Faking escrita por Linnet


Capítulo 21
Capítulo XXI


Notas iniciais do capítulo

Brigadãããão à Ked ♥ e ao Guga ♥ por me ajudarem com esse capítulo! Vocês são lindooos ♥ amo vocês!
Lila, você é maravilhosaaa, obrigadaaa por tudo, moça ♥
Tempest, sua gata, obrigada pelos lindos comentários ♥ você faz meu dia com eles ♥♥



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POV Daniel

Ela tinha ido embora. Puta merda. Ela tinha mesmo ido embora.

Caroline não parecia ser o tipo de garota que sai de repente e não volta. Na verdade, ela não parecia ter problema com nada. E eu pude constatar isso dando em cima de uma amiga na frente dela. Ela só sorriu. Só. E depois ainda dançou comigo. Ela era tão espontânea que tudo o que fazia era um mistério. E eu realmente gostava desses mistérios, bem, antes de seu paradeiro passar a ser um deles.

Fiquei dez minutos com o pessoal esperando-a. Tudo o que eu conseguia pensar era "Ela foi ao banheiro como qualquer outra garota que borra o batom e se desespera". Afinal, eu tinha gostado de beijá-la, mesmo que ela simplesmente parecesse uma estátua. Seus lábios eram macios e ela transmitia calma. Hm, talvez ela não estivesse tão calma quanto eu achei que estivesse. Ou melhor, talvez ela não fosse "qualquer outra garota" e eu não devesse tratá-la como tal.

Ela tinha sumido. Quando percebi que ela definitivamente não ia voltar, comecei a procurar. Caroline é baixa e não se destaca de modo algum numa multidão. Ela não chama atenção, não conversa, não se move, ela parece não existir. Percebi que era por isso que eu nunca tinha notado-a. E não notaria mesmo, ela era tão certinha que tudo o que fazia me deixava em um estado de tédio profundo onde tudo o que almejo é ir pra casa e passar horas na frente do computador. Mas, como disse, Caroline também é um completo mistério e, naquela sexta-feira, tinha mostrado um lado de si que eu ainda não conhecia.
Enquanto rodava a casa toda a procura da garota pela qual eu estava fazendo um favor enorme ao perder minha liberdade e minha credibilidade na rodinha dos solteiros, pensei na merda que eu estava fazendo com ela. Pra falar a verdade, eu sempre achei namoro uma coisa extremamente chata. E, claro, minha opinião não mudou. Porém, depois de ter passado boas horas na companhia de alguém tão controverso como aquela garota de cabelo curto, eu estava começando a achar que dá pra engolir essa história. Estava. Ninguém merece esse drama todo.

Aproximo-me de uma garota que aparentemente não está bêbada e pergunto se ela viu "minha namorada". As palavras saem tão fácil que me assusto com o que eu mesmo acabara de dizer. A menina, que não reconheci de cara por causa da escuridão, olha bem pra minha cara.

— Olha, eu não a vi, não. Mas já que você está aqui e eu estou aqui e ela não, creio que seja por um motivo não? - Um sorriso pervertido surgiu em seu rosto.

A menção de fazer algo tão baixo com Caroline me enojou. Fiquei com raiva.

— Sim, o motivo é que ela sumiu. E só - retruquei.

Andei dois metros e, perdido no meio de tanta gente, percebi o que tinha acabado de fazer. Era Maria. Maria D'Angelo. Uma das mais gostosas do colégio. E eu acabei de dar um fora na garota que eu queria pegar há meses. Porra. A garota estava se oferecendo pra mim e eu olhei na cara dela e disse "Não" da pior forma possível. Que merda eu tinha feito?

Olhei para trás e a procurei de novo. Pensei, por um segundo, em voltar e a beijar sem dizer mais nada. Contudo, algo me fez parar. Algo com óculos horríveis e péssimo gosto pra roupas. Que merda. Eu não podia fazer isso com ela. As pessoas a chamariam dos piores nomes. Diriam que eu estava com ela só para comê-la. Ri internamente com a possibilidade. Ela rasgaria. Ela é tão ingênua. Tão frágil. Tão pequena para o mundo que ela estava procurando. Ela não aguentaria um dia no meio dos porcos e mesmo assim continuava a viver de migalhas. Das minhas migalhas.

Continuei andando. A animação das pessoas me fazia querer matar cada uma delas pelo bom humor. Queria fazer todos pararem e procurarem Caroline. Ela podia estar em qualquer lugar. Ela não podia ficar sozinha. Eu já tinha deixado Riley a inundar de bobagens, não deixaria que outra pessoa a machucasse. Não deixaria. Abri todas as portas que consegui. Pessoas se comiam pela casa inteira nos mais diversos becos. Fiquei furioso. Caroline não poderia ser uma dessas garotas.

Segundo andar todo arrombado e nada da minha namorada. Ah, caralho. Nada da Caroline. Ela não era minha namorada. Definitivamente, não. Ela não passava de uma garota com carência de atenção que me chantageava com uma boa surra. Ainda era chantagista. Manipuladora ao extremo. Ela não era minha namorada.

Olhei pela janela do quarto de alguém. Nada dela. Onde essa garota tinha se metido? Olhei a rua inteira. Procurei por qualquer sinal daquele sorriso contagiante ou dos olhos azuis. Nada. Ela tinha desaparecido.

