Pequena Loja de excentricidades do Senhor Tusspoth escrita por Lari B Haven


Capítulo 3
Nunca se atrase


Notas iniciais do capítulo

Dedicado aos meu melhores amigos Cinthia David e Giovanne Silva. Que senhor Tusspoth abençoou os transformando em dois personagens desta história. Espero que gostem a homenagem.



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Acordo novamente as três para sete. Ia me atrasar se eu quisesse pegar o jornal hoje. Ouço um arrulho e uma bicada na janela. Era uma mensagem do senhor T. Ele tem vários mensageiros. Corujas, gatos, cães e qualquer animal que possa encontrar pela rua. Especialmente os sujos, como o animal de hoje e o mais grotesco: pombos... Ele sempre quer algo. Que eu compre bolos de morango ou que eu compre algo humano em outros antiquários. Certa vez em um domingo batalhei por duas horas por uma urna da dinastia Ming e depois tive que renovar o estoque de doces exóticos da loja.
Hoje ele mandou um recado simples: “Me desculpe acorda-lhe assim minha querida, mas poderia por obséquio, trazer-me aqueles deliciosos chás da Índia quando passar pelo mercado hoje?". Pego um pedaço de pergaminho e escrevo apenas: “Pare de me mandar avisos em bichos senhor T., ou vou ter encrencas com o sindico. Vou é te arrumar um celular seu velho!"
Me visto pensando no meu trajeto. Uma camiseta verde claro e saia jeans devem bastar para atravessar a Jamaica hoje...
Pego meu casaco azul e o visto. Me enrolo em um cachecol branco e coloco minhas luvas de couro terracota. Vejo meu relógio, ainda dá tempo. Amarro meus velhos tênis pretos que uso desde a faculdade e saio para pegar o metrô.
Compro um chá no Marrakech's e compro as especiarias nas redondezas. Ainda da tempo de eu comprar algo para comer no caminho. Corro balançando o rabo de cavalo pela rua, vou me atrasar por doze milésimos de segundo se não correr agora. Existe uma neve insignificante deitada sobre o solo, mas escorregadia o suficiente para me fazer escorregar na esquina. Consigo alcançar a porta e abrir a porta da loja antes de me estatelar no chão ou me atrasar.

—Bom dia senhorita Deboir, pronta para receber os senhor de Kingston? -ele aparece se equilibrando na corrente do teto levando e trazendo um pote de ervas para as estantes debaixo. Elas simplesmente trocaram de lugar a noite e agora estavam próximas demais das enguias em conserva.

—Desculpe o atraso senhor T. não consegui pegar a loja de especiarias aberta a tempo. -coloco o casaco no paradouro e faço um coque no cabelo. Fecho a porta amarela e vou ajuda-lo.

—Vocês ingleses e sua fixação com horários… -ele salta da corrente para a escada móvel.

—É um país cruel criado por pessoas do signo de virgem com ascendente em capricórnio. -rio, era uma velha piada nossa sobre astrologia. O que era apenas uma superstição aqui, para o senhor T. era uma ciência quase provada- Vai mesmo comprar aquele material do Khenan de Kingston? Meu amigo Thomas conhece um cara que trás ervas de melhor qualidade… -rio colocando minhas coisas atrás do balcão.

—O que vocês jovens usam como alucinógenos os Lobos-elfos usam como tempero de cozinha… -ele arqueia a sobrancelha em desaprovação- Infelizmente essa espécie acabou no meu país.

—Lobos-elfos são legais, são super conectados ao universo e a liberdade... -eu seguro meu riso contando mais uma vez os diamantes no caixa. Olho no relógio e viro a placa.

Olho novamente para o calendário lunar. Mas não há muito tempo, chegamos a Jamaica. Isso significava negociar com o nosso “chefe do tráfico” Khenan… Ele atravessou a porta amarela fumando um baseado.

—Cath, minha linda Amoy*… -ele abre um sorriso- Como vai o velho?

—Bem e você Damerae*? -rio contando os garotos pequenos trazendo os sacos enormes e pesados- Como vai sua filha e sua esposa?

—Bem Catherine, vão bem… Alvita começou a dar seus primeiros passos… -ele sorriu.

