Faking escrita por Linnet


Capítulo 7
Capítulo VII


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, amores! ♥♥



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Eu não sabia até onde mentir sobre um namoro iria ir. Até onde eu imaginava, nós só diriamos sim se alguém perguntasse sobre o namoro e saberíamos algumas coisas um do outro. Mas não, Daniel me mostrou que fingir namorar alguém vai muito além disso.

– Aqui estamos - ele anunciou.

Seu braço direito estava por cima dos meus ombros e, mesmo que eu não sentisse atração pelo babaca, eu ainda me sentia no céu com aquele gesto. Ele era o primeiro garoto que fazia aquilo comigo em toda a minha vida e eu estava amando. Nunca me senti tão segura como quando estava embaixo daqueles braços.

Daniel tinha levado o namoro falso a um nível que eu não tinha nem imaginado. Nunca me imaginei tocando um garoto daquele jeito, muito menos um como Daniel: um garoto popular, desejado. Eu não seria a garota certa pra namorar alguém como ele e, antes que eu percebesse isso debaixo dos braços dele, ele tinha percebido.

Nós estávamos em uma loja de celulares e, como se não fosse nada, ele me levou até o balcão e pediu um iPhone 5 pra mim. O atendente me perguntou algo sobre o modelo e eu não consegui responder, mas Daniel o fez por mim. Assim que o cara saiu começou a discussão. Saí debaixo do braço de Daniel e fiquei de frente para ele.

– O que você tá fazendo? - soltei.

– O que você acha que eu estou fazendo, sabe-tudo?

– Está gastando dinheiro à toa! - bufei.

– Não estou, não. Você quer um namoro, como vamos nos falar pra inventar essas suas mentiras? Acha que vou até sua casa toda vez que algo der errado?

– Eu não preciso de um celular desses! Eu nem sei mexer nisso!

– É fácil, como já tô vendo que vamos passar um bom tempo juntos eu posso te ensinar.

– É só pra fingir!

Ele se aproximou de mim e eu achei que fosse o meu fim. Se Daniel desistisse todos saberiam que eu sou uma mentirosa do pior tipo. Aquilo já era apelação.

– Caroline, eu não vou fingir que namoro alguém que não tem celular, isso é o cúmulo. E as brigas de mentira por celular? - Ele riu.

Sinceramente eu agradecia por ele estar levando aquilo tão na brincadeira como estava. Pelo menos, ele não queria parar. E quando ele disse meu nome, foi como se eu pudesse enfim ser lembrada como Caroline e não como Curral e aquilo era o meu sonho, era o porquê de eu estar fazendo aquilo. Eu estava cedendo às vontades dele. Não podia perdê-lo, precisava fazer o que ele dissesse. Afinal, não poderia ser tão difícil ter um celular e esconder dos meus pais.

– E não pode ser um baratinho? - pedi, olhando para os lados.

– Namorada minha não tem celular "baratinho". Pra quê dinheiro se você não gasta? - Ele sorriu.

– Tá bom - suspirei.

Se tinha uma coisa que eu precisava fazer era seguir as regras dele e aquilo era tão fácil de ceder. Precisava seguir às vontades dele antes que eu fosse aniquilada e descoberta, então, se fosse preciso, eu teria um celular e mentiria para os meus pais.

– Assim que eu gosto, sabe-tudo.
Ele me puxou para um abraço e beijou minha testa. Eu nunca me senti tão segura e amada. Era uma pena que fosse puro fingimento. As fofocas correm rápido aqui na cidade e precisaríamos fingir em todo lugar que estivéssemos juntos.

Nós voltamos para o carro com o celular e eu deixei que ele configurasse para mim, pois não sabia nada daquilo. Passamos 1 hora configurando aquele celular e, no final, eu estava me sentindo uma derrotada por não saber nada de Internet.

– Como acha que eu devo salvar seu número? - ele perguntou rindo. - Amor? Amorzinho? Docinho de coco?

– Caroline está bom - respondi de saco cheio daquilo tudo. Minha mãe devia estar pirando por não saber onde eu estava e eu ali perdendo meu tempo com uma merda de celular.

– Nossa, muito romântica você.

– Tem que parecer real, você nunca colocaria o nome da sua namorada de "meu docinho de coco, luz das minhas manhãs, razão do meu viver". Me poupe.

– Tá estressada? Só namoramos há algumas horas.

Eu fiquei quieta. Ele estava tentando me fazer parar com aquilo. Mas eu não aceitaria, estava tão perto de conseguir o que eu sempre quis, não ia parar por um babaca qualquer.

– Minha mãe deve estar preocupada, preciso voltar. Além disso estou com fome - falei, grossa.

– Quer sair pra comer? Poderia ligar pra sua mãe e contar do nosso namoro, sabe? - Ele riu e eu perdi a paciência.

– DROGA, DANIEL, NÃO TEMOS TELEFONE, NÃO SOMOS COMO VOCÊ E EU VOU PRA CASA! - explodi.

Ele pareceu bem surpreso, pois não fez nada quando eu saí do carro e bati a porta tão forte que seu carro caríssimo quase capotou. Saí do estacionamento com uma raiva e fome imensa. Eu não almocei, não comi nada, não fiz nada e já eram 17hrs. Eu estava cansada de ser motivo de piada e Daniel fazia uma comigo o tempo todo. Parecia que, quanto mais nos conhecíamos, mais eu odiava ele. Meus passos eram rápidos e firmes. Já estava frio e eu não estava de casaco. Senti mais raiva ainda do Daniel por ter me deixado ir.

Entrei em uma rua e não tinha absolutamente ninguém nela. Não é do meu feitio entrar tarde em casa, então nunca tinha visto a rua tão extremamente calma e só eram 17hrs. Já estava ficando escuro e parecia que a cada passo que eu dava ficava ainda mais escuro e uma hora se passava.

Alguém me puxou para trás pela minha camisa e eu quase cai no chão.

– Droga, Daniel, me deixa em paz! - exclamei, e quando me virei percebi que não era ele.

– Eu posso ser seu Daniel se você for minha escravinha - disse um cara que segurava uma garrafa de cerveja imensa.

Eu me desesperei. Não sabia o que fazer, não era como nos filmes que você tem uma arma e pode atirar, é a vida real e você não tem nada. Eu comecei a andar para trás. Me segurava pra não começar a chorar por que sabia que isso só ia me atrapalhar.

– Ah, qual é, vamos, só uma rapidinha. Você sabe que quer.

Ele era horrível e me dava medo. Sua barba cobria seu pescoço e ele estava negro por não tomar banho. Eu estava sentindo muito medo, nunca senti nada assim antes. Era como se eu soubesse que ia morrer e só estivesse esperando o momento certo pra dizer tchau. Mas eu não ia dizer tão fácil.

Virei pra trás e comecei a correr, corri o mais rápido que conseguia e rezava pra que ele não estivesse atrás de mim. Nunca corri tão rápido na minha vida, meu coração parecia querer sair do meu peito e ele parou quando eu ouvi uma garrafa se estilhaçar a centímetros da minha cabeça na parede. No segundo seguinte, eu estava chorando e correndo como um bebê.

Caí muitas vezes e podia ouvir o som dos passos do cara em todas as vezes. Foi aquilo que me deu forças. Minha mãe, meu pai, precisava conseguir por eles. Eu não ia ceder.

– Entra - chamou uma voz conhecida do meu lado. Era Allan Werneck.


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Notas finais do capítulo

Um suspense no final do capítulo só pra vcs ficarem curiosos uasuahs