Faking escrita por Linnet


Capítulo 25
Capítulo XXV


Notas iniciais do capítulo

HAY VOLTEI
Esse capítulo é dedicado a MARAVILHOSA MELHOR LEITORA DO UNIVERSO Tempest (u/46948) e pra FOFA LINDA Ladybug (u/703867) QUE TEM ESSE NOME TAO LEGAL, vocês são maravilhosas. Tempest, brigadao por não desistir de mim e enviar aquela MP, esse capítulo é pra você.
OI PRA TODAS AS PESSOAS!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/580303/chapter/25

POV Daniel

Eu nunca saberia como ela estava se sentindo, mas a julgar pelos olhos dela, aquilo estava saindo muito bem. Eu não esperava que ela me perdoasse tão facilmente pela noite anterior, contudo, talvez eu desconhecesse esse lado de Caroline, talvez ela não fosse tão dura e metódica como eu imaginava. Aliás, talvez ela não fosse nada como eu imaginava.

Caroline estava encostada em mim quando Sue nos avisou que o almoço estava pronto. Eu me perguntei se tinha feito a coisa certa chamando-a para almoçar lá, meus pais e irmãos sabiam ser bem inconvenientes quando queriam e eu não queria que Caroline se sentisse incomodada numa situação dessa. Na verdade, eu queria que ela se sentisse em casa. Me sentia um idiota por ter que fazer aquilo por ela. Era como se um pedido de desculpa não bastasse simplesmente por ser ela, e eu teria que dar o mundo para que ela me desculpasse, porque era Caroline, e ela valia o mundo.

Sentamos todos envolta da mesa, Caroline estava a meu lado e parecia bastante contente. Ela era realmente muito bonita, mesmo sem toda aquela maquiagem, com roupas comuns e com o cabelo despenteado, apenas jogado para o lado. Ela era bonita, mas não sabia. Lembrei de quando ela veio falar comigo no primeiro dia dessa merda toda. Toda egocêntrica, irritante. Ela era tão boba. Ela continua boba. Ela luta por algo que simplesmente não vale a pena, não sabe o que a espera, mas vai saber.

Peguei um pouco do macarrão que Sue fez. Ela fez sem carne por mim. Ela é a única que sabe que não gosto de carne. Ela e Caroline. Pensei nas coisas que eu sabia sobre Caroline: menina mimada, gosta de filmes de mistério, gosta de rosa e isso inclui sorvete e roupas, cérebro de criança prodígio e tão tímida que poderia morrer com uma borboleta pousando nela. Era tão contraditória que minha mente não conseguiria entendê-la. Ela era mutável demais. E eu era sempre o mesmo. Talvez seja por ser diferente a cada segundo, por ser reconstruída toda hora, que eu sentisse vontade de a conhecer a cada mudança que ela fizesse.

Ela pegou um pouco de tudo. Eu não sabia pra onde ia tanta comida. Estava sempre sorrindo e comentando sobre algo que diziam, ela e Sue não paravam de falar. Eu me sentia bem por ela estar falando daquela forma, significava que ela estava sem vergonha, e isso era um bom sinal. Sentou-se e começou a comer, falando sobre como tudo estava maravilhoso. Sue dava receitas o tempo todo e ela se lembraria, eu tinha certeza que lembraria, mesmo que eu não conseguisse lembrar o nome dos pratos, ela lembraria cada palavra que Sue dissesse.

Era atraente o modo como ela fazia as coisas com delicadeza, mas irritante ao mesmo tempo. Ela era a dona dos extremos e isso me seduzia e me afastava ao mesmo tempo. Me fazia querer explodir com ela e me fazia querer abraçá-la. Eu odiava a forma como ela mexia comigo. E ela sempre mexia.

Caroline olhou pra mim sorrindo e eu não sabia se ela queria me dizer alguma coisa ou era um sorriso inocente, ela apenas sorria.

— Então, vocês ainda não contaram como se conheceram - comentou minha mãe.

Quem iria contar que ela me subornou até eu aceitar um trato ridículo? Acho que sobraria pra mim.

— Depois da aula na biblioteca - respondi seco.

— O que você estava fazendo na biblioteca? - Kendrick teve que perguntar.

— Hora - respondi. Tinha certeza que Caroline tinha inventado uma mentira pra esse momento, mas eu não me lembrava e não lembraria.

— E você gosta de ler, não? - continuou Sue para Caroline.

— Muito! Gosto bastante, eu estava fazendo pesquisa.

— Que interessante, eu achava que as pesquisas eram feitas no Google hoje em dia. - Meu pai colocou uma boa garfada de carne na boca, ele não disse por mal, mas senti o desconforto de Caroline.

— Nós começamos a conversar e acabou nisso - mudei de assunto.

Caroline sorriu pra mim e voltou a olhar para o prato.

— Que fofo! - Sue deu um gritinho alegre e continuou a comer.

Minha mãe falou algo sobre a carne para ela e as duas começaram a falar sobre cenouras cozidas.

— É uma bela história de romance, né? - falou Caroline, piscando pra mim.

Eu a observei por um instante. Eu não sabia o que dizer. Eu queria que ela soubesse o quão excêntrica ela era e o quão inusitada poderia ser. Eu não a entendia na maioria das vezes e eu queria mesmo poder entender.