Dez meninos entraram e saíram da loja colocando os sacos pesados no fundo da loja. Khenan chegou com seus vinte sacos de erva pré-processada, quase pura. Eu podia sentir o cheiro de fresca.

—Quer uma lembrancinha Amoy? -ele sorri ao me ver olhando para os sacos- Tenho um quilo livre se quiser…

—Esse tempo já passou Khenan… Não sou mais uma garota festeira, mas continuo sendo uma garota torta… -sorri resistindo a tentação- Que tal eu te pagar?

—Tenho dez milhões para você… Faço por nove e quatrocentos se quiser…

—Dez está bom... -ele secou nossa reserva de dólares americanos em um segundo e ainda levou doze diamantes médios. Era um pouco mais que dez milhões…

De tudo que eu já fui, nunca fui uma drogada. Admito que uma vez comi um bolo na festa da faculdade, se eu soubesse que estava batizado nunca teria comido, simplesmente odiei a sensação… Eu agia como uma idiota, ria de coisas estupidas e não fazia nada direito… Quase fui despedida por que cheguei duas horas atrasada na loja e ainda passando mal.

Ele sai pela porta e eu arrasto o sacos a sala da estocagem que fica no canto direito, hoje do lado da geladeira e esqueço do tempo.

Começo a varrer próximo ao estoque de cortinas antigas feito pelas aracnológicas, uma espécie de mistura de aranhas tecedeiras com professores de universidade. Elas gostam de escrever histórias nas tramas do tecido. É uma arte perdida, já que segundo o senhor Tusspoth elas são super reservadas e quase não se casam. As vezes o senhor T cobria as janelas da Loja com uma dessas cortinas e tudo ficava escuro como a noite, e então as histórias começavam a surgir. Seus compradores mais fiéis eram as espécies que gostavam de escuridão durante o dia. Como os homens-coruja dos recantos das Montanhas Luanara, mas a maioria que conheço e pergunto vive na cidade de Nocturna aos pés do conjunto de montanhas.

Pelo tanto que eu admirava a nova leva de cortinas quase pude imaginar quem era meu próximo cliente, afinal a data e o horário batiam. Ouço o giro da maçaneta e o sino tocando e corro para abraçar meu melhor amigo do outro país: Giovanne Evangelist, o homem coruja.

Ele me abraça, mas perde o equilíbrio no giro que damos no ar. Ele quase tropeça e acabo batendo as costas dele contra a porta. Sua bolsa de couro esta cheio de coisas vivas ainda se mexendo. Ratos e lagartos, eu diria pela forma, me perguntava se eram mesmo assim se eu pudesse vê-los da forma que realmente existem no outro país.

Giovanne, ou como eu o chamava Gio era um homem de cerca de um metro de setenta e cinco e bem moreno. Tinha um sotaque eu era parecido com o italiano e bochechas salientes, como era um homem coruja conseguia virar a cabeça quase como a garota de exorcista. Gostava muito de Blues antigo e do Johnny Cash, alem de consumir quantidades assustadoras de bombons recheados de insetos.

—Tem que fazer isso sempre Kitty-Cath? Minhas asas doem depois de serem arremessadas contra portas… -ele ri e adentra a loja comigo pendurada no pescoço dele- Agora é serio! Largue-me! -ele faz um movimento com o braço humano dele que me lança uma rajada de ar que me faz desequilibrar e cair no chão, as vezes odiava o fato do senhor T enfeitiçar todos que entravam na loja como humanos, queria vê-los de verdade- Vocês e suas lojas ensolaradas… -ele tampa os olhos sensíveis- Como o seu senhor consegue sobreviver em condições tão… Impróprias?

—Ah senhor Evangelist, ele é um gato, gosta de lugares quente onde ele pode esparramar seu corpo em algo fofo acompanhado de um pires de leite… -eu rio pegando a vassoura e me levantando- Mas relaxe,passaremos pela linha internacional de data em poucos minutos e tudo vai ficar escuro novamente.

—Procuro uma cortina de teia, tem alguma remessa nova? -ele anda pela loja observando algumas bugigangas humanas como um crânio humano enfeitado de pedras e ouro.

