Faking escrita por Linnet


Capítulo 24
Capítulo XXIV


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo é dedicado à melhor pessoa do mundo. Ela sabe quem é. E também é dedicado à Avalon maravilinda (u/593855/), Tefynha gata pfta (u/529622/) e à maraaavilhosa ahfsfh te amo ahsswuf Apenas Eu (u/663444/) LINDAS OAHSFOAIHFAIF



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Daniel não tirou os olhos da estrada um segundo. Eu ainda estava nervosa pela repentina mudança de humor sem motivo e pela evidente ameaça de vergonha que eu poderia passar. Nunca conheci os pais de ninguém além dos de Paola e Allan, e os dois eram meus melhores amigos, não havia cobrança. Agora era diferente, caso eu fizesse algo errado, seria cobrada para melhorar. Isso me infernizou por todo o caminho.

Perguntei a Daniel como era sua mãe, não queria acabar falando "oi" para a sogra errada. Ele descreveu-a como uma linda moça de cabelo preto. Isso não ajudou em nada, quantas moças lindas de cabelo preto existiam no mundo?

Ele contava, de tempos em tempos, como foi sua infância. Daniel não teve uma família unida como a minha, seus pais se separaram quando ele tinha apenas quatro anos, ele se apoiou nos irmãos para continuar, como contou. Disse que seu pai administrava uma franquia de clubes de golf personalizados e, quando ri disso, Daniel fez questão que eu pegasse seu celular para ver as fotos dele com o pai nos mais diversos campos de golf que eu pudesse imaginar. Sua mãe era fotógrafa. Sempre ocupada. "Essas fotos, fui obrigado a tirar, ela fez uma amostra gigante sobre pais e filhos. Tirou milhões de fotos minhas com meu pai e nos fez escolher cinco", explicou. Contudo, seus pais não eram problemáticos e sempre o mimaram com tudo o que ele poderia querer. Ele disse que nunca teve qualquer briga com os dois. "Eles são caras de boa", confirmou com um sorriso, provavelmente pensando nos dois.

Falou também sobre os irmãos. Sua mãe teve três filhos do sexo masculino e uma menina, a primogênita. Dois irmãos eram mais velhos que Daniel, admito que os imaginei como cópias de Daniel vinte centímetros maiores - inclusive a garota. Seu irmão menor tinha 15 anos e, eu podia ver nos olhos dele, era alguém por quem meu namorado tinha um carinho enorme. Era tão fofo. Consegui ver Josh com seus grandes 13 anos em uma das fotos com o pai; em um semáforo, Daniel aproveitou para me mostrar seus dois irmãos mais velhos, Sue, uma menina de longos cabelos loiros, e Kendrick, tão diferente de Daniel quanto possível.

— Sabe, eles não costumam ir nesses almoços, mas eu avisei que tinha algo importante pra dizer - se referia a Sue e Kendrick. Sua cara exalava travessura e eu fiquei mais nervosa ainda.

Era importante pra mim que Daniel me tratasse como algo especial. No início, eu não queria que isso saísse do nosso pessoal: ninguém veria, ninguém saberia, apenas quem devia. E, agora, era tão bom pra mim ouvir que ele me considerava alguém e não como um imprevisto ou um algo imposto para ele.

Olhei pra ele enquanto o carro diminuía a velocidade na frente de um portão. Parecia tão calmo que eu senti vontade de passar metade da minha ansiedade pra ele. Ele sempre conseguia manter a pose enquanto era evidente que eu estava explodindo por dentro.

Com um movimento da mão, o portão se abriu.

— Ai, que legal! Como fez isso? - perguntei, imaginando sem sucesso maneiras lógicas pra mover algo à distância.

Daniel riu e mostrou um controle pequenininho entre os dedos. Fiquei mais animada ainda, se logo na entrada já era legal assim imaginava quando eu conhecesse as pessoas!

Saímos do carro depois de passar pelo quintal e fiquei de frente para uma casa não muito grande como eu esperava, mas incrivelmente bonita. Um garoto de branco estava parado na escada com o celular na mão. Ele levantou os olhos para ver quem eram os perturbadores de sua paz e seus olhos se encontraram com os meus. Ele era uma cópia de Daniel, só que menor e mais magricelo. Ele me observou com curiosidade e, percebendo que não me conhecia, virou os olhos para o irmão.

Daniel correu até ele, cumprimentando-o com algo que eu não entendi o significado. Os dois conversaram por menos de um minuto antes de eu chegar perto e o clima pesar. Senti-me uma intrusa.

— Essa é a Carol - apresentou-me Daniel.

— Outra namorada? - perguntou o garoto com desinteresse.

Soube naquele momento que seu temperamento irritante também era igual ao de meu namorado. Sorri mesmo assim, tentando não perder a calma.

— É, mas essa é mais chatinha. - Daniel colocou a mão no braço de Josh e o menino entendeu que não devia mais abrir a boca. Eles eram educados para serem perfeitos.

