Por isso me apaixonei por você escrita por Bels


Capítulo 27
Há um segundo tudo estava em paz


Notas iniciais do capítulo

Hey babys!
Antes de tudo queria compartilhar uma alegria minha... Tô conhecendo uma das minhas leitoras e tô adorando, um beijo Larinha e obrigada por ter recomendado a fic, já disse que você é foda.
Quem quiser qualquer dia desses conversar, tô aqui! Boatos que sou legal, boa ouvinte e que gosto de conversar Hahahaha Aguardo mensagens de vocês...
Mais um capítulo gigante pra vocês, espero que gostem, resolvi fazer diferente e narrar um pouquinho da personagem Camila.
Um beijão.



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Camila narrando.

— Camila, será que a gente pode conversar? – Marcos perguntou baixo num tom assustador próximo a mim. Estávamos eu, Bia, ele e Lucas jogando conversa fora em frente de casa sentados na areia. Mas ele estava distante, nem acompanhava a conversa, parecia pensativo. E como assim conversar? Tínhamos algo pra conversar? Achei que já tinha resolvido tudo na noite passada. Isso só pode ser coisa ruim.
— Ok!? – Respondi confusa.
— Vou te esperar lá dentro. – Disse totalmente seco e se levantou sem mais nem menos indo até a casa. O olhei caminhando e fiquei com belos pontos de interrogações girando em minha mente. Algo aconteceu? Lá vem...

Bia e Lucas estavam conversando animadamente sobre o primeiro beijo dela e como foi horrível, me senti péssima por interromper. No entanto, não precisei dizer nada, eles perceberam o clima estranho e me olharam apreensivos.
— O que foi? Onde ele foi? –Bia perguntou com o cenho franzido.
— Entrou. Disse que quer conversar... – Respondi ainda assustada.
— Relaxa amiga! – Bia me tranquilizou. – Nada pode ser tão ruim estando nesse paraíso. Para todas as coisas, sempre daremos um jeito. – Sorriu pra mim e me lançou um olhar reconfortante. Como eu amo os olhos dessa garota! Tão azuis e me fazem lembrar a cor do mar.
— Até porque, – Falou num tom baixinho. – caso seja algo ruim, fica tranquila que sairei com você conhecendo todos os lindinhos cariocas que temos por aqui. Não haverá falta de opção... E tudo passará num piscar de olhos.
— Hum. – Pensei nesse lado positivo, mas então me lembrei do quanto gostava de ficar com Marcos e fiquei mal novamente. – É, você tentou me tranquilizar... Franzi a boca nervosa e ela me olhou desapontada. Levantei-me inspirando fundo e caminhei até a casa. Coragem Camila! Coragem! Você já passou por muitas coisas, isso aqui não é nada.

— E então? – O encontrei na sala sentado no sofá, cabisbaixo, batendo os pés num ritmo frenético e irritante. A inquietude dele me deixava aos nervos. – O que quer conversar? – Peguei umas das almofadas e coloquei em meu colo cobrindo minha perna já que eu estava de saia.
— Antes... Uma pergunta... Só pra ter certeza. Somos amigos acima de tudo, certo?
— Hum... Certo!? – Aonde ele quer chegar?
— Essa conversa é bem difícil... Acho que nunca tive antes. – O olhei apavorada com os olhos arregalados e ele ficou ainda mais nervoso. – Quero dizer... Han... Primeiramente... Eu gosto muito de você! Você é divertida, legal, companheira...
Como é que é? É isso mesmo? Isso está realmente acontecendo? Eu vou levar um fora? Eu? Camila linda e absoluta? Levando um fora? Não, isso só pode ser brincadeira.
— Marcos! – Chamei atenção dele. – Aonde você quer chegar? Diz de uma vez. Não me enrola, não tenho paciência pra papo furado.
Estúpido! Duvido ser homem o suficiente pra dizer com todas as letras que está me dispensando. Du-vi-do!
— Ok. – Respirou fundo. – O que aconteceu entre nós... – Isso é real. Ele realmente vai me dar um fora. Filho duma p...— Foi muito bom! Bom pra caralho, na verdade.
Nossa é assim que ele define uma noite de amor que tivemos? Onde eu estava com a cabeça quando perdi a virgindade com esse cara? Que estupidez! Bom pra caralho? Que decepção...
— Mas... – Sempre há um "Mas" que estraga tudo. Já esperava por isso. — Eu não sei onde daria isso. Então, antes que possa parecer algo à mais que amizade... – O olhei puta da vida e ele começou a ficar nervoso e a embaralhar as palavras. – Sabe, não quero te machucar... E é, eu sou um canalha por isso... E por favor, não surte... É só que... Eu deveria ter pensado mais antes de agir... Desculpa! Me desculpa!