—Sim, e separei alguns bombons de grilos caso queira… -eu pego três caixas cheia de bombons finos da geladeira- Quer algum livro de feitiços também, sei que gosta de brincar com eles… -ele acena com a cabeça e subo as escadas...

—Você sabe me mimar Kitty-Cath… -ele me ajuda a descer das escadas moveis flutuando pelo ar, embora eu sinta a rajada de ar atrás de mim- Sabe, se você fosse a meu país com toda a certeza eu a desposaria…

—Eu mal sirvo para atendente Gio, imagine para esposa! -ele me coloca no chão- Embora eu me ache uma criatura noturna…

—Acha mesmo que eu entregaria minha amada Catherine a uma criatura como você Giovanne? -o senhor desce as escadas principais num pulo, primeiro fazendo uma cara seria, depois rindo como duas crianças. O senhor T e o Gio são velhos amigos- Eu não posso dá-la a você… -ele me arranca dos braços de Gio e me aprisiona com os braços- Me apeguei a este desastre de empregada!

—Mas quero ela como o meu desastre de esposa! -é a vez de Gio fazer o mesmo.

—Mas meus senhores não pertenço a nenhum de vocês! -saio do abraço de Gio, e ando até o caixa- Só sirvo para arrancar dinheiro de vocês! Não sou digna de tal amor! -coloco a mão na testa imitando uma atriz e abrindo o caixa- Até por que eu não amo ninguém!

—Malvada sem coração! -eles dizem em coro.

—Quanto deu? -ele pergunta, calculo por alto na mente depois confirmo na calculadora- Dá 3.500 dólares, cerca de 23 diamantes pequenos ou seis talismãs grandes energizados com a Terra… - olho para a bolsa de couro.

—Você é um sanguessuga Tusspoth! -ele abre a bolsa e vejo pequenos potes de criaturas que parecem ratos e ele remexe lá dentro tirando oito talismãs grandes, seis de Terra dois da Água- Seis pelo preço absurdo! Dois pelo atendimento mais que especial… -ele sorri para mim, embrulho a cortina de teia nova e coloco o livro e as caixas de bombons em uma sacola, ele me paga e me dá um beijo na bochecha antes de sair novamente pela portas dos fundos.

—Ele poderia vir mais vezes aqui… -eu suspirei.

—É ele quase não me visita aquele crápula… -ele soca o balcão- É verdade minha cara Catherine, sou um recluso, mal saio, mal faço algo de útil… Não sei como ele não me odeia…

—Ah! -eu vou e dou um abraço no senhor T.- Você só pode sair poucos dias do ano… E muitos amores… Deve ser difícil coordenar tudo…

—Não… Não é… -ele sorri triste- Eu vou me esforçar mais… -ele me larga- Eu vou subir se não se importar, tenho que… Fazer a contabilidade….

—Tudo bem senhor T… -eu fico triste por ele- Eu cuido da Loja sem problemas…

—Ah já vai senhor T.? -uma mulher com turbante verde na cabeça, bem branca de olhos azuis acinzentados e usava uma roupa simples, blusa de algodão azul, saia verde escura e canga amarada na cintura, vestia botas de escalada.

—Cinthia minha querida! -ele desse no mesmo momento e a abraça.

—Algo que eu possa fazer pela moça… -limpo as mãos no meu avental.

—Sim, procuro pelas ervas de caminho, minha cozinha precisa delas urgentemente…- ela vem até mim e sorri.

Ela era um Lobo-elfo, tudo que eu sabia sobre eles é que eram criaturas semi-vegetarianas que comiam apenas dois tipos de carne: grilos-falcões e alces-elefantes (que são a mistura que você realmente imagina de animais “comestíveis” de seu país). O resto da sua dieta é restrita a frutas, verduras e grãos. São ótimos caçadores, pelo que sei, são a única especie a conseguir matar a grande besta leão-mandarina, uma criatura com cabeça de leão e cauda de vespa-mandarina. Mas não sei muito mais que isso.

—Recebi um estoque novo hoje, se quiser dar uma olhada… -ele diz sorrindo para a sua cliente.

—Gostaria de oito quilos daquele tempero que me mostrou aquele dia...