— Não sou chatinha! - reclamei baixinho para Daniel. - Eu sou bastante legal até.

— Claro que é. - O sorriso bobo de Daniel me irritou.

— Mamãe está te esperando lá dentro - Josh avisou, nem mais ousando olhar para mim.

— Já vamos.

Daniel segurou minha mão e passou o irmão, puxando-me pelas escadas. Eu estava nervosa, não sabia como seria com os outros irmãos e com os pais de Daniel; de certa forma a reação que Josh teve me fez temer aquela apresentação. Se eu era "só mais uma" qual era a finalidade daquilo? Esperei que a comida fosse ótima para que eu tivesse algo bom para comentar com minha mãe.

Meu celular tocou enquanto entrávamos na casa. Daniel olhou pra mim e eu pude ver em seus olhos que ele estranhava o fato de ter alguém me ligando. Ele provavelmente achava que fosse o único... E era mesmo.

— Não vai atender?

Abri a bolsa e peguei a caixinha que emitia um barulho horrível. Na tela só haviam números. Atendi.

— Carol? - Era a voz da Paola.

— Oi, Pola.

Daniel parecia sem paciência. Olhou para dentro da casa para ver onde os pais estavam.

— Onde você tá? Eu queria que você viesse aqui hoje.

— Eu tô na casa do Daniel.

— Quê?! O que está fazendo aí?

— Também estou tentando saber... - Revirei os olhos instintivamente.

Daniel tocou meu ombro para chamar minha atenção. Seus pais deviam estar esperando por mim e eu estava perdendo tempo no telefone, que ótima nora.

— Acho que ele quer me apresentar pros pais. É um almoço.

Houveram segundos de histeria e eu podia ouvir os pulinhos que Paola dava do outro lado da linha.

— Que incrível! Me conta tudo quando acabar! Por favor!

— Conto, claro. Desculpa, Pola, depois eu ligo de volta. Beijo!

— Beijo!

Paola desligou a chamada e eu guardei aquela maquininha na bolsa. Olhei para Daniel nervosa, não sabia o que esperar daquele dia e aquilo estava me deixando apavorada. Ele pegou minha mão com desinteresse e me puxou para um corredor imenso. Fiquei totalmente perdida e mal tinha entrado naquela casa. Apenas continuei em frente olhando para todos os cantos, tentando absorver todas as informações que eu podia daquele lugar.

Eu queria mostrar para Daniel tudo o que eu achava interessante, mas tinha certeza que ele riria de mim. Ele já tinha visto tudo aquilo milhares de vezes e, para mim, era tudo incrível. Perdi a atenção num vaso de flores que parecia ser maior que eu e não percebi quando Daniel parou, apenas senti o puxão e, quando olhei para frente, uma mulher bem mais alta que eu me fitava como um adestrador.

Voltei para o lado de Daniel rapidamente.

— Olá – disse um homem parado ao lado da mulher.

Ele era loiro e alto, mais que a moça, que ainda tinha os olhos fixos em mim. Ela tinha cabelo preto e era excepcionalmente bonita, muito mesmo. Presumi que fosse a mãe de Daniel e entendi de onde ele tirou tanta beleza.

— Oi, pai, mãe – cumprimentou meu namorado.

— Senhor e senhora Chevark – comecei, me enrolando nos “H” –, é um prazer conhecê-los.

— Igualmente – respondeu a mulher, tão seca que não tive certeza se o que ela falava era verdade.

Minha mão suava tanto que soltei a de Daniel e segurei meu vestido com toda força que encontrei.

— Esta é a menina de quem falei - explicou Daniel, passando o braço pelos meus ombros.

Gostava quando ele fazia aquilo, mas, naquele momento, foi como se o peso do mundo fosse colocado sobre mim. A cara fria de seus pais me fazia querer cavar um buraco no chão e me enterrar. Se Daniel tivesse falado, eu teria colocado minhas melhores roupas e pedido para minha mãe me arrumar como uma deusa. Agora, eu estava cara a cara com os pais do garoto mais desejado da cidade com cara de quem não dormiu direito e vestidinho azul.

— Ela é linda - observou a mãe de Daniel, finalmente esboçando um sorriso. Percebi que só continuei a respirar depois daquele comentário. - Fico feliz que tenha arrumado alguém tão doce.

Meu estômago comemorou com um embrulho. Quis dar pulinhos. Puxei um pedaço de tecido da calça de Daniel com a ponta dos dedos para avisar o quão feliz eu estava com o que ela disse. Ele me puxou para perto como quem entendeu o que eu quis dizer.

Avistei alguém na escada; era uma menina e ela também era mais alta que eu. Não entendi como todas as pessoas daquela família conseguiam ser tão altas.

— Oi! - gritou a garota. Ela tinha a pele bronzeada e o cabelo loiro caía pela cintura. Era tão magrinha que achei que fosse quebrar quando desceu no corrimão escorregando.

