Faking escrita por Linnet


Capítulo 22
Capítulo XXII


Notas iniciais do capítulo

Obrigaaaaadaaaa Gio (u/586921) por recomendar a história ♥ ♥ eu fiquei muuuuito feliz, liguei pros friends pra gritar, mandei mensagens aleatórias, fiquei extremamente animada desde que vi ♥ muitississississíssimo obrigada, você me fez muuito feliz com todas as coisas maravilhosas que disse ♥



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O banco de trás do carro de Mike era confortável e quente, diferente da brisa de fora que me cortava como navalha. Encolhida, eu ocupava pouco mais da metade de um assento e, ao meu lado, Riley se deitava no banco. Seus pés cobertos por meias pretas e finas estavam no teto do carro e sua saia não conseguia cobrir três centímetros de sua perna do jeito que estava. Contudo, ela não ligava. Escutava música nos fones e, de vez em quando, nossos olhares se encontravam. Seu cabelo pintado fazia cócegas na minha perna, mas eu não senti como se pudesse tirar; queria que ela ficasse confortável, já que eu era a intrusa ali. A real é que nem eu mesma sabia o que estava fazendo lá.

Vestígios da música agitada dos fones da garota chegavam aos pés dos meus ouvidos como uma melodia cortada. Desejei em silêncio ter fones também, o silêncio que existia entre Mike e eu era, no mínimo, desconcertante. Queria dizer algo, talvez "Obrigada" ou talvez "Pra onde estamos indo mesmo?". Todavia, seus olhos semicerrados e seus lábios retilíneos me diziam claramente que eu devia manter distância e ficar quieta. Não foi ele quem me convidou para entrar naquele carro, eu nem mesmo sabia se ele me queria lá, ele devia me odiar por algo que eu nem tinha conhecimento, algo que aconteceu entre ele e Daniel.

Quando Riley abriu a porta do carro ao meu lado na calçada, seus olhos pediam para que eu entrasse. Minha mente involuntariamente começou a calcular todas as possibilidades de um final para aquilo: acidente de carro, morte, outra festa, acampamento gay, show de alguma banda indie, overdose, noite no hospital, sexo à três, vômito. Tendo em vista todas as coisas altamente boas que poderiam acontecer, optei por, uma vez na vida, ferrar com meu dia mais um pouco. E, então, Runaways estava tocando no último volume bem abaixo da minha cabeça, onde Riley cantarolava baixinho e fazia leve movimentos pra lá e pra cá com os dedos.

Lembrei de tudo o que aconteceu. Senti uma vontade enorme de chorar por ser tão idiota, mas as lágrimas não saíam. Era como se algo me impedisse de sentir. Talvez o bom senso, eu não devia mesmo chorar por qualquer cara - e isso significava que nenhum homem vale o rímel que eu tinha posto nos cílios. Meus olhos estavam cansados. Eu queria apenas deitar na cama e morrer. Não sentir nada e ao mesmo tempo ter tanta coisa guardada foi o pior.

Sendo inteligente o bastante para racionar, pensei em todas as besteiras que eu estava fazendo. Eu estava sendo idiota, a mais completa infantil e culpada. Se tudo aquilo estava acontecendo, era culpa minha. Pensei em como eu, naquele momento, estava totalmente desinteressada nas merdas que eu tinha feito. Eu não voltaria no passado, não adiantava ficar voltando. Mais uma vez eu estava perdendo tempo pensando em inutilidades. Tentei pensar em algo útil e, até o carro parar, já tinha elevado o 3 a 37°.

Era a casa da Paola. Como eles sabiam que eu era amiga dela? Mike buzinou uma vez e a menina de cabelo channel preto abriu a porta da frente. Riley se levantou e colocou a cabeça para fora da janela, passando seu corpo por cima do meu. Ela era tão espaçosa que fiquei constrangida. Eles eram mesmo bem diferentes de mim.

— Ei! Tudo bem? - cumprimentou Riley.

— Sim - respondeu minha melhor amiga. - Caroline está com você?

