Faking escrita por Linnet


Capítulo 12
Capítulo XII


Notas iniciais do capítulo

OBRIGADA A TOOOODOS OS COMENTÁRIOS!!! AMOOO VOCÊS!!!!!

Este capítulo é dedicado ao Raitenin (/u/637791/) e a GATA LINDA MARAVILHOSA da Luna Delcaster (/u/232454/) AMOOOO VOCÊS OBRIGADA POR TUDOO!!!!



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Minha mãe com certeza já sabia que Daniel não era um taxista, mas eu ainda não estava preparada pra contar a verdade pra ela. E com verdade eu quero dizer a outra mentira. Ela não podia saber que era um romance falso. Eu deixaria ela pensar que eu estava enrolada com o Daniel.

Acordei cedo no dia seguinte e coloquei as roupas novas. Eu ficava tão mais bonita com aquelas roupas. Um "obrigada" não bastava para agradecer Daniel por aquilo tudo. Pedi pra minha mãe me maquiar, queria ficar pelo menos apresentável. Os boatos de verdade começariam naquele dia.

Coloquei os livros na mochila e saí de casa, se chegasse cedo eu poderia revisar a matéria que eu perdi por sair com Daniel. Fui para o ponto de ônibus e esperei por 3 minutos e 53 segundos antes de subir ao ônibus e ir pra escola.

A Ethan West High School não ficava muito longe da minha casa. Eu poderia ir pra lá andando se a preguiça não me consumisse cada dia mais. Por isso, o tempo para chegar na escola era pouco e logo eu já estava lá.
Poucas pessoas chegavam naquele horário, mas se tinha uma pessoa que eu tinha certeza que estava lá era Paola, e já estava na hora de conversamos.

Peguei os livros do dia no armário e fui para sala. Como esperado, Paola estava sentada lá na frente no lugar de sempre. Mas uma coisa estava diferente: havia alguém sentado do lado dela. E esse alguém eu conhecia bem, mesmo tendo mudado tanto. Era Allan. Fui até meus amigos e coloquei a mochila na cadeira que ficava do lado esquerdo de Paola.

– Pola! - exclamei, meio sem jeito.

Abaixei no chão na frente de sua carteira e olhei para ela. Ela parecia surpresa.

– Maquiagem de novo? - perguntou.

– Minha mãe - menti. - Ela disse que eu deveria usar mais vezes.

Paola fez que sim com a cabeça.

– Faltou ontem?

Pela cara dela eu já tinha certeza que ela sabia sobre minha "saidinha" com Daniel. E eu não poderia mentir, tinha que contar a verdade, conversar com ela.

– Carol, você está linda - comentou Allan.

Corei. Não esperava um elogio sincero assim no meio de uma crise mental. Queria poder dizer que ele estava maravilhoso sem parecer que eu estava a fim. Allan sempre foi um amigo muito querido entre Paola e eu, e, mesmo que no passado ele tenha "gostado" de mim, isso agora não importava mais.

– Obrigada - falei. - Bem melhor que chorando, né?

– Mudou bastante, não? - falou Paola, mal-humorada.

– Não sabia que ia estudar aqui novamente - continuei, ignorando Paola.

Eu nunca teria imaginado que Allan voltaria para a Ethan West High School. Ainda mais no meio da minha crise de existência e no meio do ano. Ele provavelmente tinha pedido transferência por causa do trabalho do pai, como ele explicou para minha mãe.

Mesmo assim, eu ainda não acreditava que o mesmo Allan que eu conheci há um ano estava parado ali na minha frente depois de desaparecer por meses. Além disso, não podia olhar para Allan sem admitir que ele tinha ficado MUITO bonito, muito mesmo. E estava tão mudado que se não fosse pelos olhos e pela personalidade que (por mais incrível que pareça) não mudou, eu diria que não era ele.

– Bem, eu também não... - Ele sorriu. - Meu pai ia me colocar em outra escola da cidade, mas eu tinha uma certa... Credibilidade nessa aqui.

Ele riu. E eu entendi: por já ter estudado antes, ele conseguiu uma redução no custo da matricula. Não que a família de Allan fosse pobre, na verdade eles eram muito bem de vida, assim como a maioria das pessoas na Ethan West, mas o pai de Allan era muito "mão de vaca".

– Fico feliz que esteja de volta - admiti.

Estar com Allan sempre foi bom pra mim, ele sempre me ajudou com Biologia e sempre me deu forças pra continuar quando ninguém mais (além de Paola) se importava comigo. E agora eu o teria de volta em um dos momentos mais críticos da minha vida. Era bom tê-lo ali.

– Paola, podemos conversar? - pedi.

Pelo rumo que aquela conversa ia ter, eu não iria revisar a matéria que passou.

Ela se levantou sem dizer mais nada e foi para um canto da sala comigo, Allan foi reencontrar os antigos amigos.