A senhora Chevark olhou para trás com preocupação ao ouvir os passos rápidos e descoordenados da menina vindo na nossa direção à toda velocidade.

— Sue! Calma! - repreendeu.

A loira pouco se importou e continuou na minha direção. Quando percebi que os braços abertos eram um indício de um abraço em alta velocidade, soltei Daniel e me encolhi para receber a batida. Contudo, quando Sue me abraçou, foi como ser envolvida por uma nuvem. A garota me levantou do chão e rodopiou comigo duas vezes antes de me soltar. Fiquei tonta.

— Ai, meu deus! Você é tão pequenininha! - falou. Apertou minhas bochechas e bagunçou meu cabelo.

Fiz bico. Eu não era tão pequena assim, os Chevark que eram imensos.

— Não ligue para ela, ela é esquisita – uma voz falou atrás de mim.

Virei-me para saber qual surpresa me faltava. Era o irmão de Daniel, Kendrick, e ele era baixo! Quis abraçá-lo em um gesto de compreensão, mas temi que ele fosse me encaixar no quadro de esquisitices em que colocou Sue. Seu cabelo loiro claro era o oposto do de Daniel e, mesmo de óculos escuros, não aparentava o ar de maldade e marra que Daniel passava para todos ao seu redor. Ele era tão fofo que quis apertar.

Foi cumprimentar Daniel e, quando se virou para mim, pegou minha mão para um beijo.

— Já pode parar – aconselhou Daniel olhando para outro lado, impassível.

Eu ri.

— Kendrick Chevarck – apresentou-se.

— Ah! Eu sou a Sue!

A irmã de Daniel empurrou Kendrick e ficou de frente para mim, toda animada, apertando minha mão e sorrindo. Retribuí o sorriso e olhei para a mãe de Daniel, que parecia, assim como eu, surpresa por uma recepção tão calorosa. Continuei observando-a enquanto falava algo com Daniel até que seu sorriso desapareceu e ela olhou para o corredor de onde Daniel e eu viemos. Segui seus olhos e vi Josh andando desanimado pelo corredor. A moça pediu licença para mim e foi até o caçula. Não olhei mais naquela direção.

— Eu fiz algo incrível para comermos! - Sue anunciou, batendo palmas.

— Ah, isso é ótimo, não comemos algo incrível desde que sua mãe começou a assistir programas de culinária mexicana – brincou o senhor Chevark. Senti a falta que sua filha fazia pelo modo como ele disse aquela frase.

Fui para perto de Daniel outra vez, não sabia como me comportar perto daquela família. Eles pareciam tão diferentes entre si. Daniel era calmo e impenetrável, Sue era o oposto, toda animada e divertida, Kendrick era sociável e extrovertido, mas não ativo como Sue, e Josh, assim como a mãe, era mais fechado. O pai de Daniel… Ele parecia diferente a cada segundo, ora mais frio, ora divertido. Decidi que ficar do lado da única pessoa que eu conhecia era uma boa escolha para se fazer. Além disso, a calma que Daniel transmitia fazia meu corpo inteiro relaxar. Ele envolveu-me com os braços e eu respirei seu perfume cujo cheiro me lembrava praia.

— Já está com fome… - Sue parou quando percebeu que não sabia meu nome. - Oh, Deus! Falamos tanto que não sei nem o nome da garota, tadinha!

Eu sorri olhando para o chão.

— Caroline Campbell.

— Campbell? - senhor Chevark repetiu com um vestígio de alegria em seu olhar. - Conheço seu pai, um ótimo homem. Costumávamos pescar juntos.

Não tinha a mínima ideia desse lado casual do meu pai, mas fingi que sabia e fiz que sim com a cabeça. Ele nunca tinha me falado nada disso, mas ninguém precisava saber.

— Então, Carol… ou Cacá… ou… Como gosta de ser chamada? - Sue perguntou.

— Sabe-Tudo – provocou Daniel com um sussurro direcionado à irmã.

— Ainda posso escutar daqui de baixo – rebati, revirando os olhos. Ele me apertou num abraço.

Sue deu pulinhos.

— Ai, vocês são tão lindos juntos!

Kendrick reclamou de fome e meu estômago dedurou-me sem piedade. O pai de Daniel riu e nos convidou para a cozinha. Disse que a senhora Chevark, Laura, iria logo em seguida, assim que terminasse de conversar com Josh. Segui os irmãos pela casa até a cozinha. Daniel sentou-se num banco alto e, vendo que eu não conseguiria sentar em outro sem ter a grande chance de cair com o banco e tudo, apenas encostei-me a ele e observei enquanto Sue terminava de fazer a comida e Kendrick contava as mais diversas coisas sobre Daniel para constrangê-lo. Eu nunca me senti tão em casa.


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Notas finais do capítulo

CALMA Q NO PRÓXIMO TEM AS FOTOS! ASJNOANGOAFRLASU