As frases começaram a ficar sem sentido porque a partir do momento em que ele começou a dizer que "Foi muito bom", comecei a apertar a almofada em meu colo com muita força, descontando toda a minha raiva e minha respiração ficou de forma irregular.  
— É isso seremos apenas... Amigos? – Perguntei calma, porém surtando por dentro e usando a almofada pra me manter controlada. Minha vontade foi de chorar, gritar, bater naquele peitoral daquele desgraçado até meus pulsos latejarem de dor. Mas tudo que fiz foi me segurar.
— Se você quiser, sim. – Sorriu – Não quero perder sua amizade, a gente se dá tão bem...
— A gente se dá tão bem? – Repeti com tom irônico. – Fala sério, Marcos! Que piada! – Me levantei bufando de raiva e joguei a almofada no sofá com força deixando-o assustado. – Vai se foder! E da próxima vez que você resolver pegar uma amiga sua só pro seu próprio prazer e pra sua necessidade, avise-a antes que você só vai comê-la e cair fora. Seu cretino!

Cuspi todas as palavras com ódio e sai da sala dando passos firmes, peguei minha bolsa em cima da mesa da cozinha, e fui logo depois atrás de Bia na praia para chama-la.

— Beatriz! – A chamei gritando com raiva e ela me olhou espantada vindo logo em seguida correndo na minha direção.
— O que aconteceu? Você tá bem? – Perguntou e me abraçou.
— Não. Por favor, só vamos sair daqui. Agora. – Implorei com os olhos cheios de lágrimas. Você não vai chorar na frente dele, engole esse choro agora! Disse à mim mesma.
— Tudo bem. – Ela acenou pra Lucas e andou comigo até a casa. A esperei na cozinha enquanto ela ia pegar sua bolsa no quarto, assim que ela voltou peguei a chave do carro na bancada e fomos até a garagem.

— Ei! Ei! – Marcos apareceu gritando na porta da casa. Não finja que se importa seu cretino de merda.— Aonde vocês vão?
— Não te interessa. – Respondi entrando no carro enquanto o desgraçado veio correndo em minha direção, em seguida permaneceu parado próximo a janela do carro me olhando. – Camila, me desculpa! Não queria que as coisas acontecessem dessa forma. Sai desse carro vai, por favor, vamos conversar. – Ele tentou abrir a porta do carro que estava trancada e então ficou pedindo pra abri-la. Minha reação foi dar partida no carro, e antes de sair dando ré mostrar o dedo do meio com muito prazer. Fuck you, stupid.

— Onde vamos? - Bia perguntou animada.
— Qual é da sua animação? Eu tô um caco, cara!
— Estamos livres numa cidade cheia de pessoas bonitas. Por que não estaria animada? – Ela disse num sorriso maléfico me fazendo rir.– Qual é Cami, sou sua amiga que adora festas. Sabe o que vamos fazer agora? Vamos nos divertir, dançar, beber, seduzir e você vai esquecer esse babaca. Não sei o que ele te disse, mas tenho certeza que não foi nada do que você queria ouvir. Extravase o quanto quiser que a noite é sua, bitch.

Fomos ao Canal Boulevard próximo ao centro, com os lugares mais badalados e andamos pelas ruas procurando um bom lugar para nossa loucura. Fomos a um bar famosinho que no momento tocava pagode, mas que o segurança me prometeu que tocaria outros ritmos musicais. Entramos e logo de cara pedi duas doses de whisky. Que se dane tudo.