—Nunca me disse nada sobre ela senhor T. -eu olho um pouco cautelosa enquanto vou para a sala de estocagem- Nunca me deixou atender alguem como sua amiga…

—É difícil ser atendida em horário comercial… Tenho um restaurante e um grupo de teatro para administrar… E é ainda mais complicado morar do outro lado do país... -ela me vê saindo com oito barras de um quilo cada.

—Tem um grupo de teatro? -eu arregalo os olhos surpresa, nunca imaginaria isso no país dele, talvez por me parecer fantástico demais.

—Sim, e minha melhor amiga, Yasmin de Bellux tem um grupo de dança, acho que ela vem aqui amanhã… Se puder me fazer o favor de já separar alguns instrumentos para ela agradeço... -ela diz namorando uma besta de caça do seculo XVI, que estava na parede, acima da estante com o conjunto de vasos do último imperador da china.

—Você tem uma amiga de Bellux? -me derreto na hora, adoraria conhecer uma ao vivo, mas o senhor T. tem mania de achá-las um tanto traiçoeiras.

Sempre amei saber sobre as criaturas de Bellux, (que por alguma razão não foi nomeada, então sempre tratavam elas pela localização, acredito que Bellux fique próximo a Saintmarine) essas criaturas que se assemelhavam com fadas coloridas, em seus crânios tinham chifres de veado e dentes afiados, alem de uma cauda de lagarto, tinham o tamanho de uma criança de dez anos quando adultas...

—Vejo que um caçador reconhecer outro… - senhor Tusspoth, aquele velho chato me interrompe fazendo Cinthia, (aquela que eu queria para minha melhor amiga nesse momento) voltar a atenção para a besta novamente.

—Sim -ela sorri nostálgica- Lembro do meu pai quando vejo uma dessas… Ele matou os maiores animais do nosso país com uma única flecha.

—Deveria levar… -saio do balcão onde eu empacotava a droga, quer dizer “tempero” e me coloco entre os dois- Tenho flechas de todos os tipo…

—Meu pai gostava de fabricar as deles… -ela estica a mão para tocar a madeira antiga e bem talhada- Usava pontas de aço e titânio… Mesmo gostando da leveza, as vezes preferia as de ferro fundido para os animais pesados…

—Lembro das festas que ele fazia, foi uma pena tê-lo conhecido já tão debilitado, mesmo assim era um grande homem… -senhor T. pega a besta nas mãos- Já me comprou varias joias de prata...

—Era para a minha mãe… Ela gostava de coisas brilhantes… -ela ri- Ele mandou fazer um vestido cheio de pequenos talismãs verdes que ela usou no aniversário de iniciação deles… Me lembro como se fosse ontem.

—Iniciação? -eu pergunto não querendo ser intrometida

—É um ritual que se faz para entrar na tribo dos outros, lembro do meu próprio ritual, lutei contra a minha irmã mais velha na época...

—É como um casamento Catherine, meu anjo… -ele coloca a besta sobre o balcão- Se luta com alguem para se provar merecedor de alguem… Sorte que eu não ligo para tradições… -ele ri.

—Claro, o grande gato não pode ser domado… -ela ri indo ao balcão e me puxando pela mão- Esse ai foi ao meu casamento… Caçoou de toda a cerimonia! Depois eu bater nele, pude me casar com o Nigel, lembra dele senhor T.? -ela o encara sorrindo.

—Aquele banana de calças com quem você casou-se? Claro que lembro… -ele se inclina sobre o balcão revirando os olhos.

—Eu vou matar você! -ela diz em tom de brincadeira, muito embora eu ache que ela realmente poderia fazer isso- Vou levar a sua besta… Mas só se me der aquela aljava de flechas de couro que me prometeu da ultima vez…

—Aquela ali? -eu aponto para uma aljava de couro irlandês que estava perto dos arcos do seculo XII, que por sua vez estavam quase no teto, acima da estante de livros- Quer que eu pegue para você dar uma olhada?

—Com toda certeza… -ela olha para o senhor T que embrulha a besta com cuidado.

Eu subo a escada móvel e faço ela correr alguns metros para frente e pulo para a estante de olhos de dragão tomando muito cuidado para não quebrar nada nem deixar que os olhos me vissem. Paro alguns centímetros me esticando para pegar a aljava sem cair daquela altura. Infelizmente quando eu alcanço perco o equilíbrio por causa das minhas botas escorregadias e me sinto cair. Cinthia pula e me pega no ar.

