Faking escrita por Linnet


Capítulo 15
Capítulo XV


Notas iniciais do capítulo

MAIOR CAPÍTULO DA HISTÓRIA ♥ ♥
Estou muitíssimo feliz com a recomendação da Vin (SUA LINDA) (u/583741/) e por isso decidi postar 2 capítulos em 1 uashuas MUITOOOO OBRIGADA, Vin - mais uma vez - este capítulo é pra você e pra Luna (u/232454/), outra perfeita que eu amo demais e que deixou um comentário perfeeeeito no último capítulo! Obrigada, meninas! E obrigada a todos que estão acompanhando, vocês são demaaaais! :)



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Paramos perto da quadra do colégio, que estava vazia naquele momento. Encostei-me à grade e esperei que Daniel começasse com o julgamento.

– O que aconteceu no refeitório? Parece que as pessoas só falam disso!

– Olha, antes de tudo, não foi culpa minha. Essa tal de Olie chegou pra mim e começou a falar um monte de coisas sobre nós dois. Que isso não era real, que ninguém tinha nos visto juntos... Eu fiquei com muita raiva e acabei explodindo.

Ele riu. Fiquei confusa, achei que ele fosse me matar pelo que aconteceu e agora ele ri?

– Foi isso? Eu achei que vocês tivessem se batido.

– Claro que não! Nunca!

Ele olhou para o chão sorrindo.

– Então não havia motivo para preocupação.

Daniel ficou preocupado comigo? Senti-me importante, não era sempre que as pessoas se preocupavam comigo. No máximo Paola e meus pais.

– Eu só falei com ela porque fiquei muito chateada com as acusações. - contei. - Você se preocupou?

– Claro, eu estou no meio da briga, né? - Egocêntrico como sempre, pensando só em si mesmo. - E você ficou chateada?

Pensei no que dizer. Era verdade que eu tinha ficado chateada pela menina não botar fé na minha mentira, era verdade também que eu estava gostando de conversar mais com Daniel e Ísis e achava injusto que as pessoas não acreditassem que isso tudo era verdade. Porém, quis dar o troco pelo egocentrismo de antes e disse somente:

– Óbvio, ela me desafiou!

Daniel riu, talvez tivesse conseguido captar as indiretas.

– Tudo bem, bom saber que seu planinho está dando certo e eu não vou ter que ficar mais tempo envolvido nessa mentira.

Olhou para mim sorrindo e, por um segundo, eu achei que estivesse brincando, mas, ao olhar em seus olhos, percebi que estava estampado na cara dele esse tempo todo o quanto ele estava odiando aquilo.

Não tinha passado nem uma semana! Talvez eu devesse começar a tramar logo nosso término. Que menino chato, só conseguia piorar as coisas... Ele era tão egocêntrico que me irritava.

– Desculpe por te fazer desperdiçar tanto do seu precioso tempo - falei irônica e sem paciência.

Saí de perto. Não sabia para onde iria, só sabia que queria ir para longe dali. Talvez falar com Pola fosse uma boa ideia.

Eu estava andando pelo pátio, a caminho das salas de aula, quando ouvi meu nome sendo gritado. Olhei para trás e consegui ver Ísis correndo pela grama na minha direção.

– Ei, Carol! - gritou pouco antes de chegar até mim. - Onde estava? Eu fiquei te procurando um tempão!

– Ai, desculpa, eu estava conversando com Daniel.

Ela me fitou desconfiada.

– Tem alguma coisa acontecendo com vocês?

– Não! Ele só queria me perguntar sobre o que aconteceu no refeitório. Parece que algumas pessoas falaram coisas demais para ele e ele ficou preocupado.

– Eu também queria saber. Disseram que você deu o maior fora em uma menina. A Olie. Ela é muito fofoqueira, não ligue para o que ela diz.

– Não ligo, eu só queria deixar algumas coisas bem claras para ela.

– Certo. Também tenho outra coisa pra te contar - ela sorriu contente.

Pela cara dela, eu diria que ela estava planejando alguma.

– O que você acha de ir ao teatro comigo? - perguntou.

Consegui respirar em alívio. Achei que seria uma ideia mirabolante e acabou que nem era tanto assim.

– Vai ser uma noite de casais! - Ísis deu pulinhos de alegria.

Minha cara naquele momento devia ser uma mistura de preocupação, desapontamento e um sorriso forçado. Bem que eu estava achando estranho só irmos no teatro. Pensei no que Daniel diria quando eu dissesse para ele que teríamos que agir como namorados num encontro de casais. Ri mentalmente imaginando essa cena.

– Mas você voltou com o Ian? - perguntei sem entender.

– Claro que não, Ian é um babaca. - Ela revirou os olhos possivelmente se lembrando de casa palavra que eu cuspi nela sobre ele. Incrível como ela ainda falava comigo depois daquele dia.

– Então quem é?

Ísis estampou um sorriso brincalhão no rosto. Pensei em todos os caras que a deixariam assim e não consegui visualizar nenhum.

– Allan.

