Faking escrita por Linnet


Capítulo 4
Capítulo IV


Notas iniciais do capítulo

Oiii amores, obrigada a todos que estão acompanhando!



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Eu saí da sala me achando. Fui até o armário cochichando e rindo com Paola. Tinha (quase) certeza que ninguém iria me fazer chorar naquele dia. Era o melhor dia de todos.

Eu nunca me senti daquele jeito, era a melhor coisa do mundo saber que você não é totalmente odiada. Era incrível! Ali eu soube o por que as patricinhas andam sempre de nariz em pé nos filmes, é por que elas estão felizes demais para olhar para baixo de novo e, naquele momento, era justamente como eu estava.

Sem a Ísis ali, eu me sentia totalmente segura, se alguém me odiava era ela, então se ela não estivesse ali eu não tinha por que temer. Nunca nenhum dia naquela escola foi tão perfeito assim, e a melhor coisa do dia tinha acabado de acontecer. Aquele dia seria rodiado de coisas boas.

Fui até meu armário e o abri com a chave. Coloquei meu livro de matemática lá e fechei. E, quando eu olhei para o lado, tinha um garoto parado bem na minha frente. Olhei através dele e vi Paola olhando para o armário dela a alguns armários adiante.

– Oi, Carolina - começou o menino, já errando meu nome, mas só por ele não ter me chamado de Curral eu já agradecia. Eu não respondi nada e ele continuou: - Bem que você podia fazer uma rapidinha pra mim atrás da escola, né?

Meus olhos se abriram tanto que eu nem sabia que aquilo era possível. Eu era boba, nunca tinha beijado ninguém, nunca senti o toque amoroso de alguém do sexo oposto (nem do meu próprio sexo), mas eu sabia o que era uma rapidinha e eu me senti ofendida com o pedido. Como você chega em alguém e pede uma rapidinha sem mais nem menos? Como você consegue ter essa coragem? Meus olhos pareciam estar ficando tão vermelhos de raiva quanto os de Ísis no dia anterior. Eu só virei a mão na cara dele.

– Me respeita, imbecil! - berrei.

Eu nem percebi que o mundo todo tinha parado a minha volta pra observar a cena, mas de um instante para o outro todos estavam lá parados e o garoto gemeu de dor na minha frente. Juntei as sobrancelhas e, sem esperar por Paola, segui pelo corredor até o refeitório, precisava comer alguma coisa.

Enquanto eu passava as pessoas me olhavam e aquilo me irritava a níveis estremos. Alguns garotos nem disfarçavam ao olhar para a minha bunda e eu nem sabia que tinha uma bunda razoável. Eu comecei a me sentir estranha. Depois daquele comentário era como se todos me vissem como um objeto sexual, mas por que? De um dia pro outro eu não causava ereção nem em um macaco ou um javali (se é que é possível), e agora todo mundo me via como a Megan Fox. Senti vontade de chorar, aquele dia era um dos piores simplesmente por que me fez acreditar que seria o melhor e depois ter me feito passar por aquele momento constrangedor.

Eu fui até o balcão e peguei uma maçã. Até a proprietária do refeitório da escola me olhava estranho. Todos pareciam estar prontos para me comer com os olhos. E aquilo pode parecer legal, pode parecer legal ter a atenção de todos uma vez na sua vida, mas não é legal quando você é só um boneco sexual, quando te tratam como um objeto. Isso é ser pior do que eu era antes.

Sentei na minha mesa de sempre e a primeira garota veio falar comigo. Ela era gorda, bem gorda. Quando digo isso parece que eu estou zombando por ser magra, mas "gorda" é só uma característica, vocês decidem se é boa ou ruim. Eu nunca tinha falado com ela, achava que ela era do grupo de músicos da escola, mas não tinha certeza.

– É verdade que você transou com Daniel Chevack? - Ela foi direto ao ponto.

Eu quase cuspi minha maçã fora. Engasguei e ela ficou lá me olhando confusa. Paola chegou na hora e não entendeu.

Então era por isso que me olhavam, espalharam um boato que eu tinha transado com o Daniel e só por que ele era popular agora todos queriam provar da mesma fruta. Quem tinha visto nós dois? Merda, a asiática idiota! Por isso ela estava me olhando surpresa, por que uma nerd nojenta estava falando com o Daniel no meio do corredor? Mas como ela sabia que tínhamos transado? Quer dizer, nós NÃO transamos, mas como ela achou que tínhamos?

– Carol? - chamou Paola.

Ignorei, estava tentando juntar os pedaços na minha cabeça. Quando eu saí da biblioteca não tinha ninguém no corredor, a asiática chegou no meio da conversa com Daniel, chegou quando já estávamos 'tentando' nos falar. Mas isso ainda não diz nada, ele fala com todo mundo. Voltei um pouco na minha mente. Só encontrei com ele por que tinha jogado tudo na cara da Ísis. Tinha que ter sido ela. Ela tinha que ter espalhado esse boato. Não tem outro jeito daquela asiática ter inventado tudo isso. Ela não teria tanta imaginação pra inventar que uma sem nome como eu transaria com Daniel Chevarck na escola. Na escola ainda! Era por isso que aquele garoto de antes me perguntou sobre a rapidinha atrás da escola. Que vergonha, que vergonha! Senti meu rosto queimar.