Aproximou-se do carro e abriu a porta. Riley quase foi parar no chão, teria batido a cara no asfalto não fosse meus reflexos ágeis de quem passa o dia todo equilibrando lápis de cor enquanto estuda.

— Louca! - gritou Riley. Ajeitou-se no lugar e, abaixando sua camisa, cruzou os braços e fez cara de aborrecida.

Paola olhou pra mim e, sem mais delongas, me deu um tapinha na cara.

Mike riu.

— Não trouxe a garota aqui pra você bater nela, Paola - defendeu-me.

— Isso é por ter ido àquela festa hoje. Vai levar outro por beber e mais um por sair de lá chorando.

— Eu não estava chorando! - protestei.

— Estava.

— Foi mal, não sabia que ela ia te bater - disse Riley rindo baixinho.

— Como sabia que nos conhecíamos? - Olhei para Riley e para Paola, exigindo uma explicação de ambas.

— Somos amigas - respondeu Paola com naturalidade. Quis bater nela. Ela nunca tinha me contado dessas outras amigas que tinha.

— E como você não sabia meu nome? - indaguei mais uma vez agora querendo que Riley me respondesse.

A menina deu de ombros.

— Não sou obrigada a conhecer todas as amigas da Paola, nunca te vi na vida.

Fiquei mais confusa ainda. Como, então, ela sabia que eu era amiga da Paola?

— Eu perguntei de você pra ela - explicou Paola, me puxando para fora do carro. - Sabia que você estava nessa festa. Sabia que você ia fazer merda. Riley disse que tinha te dado bebida, e eu ainda vou dar na cara dela por isso, mas também disse que tinha perdido você.

— Ela não "me perdeu", eu estava com o Daniel.

— Querida, se você está com o Chevarck, você está perdida. - Riley fechou a porta e, do lado de fora, colocou a saia no lugar acrescentando: - E louca.

— Ele é meu namorado, sabia?

Espantei-me com a facilidade com que cheguei àquela frase. Menos de uma semana e eu já estava aceitando aquilo como verdade.

— Ah, claro, com certeza, desculpe por não estar atualizada nas mentiras do último ano.

Fiquei incrédula. Então havia gente que desconfiava da veracidade dos fatos?

— Paola, você disse algo? - cochichei. Minha amiga fez que não com a cabeça e olhou para os sapatos.

 — Daniel não namoraria nunca uma sem sal que nem você, Carol. Sem ofensas.

Ela riu. Olhei para Paola e pude ver o quão mal sua mão cobria um sorriso bobo. Então eu não era o bastante "salgada"? O que ela queria dizer?

— Já vou, povo, até depois - anunciou Mike, com um tchau apressado.

Foi só quando ele foi embora que eu percebi que não teria mais como voltar pra casa. Minha mente contou os quilômetros por onde eu teria que me arrastar até chegar em casa. Um mapa da cidade se abriu na minha mente e, mesmo bebido, eu sabia que dariam uns quatro quilômetros. Dei voltas só de imaginar.

— Você vai ficar vegetando aí?

Olhei para frente e Pola já estava na porta de casa. Ela jogou um casaco de lã na minha cara e sorriu.

— Vem, doida.

Quando entrei, Riley já cumprimentava a irmã de Paola (com quem sempre tive um medo enorme de falar por ela ser mais velha) e subia as escadas para o segundo andar. O casaco não deixava Johanna, irmã de Paola, ver minha roupa e aquilo me trazia conforto. Ir depois de uma festa para a casa de uma amiga que eu nem mesmo chamei pra festa seria horrível.

Disse um "oi" tímido e segui caminho para as escadas. Recebi um aceno de mão rápido de Johanna e ela voltou-se para o livro que estava lendo.

Fomos as três adolescentes para o quarto de Paola. As coisas não mudaram nada desde que eu estive lá dá última vez: os mesmos pôsteres de bandas indie e homens sem camisa; a coberta preta da qual Paola tinha, pelo menos, mais duas cópias; roupas por todo canto, assim como fotos a cada três centímetros nas paredes; um armário cheio de adesivos sem sentido que ajudei a colocar quando eu e ela passamos para o ensino médio e queríamos gastá-los de alguma forma. Tudo naquele quarto me lembrava de momentos com Pola, contudo, mesmo me sentindo tão próxima dela, ainda havia uma parte que eu não conhecia e isso me deixava insegura.