Meu mundo virou de cabeça para baixo.

● ● ●

Então minha nova "amiga" estava se jogando para cima do meu melhor amigo. Eu não devia estar me sentindo tão impotente quanto eu estava, mas eu nunca imaginei que Allan pudesse ficar com alguma daquelas meninas. Contudo, olhando por outro lado, ele também não me imaginaria com Daniel e eu estava o levando a crer que namorávamos.

Aceitei o convite de Ísis só para ficar de olho nos dois durante o encontro. Detestaria ver que ela estivesse o usando para ficar uma vez e descartar depois. Allan não merecia isso de jeito nenhum. Por isso mesmo eu queria ficar sabendo de qualquer tentativa de despejo que Ísis esteja tramando.

Ao final do dia, fui falar com Daniel sobre o encontro de casais. Ele me mandou uma mensagem dizendo que iria me esperar para me levar em casa e eu achei que esse fosse o melhor momento para contar pra ele.

– Senhorita Sabe-Tudo - cumprimentou-me.

– Senhor Dono do Universo - rebati.

Ele estava parado encostado no carro e eu fui até ele lhe dar um beijo na bochecha.

– Jura? Na bochecha? Assim mesmo que ninguém vai acreditar.

– Pare de reclamar, vamos.

Ele deu a volta no carro e eu entrei no banco do carona. Daniel começou a dirigir e eu fiquei imaginando como eu daria a notícia para ele. Já estávamos perto de casa quando eu decidi falar.

– Daniel... Eu queria te falar uma coisa...

– O quê?

Mexi com a costura da minha calça, estava nervosa com a reação dele. Se ele dissesse que não, Ísis ficaria muito chateada comigo e eu não saberia o que fazer para reparar, já que eu já tinha dito que íamos.

– Hm... Ísis me chamou para ir ao teatro com ela.

– Isso é ótimo, né?

Daniel não olhava para mim enquanto falava e me passou a impressão de que não ligava a mínima para o que eu estava falando.

– Sim. Mas é que não vai ser só nós duas.

– Ela convidou aquela sua amiguinha?

– Não, na verdade ela convidou você.

Ele olhou pra mim sorrindo.

– Ela quer ficar de vela voluntariamente? - brincou.

– Então, é aí que está. Vai ser uma noite de casais.

Daniel parou o carro do nada no meio da rua. A sorte era que a minha rua não era tão movimentada e não tinha nenhum carro lá.

– Noite de casais? - repetiu. - Caroline, olha pra minha cara de quem vai à noites de casais!

– Por favor! São só algumas horas! Passa rapidinho!

– Incrível como você diz na mesma frase que vamos ficar horas fingindo ser um casal na frente de um casal de verdade e que vai passar rápido. Eu realmente admiro essa sua vontade de fazer as coisas darem certo a qualquer custo - ironizou.

– Por favor, Daniel, é a última coisa que eu te peço.

– Até parece.

– Estou falando sério!

– Eu também, Caroline, noite de casais é demais pra mim. É uma coisa tão besta, é tipo uma disputa pra ver qual casal se entende melhor e quem é mais fofo um com o outro. É ridículo!

Eu ri. Ele tinha total razão nessa parte.

– Eu também acho, mas seria legal se a gente fosse. Ísis está contando comigo.

– É realmente uma pena, não acha?

– Você não é nada flexível, sabia?

– Jura? É minha característica favorita em mim mesmo.

– Que engraçado. - Revirei os olhos.

– Que dia vai ser isso? - perguntou Daniel. Ele parecia estar começando a ceder.

– Hoje.

– HOJE? - Bem, só parecia mesmo.

– Eu prometo que vai ser divertido.

– Teatro e noite de casais numa sexta-feira! Que parte disso vai ser divertido?

Suspirei. Não tinha como fazer Daniel mudar de ideia, qualquer coisa que eu dissesse seria rebatida com alguma ideia chata sobre relacionamentos que ele tivesse.

Fiquei quieta esperando que ele voltasse a dirigir, mas nada aconteceu. Ficamos parados olhando para o nada.

– Tudo bem, eu vou - cedeu.

– JURA? - exclamei, tão alto que pássaros voaram das árvores. Abracei-o e fiquei feliz por estarmos parados. - Você é demais, Daniel! Demais!

Ele sorriu e pisou no acelerador outra vez. Fiquei falando o caminho inteiro sobre como seria legal e repeti tudo o que Ísis disse sobre a peça. Supliquei a Daniel para que ele me buscasse em casa já que eu teria que pegar um ônibus se ele não me fizesse esse favor.

Quando cheguei em casa estava tudo combinado: Daniel me buscaria e iríamos juntos rumo a noite que me garantiria uma vaga na lista dos melhores. Eu não podia estar mais feliz. Até que, para um dia que começou mal, eu estava indo bem.

