário para você? – eu perguntei.

— Quarta eu tenho dois tempos livres logo depois do almoço.

— Perfeito! Nas quartas-feiras eu só tenho aula no período da manhã.

— Obrigado, Lily. – Eu sorri e ele continuou a andar pelo corredor.

— Eu tenho Estudo dos Trouxas agora. – Emmeline disse anunciando que estava de saída.

— E eu Adivinhação. Te vejo mais tarde, Lils! – Alice acenou.

Caminhei até a Sala de Runas Antigas e, chegando lá, sentei-me na primeira fileira. A professora Bathsheba Babbling era uma mulher alta, com cabelos curtos e loiros, que possuía um semblante sério. Eu, particularmente, a adorava e adorava o jeito claro e conciso com o qual ela explicava a matéria. Era uma pena que poucas pessoas se interessavam pela disciplina.

No momento que o sinal tocou, guardei meus livros, pergaminhos e penas e caminhei até a cozinha. Parei em frente ao quadro que dava acesso ao cômodo, fiz cócegas na pera e logo o quadro virou para frente, dando acesso a um corredor baixo. A cozinha de Hogwarts era ampla e muito bem iluminada e os elfos que lá trabalhavam faziam aquele lugar parecer mágico.

— Srta. Lily, Srta. Lily! – Uma pequena elfa guinchava com os olhos brilhando.

— Olá, Polly. Como você está?

— Bem, Srta. Lily, muito bem!

— Você, por acaso, tem bolo de chocolate?

— Temos sim, Srta. Lily! Acabou de ficar pronto, Polly vai trazer. – Ela saiu correndo pela cozinha e voltou com um enorme pedaço de bolo.

— Muito obrigada, Polly! Não sei o que seria de mim sem você. – Ela cobriu seus olhos com as pequenas mãos e reparei que estavam enroladas com panos encardidos.

— Polly, o que aconteceu com suas mãos? – Eu perguntei preocupada e ela escondeu suas mãos embaixo do seu vestidinho.

— Nada, Srta. Lily. – Ela soprou nervosa.

— Você se machucou propositalmente? – Eu indaguei e ela gaguejou. – Polly, você não pode fazer isso com você mesma, se machucar não é a resposta para seus problemas.

— Polly sabe, Srta. Lily! Polly sabe.

— Não faça mais isso, Polly. É uma ordem. – A pequena elfa se encolheu e seus olhos ficaram marejados.

— Como a Srta. Lily desejar.

— Ótimo, Polly. Eu fico muito feliz com isso. – Consultei meu relógio e suspirei. – O bolo estava delicioso, Polly, mas agora tenho que ir. Tenho lições para fazer. – Ela assentiu e me acompanhou até a porta da cozinha.

Estava indo em direção ao salão comunal da Grifinória quando ouvi um assovio e parei de supetão. Olhei para os lados e me deparei com Avery, encostado contra a parede.

— Evans. – Ele me cumprimentou e eu acenei com a cabeça, sentindo meu coração acelerar contra meu peito. – O encontro foi marcado. Quarta-feira da próxima semana, meia-noite, na Floresta Proibida.

— Certo. – eu respondi enquanto tentava sair do meu estado de choque. Observei Avery sumir pelo corredor e respirei fundo várias vezes.

Senti todas as emoções que eu estava reprimindo esmagarem meu peito de uma forma brutal, me deixando sem ar. A morte dos meus pais, a culpa, o vazio no meu peito, o medo de decepcionar as pessoas que eu amo e o fato de que eu ia me juntar a Voldemort. A realidade do que eu estava fazendo me acertou em cheio e eu senti lágrimas desesperadas rolarem pelo meu rosto. Estava ciente de que eu precisava fazer isso, pois eu não conseguiria lidar com outra perda.

Meus pés me guiaram até a biblioteca, segui até a seção de livros trouxas, escolhi um livro ao acaso e permiti que meu corpo cedesse ali mesmo. Eu lia cada linha como se minha vida dependesse daquilo, absorvia as frases e palavras como se elas pudessem fazer com que tudo o que eu estava sentindo se amenizasse.

Eu só queria que o tempo pudesse parar, deixando as coisas do jeito que estavam. O futuro era algo incerto e eu não aguentava pensar no que o meu me guardava. Devolvi o livro para a estante e saí da biblioteca. Já estava na hora de passar no escritório do professor Slughorn.

— Srta. Lily, entre, entre. – O professor sorriu satisfeito e eu adentrei em seu escritório. Era um tanto pequeno, mas era bastante iluminado e parecia extremamente aconchegante. Havia uma estante – com vários porta-retratos espalhados – na qual apenas os alunos favoritos de Slughorn conseguiam um espaço. Ele era conhecido por ter seu próprio clube, onde os alunos mais habilidosos e influentes eram convidados para fazer parte. Clube do Slughe. O professor sempre organizava jantares ou até mesmo festas para se socializar e manter uma boa relação fora da sala de aula com os alunos.

