Faking escrita por Linnet


Capítulo 5
Capítulo V


Notas iniciais do capítulo

Bj migo.



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Saí correndo da minha mesa e, enquanto saía, pude escutar a mesma menina gorda gritar que era verdade e todos aplaudirem. Eu torcia para Paola não estar vindo atrás de mim, mas sabia que a gorda faria um interrogatório com ela também, então eu teria tempo.
Procurei Daniel em todas as salas antes de achá-lo com os amigos do lado de fora da escola, no estacionamento. Ele estava perto do carro dele e eu fui até lá.

– Daniel, nós precisamos conversar - falei, sem em importar com os amigos, se eu estivesse certa (e sempre estava) eles iriam sair.

Os amigos se viraram pra mim e posaram como soldados para um general. Eles começaram a inventar desculpas ridículas para sair (como limpar a calha do colégio) e fugiram antes que Daniel pudesse dizer qualquer coisa.

– O que você quer falar comigo? - ele perguntou com raiva por eu ter interrompido outra de suas conversas sem graça. - Olha, garota, ontem não foi nada, eu nem te conheço.

– Ah, é? Isso não é uma coisa que se diz no dia seguinte de uma transa.

– Eu não transei com você ontem, transei com a Lauren Smith! Eu me lembro bem disso!

– Ai, meu Deus, Daniel! Você transou mesmo com alguém ontem? E com alguém que tem namorado?

– A Lauren não tem namorado.

– Óbvio que tem, retardado, é aquele ali - apontei para um negão parado na porta da escola que daria uns três do Daniel, e olha que Daniel Chevark não era pouca coisa.

O moreno seguiu meu olhar e fez uma cara de surpreso melhor que a de Paola. Ele soltou um palavrão.

– Acho melhor conhecer as pessoas que transa por aí - falei, com raiva e nojo ao mesmo tempo.

Não foi a Ísis que tinha espalhado um boato do Daniel ter feito sexo no dia anterior, ele já existia, o caso era que quando a asiática me viu com Daniel o boato tomou outros rumos. As fofocas não tem limites.

– E se eu transei com você por que não começa me dizendo qual é seu nome? - ele disse, com raiva, mais ainda encostado no carro como quem não quer nada.

– Caroline Campbell - respondi, cheia de orgulho. - E acho melhor me escutar.

– Você era a nerd de ontem, né? O que aconteceu com você hoje? Seguiu minha dica do cabelo? Ah, não! Tá apaixonada?

– NÃO! - me senti ofendida de novo, aquilo já era demais. - Olha, nos vimos ontem e espalharam um boato de que nós transamos ontem, mas isso nunca aconteceu.

Ele escutou tudo e tinha uma cara de surpresa irrelevante no rosto.

– Pelo menos EU não transei ontem, né? - revirei os olhos. - Não tem outro jeito de te dizer isso então vou direto ao ponto. Precisamos fingir que namoramos.

– Quê? - Ele começou a rir, virava a cabeça pra trás de tanto rir.

– Para, idiota! - eu pedia. - Deixa eu explicar!

Me senti envergonhada de mim mesma por ter ido até ali sem um plano. O que eu achei que ele iria fazer? Fingir ser meu namorado sem mais nem menos? Que ele iria aceitar essa proposta ridícula que uma garota nerd ridícula fez a ele? E o que eu iria fazer se ele não aceitasse? Torcia do fundo da minha mente para que ele aceitasse e me deixasse, com toda honra que esse título pode ter, ser sua namorada de mentira.

– Garota...

– É Caroline pra você!

– Que seja! Eu não vou fingir te namorar, eu não namoro nem de verdade!

– Você não entende como eu vou sair mal falada só por causa de um boato? Eles vão acabar comigo! Viu como seus amigos saíram correndo daqui quando eu cheguei? Todo mundo acha que a gente tá namorando.

Comecei a achar que ele fosse desistir. Se ele não aceitasse o que eu ia fazer? Me encolher e chorar? Aquela era a melhor opção, com certeza. Mas eu não podia. Teria que me mudar de cidade depois daquilo. Era como perder um rim. Eu nunca mais seria a mesma. Todos acreditariam que eu fiz sexo com Daniel e que, pra piorar, eu tinha perdido a virgindade com um galinha sem coração e babaca. E pronto, um momento que era pra ser especial nunca mais seria, eu era a vadia nerd carente que abriu as pernas pro primeiro que apareceu e ele era o galinha musculoso e gostoso de sempre.

Ele não entendia como um simples sim poderia mudar minha vida pra sempre, pois ele nunca teve que passar por isso. Ele não seria rotulado de nada além de pegador, muito legal, "o cara" e todas essas coisas, já eu seria chamada dos piores nomes. Mas eu precisava daquilo, e, ele querendo ou não, eu ia conseguir.

– Olha, não vai dar, não... - ele coçou a nuca da forma mais seduzente de todas. Se ele não fosse tão ridículo seria o garoto perfeito.

– Eu só vou te dizer uma vez...

Cheguei perto dele e me apoiei no peito do Daniel como (eu achava que) uma verdadeira namorada fazia. Nossos rostos estavam tão perto que eu poderia beijá-lo facilmente com um movimento. Eu tinha certeza que tinha gente nos olhando e eu iria fazer todos acreditarem, mas sem realmente ficar com ele. Todo mundo acreditaria no nosso romance e, quando já enchesse o saco eu simplesmente pularia fora sem estar mal falada do jeito mais dramático possível. Eu nunca mais teria que me preocupar com essa gente me zoando por que eu seria uma popular com o passe livre de Daniel. Eu seria tudo o que eu quisesse e talvez finalmente eu conseguisse encontrar meu verdadeiro amor e talvez assim ele me visse.

– Ou você coloca a mão na minha cintura agora e finge que está comigo, ou eu vou naquele negão e vou contar que um certo frango comeu a namorada dele ontem -falei, ameaçadora.

Minha voz é perfeita pra ameaçar, eu devia fazer aquilo mais vezes por que eu me sentia dona do mundo, mas também havia aquele medo de ele não aceitar, aquela pressão sobre ser assistida com alguém do sexo oposto. Se ele dissesse que não o que eu faria? Aquela adrenalina parecia me levar a loucura e, quando eu percebi, a mão de Daniel estava na minha cintura e ele olhava para mim sorrindo.


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