Faking escrita por Linnet


Capítulo 6
Capítulo VI


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem! ♥♥



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Os boatos rodaram mais rápido do que eu achei. Eu não tinha ideia que as pessoas já especulavam sobre meu "namoro" com Daniel, mas já especulavam. E não só isso, eles até já falavam que estávamos namorando há um mês e não iríamos contar até que virasse boato.

Eu não quis magoar ninguém, mas Paola ficou totalmente chateada comigo. Ela não falou comigo o resto do dia e me ignorou todas as vezes que eu tentei. Eu nunca achei que nós fossemos o tipo de amigas que contássemos tudo uma para outra, mas era isso que éramos afinal. Só que eu não sabia. E, mesmo que soubesse, acabou que todos souberam da minha vida antes de mim e eu não sabia como controlar.

Meu plano era perfeito, eu iria fingir que namorava o Daniel e, quando minha reputação já estivesse pronta, terminaríamos. Era perfeito! Eu nem imaginava que, em só um dia, minha vida tinha mudado pra sempre e eu nem sequer tive que mover um dedo para que aquilo acontecesse. Os boatos eram a melhor coisa que já tinha acontecido na minha vida!

Eu era acostumada a ser aquela garota excluída que nunca beijou ninguém e agora... Bem, eu continuava sem ter beijado ninguém (e ficaria assim até encontrar meu amor verdadeiro depois disso tudo), mas agora eu era notada, em qualquer lugar que eu fosse os olhares me seguiam e, junto com eles, os cochichos.

Meu encontro com Daniel no recreio só serviu pra ajudar os boatos a se fortalecerem. As pessoas já falavam de namoro sério, quase noivado, mas ainda não era nada, pra ser sincera não era nem verdade. Eu me senti a pessoa mais inteligente por ter ido falar com ele no recreio, aquele foi o golpe certo pra fortalecer todas as fofocas sobre mim, com certeza. Nem acreditava que eu era tão boa e tão inteligente a ponto de fazer um plano para ser a pessoa que eu sempre quis.

Depois da aula, naquele mesmo dia, eu me encontrei com Daniel na frente do carro dele, como havíamos marcado no recreio. Como EU marquei no recreio. Ele estava encostado no carro e, enquanto eu andava até ele, ele foi cavalheiro o bastante para abrir a porta pra mim e correr até o banco do motorista.

Eu entrei, as pessoas observavam e eu nem precisava olhar para elas para ter certeza disso.

– Muito obrigada por ter aberto a porta, muito cavalheiro. - Sentei-me e fechei a porta.

– Eu só quero sair daqui - ele respondeu, a cara de sério de sempre estampada no rosto.

– Sorria e finja que estamos nos divertindo - mandei, já fazendo minha parte.

– Quê? - Ele me olhou e eu lancei meu melhor olhar de ódio supremo, fazendo-o rir na mesma hora.

Ele arrancou com o carro e saímos da escola cobertos pelos olhares de todos.

Eu não sabia para onde iríamos, mas precisávamos conversar. Eu disse isso para Daniel no carro, mas ele me ignorou toda a viagem. Decidi não dizer mais nada, estar subornando-o já era demais, ele não precisava ser gentil e carinhoso comigo enquanto as pessoas não estivessem olhando.

Ele parou em um estacionamento vazio e coberto num shopping que eu nunca tinha ido antes. Daniel tinha um olhar que me dava medo. Ele puxou o freio de mão com uma força que eu achei que ele fosse arrancá-lo.

– O que você quer para parar com isso? - ele perguntou, sem me olhar. - Quer dinheiro? Quer roupas?

Já disse que a família do Daniel era extremamente rica? Não? Pois esse é o ponto crucial, a gente nunca iria ficar junto porque pertenciamos a mundos diferentes, como naqueles filmes cliches, só que era minha vida. Ele poderia me dar o que eu quisesse, mas eu não queria tirar nada dele nem da família dele, eu só queria uma reputação, eu só queria poder fazer as pessoas pararem de ser tão más comigo o tempo todo.

– Eu não quero seu dinheiro, Daniel. Eu já disse o que eu quero, quero que você finja namorar comigo.

– Garota, eu nem te conheço!

– É por isso que estamos aqui, babaca. - Revirei os olhos com a maior raiva.

– Babaca? O que é isso? Apelido carinhoso?

– Se você quiser...

– Não quero! Eu só quero que você me deixe em paz!

Eu suspirei. Eu não ia deixá-lo em paz, não deu pra perceber ainda?

– Daniel, eu acho que você ainda não entendeu. Eu nunca vou te deixar em paz por que eu quero uma coisa que você pode fazer e eu preciso disso.

– Precisa de um namoro de mentira? - Ele me olhou nos olhos e eu me senti envergonhada, mas não o bastante para parar.

– Preciso - respondi com uma convicção que nem eu sabia da onde tinha tirado. - Eu estou cansada de ser um lixo, Daniel, cansada! Eu vou ter o que eu quero ou você vai levar uma boa surra!