— Como vai, professor?

— Cansado. Hoje meu dia foi exaustivo! – Ele suspirou e eu pude observar o brilho costumeiro de seu olhar se apagar um pouco. – Mas estamos aqui por sua causa, Srta. Lily! Brilhante poção. Você teria um futuro promissor na carreira de Mestre de Poções.

— Nunca achei que meu futuro seria uma sala de aula, mas o futuro é algo tão incerto, não é mesmo? Talvez eu me torne uma professora.

Ele me analisou com os olhos preocupados e eu dei de ombros, perdida em minhas próprias reflexões.

— Minha cara, nós mesmos escolhemos nosso futuro. – Ele colocou uma de suas mãos em meu ombro e o apertou, fazendo com que um singelo sorriso de canto surgisse em meu rosto. – Então, o que você deseja do meu estoque pessoal?

Eu parei para pensar por alguns segundos e minha mente viajou por diversos ingredientes raros, extintos e até mesmo ilegais que eu tinha quase certeza de que Slughorn teria em seu estoque pessoal, mas me surpreendi com minha pergunta.

— O senhor teria um pouco de Felix Felicis? – Ele me olhou surpreso e sorriu animado.

— Claro! É o que você deseja? – Eu assenti e ele entrou em uma pequena porta adjacente à sua sala. – Uma poção bem difícil de preparar. – Ele voltou com um tubo transparente em suas mãos. – Não que isso seja um problema para você. – Entregou-me o tubo e eu acenei, em agradecimento.

Conversamos um pouco mais sobre as poções que ele estava ministrando para os demais alunos, sobre o incidente com um aluno do segundo ano, que acidentalmente explodiu seu caldeirão e aproveitei para perguntar se era possível criar uma poção para trazer pessoas de volta à vida.

— Se é possível? Provavelmente. Mas, Lily, a morte é um processo natural, na maioria das vezes, e alterar esse processo pode trazer inúmeras consequências trágicas. – Slughorn tinha um olhar sombrio e eu assenti em concordância.

— Bom, é melhor eu ir, Professor. O jantar vai ser servido daqui a pouco.

— Oh, Merlin! É verdade. – Ele me acompanhou até a porta e sorriu. – Lily, estou organizando uma pequena festa para comemorar o dia dos namorados e adoraria que você viesse. O convite chegará por correio. E ah, sinta-se à vontade para trazer um acompanhante! – Ele piscou e soltou uma risada animada.

— Conte com a minha presença, Professor! Até logo.

Assim que o Professor fechou a porta, apertei o frasco contra as minhas mãos e suspirei. Eu guardaria aquela poção para um dia importante. Olhei para o corredor vazio e me apressei para chegar ao salão comunal da Grifinória.

— Onde você está indo com essa pressa? – Senti braços envolverem minha cintura e fui puxada para uma sala vazia.

— Capitão. – eu sussurrei ao encarar aqueles olhos castanhos-esverdeados que eu tanto gostava. Ele posicionou seus braços um de cada lado da minha cabeça e se aproximou o suficiente para que eu pudesse sentir sua respiração quente. Aos poucos, me aproximei de seu rosto e, quando nossos narizes já estavam se tocando, James capturou meus lábios. E quando ele o fez, eu senti todos os problemas e inseguranças deixarem minha mente.

Eu o agarrei pelo colarinho, tracei beijos delicados por toda a extensão de seu pescoço e calmamente desabotoei sua camisa. Assim que retirei a peça, lancei-a pelos ares, enquanto admirava o peitoral definido dele. Os treinos de Quadribol realmente lhe faziam bem. Com as pontas dos dedos, acariciei seu tronco descoberto e pude sentir seus olhos pregados em mim, me estudando.

— Não queria te deixar hoje. – ele sussurrou.

— Eu sei que não há outra opção. Ele precisa de você hoje.

— E você não precisa?

— Não hoje. – eu respondi divertida. – Você tem um compromisso. Que tipo de namorada eu seria se eu o impedisse de ir?

James me puxou para um beijo e eu mordi seu lábio inferior, arrancando um grunhido dele. Ri satisfeita e, em represália, ele me prensou contra a parede, sustentando meu corpo com os braços.

— James... o jantar. – Eu sussurrei em seu ouvido e ele me soltou, mas manteve seus braços ao redor da minha cintura.

— Nós podemos comer alguma coisa depois na cozinha, você sabe disso.

— Isso é contra as regras, Potter! – Cruzei meus braços fingindo uma carranca e ele riu.

— Ah, é? Então o que a monitora-chefe da Grifinória estava fazendo na cozinha hoje à tarde?

— Como você sabe? – perguntei desconfiada e ele se aproximou.