—Precisa usar direito essas garras mulher gato… -ela me coloca no chão- Quase derrubou tudo…

—Eu já disse ao Giovanne que ela é um desastre de empregada! Mas ele insiste em desposá-la. -ele me olha duro, sinto que fiz uma besteira.

—Evangelist é um doente! Tentando ao pecado, assim uma criança! -ela quase grita nervosa- Ela mau sabe se equilibrar direito sozinha, não entende nada sobre nossa cultura ainda… -ela alisa meu rosto e vem me guiando até o bacão novamente- E o pior é que você deixa essa perversão acontecer…

—Eu estou bem, senhor T, nada aconteceu comigo, sou mais esperta que pensa! -mostro a aljava intacta- Caio, mas não estrago o material…

—Me deve 30 talismãs da lua, minha querida… -ele me ignora e coloco a aljava na sacola.

—30? É um sanguessuga Tusspoth! -ela grita quase rindo.

—Gio falou a mesma coisa… -rio disfarçando.

—Eu e aquele pássaro pervertido pensamos igual… -ela bagunça meu cabelo, acho que ela realmente me vê como uma criança- Quer um talismã da lua querida? -ela me oferece uma pequena pedra lisa e branca- Agora você também é da minha tribo… -ela pega a sacola e eu a acompanho até a porta- Os lobos-elfos sãos os únicos que produzem e conseguem energizar esses talismãs… São muito raras e bonitas, guarde essa sempre com você... Pequeno gata-lobo… -eu fecho os olhos e me viro voltando ao balcão.

Nunca vou entender os clientes da sua loja… Aprendi a nunca questionar ou fazer perguntas sobre coisas que se referem ao sr.T e seus clientes. Eu sempre fui curiosa o suficiente para fazer o sr.T me revelar o que sabia. Porem sou mais o tipo que observa, do que o tipo que se mete no que não é chamado. Coisas estranhas sempre vão acontecer e eu sempre fico no meu canto. Sou a vendedora e não a cliente.

—Aqui senhor Tusspoth. -eu estendo o talismã a ele.

—É seu. -ele diz se virando para o cofre- Um talismã quando é dado, não pode ser retirado da pessoa que o pertence… Perde seu poder…

—O que faz um talismã da lua? -perguntei me sentando em cima do balcão.

—Protege, acho que ela achou que você precisava… Depois… -ele respira fundo- Depois do susto que me deu hoje…

—Eu só ia quebrar um braço senhor T. -eu rio amarelo segurando a pedra com as duas mãos- É o que ia acontecer se Cinthia não tivesse me pegado com seu tempo perfeito...

—Não é o suficiente anjo… E se ela tivesse se atrasado? Já vi uma queda dessas matar! -ele diz com raiva.

—Senhor T… Ela me chamou de mulher gato, e disse que sou uma criança… -eu ignorei o sermão- É assim que eles me vêm? Como um da espécie deles? Sua espécie…

—Por que eu digo para você tomar cuidado se não me escuta? -ele me corta- Por mais que a magia deste lugar impeça que eles te assustem e assustem eles, você sempre sera humana… Pode morrer. Não quero que morra Catherine meu anjo, não você...

Eu me jogo do balcão e abraço o senhor Tusspoth pelas costas.

—Não vou morrer, eu te prometo senhor T. Você tem que me levar para o seu país primeiro…

Sinto lágrimas quentes atingirem meu pulso.

—Isso mesmo Catherine! Vamos ao meu país! -ele agarra meu braço e me carrega escada acima e me girando a cada degrau. Ele me fez dar uma cambalhota que me colocou em seu colo num pulo. Eu amava o velho.

Não importa como é o mundo lá fora, se é louco e insensível. Eu trabalho com afinco e parte do meu trabalho também é seguir as regras da casa, e isso também significa obedecer e respeitar o dono do estabelecimento, especialmente quando ele é o pai que você sempre quis.


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Notas finais do capítulo

*Amoy significa Linda Deusa e Damerae é menino alegria em jamaicano.
Comentem se gostarem.