Paola jogou-se na cama. Riley achou seu destino na cadeira da escrivaninha (que estava fazendo um ótimo trabalho guardando montes e montes de papéis). E eu... eu fiquei de pé na porta.

— Vai me contar o que aconteceu? - Paola não olhou para mim enquanto fazia a pergunta. Seu olhar parava no teto, onde planetas coloridos e o preto se misturavam nos péssimos contornos que ela pintou.

— Daniel me beijou - sussurrei, encarando o chão.

Paola se sentou com um salto.

— E foi tipo um beijo "só um beijo" ou foi um beeeijo, tipo "o beijo"? - Um sorriso pervertido já mostrava suas curvas nos lábios de Paola; ela sempre tinha aquela cara de quem sabe de tudo mesmo sem saber.

Corei.

— Não sei...

— Como não sabe? - Riley se meteu. - Nunca beijou na vida?

Meu índice de vergonha já estava no máximo depois daquilo. Pola veio até mim e me puxou delicadamente até a cama. Sentamos e ela me forçou a olhar para seu semblante animado.

— Foi bom? - perguntou.

Quis chorar.

Riley se aproximou e sentou-se no chão, encostando a cabeça no colchão macio.

— Que pergunta imbecil, Paola, óbvio que não, se fosse, ela não choraria.

— Calada! - ordenou Paola. - Não foi bom?

Fiz que não com a cabeça.

— Teve língua?

Fiz que sim apertando os olhos de vergonha. Paola parecia confusa.

— Por que foi ruim?

— Ai, que burra você! - falou Riley. - Ele roubou o beijo, cara, ela não queria e ele foi lá e meteu aquela língua nojenta dele na boca dela. Difícil de entender?

Não reagi ao que Riley disse. Concordava, ela estava com toda a certeza sobre tudo o que falou. Ela conseguiu me entender facilmente em tão pouco tempo.

— Olha, Carol - continuou -, não ache que foi só você que teve um primeiro beijo horrível! O primeiro cara que me beijou era incrivelmente mais alto que eu e eu 'tava mais preocupada em não cair da ponta dos meus pés do que em avisar pra ele que a língua não precisava ir tão fundo na minha garganta.

Comecei a rir. Paola parecia estar se lembrando da cena.

— É sério, ele estava me engolindo!

— E também teve aquela vez com o Roop - lembrou-me Paola de um dos caras que já ficou. - Lembro até hoje de como foi horrível! Ele não precisa arrancar metade da minha boca pra morder.

Riley riu alto. Talvez ela não soubesse dessa história. Fiquei feliz por fazer parte de algo que ela não sabia.

— Menina, não morda ninguém se você não sabe morder. Pelo amor de tudo que é beijável! - Riley tinha a risada mais engraçada de todas.

— Pode deixar, não quero voltar a fazer isso tão cedo - admiti.

— Quê?! - exclamou Pola. - Está louca, querida? Agora que você já teve o primeiro pode parar com o mimimi nos próximos!

— E o seu nem foi tão ruim assim. - Riley sorria. - Só foi roubado, certo?

Era verdade que não foi ruim, mas Daniel foi tão egoísta naquele momento que me fez ter vontade de sumir. Eu o odiava.

— É, mas mesmo assim...

— "Mesmo assim" uma ova! - Paola ergueu meu rosto e sorriu. - Você beijou Daniel Chevarck!