— Eu tenho olhos e ouvidos por todo esse castelo, ruiva. – Ele piscou arrogante e eu revirei os olhos.

— Bom, eu não tenho olhos e ouvidos por todo esse castelo e, infelizmente, ainda preciso fiscalizar os corredores, então vamos logo para o Salão Principal.

— Nada de cozinha, então?

— Como eu disse, é contra as regras. – Eu me aproximei dele e sussurrei contra seu ouvido, mordiscando o lóbulo de sua orelha. Os pelos de sua nuca se arrepiaram e ele me puxou para perto de seu corpo, mas eu consegui me desvencilhar e saí correndo pelo corredor.

— Evans! – Ele correu atrás de mim e eu tentei acelerar, mesmo sabendo que ele me alcançaria em alguns instantes. E eu estava certa, pois no minuto seguinte eu estava no colo de James, que possuía um brilho maroto nos olhos. – Fugindo, Evans?

— Jamais, Potter. – Eu o beijei, mas ele se separou com uma expressão de dor. – O quê?

— Está congelando aqui. – Ele cruzou seus braços contra seu peito, e reparei que ele estava arrepiado e seu tronco tremia levemente. Com um aceno de minha varinha, a camisa de James já estava em suas mãos e ele a vestiu rapidamente. Ele se aproximou de mim e eu coloquei meu dedo indicador sobre sua boca.

— O que você pensa que está fazendo?

— Terminando o que nós estávamos começando.

— Não, você acabou com todo o clima. – Eu dei de ombros e ele franziu o cenho.

— Eu estava com frio! – ele reclamou enquanto eu entrava no Salão Principal.

xx

O céu estava escuro, as estrelas brilhavam e a lua cheia dava um toque especial àquela noite. Um vento gelado soprou contra minha pele, fazendo com que eu me agarrasse ainda mais em meus casacos. Com a varinha em mãos, andava tranquilamente pelos corredores de Hogwarts iluminados pelas tochas. De repente, três sombras apareceram bem na minha frente e eu me assustei ao perceber que eram minhas amigas que estavam fora das camas.

— Oi, Lils! – As três acenaram e eu fechei a cara.

— O que vocês estão fazendo aqui? – eu sussurrei brava.

— Ah, Lily, nós queremos te acompanhar! – Emm fez beicinho.

— Por favorzinho! – Alice pediu chorosa e eu revirei os olhos.

— Só dessa vez?! – Marlene sorriu marota e eu suspirei.

— Só dessa vez! – Elas sorriram. – Vocês têm noção de que se forem pegas, vão estar encrencadas, certo? Sem contar que vocês vão me arrumar um problemão! – eu acrescentei preocupada.

— Ouvi dizer que o namorado da Mary estava traindo ela. – Marlene contou, ignorando o sermão que eu estava para começar.

— Eu não acredito! Ele parecia ser um príncipe com ela. – Emmeline deixou seu queixo cair em exasperação.

— E ele era, Mary estava louca por ele. – falei, me lembrando das vezes em que eu encontrava Mary nos corredores e os dois estavam de mãos dadas, sempre rindo e sussurrando.

— Ela não merecia isso, espero que ela esteja bem. – Alice passava suas mãos ao longo de seus braços, tentando se aquecer.

— Nós deveríamos ver como ela está. Eu sei que ela sumiu um pouco por conta do namorado, mas ela ainda é nossa amiga e deve estar sofrendo muito. – Emm disse e eu concordei.

— Quem sabe agora nós podemos voltar a fazer o clube do livro? – eu perguntei animada. – Mary pode ser a nova líder, quando sairmos de Hogwarts.

De repente, quando estávamos caminhando pelo pátio central, ouvimos um barulho vindo dos jardins, parecia um uivo. Segurei minha respiração e me amaldiçoei mentalmente.

— O que foi isso? – Marlene perguntou baixinho e nós nos entreolhamos assustadas.

— É melhor vocês voltarem para o nosso dormitório... – tentei, em vão, convencê-las.

— Nós deveríamos dar uma olhada. – Emmeline afirmou e, pé ante pé, correu na direção do jardim. Nós fomos atrás dela e a encontramos parada contra a parede da passagem que ligava o pátio aos jardins, com uma expressão assustada.

— Emm, o que foi? – Alice perguntou se aproximando dela.

— Tem um...um...

— Um o quê? – Marlene perguntou sobressaltada. Emmeline estava prestes a falar algo, mas seus olhos se arregalaram e suas palavras se perderam. Ela apontou para algo que jazia atrás de nós. Virei-me cautelosamente e me deparei com um enorme lobo, seus dentes afiados à mostra, suas garras expostas e seus olhos tão escuros e vazios, que me fizeram tremer.

— Corram. – eu disse baixinho, enquanto Remus nos olhava como se fôssemos suas presas. Ele mantinha os olhos fixos em mim e eu me mantive imóvel.