Obrigada Marcos pela porra do coração partido, por entrar pra minha coleção de decepções e por ter tornado minha virgindade um nada. E pensar que ontem mesmo acreditei que ele estava preocupado comigo, preocupado em ter tornado tudo como se não fosse especial pra mim. Depois desse fora tenho a certeza que o que ontem chamei de preocupação, não passava de culpa, culpa de ter tirado a "pureza" da virgenzinha. Desgraçado! Isso não vai ficar assim! Não vou ficar remoendo essa idealização idiota que fiz de nós dois, porque foi isso que eu fiz, idealizei tudo. Tornei-o uma paixão impossível e gostosa de querer conquistar, e sem cuidado nenhum ele me seduziu. Acho que gostei de alguém que não existe, que eu inventei. Idealizei o Marcos como meu futuro namorado e me prendi naquilo, sem pensar se isso poderia tornar-se mais uma das emboscadas que me meto pra me auto boicotar.

— Eu juro que nunca mais vou querer namorar! – Falei com ódio e virei o copo com a dose de whisky.
— Namorar pra quê? Viva nossa linda vida de solteiras! – Ela gritou animada e virou o shot logo depois.
— Cara, porque eu sou tão imbecil? Como acreditei que ele poderia algum dia namorar comigo? Senhor, ele é o Marcos! Marcos! Onde eu estava com a cabeça? Ele é o cara mais galinha da faculdade, o cara mais egoísta e manipulador! Porque eu quis enxergar as coisas boas nele? Cacete, que ódio que eu estou de mim por me fazer passar por isso.
— Ódio de você? Por quê? Poupe-me disso, Camila! Ele que é um idiota, você sabe bem disso. Não há nada que você possa fazer pra mudar essa situação. Você vai superar isso... Tenho certeza, você é forte, porra!
— Sabe do que eu preciso agora? Paquerar! De preferência um cara bem bonito, que pague bebidas pra mim e que dance bem.
— Tô contigo nessa! Não tive até hoje a oportunidade de conversar com um carioquinha pra admirar aquele sotaque gostoso de ouvir.
— Não imaginei que eu poderia estar na pior numa viagem pro Rio de Janeiro... - Falei já desanimada novamente.
— Para, Camila! Veja pelo lado bom, você se livrou disso antes que começasse a se apaixonar verdadeiramente por ele, antes que ele ficasse com outra na sua frente pra te dispensar... Ou fizesse qualquer coisa do tipo. É como se... Cortasse o mal pela raiz. Você se arriscou poxa, deu errado, mas e daí? Todos nós estamos fadados a cometer erros. Sai dessa! Vamos curtir a noite, estamos na Cidade Maravilhosa, com caras lindos e uma pista de dança nos esperando.
— Ok. Você tem razão. Vou superar isso. Já superei o Gabriel, como não vou superar esse cowboy egoísta? – Falei tentando acreditar naquilo que havia acabado de dizer.

Mandei uma mensagem pra Sammy avisando-a onde eu estava e com um discurso de que Marcos não iria acabar com nossas férias e meu novo ano. Não esperei que ela me respondesse, até porque tenho certeza que ela não vai ter tempo pra isso, se é que você me entende.

Eu e Bia estávamos na pista sambando na cara das inimigas causando tumulto a relacionamentos e chamando atenção dos caras.
— Nem sei sambar. – Falei pra Bia rindo.
— Assim olha. – Ela mostrou o samba dela zoado e continuamos a rir.
— Que vergonha, a gente não serve nem pra representar nosso país no samba.
— Foda-se, meu rebolado é o que importa. – Disse rebolando até o chão me fazendo rir.
— Precisamos fazer uma aulinha, isso aqui tá um desastre. Manda o tiozinho da música trocar de ritmo que esse já tá furado.
— Vamos tentar. – Disse ela me puxando pelo braço.

— E ai lindinha. – Um cara se aproximou. Aproximou demais até. Já não gostei. O olhei com desdém e continuei a dançar. Ele apenas riu e saiu de perto. Não consegui nenhum cara para pagar bebida pra mim, o que me deixou ainda mais chateada, tive que gastar meu próprio dinheiro, droga. Pedi só bebidas fortes, queria ligar o foda-se por um instante e me esquecer da existência de um cara chamado Marcos, aquele maldito loiro charmoso que ainda por cima tinha que ser cowboy. Tenho taras por cowboy. E também tenho taras por caras que não prestam. Merda, já não bastava o Gabriel? Os dois tem o mesmo perfil de cowboy sedutor estúpido, como não me dei conta dessa armadilha que me coloquei?