Ele ficou sem resposta e socou o volante. Não vou mentir, estava me cagando de medo dele. Nunca ninguém socou nada depois de uma conversa comigo. Eu não sabia como reagir.

– E qual é o seu grande plano? - perguntou ele, cedendo.

Eu não me aguentei e dancei de felicidade no carro. Só parei quando percebi que ele estava olhando para mim e rindo. Merda, já estava regredindo na negociação. Tossi e manti a posse, ele riu mais. Olhou para fora do carro como se não acreditasse que aquilo estava acontecendo.

– Vamos fingir namorar por sei lá... Dois, três meses...

– DOIS, TRÊS MESES? Tá maluca?

– É o suficiente e vai passar rapidinho!

– Eu não acredito nisso!

– Relaxa, garanhão, é isso ou é a surra.

Ele cedeu de novo. Eu estava amando essa coisa de subornar os outros, por que nunca tinha feito aquilo antes?

– Certo, depois disso nós terminamos e nunca mais nos falamos, tá ok?

– Esse é o seu plano? - ele perguntou. Me olhou como quem não acredita e riu. - Isso é a maior besteira que eu já escutei!

– Tem ideia melhor? - falei, vitoriosa. Ele se calou. - Achei que não.

– E como vamos fingir que namoramos se sem nos conhecemos? E como nós namoramos se ontem mesmo eu estava transando com a Lauren? - Ele achou que aquilo iria me fazer parar, mas chantagem psicológica não funcionaria comigo quando eu estava prestes a ganhar o que eu sempre quis.

– É por isso que estamos aqui, vamos nos conhecer e acertar os fatos. E a Lauren nunca contaria para o namoradão dela nem pra ninguém da escola, então estamos bem.

– Que fatos?

– Desde quando namoramos, quando nos conhecemos, tudo isso.

Ele suspirou só de eu ter dito aquilo e se esticou no banco.

– OK, senhorita sabe-tudo, como nos conhecemos?

– Hm... Nos conhecemos na escola, só que foi depois da aula. Você estava na sala do diretor e eu na biblioteca...

– Acha mesmo que eu sou o tipo de cara que vai pra diretoria todo dia? - ele interrompeu. Não disse nada, preferi não dizer.

– Você me encontrou lá e ficamos conversando, enfim, aquele clichê todo... Foi há duas semanas.

– Foi, é? Sabia que há duas semanas eu estava com a Duncan? - Ele me olhou como se aquilo fosse me abalar e eu ignorei. Achava que Duncan fosse mulher demais pra ele, mas não disse nada.

– Qual sua cor favorita? - pergutei.

– Pra quê?

– Pra saber! - Revirei os olhos. - Se não quer levar um soco no meio dos olhos eu acho melhor colaborar.

– Ah, sei lá, verde?

– Tanto faz, a minha é rosa.

– Que clichê!

– Eu acho fofo.

– Que clichê, de novo!

– AH, anda logo! Vamos, seu aniversário?

– Isso você vai ter que descobrir.

– Então também não vou contar! - Cruzei os braços e ele me ignorou. Fiquei irritada, mas tinha que continuar.

– Tem alguma comida preferida? Alguma coisa que não come? - ele perguntou antes de mim, me surpreendendo.

– Eu gosto muito de sorvete, adoro qualquer sorvete! Estranhamente eu odeio brocolis, mas amo qualquer outra coisa verde. Ah, também não gosto de cenouras. - Ele me olhava enquanto eu soltava balelas e balelas sobre mim. - O meu banquete perfeito seria pizza, hambúrguer, lasanha e de sobreesa sorvete e frutas, mas nada ácido por que eu não gosto.

– Você gosta desse jogo de perguntas?

– Pra dizer a verdade eu estou amando. O que gosta de comer?

– Tudo menos carne, sou meio vegetariano, mas eu como se precisar. Pelo amor de Deus não espalhe isso.

– Meio vegetariano? - Eu ri.

– É, é que eu como carne, mas prefiro não comer. Mas vamos parar de falar disso.

– Certo, outra coisa?
– Mulher - ele respondeu rindo.

– Ai, seu idiota! - Eu queria parecer séria e puritana, mas estava morrendo de vontade de rir e não me aguentei.

No final, eu já tinha coletado informações suficientes para três meses de namoro, seria a coisa mais fácil do mundo!

– E qual é seu celular? - ele perguntou, pegando o dele e desbloqueando a tela, pronto para adicionar um número nos contatos.

– Pra quê? - perguntei.

– E se eu precisar falar com você pra você inventar mais uma dessas suas mentiras?

– Eu não tenho - respondi, olhando para outro lado.

– O quê?

– Eu não tenho - repeti, ficando irritada.

– Tem como ficar pior?

– Também não tenho telefone de casa e nem Internet - adicionei e ele começou a rir. - Para!

– Nós vamos resolver isso agora! - ele ria e eu achei que fosse me matar, mas ele simplesmente ligou o carro de novo e saímos do estacionamento.


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Notas finais do capítulo

Muito obrigada por todos os comentários! Fico muito feliz em ver que tem tanta gente gostando ♥♥♥