Ao tentar se afastar, Emmeline tropeçou e a atenção do lobo se voltou toda para ela. Ele passou lentamente por mim e caminhou até Emm, que estava caída no chão. Marlene estava em choque e, em seus olhos, eu podia ver o quanto estava assustada. Alice empunhou sua varinha e apontou na direção de Remus, mas eu não podia deixar que ela o machucasse. Tateei o gramado em busca de alguma coisa que eu pudesse jogar em Remus; encontrei uma pedra e, com toda a minha força, a joguei na cabeça do meu amigo-lobo. Ele chacoalhou a cabeça e grunhiu em raiva, se virando mais uma vez para mim. Caminhei vagarosamente para trás e senti o seu rosnado baixo contra meu rosto.

— Sou eu, Lily. Sua amiga. Remy, você não precisa me machucar. – Por um rápido momento, pensei ter visto meu amigo recobrar sua consciência. Emm se levantou e eu notei as lágrimas em seus olhos.

— Remy? – Ela balbuciou, atraindo a atenção de Remus. Ele correu até ela e com uma patada a lançou contra a parede de concreto. Emmeline caiu no chão, inconsciente, e Remus estava pronto para atacá-la, mas Marlene se colocou na frente de Emmeline com a varinha em mãos.

Senti meu coração acelerar e a cena se passou em câmera lenta: um enorme cachorro preto correu na direção de Remus e mordeu sua pata, fazendo com que o lobo uivasse de dor. O cão e o lobo se envolveram numa briga, mas o primeiro era mais rápido e conseguiu atrair Remus para a Floresta Proibida.

— Sirius... – eu sussurrei preocupada.

— Lily! – Alice gritou e eu corri até minhas amigas.

— A cabeça dela está sangrando, ela pode ter tido uma concussão. – Marlene se aproximou do peito de Emm e suspirou aliviada.

— Nós precisamos levá-la para a enfermaria imediatamente!

— Vão nos descobrir, Lily. – Marlene disse aflita.

— Emmeline precisa de cuidados médicos. – Alice respondeu.

— Nós podemos cuidar dela até o amanhecer, mas ela precisa ir até a enfermaria. – Lancei um feitiço para estancar o sangramento da testa dela e disparei um feitiço sobre o corpo dela, para que ela flutuasse.

Estávamos voltando para o castelo, quando o barulho de um graveto sendo pisoteado chamou nossa atenção. Olhei para a escuridão dos jardins e engoli em seco.

— Continuem andando. – sussurrei e quando me virei para minhas amigas, Remus estava lá, rosnando baixinho.

— Remus, por favor... – eu pedi baixinho e ele emitiu um som de dor.

Aproximei-me devagar dele, com uma de minhas mãos estendidas, sem fazer qualquer som ou movimento brusco. Meu amigo-lobo tinha uma expressão confusa, enquanto eu me aproximava, e grunhia a cada passo que eu dava. Remus arreganhou os dentes, eu ergui minha varinha e fechei meus olhos, tentando ao máximo me concentrar. Quando abri os olhos, notei que um escudo prateado tinha se formado acima de nós. Remus arranhava a superfície do escudo, procurando rompê-lo.

— Lily, como você...? Isso é incrível! – Marlene disse maravilhada.

— Fantástico! – Alice tocou o escudo e ele brilhou ainda mais.

— Eu não sei como isso aconteceu. – eu sussurrei olhando para minhas mãos.

— Eu preciso apagá-lo, Lily. Prometo que não vou machucá-lo. – Alice apontou a varinha para Remus e sussurrou um feitiço, que fez com que nosso amigo adormecesse.

— Pobre Remus, e-eu não sabia. – Marlene olhou para o lobo tristemente.

— Vamos sair daqui. – eu disse baixinho e nós corremos para o castelo. Virei-me a tempo de ver Remus ser carregado por um cervo. Pensei em James e senti meu coração vacilar, deveria ser extremamente difícil conter e lidar com Remus nas noites de transformação.

Corremos pelo castelo até chegarmos ao salão comunal da Grifinória. Emm ainda estava flutuando e inconsciente quando a Mulher Gorda abriu a porta.

— Marlene, você pode pegar o kit de primeiros socorros? Está na última gaveta do banheiro. – Ela assentiu e correu até o banheiro, voltando com uma caixinha branca em mãos; limpei o ferimento, apliquei uma pomada e fiz um curativo.

— Alice, você conhece algum feitiço que possa fechar esse corte? – eu perguntei.

— Eu conheço um que ajuda na cicatrização.

— Ótimo! – ela sussurrou palavras em latim e um fio dourado saiu da ponta de sua varinha.