Bia estava tão preocupada comigo que mal conseguia dar atenção para os caras que chegavam nela, ficava toda hora no meu pé me mandando beber devagar e pra ir com calma. Ela não aprendeu? Não se manda uma mulher com raiva "Ir com calma"! Ah é, me lembrei, ela é tão calma! Cacete! Ao mesmo tempo em que isso é completamente maravilhoso, eu acho um saco. E isso é uma das coisas fascinantes em ser bipolar. Você sempre sentirá o melhor e o pior das coisas.

Durante uma das idas ao banheiro checar se a maquiagem ainda estava bonita um cara esbarrou em mim me fazendo tropeçar e cair no chão. QUE ÓDIO!
— Ô seu mané, olha por onde anda! – Disse brava e ele nem me olhou ficou discutindo com o cara que o havia empurrado.
— Me desculpa! – Disse ainda sem me olhar, só me olhou quando veio me ajudar a levantar – Uau! - Falou surpreso. - Você é linda!
— Obrigada. Também acho. – Agradeci de modo seco após me levantar. – Já adianto desde já, isso não vai colar comigo. Típico demais pra caras como você. – Confesso que nem sabia qual era a do cara, mas já tinha visto esse joguinho do cara se jogar "sem querer" em cima de mim só pra conseguir se aproximar. Meu mau humor misturado com minha grosseria não me deixava simplesmente aproveitar a situação pelo cara ser bonito. Eu só queria afastá-lo por ele agir como um canalha estrategista na balada.
— Eu não sei do que você tá falando. – Franziu o cenho esboçando um sorriso lindo no rosto. Amo sorrisos! – Mas beleza... Meu nome é Frederico. – Mudou de assunto se apresentando e levou a mão direita à frente esperando que eu a apertasse. Aperto de mão? Faz-me rir querido.
— Fala sério!
Revirei os olhos e sai andando pela multidão dando gargalhada com Bia me seguindo.