Terminamos de comer com ocasionais comentários sobre coisas aleatórias, a maioria para conhecer Caroline, que parecia bastante à vontade ali. Sue recolheu os pratos sem que ninguém tivesse que pedir e disse que lavaria a louça. Meus pais foram os próximos a levantar, Josh e Kendrick em seguida, e logo fiquei somente na companhia da minha namorada.

— O que achou? - perguntei.

Ela olhava para a mesa. Estava com as mãos embaixo das coxas e sorria. Ela olhou pra mim, enigmática, e fez que sim. Eu nunca a entenderia. Queria que ela me perdoasse por isso.

— Quero te mostrar uma coisa - eu disse.

Levantei e ela me seguiu pelo corredor. Fomos para a parte de fora da casa, seus olhos paravam em todas as coisas e seguiam caminho por onde passávamos, ela mexia na ponta do vestido com entusiasmo e andava quase dando pulinhos. Ela era tão aleatória.

Dei a volta na casa por fora e cheguei onde queria: o jardim. Era uma imensidão de flores de todos os tipos que minha mãe cultivava. Ela tinha um clube de jardinagem com as amigas mais próximas e sempre queria ganhar o título mensal do jardim mais belo. Ela conseguia, claro. Os Chevark sempre conseguem. Parei e olhei pra Caroline. Ela estava surpresa.

— É seu? - perguntou, chegando mais perto de uma flor rosa que eu mal sabia o nome. Não estava mais do que claro que eu não servia pra cultivar flores?

— Não, claro que não, são da minha mãe. Ela tem um clube de jardinagem, está sempre cuidando daqui.

Ela fez que sim com a cabeça e continuou andando pelo jardim, passando a mão gentilmente pelas flores e abaixando-se para sentir seu cheiro.

Eu queria dizer alguma coisa, queria que ela soubesse o quanto eu me arrependia por estragar a primeira noite dela como "alguém", mas, sempre que eu tentava pensar em alguma coisa, minha mente só conseguia pensar em como o vestido caía no corpo dela e na mecha de cabelo que, de forma rebelde, saía de trás da orelha quando ela o colocava.

Não entendia como ela conseguia me desconcentrar, nem os motivos para isso.

— Então... - Sorriu. - Parece que tem algo pra me dizer, né?

— Como sabe?

— Você está parado sem dizer nada há tipo 5 minutos. - Ela ria.

Passei a mão na nuca e olhei para o chão. Ela deu um giro e ficou de frente para mim.

— Queria que fosse diferente, Caroline.

— O jardim? - perguntou, mas sabia exatamente o que eu queria dizer.

— Aquela hora.

— Não importa mais.

Ela fitou o chão, parecia se lembrar de tudo o que aconteceu. Pedi em silêncio para que não me culpasse tanto, eu odiava a ideia de que tinha feito algo que ela não queria, invadir algo que era dela. E eu tinha feito. Mesmo assim, ela não parecia me odiar. Eu não sabia como Caroline conseguia bloquear as coisas ruins daquela forma. É como se tivesse amnésia para deixar as outras pessoas confortáveis.

— Eu queria me desculpar.

— Já se desculpou, eu te desculpo, não foi sua culpa.

— Eu não sabia que...

— Certo - cortou-me. - Eu devia ter contado, está tudo bem.

Ela se apoiou na ponta dos pés, o sol batia em seu cabelo e na ponta de seu nariz. Mexia com os sapatos no piso de pedra dolomita que minha mãe escolheu para fazer o acabamento do jardim, espalhando as pedrinhas com um cuidado singular.

Cheguei mais perto. Queria dar o que ela merecia. Um beijo de verdade. Talvez eu não fosse o cara certo, que realmente a merecesse, mas me parecia justo que ela tivesse um primeiro beijo da forma como imaginava: incrível. Num jardim florido, um dia ensolarado, com a brisa bagunçando seu cabelo com facilidade e com seu namorado de mentira. Patético.

— Obrigada pela noite, foi legal de qualquer forma - ela disse.

— Eu prometo que não vou deixar que coisas ruins aconteçam com você, Caroline.

Ela ergueu a cabeça para olhar pra mim. Coloquei a mecha rebelde de cabelo em seu lugar e minha namorada engoliu seco. Ela sabia o que eu ia fazer. Juntou as mãos na frente do corpo, com vergonha. Beijei sua bochecha. Ela sempre complicava as coisas mais simples. Ela não precisava disso. Era diferente de todas as garotas que eu já tinha beijado na vida. Ela colocou as mãos em meu peito e achei por um segundo que ia empurrar, mas puxou levemente minha camisa para perto. Eu a abracei e sua cabeça passou para meu ombro.

Não teria coragem para beijá-la, ela não queria que fosse eu. Eu podia sentir. Ela não confiava em mim. Mas eu ainda poderia protegê-la, ainda poderia ficar junto dela. Ela me magnetizava, me atraía, me controlava e me confundia. Me tirava de órbita e eu já admitia que era incontrolável, ela me tinha da melhor forma. Que merda. E ela era tão linda, tão frágil. Eu tinha medo de machucá-la. Eu queria que ela estivesse bem, seu sorriso era importante pra mim e eu podia senti-lo mesmo que não o visse.

Ela estava sorrindo.

— De verdade, Daniel, obrigada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Qualquer música triste da Taylor Swift é bem vinda nesse capitulo. E em qualquer dia.