— Vou preparar um chá de camomila e diluir uma aspirina para Emm. Vocês precisam de alguma coisa? – Elas negaram com um aceno de suas cabeças e eu saí do quarto, caminhando em direção à cozinha.

Quando voltei para nosso dormitório, me deparei com Emmeline consciente. Seus olhos estavam arregalados e lágrimas escorriam por seu rosto.

— Emm, bebe isso, vai te fazer bem. – Entreguei à xícara à ela e me sentei na beirada de sua cama.

— Como você está? – Marlene perguntou, segurando a mão de Emmeline.

— O que aconteceu hoje? Eu não consigo lembrar claramente das coisas. – Seus olhos estavam perdidos e marejados. – Um lobo nos atacou e...Remus era o lobo. – Emm começou a tremer e Marlene a abraçou.

— Fica calma, Emm. Por que você não descansa um pouco e amanhã nós conversamos melhor sobre isso?

— É melhor mesmo, já está tarde. – Alice acrescentou e Emm assentiu. Ela se deitou novamente e eu a cobri com os lençóis. Nós fechamos o dossel de sua cama e esperamos ela adormecer.

— Desde quando você sabia, Lily? – Alice perguntou de repente.

— Quinto ano. Remus me pediu para não contar a ninguém e, obviamente, respeitei o segredo dele. – Suspirei cansada.

— Eu entendo. É só que...é inacreditável. Logo o Remus. – ela disse desolada.

— Como vocês estão? – eu perguntei.

— Com muita coisa na cabeça. – Marlene respondeu com os olhos fechados. – O que acontece agora?

— Eu não sei. – respondi sincera. Tudo estava completamente confuso, havia sido uma péssima noite e eu não sabia como todos iriam lidar com o que acontecera.

— Tomara que a Emm consiga aceitar tudo isso. Remus vai ficar arrasado. – Marlene suspirou pensativa.

xx

Queria poder dizer que dormi, mas a verdade é que eu mal consegui pregar meus olhos. As cenas da noite passada se repetiam em minha cabeça e eu estava aflita tentando entender como seriam as coisas daqui pra frente. Como as meninas lidariam com isso? Emmeline parecia tão perdida... Eu não tinha certeza se ela conseguiria aguentar isso.

Levantei-me assim que o sol nasceu, me vesti sem fazer qualquer barulho e saí do castelo, em direção ao Salgueiro Lutador. Quando descobri sobre Remus, ele me explicou que Dumbledore havia disponibilizado um lugar seguro para ele se transformar sem colocar a vida de ninguém em risco, então, o Salgueiro Lutador foi plantado para esconder a passagem secreta que ligava os jardins de Hogwarts à Casa dos Gritos, lugar onde Remus se transformava. Aproximei-me da árvore e a imobilizei, possibilitando que eu entrasse no estreito e claustrofóbico corredor que dava acesso ao esconderijo.

Subi as escadas desgastadas e barulhentas e notei uma quantidade anormal de sangue espalhado pelo chão, o que fez meu estômago se embrulhar. Sentado no corredor estava Remus, pálido, com os olhos fechados e alguns hematomas e arranhões distribuídos pelo corpo.

— Oi. – sussurrei timidamente.

— Oi, Lily. – Ele manteve seus olhos fechados.

— Como você está? – Eu me sentei ao seu lado e ele me encarou; seus olhos estavam vazios e era possível ver a dor que ele estava sentindo naquele momento.

— Como você acha que eu estou, Lily? Eu coloquei a vida de todas vocês em perigo ontem. – Ele bateu seu tronco contra a parede e fechou seus olhos novamente. – Me desculpa, Lily. Eu não espero que você me perdoe, muito menos que Emmeline possa me perdoar.

— Remus, por favor, não fale essas coisas. Você não teve culpa do que aconteceu, você não tem controle durante a transformação e eu entendo isso. Você não pode se martirizar desse jeito.

— Lily, você não entende. – ele respondeu irritado e eu me calei.

— Por que você estava no jardim? Achei que você sempre ficava aqui.

— E-eu estava mais agitado ontem, mais perigoso, eles não conseguiram me conter. Sirius tentou me impedir, tentou me manter aqui e agora ele está...Ele está seriamente machucado. Além disso, eu machuquei ela. – Ele fez uma longa pausa e respirou fundo. – Eu podia ter machucado todas vocês.

— Eu gostaria de poder diminuir sua dor. Você não merece isso, Remus. Você é uma pessoa tão boa, tão generosa e altruísta. – Eu segurei sua mão e ele apoiou sua cabeça em meus ombros.

— Como ela está?

— Perdida. Nós achamos que ela sofreu uma concussão cerebral. Ela já recobrou a consciência, mas parecia bastante perdida. – Ele se manteve em silêncio e eu suspirei triste. – Ela vai precisar de um tempo para absorver e entender tudo.