— O que foi que aconteceu? Qual seu problema cara? Ele é tão bonito! – Indagou.
— Não vou cair nesse papo, pelo amor de Deus, se for pra chegar em mim, que chegue como um homem de atitude! – Esbravejei e fomos nos sentar no bar para pedir mais uma bebida.
— Ahhhhh, que se dane, você viu que sorriso lindo ele tem?
— Não importa! – Me lembrei do sorriso e tudo bem, é bem bonito.
— Me diz, do que você estava falando? – Olhei para o lado e lá estava o cara que me derrubou de propósito me questionando.
— Não sou idiota. Ok? – O encarei. – Como é seu nome mesmo? Fernando? – Perguntei.
— Frederico. – Respondeu se aproximando com um sorriso estampado no rosto. Ele me olhava como se estivesse se divertindo com algo, estúpido. Argh, tô um poço de estresse e esse cara acha que eu tenho cara de palhaça.
— Então, Frederico, é muito comum caras como você fingirem que esbarram numa mulher sem querer. Em seguida vocês pedem desculpa e faz com que o cara que te empurrou seja o idiota da história e você sai como um queridinho que pergunta se tá tudo bem. E por isso, você acaba tendo grandes chances com a garota em questão. E aí pra finalizar, você se apresenta, pergunta algo que a faça rir e pum, a mina tá na sua mão. É uma boa estratégia, mas não cola comigo.
— Uau! – Ele me olhou surpreso e começou a rir. – Então, você sabe de cor o manual de um cara pegador? Estou um tanto quanto... Abismado. Nem eu sei dessa porra e você sabe.
— Oh, por favor! Não finja. Isso cai mal até pra você. Honestamente, acho que a maioria das mulheres se dá conta disso, mas muitas delas fingem que não, principalmente se o cara for bonito.
— Ok. E por que não funcionou com você? Pô, que eu saiba, eu sou um cara bonito até. – Perguntou interessado. – Não que eu tenha feito isso contigo, só quero saber mesmo. – Justificou-se.
— Ih, vou dançar, pelo jeito arranjou alguém interessante. – Bia interrompeu, sorriu e deu uma piscadela saindo com uma garrafa de cerveja na mão.
— Linda a sua amiga. – Disse o cara após ela sair. – Vocês são de onde?
— Não funcionou comigo porque eu tô de saco cheio, se você tivesse feito a mesma coisa num dia em que eu estivesse de bom humor teria dado certo. – Admiti dando de ombros. Foda-se, isso é verdade e eu não falo mentiras.— Somos de Cuiabá, Mato Grosso. E não, não é Mato Grosso do Sul, é Ma-to Gros-so!
— É mesmo? – Mordeu o lábio e olhou pra um instante para o nada. Devia estar em algum pensamento perverso porque deu um sorriso safado depois que voltou a olhar pra mim. – Pode me dizer aonde tu vai amanhã? Preciso tentar a sorte. – Ele continuou sorrindo, e que sorriso. Apenas revirei os olhos com o flerte que ele havia acabado de dar. – Sei muito bem Geografia linda, pode ficar tranquila. – Idiota. — Meu tio tem uma fazenda lá, com plantação de Soja eu acho, mas nunca fui.
— Deveria ir, tá perdendo muita coisa... – Mentira, tá nada, falei só pra deixar minha cidade interessante.
— Ah é? Quem sabe eu vá pra lá e você me apresenta a cidade.
— Tenho cara de Guia de Turismo? – Perguntei com todo o sarcasmo existente nesse mundo cruel.
— Nossa, tu é bem simpática! Me sinto lisonjeado com o tratamento que tá me dando.
— Obrigada, é o que sempre dizem. – Dei de ombros, me sentindo indiferente e ele me lançou um olhar sério que fez com que eu me sentisse mal. Por que tô agindo assim? Sou pior que coice de mula. E me sinto uma mula nesse momento por estar agindo de forma tão infantil só por causa de um cretino. – Ok, me desculpa não tô num dia muito legal. – Confessei com a feição triste.
— Tudo bem. – Me lançou outro olhar, mas dessa vez seus olhos eram mais expressivos. – Desde que você me fale seu nome, tudo bem.
— Camila. Meu nome é Camila.
— Camila... Lindo nome. Assim como você.
— Ai ai... – Disse rindo. – Obrigada, fique à vontade pra aumentar minha autoestima. – Já tinha bebido umas mesmo, o riso já estava frouxo.
— Você, hum, tem um ar diferente... – Olhou pra cada centímetro do meu rosto e do meu corpo. – Complicado dizer... Fiquei fascinado quando te vi. Te juro que não esbarrei em você de propósito. – Me lembrei de como ele me olhou surpreso e pode ser que ele esteja falando a verdade.
— Vou fingir que acredito.
— O que você faz da vida? – Perguntou apoiando o cotovelo na bancada do bar e deitou a cabeça sobre a mão me olhando.
— Estudante de Medicina. – Ele me olhou surpreso. –
— Medicina? Nossa! E o bagulho fica cada vez mais interessante... Uma nerd gostosa... Quem que não curte ein?
— Pois é, nerd na faculdade e gostosa nas horas vagas... Sabe como é... – Disse presunçosa. – E você?