Minha mente voltou dois anos no tempo, quando entramos no ensino médio. O quarto de Paola era igual e suas roupas ainda eram coloridas. Estávamos falando sobre as pessoas da nossa sala. Uma semana depois do início das aulas. Paola dizia o quanto Daniel era lindo e eu pensava na matéria de literatura e em como eu não entendia nada do que o Barroco trazia para a humanidade. Em que ponto da minha vida eu iria usar Trovadorismo mesmo? Talvez quando meu namorado me desse um pé na bunda e eu precisasse escrever uma poesia ridícula. Enquanto minha mente viajava na matéria de história (tão inútil quanto feriado no domingo), Paola repetia que ele era o mais bonito da sala e que ainda iria conseguir namorar com ele. Duas semanas depois, ele a zoou por ir com uma calça azul pra escola. Desde então os dois se odeiam e Paola usa preto 99% do tempo.

— Era seu sonho - falei.

— Ah, eu era uma fangirl bem idiota - riu-se. - Os caras com quem fiquei são bem melhores.

— Roop que o diga! - Riley fez todas nós rirmos.

● ● ●

Decidi que ia dormir na casa de Paola. Minha mãe não ligaria - não era a primeira vez - e a mãe dela iria falar com a minha depois. Já estávamos arrumando os colchões quando Pola recebe um telefonema. Era tarde e ela estranhou que estivessem ligando, já que ela não dá o número pra ninguém além dos amigos mais próximos.

— Alguém deve estar precisando de um conselho - deduziu com um sorriso. Ela sempre tinha os melhores caminhos pra seguir, conseguia ver a merda que eu estava fazendo antes mesmo de eu fazer, sempre sabia o que dizer, não me era surpresa que a ligassem na madrugada só para aquilo.

Ela atendeu o celular com um "Aqui estou" e continuei procurando travesseiros na imensidão de roupas que era o armário de Paola.

— Sim. Uma amiga a trouxe aqui.

Não estava prestando tanta atenção na conversa por motivos de estar segurando uma avalanche de casacos de moletom, mas só foi preciso que Paola me jogasse um travesseiro pra que eu percebesse que o assunto me interessava.

Paola colocou no viva-voz e pude ouvir Allan perfeitamente.

— ... está bem? Ela não estava em casa e você não atendia, fiquei muito preocupado. Achei que ela estivesse na rua ainda.

— Não, ela está aqui - Paola disse.

— Daniel é um imbecil, não acredito que ela gosta daquele cara.

Fiz um sinal para Paola perguntar o porquê daquela ligação. Allan não sabia que eu ia para aquela festa e Ísis também não estava lá pra contar pra ele; a cara de surpresa de Pola diante da ligação denunciava sua falta de culpa, não fora ela quem ligara pra Allan. Como diabos ele sabia?

— Daniel me ligou pra perguntar - respondeu a pergunta de Paola. - Estava procurando ela em tudo quanto é lugar, deve ter ligado pra Ísis pra pedir meu número, já que eu nunca daria pra ele. Ele não consegue perceber as merdas que faz e ela não consegue ver o quão ridículo ele é.

Fiquei brava. Ele nunca tinha feito nada pra mim. Ao contrário, me deu tudo o que pedi - sorvetes, festas, amigos -, estava sendo incrivelmente gentil comigo desde que eu comecei a ameaçá-lo e, tendo em vista que as pessoas não costumam ser gentis com alguém que as suborna, ele estava indo bem. Daniel acabou não sendo o que eu esperava... Até hoje.

— Ele está procurando a Carol ainda? - Pola pulou um colchão e chegou mais perto de mim.

— Ele me ligou tem uns vinte minutos. Quis que eu ligasse pra todo mundo que eu conhecia, os amigos da Carol, sabe? Brigamos feio na ligação e eu desliguei, não aguentava mais escutar ele falando merda.

— Que merda? - cochichou Riley, desviando os olhos do celular pela primeira vez em minutos.

— O que ele disse? - Paola perguntou.

— Disse pra eu ligar pra casa dela. Ela não tem telefone, então tive que ir lá.

— Essa hora?

— Não acordei os pais dela. Ela deixa a cortina aberta e eu só tive que subir naquelas coisas que a mãe dela faz.

Sorri. Allan costumava fazer aquilo quando éramos amigos no ano anterior. Sempre que minha mãe não podia saber que ele estava lá, como em dias anteriores a provas em que eu não podia falar com ninguém para estudar.

— Invadiu o quarto dela?