— Entender? O que tem para entender? Todo mês eu me transformo em um monstro sem qualquer compaixão; eu não reconheço meus melhores amigos, meus familiares, não reconheço as pessoas que eu amo. E se isso é ser uma pessoa boa, Lily, eu não posso imaginar o que é ser uma pessoa ruim. Eu poderia ter matado todas vocês. – ele repetiu amargurado.

— Mas não matou.

— Poderia ter acontecido e, estando perto de mim, isso se torna um risco. Eu duvido que ela queira qualquer coisa comigo depois de ontem, e mesmo se ela quiser, eu não posso ficar com ela. Emmeline não merece alguém como eu.

— Remus, ela não merece alguém como você? Você é tudo que ela sempre quis, só um idiota não perceberia isso. Todos sabem o quanto você se importa com ela. Eu sei que pode ser muito difícil, mas vocês vão dar um jeito. Eu sei que vão. – Eu o olhei com um sorriso singelo no rosto. – Você não pode deixar seu problema atrapalhar a sua vida.

— Falando desse jeito, parece que o meu problema é ter verrugas no meu órgão genital. – Ele riu sem forças. – Se fosse fácil, eu lutaria por ela, mas isso é complicado demais. Perigoso demais.

— Quando você vai perceber o seu valor, Remus? Você é uma das pessoas mais incríveis que eu conheço e, infelizmente, você tem um problema que aparece todo mês, mas você vai parar de viver por isso? Não. Você tem que se conformar e arrumar um jeito de superar isso. Eu sei que você tem força de vontade, Lupin.

— Lily...

— Além disso, eu não me importo com seu problema peludo. Eu sei o seu valor, eu sei que você é uma pessoa especial, que merece o amor mais puro e sincero que existe, que tem amigos que sempre te apoiarão; eles nunca deixaram sua transformação ser um problema, pelo contrário, te ajudaram a ver que não é algo tão ruim assim e que você pode contornar a situação. Você pode lidar com isso e ainda ser um vencedor. – Ele ficou em silêncio e eu beijei sua testa.

— Estou indo até a enfermaria. – Ele também se levantou. – Os meninos estão naquele quarto. – Ele apontou para uma porta e eu mordi meus lábios.

— Trate de ficar bem. – Observei Remus caminhar com dificuldade e quando ele sumiu do meu campo de visão virei-me para o quarto. Assim que entrei, me deparei com Sirius e James adormecidos no chão, completamente machucados.

— Ei. – Eu me aproximei de James e ele acordou sobressaltado. – Está tudo bem, sou eu. – Ele respirava com dificuldade por causa de um enorme corte sobre seu peito, que ainda sangrava. Ao observar seu corpo mais de perto, notei que ele estava coberto de cortes profundos e senti meu coração se apertar em meu peito.

— Como você está? – Ele segurou meu queixo e me analisou.

— Bem. V-você está... – Eu senti as lágrimas caírem.

— Já passou, eu estou bem. – Aproximei-me dele e o beijei calmamente.

— Eu fiquei tão preocupada. – Funguei e me afastei de James, caminhando até Sirius.

— E eu fiquei em completa agonia. – ele revidou. – O que passou pela sua cabeça, Lily? Você sabia que era noite de lua cheia e mesmo assim... – Ele suspirou e se levantou com uma carranca.

— Eu esqueci! As meninas apareceram de repente, nós ouvimos um barulho e fomos ver o que era. – eu falei baixinho.

— Lily. – Ele massageou a têmpora e eu previ uma bronca. – Você não é uma auror. Não tem que sair por aí, no meio da noite, perseguindo um barulho sinistro.

— Eu sei...

— Foi extrema irresponsabilidade, vocês poderiam ter se machucado gravemente. Você compreende isso?

— Sim, James, eu não sou idiota. Eu sei que foi extremamente arriscado, mas eu ficaria muito agradecida se você parasse de brigar comigo por um segundo e me abraçasse. – Ele se calou e me envolveu com seus braços, ignorando a dor.

— Nunca mais faça isso. Nunca mais. – ele sussurrou e eu permiti que novas lágrimas caíssem.

— Eu vou cuidar de vocês. Limpar as feridas e fazer alguns curativos... – Conjurei o kit de primeiros socorros, uma grande bacia com água e várias toalhas.

Aproximei-me de Sirius, que possuía uma grande mordida em seu ombro e me abaixei ao seu lado. Lavei seu machucado com cuidado e lancei o feitiço que Alice havia usado ontem para cicatrizar o corte de Emmeline. Fiz esse procedimento com todas as feridas de Sirius e depois com todas as feridas de James.

— O que vocês estavam pensando, Lily? – A voz rouca de Sirius me assustou.

— Sirius, você acordou! Como está se sentindo?

— Sem um pedaço do meu ombro. – Ele riu pelo nariz. – Obrigado pelos curativos, ajudou bastante. Mas agora você pode me explicar porque diabos vocês estavam nos jardins de Hogwarts àquela hora?