– Transou ou não transou? - repetiu a menina.

Paola fez um som de surpresa que poderia ter parado o refeitório inteiro se não tivesse um boato estrondoso rolando sobre uma menina invisível.

Percebi como minha maquiagem e meu cabelo para o lado me ajudaram a manter a pose. Quem transaria com Daniel na escola e viria no dia seguinte que nem um trapo? Vai que ele quisesse outra rodada? Mas eu não queria outra por que não teve nenhuma! E, de novo, a "briga" com a Íssis tinha me levado a parecer que não era mais virgem. Resumindo, pelos boatos, eu tinha perdido o cabaço pro Daniel e a escola toda soube disso antes de mim.

– É por que, sabe, seria um sonho transar com aquele corpo gostoso e aquele sorriso sensual! - a garota falou, olhando para o ar como se imaginasse a cena. Queria que ela não estivesse ME imaginando lá, pelo menos. - Eu iria chupar ele todinho e ele ia me tirar do sério com uma só!

Paola fez outra vez o som de surpresa extrema e olhou para mim com os olhos maiores que os meus para aquela garota. Minhas bochechas queimaram. Eu não consegui responder, as palavras não saíam e eu não sabia o que dizer.

– E, você sabe, né? VÁRIAS garotas se matariam para estar no seu lugar agora! Transar com o Daniel! Ai meu Deus, você é boa, garota!

Várias garotas?, eu pensava. No meu lugar? Aquilo parecia tão sonho virando realidade. Era tudo o que eu mais queria. Bem, não transar com o Daniel na escola e virar fofoca, mas sim ter um romance com alguém como Daniel, talvez perder a virgindade, pelo menos beijar pela primeira vez. E depois disso ser conhecida e não ser mais zoada, aquela era a vida que eu planejava antes de dormir.

– Mas se você transou com ele por transar deve estar arrasada, né? Ele transa com tantas, você só seria mais uma! Mas vocês estão namorando ou o quê?

– Eu... Eu... - tentei falar, mas as palavras não saiam. Tentei inventar alguma coisa, mas nem Paola me ajudava.

– Você transou com Daniel Chevarck? - perguntou Paola, tentando muito mal soar baixo para ninguém escutar a conversa. - Mas você não era virgem?

– AI MEU DEUS! Você perdeu virgindade com ele? - exclamou a garota. - Que coisa mais fofa! Vocês com certeza devem estar namorando, né? Você não ia perder a virgindade com ele se não estivessem namorando!

Merda!, eu queria gritar. Paola disse coisas que não deveriam ser ditas. Agora todos acreditariam que eu fiz uma coisa que eu não fiz. Eu quis morrer, como eu contaria que aquilo era mentira? Eu iria perder aquilo tudo, as pessoas nunca mais voltariam a falar comigo e eu iria ser invisível de novo! Aliás seria ainda pior, pois todo mundo me chamaria de mentirosa e vadia de quinta. Todo mundo lembraria de mim como uma farsante.

– É claro que os meninos devem estar todos encima de você agora, né, colega? Mas não se preocupa, é por que eles acham que você é uma dessas vadias que fazem, não contam e quando vira boato elas desmentem tudo, sabe como?

– Elas desmentem? - repeti, incrédula. Se eu desmentisse iria ser rótulada de vadia mentirosa pra sempre. E a minha reputação de nerd sozinha? Tudo isso seria arruinado por um boato.

– É! Quando vira boato elas dizem que não fizeram nada, mas é claro que fizeram, se não não seria boato, né? Mas você não é assim, você é virgem! Ou melhor, era, né? Agora está namorando - ela fez uma cara de fofa, pela cara dela eu e Daniel ganharíamos o prêmio de casal mais fofo do ano se fossemos verdade.

E foi aí que me veio a idéia. E se eu tivesse aquela vida? E eu pudesse ser o que eu sempre quis? E se, finalmente, eu deixasse de ser a nerd nojenta que nunca tem um espaço em nada para passar a ser uma popular? Aquele era o meu sonho desde que eu entrei na escola e tudo o que eu tinha que fazer era dizer sim, sim e sim para tudo que dissessem sobre a gente. Eu teria acesso garantido ao pódio, seria a rainha, e não pagaria de vadia, pois estaria "namorando" com ele. Ninguém poderia ficar me pedindo rapidinhas por que eu seria uma pessoa compromissada mesmo que eu não fosse de verdade. Além disso, eu seria uma parte do casal mais fofo do ano entre a nerd invisível e o galã da escola. Era perfeito! Mas ainda existia a outra parte. E não tem como fingir ser a namorada de alguém quando a pessoa não sabe de nada. Eu precisava achar Dabiel e convencê-lo.


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Notas finais do capítulo

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