Abri a porta de casa depois de me despedir de Daniel com um aceno rápido. Minha mãe estava na cozinha e preparava um almoço que cheirava muito bem. Minha mãe era dona de casa, eu não tinha nada contra, mas dava duro todos os dias da minha vida para não depender de ninguém, mesmo que o exemplo disso estivesse bem em casa. Eu sempre fui a melhor da classe e esperava continuar daquela maneira.

– Ele te trouxe em casa outra vez? - perguntou minha mãe com cara de quem já tinha entendido.

Coloquei a mochila em cima da mesa. Meu sangue gelou. O que eu diria? Eu era uma péssima mentirosa, ainda mais nesses momentos de pressão. Decidi que contaria a verdade. Bom, pelo menos o que todo mundo achava que era a verdade.

– Eu preciso te contar uma coisa - falei.

Ela olhou para mim, largando a colher do arroz na pia, com um sorriso que dizia claramente: "Eu já sabia".

– Estou gostando de alguém...

– E parece que esse alguém gosta muito de você também - continuou sorrindo. - Caso contrário ele não esperaria você entrar em casa para ir embora.

Quê?, pensei. Nossa, mãe, se você o conhecesse de verdade não diria isso sobre ele. Talvez ele estivesse vendo alguma coisa no carro.

Sorri para que ela visse o quanto eu estava feliz namorando com o cara mais bonito, galinha e arrogante da história da Ethan West High School. Nossa, eu poderia explodir de felicidade a qualquer momento, quem sabe nunca.

– Filha, você deveria ter me contado!

– Ah, mãe, eu queria me acertar com ele primeiro, não é a senhora que vive dizendo que devemos fazer as coisa primeiro antes de contar pra todo mundo?

– Mas me tire desse todo mundo, você deve me contar tudo! Então é por isso que você está indo tão bonita para o colégio?

Sorri em acordo embora não fosse por isso. Uma menina não poderia se maquiar para agradar a si mesma quando se olhasse no espelho? Se a minha maquiagem tinha algum motivo, esse motivo eram as minhas olheiras e não um garoto.

– Certo, eu estou te contando agora.

– Não está, não! Ainda não me disse nada! - protestou. Ela era pior do que Pola. - Ele deu seu primeiro beijo?

Corei na hora.

– Mãe! Não seja tão intrometida!

– Mas eu quero saber, Carol!

– Não, tá? Ele não tirou! - E nem vai, completei mentalmente.

– Como assim ele não te beijou ainda? Que tipo de namoro é esse afinal? Isso só pode ser algum tipo de invenção jovem de hoje em dia, vocês adolescentes dessa geração são tão estranhos!

Eu ri.

– Não é por isso, é só que eu não estava preparada ainda - menti com um sorriso no rosto.

– E quando você vai estar? Vamos logo, Caroline, você não tem todo tempo do mundo.

– Na verdade, eu ainda tenho a vida toda para me preocupar com desejos carnais, por enquanto o que me preocupa são provas e seriados atrasados.

Minha mãe revirou os olhos e abaixou o fogo da leiteira que estava fervendo água.

– Mas - continuei para que ela não continuasse achando que sou um fracasso social (muito embora eu fosse mesmo) - hoje à noite seria uma boa noite para isso.

Mamãe deu um salto com a ideia. Eu quase vomitei. Daniel, uma pessoa com quem eu estou sendo obrigada a conviver, esfregando os lábios nos meus. Desculpe, mas quem inventou o beijo tem que rever essa tendência.

– Vocês vão à um encontro hoje?

– É uma noite de casais, na verdade.

– Noite de casais? Que maravilhoso, Carol!

– Sim, esplêndido - concordei já prevendo os desastres que iriam acontecer.

Eu podia ver com todas as cores Ísis se jogando para cima de Allan o tempo todo na minha frente e Daniel sendo completamente escroto como de costume. Contudo, lá no fundo, eu estava animada, aquela seria minha primeira noite de casais e, mesmo que eu nem mesmo formasse um casal de verdade com a pessoa, eu iria me lembrar pra sempre daquela noite como a primeira.

– Quem é o outro casal? - perguntou minha mãe.

– Allan e Ísis - respondi, quase cuspindo as palavras.

Não era como se eu não gostasse dos dois estarem juntos... Ok, talvez fosse, mas não era assim... Eu só achava que eles não combinavam, ou talvez eu estivesse tentando me convencer de que era só isso.

Minha mãe desatou a rir.

– Que casal mais excêntrico!

– Eles combinam - menti.

– Você sabe que não - falou mamãe.

Pensei em Ísis, ela era bem mais inteligente do que eu achei que seria e ela era divertida e autêntica e extrovertida e bonita e talvez ela fosse tudo o que eu sempre quis para Allan. Então porque parecia tão errado imaginar os dois juntos? Allan era lindo, demais da conta, e ele estava com uma menina igualmente perfeita que eu tinha certeza que não iria tratá-lo como mais um. O que estava errado?

Dei o sorriso mais falso que consegui.

– Eles parecem ter sido feitos um para o outro.

E, dessa vez, eu estava dizendo a verdade. Mesmo que estivesse me estilhaçando por dentro por dizer aquilo em voz alta.


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