— Eu adoraria ficar e reviver as cenas horríveis de ontem, mas eu preciso voltar para ver como Emmeline está. Eu vou pedir para Polly trazer comida para vocês, assim vocês podem ficar aqui por mais um tempo.

Voltei para o castelo e fui até o salão comunal da Grifinória, que ainda estava vazio, e corri até meu dormitório. No momento em que abri a porta do quarto, Emm abriu seu dossel assustada, mas suspirou aliviada ao perceber que era eu.

— Como ele está? – Ela desviou o olhar para suas mãos.

— Se recuperando. – Eu assenti e me aproximei dela. – Vamos refazer esse curativo, que tal? – Retirei as antigas ataduras e lavei novamente o corte, que já estava com uma aparência bem melhor. Passei novamente a pomada e apliquei o feitiço para acelerar a cicatrização.

— Obrigada, Lily.

— Você está com fome? Vou passar na cozinha para pegar alguma coisa para comermos aqui mesmo.

Assim que entrei na cozinha de Hogwarts, um cheiro maravilhoso de café me atingiu e senti meu estômago roncar.

— Polly! – Eu acenei para minha amiga elfa, que veio saltitando até mim. – Eu preciso muito da sua ajuda. Você poderia preparar duas cestas com comida? – Ela assentiu e se juntou com mais dois pequenos elfos.

— Aqui, Srta. Lily! – Os três elfos voltaram com enormes cestas contendo frutas, pães, biscoitos, vários pedaços de bolo de chocolate e sucos.

— Muito obrigada!

— Polly pode fazer algo mais pela Srta.?

— Na verdade, pode! – Seus olhos brilharam em animação e eu me aproximei dela. – Você sabe onde fica a Casa dos Gritos?

— Polly sabe! Polly sabe! – Ela bateu palmas e eu sorri.

— Eu preciso que você leve uma dessas cestas até lá, dois amigos meus estão muito cansados e machucados e precisam se alimentar. Você pode fazer isso?

— Claro, Srta. Lily! Polly pode fazer. – Ela acenava sua cabeça freneticamente.

— Vou ser eternamente grata, Polly. Muito obrigada mesmo.

A pequena elfa agarrou a cesta e desapareceu da cozinha. Voltei para meu dormitório e me sentei ao lado de Emm.

— Nós podemos conversar agora? – ela perguntou enquanto bebericava seu suco de laranja.

— Emm, não é comigo com quem você precisa conversar.

— Eu não quero conversar com ele, Lily. Não agora. Eu preciso de um tempo. – Ela suspirou derrotada.

— Ele sabe disso. Eu só não acho que cabe a mim explicar tudo o que aconteceu, é uma coisa bem pessoal e eu respeito o espaço dele. Eu sei que você precisa de um tempo para conseguir compreender a situação, mas Emm, ele continua o Remus que nós sempre conhecemos. E, agora mais do que nunca, ele precisa do nosso apoio.

Uma coruja pousou na janela do nosso quarto e eu a coloquei para dentro. Em sua pata, havia um pergaminho amarrado; retirei a carta e acariciei a cabeça corujinha.

Sua elfa nos trouxe a cesta, muito obrigado! Peter estava desmaiado pelo jardim, mas já apareceu. Remus está melhor e nos trouxe alguns remédios. Te vejo na aula.

JP

Suspirei preocupada e guardei a carta, a corujinha saiu voando e eu voltei para o lado de Emmeline. As meninas acordaram logo depois e nós quatro ficamos sentadas na cama de Emm, em silêncio, apenas comendo o café que foi preparado pelos elfos.

— É melhor irmos para a aula. – eu disse ao consultar meu relógio

— Eu acho que vou ficar por aqui. – Emm respondeu baixinho. – Depois vou passar na enfermaria, a Madame Pomfrey deve ter alguma poção para aliviar minha dor.

— Fica bem, ok? – Marlene beijou o topo da cabeça de Emm.

— Certo.

xx

O professor Flitwick estava fazendo um treinamento com aqueles que estavam participando do Campeonato. Encontrei Edgar na escada e nós seguimos juntos até a sala designada.

— Sejam bem-vindos, meninos! Vamos treinar feitiços de bloqueios hoje.

Treinamos por duas horas e o professor pareceu satisfeito com o desempenho de todos.

— Então, Lily, fiquei sabendo que você se envolveu em uma briga com a Bellatrix Black. É verdade que você socou o nariz dela? E depois chutou a barriga? – ele perguntou animado e eu franzi o cenho.

— É isso que estão dizendo? – Eu perguntei confusa. – Nada disso é verdade...

Edgar pareceu frustrado.

— Mas vocês duelaram? – eu assenti e ele sorriu vitorioso. Caminhamos juntos até as estufas para a aula de Herbologia.