Tive que conter o riso.

— Não entrei. Vi que ela não estava lá, tentei te ligar e você não atendeu, então fui para o parquinho.

Allan me conhecia tão bem. Eu nunca tinha percebido isso. O parquinho foi o primeiro lugar que pensei em ir quando Daniel me beijou. Eu estaria lá não fosse Riley e seu incrível resgate.

— Allan, 'tá tudo bem agora. Ela está aqui. Desculpa por não atender.

Ele suspirou. Podia sentir o quanto ficou preocupado.

— Ela está bem?

— Sim, ótima.

— Posso falar com ela?

— Claro!

Paola desligou o viva-voz e me entregou o celular. Olhou-me como quem diz "Não conte o que aconteceu" e sorri para mostrar que entendi.

— Oi - falei.

— Carol? Você está bem?

— Estou. Desculpe por te preocupar.

— Não tem problema, você sabe como exagero.

Sorri, era verdade.

— Eu não sabia se você tinha bebido ou se ele tinha feito algo com você, o fato de não saber quase nada do que estava acontecendo me deixou angustiado. - Ele fez uma pausa. Eu não sabia o que dizer, Allan tinha se esforçado pra saber onde eu estava, aquilo não tinha preço. - É muito bom te ouvir depois disso...

— Obrigada - disse. - Obrigada por saber como invadir meu quarto e por realmente se importar comigo e por ser tão legal. Eu não queria que ficasse correndo atrás de mim. Se eu soubesse que estava me procurando, teria ido até você.

— Ei, Carol, não tinha como você saber. Como Pola disse: 'tá tudo bem. E é ótimo saber que você está segura.

— Obrigada, Allan, de verdade mesmo.

Ele soltou uma risada curta, mais parecia de alívio do que de graça.

— Não precisa agradecer nunca. Vá descansar, você deve estar cansada, certo?

Fiz que sim com a cabeça mesmo que ele não pudesse ver.

— Boa noite, Carol. Até segunda.

— Até. Boa noite.

Pude senti-lo sorrir do outro lado da linha e aquilo me fez muito bem. Fiquei feliz por saber que tinha um amigo como Allan.

— Um cara que vai até a sua casa ver se você tá bem não pode ser ignorado, Carol - disse Riley sorrindo. - O cara se importa muito com você pra fazer isso. Eu por exemplo não faria o mesmo com a Paola - brincou.

Paola riu e jogou uma almofada nela.

— Claro que não, eu tenho telefone em casa - rebateu Paola.

Riley tinha razão. Ele era mesmo um ótimo amigo. Eu nunca teria como agradecer por ele ser quem era comigo.

● ● ●

Dona Giulia fez um lanche da madrugada para nós e eu percebi o quanto Riley era próxima da família de Paola. Conversamos o resto da noite sobre ex-namorados e a playlist foi baseada em Taylor Swift e Demi Lovato, e, muito embora eu odiasse as duas, as músicas caíam perfeitamente em tudo o que falávamos. Decidimos falar de todas as pessoas que conhecíamos e rimos o tempo todo. O assunto foi ficando sério quando as pessoas de quem falávamos se mostravam importantes para nós.

— Quer dizer, ela não era tão ruim assim... Foi uma amizade que perdi com o tempo - concluiu Riley com cara de quem se lembra de coisas que não quer contar.

Ficamos em silêncio por alguns segundos. Riley era uma pessoa bem sentimental, embora passasse 23hrs do dia sendo grossa. Ela foi a pessoa mais engraçada que eu conheci aquele ano, sem dúvidas.

— Caroline, você vai parar com seu planinho? - A pergunta de Paola, por mais direta que fosse, exigiu de mim uma resposta que não sabia ao certo qual era.

Eu não podia deixar Daniel assim do nada. Eu tinha que continuar, mesmo que, desde o início, eu soubesse que ele era um babaca. Foi uma escolha minha e eu não podia abdicar algo tão grande. Estava funcionando, eu não podia negar, mas alguma coisa estava diferente do que eu imaginava. Talvez eu não quisesse aquilo como achei que queria.


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