Pensei em passar na casa dela. Era certo que ela estaria lá. Contudo, eu a tinha buscado em casa. Sua mãe tinha me visto ser um ótimo namorado e abrir a porta pra ela. Sua mãe até sorriu ao ver que a filha tinha finalmente decidido deixar o quarto... Ou não. Ela estava sorrindo por que eu era o primeiro... Então eu dei a merda do primeiro beijo dela. Droga. Tinha sido horrível. Na frente de todo mundo. Ela tinha mesmo ótimos motivos pra não querer olhar mais na minha cara. Eu não poderia voltar pra lá sem ela. Seria um desastre. "Ah, desculpe, sua filha voltou pra casa? É que eu acabei acidentalmente arruinando a noite dela e ela decidiu que sair correndo fosse uma boa ideia." Não. E se ela estivesse lá? O que eu faria? Diria que sinto muito? "Opa, finge que não aconteceu, vamos testar de novo." Eu tinha certeza que esse beijo era importante pra ela. Eu era um babaca. Rejeitei a gostosa da noite e ainda fodi com a noite da garota mais legal que já conheci. Que porra.

Olhei pro meu celular. Ele era inútil. Eu não tinha o número dos amigos dela e nem sequer sabia o nome deles. Estava tentando me lembrar do nome da góticazinha sem graça que a seguia por todo canto quando lembrei do bom nerd que Allan era. Ele tinha que me ajudar. O garoto era um mala. Totalmente nojento com Ísis; beijinhos e carinhos... Nojo. Mas era minha única escolha pra encontrar minha garota. E eu precisava encontrá-la.

— Alô? - A voz embargada de Ísis denunciava seu sono. Ela tinha faltado uma puta festa pra dormir! Tudo porque estava namorando! Namorar é uma merda.

— Ísis, me dá o número do Allan - pedi, completamente sem paciência.

— Daniel? É o quê? Fala de novo.

— Fala o número do seu namorado, por favor.

— Você tá com a Carol? Estou atrapalhando algo? - Ela riu no final da pergunta. Sua voz dava-me várias sugestões.

As pessoas achavam mesmo que eu tinha transado com ela? Não precisava de muito pra saber que aquela menina não tinha nunca nem visto um pênis em algo que não fosse um livro de biologia. Ela mentia tão bem. A carinha linda que tinha não podia negar as mentiras. Ela era incrível mesmo. Fez todo mundo acreditar, afinal.

— Não estou com ela. Escuta, tá? Eu preciso mesmo do número do Allan.

A ligação com Ísis durou pouco. Não disse o motivo de eu querer tanto o número do namorado dela, mesmo que ela tenha me perguntado um número de vezes grande demais pra ser contado. Talvez Caroline conseguisse o contar. Ela era ótima com números. Ela era ótima com tudo. Menos com pessoas. E, pra piorar seu trauma, eu tinha estragado tudo.

O número estava chamando e, quando Allan me atendeu, eu me recordava do momento no teatro quando quis beijá-la. Ela nunca esteve tão bonita. Tudo nela estava maravilhoso e seu sorriso estava radiante. Eu mal podia me segurar no lugar. Queria beijá-la mais do que achei que fosse querer.

— O que você quer? - perguntou Allan quase tão doce quanto limão azedo.

— Quero que ligue para casa da Caroline e pergunte se ela está lá.

— Pra quê?

— Seja um cara legal uma vez na vida e faça algo que preste.

— Vá à merda, Daniel. Onde ela está?

Não queria dizer que perdi a única pessoa que eu já tive que cuidar na vida. Era demais pra admitir até pra mim mesmo. Ela era a única garota com quem me importei de verdade e tentei mesmo ajudar e agora ela estava perdida e a culpa era minha. Só faço merda.

— Ela foi embora da festa. Eu estava tentando...

— Onde ela está?! - gritou.

— Eu não sei onde ela tá, porra!

Comecei a andar na direção do carro. Não era do meu feitio querer milagres, mas esperei que ela estivesse encostada no carro. Ou até mesmo que estivesse arranhando-o todo. Ou que estivesse sentada no capô, amassando-o, sem nem perceber, como tinha certeza que faria, pois ela não sabe nada de carros. Queria que ela estivesse ali, sendo inocente do jeito que era e me esperando pra ir embora. Contudo, eu estava esperando por Caroline. E ela não espera por cara algum.

— Tá escutando? - Allan me irritava do outro lado.

— Não.

— Eu acho melhor você achar essa garota. Você com certeza fez alguma merda com ela. Eu sabia que você é um imbecil.

— Quer parar de latir no meu ouvido? Tenta ligar pr'aquela gótica que anda com a Caroline também.

— Ela tem nome, seu filho da puta.

— Ah, jura? Eu realmente achei que ela não tivesse, meus sinceros sentimentos.

— Você é um cretino.

— E você não tá ajudando em caralhos nenhum.

— Vá se foder.

E desligou. Senti vontade de arrastar a cara dele no chão. Tinha certeza que seria fácil. Todavia, eu precisava achar minha garota e ele era o único que podia me ajudar.

Entrei no carro e pensei no que fazer. Poucos segundos depois eu já estava ligando o carro para dar uma volta no quarteirão. Uma nerd magricela não pode ter ido muito longe em vinte minutos. Certeza.

E foi, sim. Ela não estava em lugar nenhum.

Parei o carro e, com a cara no volante e a vontade de morrer batendo, pensei no quão estúpido eu fui ao colocar minha vontade na frente da dela.


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