— Até mais, Lils. – Edgar caminhou até seus amigos da Lufa-lufa e eu me juntei a Emm e Alice.

— Como foi o treinamento? – Alice perguntou ajeitando suas luvas marrons.

— Foi muito bom, aprendi a bloquear feitiços que nem imaginava que poderiam ser bloqueados! – Vesti o avental e deslizei as luvas pelas minhas mãos.

— Esse uniforme é muito desconfortável. – Emm tentava arrumar seu avental. Eu ri ao perceber que ela havia colocado o braço no lugar errado.

— Isso deveria estar assim? – Alice puxou a manga acinzentada do avental, onde deveria estar o braço de Emm.

— Não. – Eu comecei a rir e Emm torceu o nariz. Nós a ajudamos a acertar o avental e a professora entrou na sala.

— Boa tarde, queridos alunos. – Ela sorriu e todos respondemos em coro. – Hoje nós vamos estudar um raro tipo de planta: Passiflora amethystina. Sua semente é parte essencial de milhares de poções com fins médicos, inclusive a Poção Anticoncepcional.

— E, devo lembrar, as meninas que, se vocês possuem uma vida sexualmente ativa, não se esqueçam de tomar essa poção. Vocês não vão querer uma gravidez não planejada. – a professora falou e meus olhos se arregalaram automaticamente. Não era comum os professores de Hogwarts falarem sobre sexo com os alunos e a naturalidade com que a professora disse me pegou desprevenida.

Alguns risinhos ecoaram pela estufa e a professora bateu palmas, para retomar a atenção da classe.

— Para começar, vocês devem segurar as folhas maiores com a pinça; com a tesoura, cortem a parte central, o miolo da planta. Coloquem o miolo no pote branco e com o bisturi abram a cúpula para retirar a semente avermelhada. Quando a semente estiver fora, coloque-a no pratinho preto. – a professora explicou enquanto realizava a operação em uma. – Alguma dúvida? Bom, ao trabalho.

Eu estava enfrentando um grande problema ao tentar pegar as sementes com a pinça, elas eram escorregadias e pequenas. Alice, por outro lado, que tinha um talento nato para Herbologia havia retirado a maior quantidade de sementes, o que acarretou diversos pontos para a Grifinória.

Assim que saí da estufa, caminhei até a Torre Leste para a aula de Aritmancia.

— Lily Evans. – a professora disse em voz alta e sua pena de repetição escreveu meu nome na lista de presença.

Sentei-me na primeira fileira e organizei meus materiais para a aula. A carteira ao lado, que normalmente era ocupada por Remus, estava vazia e suspirei ao pensar em meu amigo.

O sinal tocou, indicando o fim das aulas do dia. Corri para o salão comunal e subi para o dormitório para tomar um banho e me aprontar para o jantar.

— Oi! – Eu acenei para Emm e Alice, que já estava pronta para o jantar. – Emm, vai tomar banho?

— Tomei mais cedo, só vou trocar de roupa.

Entrei no banheiro e tomei um banho bem quente, para me aquecer. Coloquei o uniforme de Hogwarts e sequei meu cabelo.

— Olá, queridas! – Marlene chegou ao dormitório com o uniforme do time da Grifinória de Quadribol. – Estou exausta! – Ela se jogou em sua cama e cobriu seu rosto.

— Você vai querer descer para jantar? – Alice perguntou.

— Acho que sim, treinar me deixa com fome. – Ela sorriu e caminhou em direção ao banheiro.

— Que livro você está lendo, Emm? – Eu me sentei em sua cama e ela o jogou em meu colo.

— Emma, da Jane Austen. – ela respondeu esboçando um sorriso. – É muito bom, você pode pegar emprestado se quiser.

— Claro, obrigada. Você vai descer para o jantar? – eu indaguei e ela negou.

— Nós vamos trazer alguma coisa gostosa para você. Que tal? – Alice perguntou animada e Emm assentiu.

— Edgar contou que estão dizendo que quebrei o nariz e dei um chute na barriga de Bellatrix! Vocês conseguem acreditar nisso? – eu comentei assim que saímos do dormitório.

— Boatos voam mais rápido que James Potter atrás do pomo de ouro. – Alice deu de ombros e eu a olhei confusa.

— Você deu um tapa na cara dela. – Marlene disse pensativa. – E pode ter acidentalmente quebrado o nariz dela com algum feitiço.

— Mas eu não chutei a barriga dela! – rebati, arrancando risadas das duas.


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Notas finais do capítulo

Olá!!!!!!
Sei que demorei MUITO pra postar, mas aqui está!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Espero, do fundo do meu coração, que vocês gostem.
Não se esqueçam de deixar reviews, porque reviews me fazem feliz e eu gosto de ser feliz.
Bjs,
Mi.



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