– O que aconteceu com você? - perguntou Paola, e ela parecia estar com muita raiva.

– Olha, eu sei que você deve estar muito chateada, mas não precisa disso, eu posso explicar!

– Você transou com Daniel Chevark?

Corei. Pelo visto, eu teria que explicar muito mais do que eu pensei.

– NÃO! Eu sou virgem, Pola! - Revirei os olhos, como ela poderia pensar uma coisa assim de mim?

– Então por que todos estão dizendo coisas assim sobre você?

– Porque eu deixei todos acreditarem nisso - suspirei. - Fiz um acordo com Daniel e ele aceitou ser meu namorado de mentira.

Paola abriu a boca de uma tal forma que eu achei que ela não fecharia mais.

– O QUÊ?

– Shiiu! - Pedi silêncio. - Você não pode contar pra ninguém!

– Por que você fez isso? O que você tem na cabeça? Como foi que ele aceitou?

– Olha, Pola, sei que parece idiota, mas eu quero muito que as pessoas parem de falar mal de mim, parem de ficar me irritando e querendo fazer eu ter vontade de morrer, sabe? Eu não aguento mais isso!

– Daí você faz um acordo com um dos caras mais ricos do colégio e finge que perdeu o cabaço?

Senti vergonha de mim mesma, aquilo era mesmo muito idiota, mas eu não tinha outra saída. Poderia ser o quão idiota fosse, mas era a única saída pro meu problema.

– O lance da virgindade aconteceu antes... Eu não planejei isso.

– Você é muito falsa!

Foi como uma facada. Nunca senti nada igual àquilo. Foi como se o mundo tivesse jogado todo o peso daquilo nos meus ombros.

– Paola! Me desculpa! - Foi a única coisa que me veio na cabeça para dizer. - Eu não poderia desmentir os boatos, você viu, a garota disse que quem desmente esse tipo de boato é sempre visto como mentirosa. Eu não podia ter mais uma coisa na minha vida.

Paola parecia finalmente estar entendendo. E eu estava muito feliz com aquilo.

– Carol, eu... Eu te desculpo, eu sei que seria péssimo pra você se você desmentisse os boatos... Mas eu estou fora dessa outra mentira que você inventou.

– Como assim?

– Eu posso até fingir que vocês namoram há... Duas semanas, né? - Ela sorriu, descrente. - Mas eu não quero me envolver nisso. Me deixa fora de qualquer coisa que envolva qualquer uma daquelas pessoas.

Ela olhou para Elsa e suas amigas. Eu também não queria nada com aquela menina...

Suspirei. Pelo menos ela me entendia, eu não poderia culpá-la por não querer me ajudar, nem eu sabia se eu queria ir adiante. Eu estava realmente mentindo, estava indo além dos limites no quesito mentira e ela sabia que aquela garota que eu inventei não era eu de verdade. Ela me conhecia e sabia que eu era melhor antes. Mas aquilo era preciso, eu não queria voltar para cada chorando. Não queria ter que fingir que estou bem quando quero morrer. Eu queria ser notada e respeitada.

Ouvi um barulho. Era uma música e eu já tinha escutado ela antes. Olhei para Paola e ela parecia tão confusa quanto eu.

– Tem um celular tocando - desconfiou.

Tomei um susto. Era o meu. Olhei os bolsos da calça e procurei pela minha mais nova praga. Ela estava no bolso traseiro.

– Isso é um celular? - Paola parecia surpresa. E devia estar mesmo, eu não podia ter um celular.

– Sim...

Olhei na tela e um "nome" estava escrito: Amor ♥. Era Daniel, não acreditava que ele tinha colocado aquele nome no contato dele.

Apertei no verde e não aconteceu nada. Pola deslizou o dedo em cima da bolinha verde e a tela mudou. Hora de atender. Ela era muito mais esperta que eu quando o assunto era tecnologia.

– Onde você está? - perguntou Daniel do outro lado da linha.

– Na escola? - respondi, como se já não fosse óbvio.

– Tão cedo assim?

– Gosto de revisar as anotações.

– Deus, tem como ficar pior?!

– Você não vai vir hoje?

– Claro que vou, mas pensei em te buscar antes.

Achei fofo. Daniel era o namorado de mentira perfeito. E seria de verdade também se não fosse um galinha desgraçado e arrogante.

Paola se cansou de esperar minha conversa acabar e voltou para seu lugar. Fiquei meio chateada, queria que ela estivesse comigo naquele momento.

– Mas já que você está ai, te vejo quando chegar - continuou ele.

– Certo. Hoje temos português e sociologia juntos, te vejo na próxima aula.

– Você vai na primeira aula?

– Por que não iria?

Ele riu.

– É, Caroline, tem mesmo como ficar pior.

E desligou.


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