— Sou formado em Engenharia de Computação. – Formado? E esse rostinho de bebê? — Durante a faculdade me dei benzão, frequentei estágios super bem pagos! Mas agora tô desempregado por escolha própria, tô curtindo um pouco a vida por aí...
— Uau, desculpa ai mestre fodão da computação! – Levantei os braços como um ladrão que se rende. Não que eu seja uma ladra. Ladra só se for de corações honey. Ok, tá, parei. — Quantos anos você tem?
— Acabei de fazer vinte e cinco hoje 'pô'.
— Hoje? Nossa, que demais. Meus parabéns?! – O abracei rapidamente. –
— Obrigada. – Ele sorriu. – Tô indo numa festa daqui a pouco, tá afim?
— Festa? Onde?
— Na cobertura de um amigo meu aqui próximo, também é aniversário dele.
— Hum... – Festa? Com ele? Ir pra um lugar com um estranho que acabei de conhecer? Não me parece ser uma boa ideia... Mas seria legal ter aquele sorriso pelo resto da noite, pelo menos me faria esquecer o Marcos.
— Eu te levo. – Sugeriu.
— Tô com a Bia. – Apontei pra Bia na pista que dançava sensualmente com um cara.
— Levo as duas.
— Hum... Acho melhor não. Você é só o cara que esbarrou em mim e me fez cair no chão, não sei direito quem você é. Quem sabe outro dia em que eu esteja de bom humor.
— Espero que esse dia exista. Mas só pra você saber, não sou um perigo pra você, Camila. Até acho que o perigo pode estar por aqui. – Ele olhou em volta do lugar.
— Vai saber se você é um assassino em série, um psicopata sedutor? Olha, tenho uma amiga que faz Psicologia, ela vive falando pra tomar cuidado com psicopatas. Que muitos deles são aliciadores de primeira, sedutores, persuasivos e com muito charme. E olha só você, oh meu Deus, isso te descreve.
— Aham, Camila! Aham! Com certeza! – Ele disse rindo. – Pra sua informação não te persuadi até agora pra ir.
— É... Ok. – Falei desanimada. – Talvez você não se encaixe tanto assim num perfil de psicopata, me desculpe. Mas é sedutor e tem muito charme. – Sorri.
— Você falando assim tá me dando uma vontade de... – Pausou me deixando puta da vida por querer saber o que. – Ficar aqui com você ao invés de ir pra aquela festa.
Tenho certeza que não era isso que ele ia dizer. Ridículo.
— Desculpa. Você deve ir. É seu aniversário. É aniversário do seu amigo. Vinte e cinco anos de vida, poxa! Merece ser comemorado em grande estilo.
— Será que vou te encontrar novamente? – Levou uma de suas mãos até meu rosto me deixando sem graça e acariciou ali, logo depois colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e pregou os olhos nos meus. Um sedutor sai da minha vida e logo depois vem esse aqui me enlouquecer...
— Quem sabe...
— Espero que sim. – Beijou meu rosto e se aproveitou da proximidade pra me olhar nos olhos por alguns instantes, passando o olhar constantemente pra minha boca. – Se mudar de ideia – Ele chamou o Barman e pediu uma caneta, logo depois anotou no guardanapo um número – Me liga que venho te buscar.
— Pode deixar. – Peguei o papel.
— Queria que você fosse. – Ele desceu do banco e me olhou triste. - Curte ai e não faça a traíragem de dar moral pra um cara que usar o papo do empurrão contigo.
Ele sorriu e beijou novamente minha bochecha, mas dessa vez demorou mais tempo.
— Até mais. – Disse próximo a minha boca e eu morri de amores. Seu filho da p*** me beija logo. Mas não, ele não me beijou, desgraçado! Aposto que ele tinha uma boa pegada e um bom beijo... Que pena que perdi a oportunidade de conferir.

Às quatro da manhã as coisas já estavam girando e eu mal conseguia dançar, eu estava resmungando para o barman o quanto homem não presta e ele fingia me ouvir. Desejei ter ido à festa com Frederico, pois minha noite ficou bem chata depois que ele se foi. E ainda por cima alguns caras se aproximaram e começaram a concordar com tudo que eu falava, mas depois percebi que as intenções deles não era uma das melhores. Rapidamente fugi dali puxando Bia pelo caminho e disse para irmos embora.

Saímos do lugar cambaleando com ela tentando nos manter em equilíbrio, minha visão estava meio embaçada, tudo girava e eu tive vontade de vomitar. Fomos à procura do carro e percebemos que os caras do bar nos seguiam. Oh man! Se eu tivesse sóbria daria um belo de um soco na cara de cada um. Mas no momento mal consigo permanecer em pé. Que situação... Apenas continuamos andando com mais pressa e desesperadas.

— E aí gatinhas, vamos pra algum lugar. – Um cara dos cabelos pretos e a pele morena disse acompanhado de mais dois homens. – Fica tranquila que estarão seguras conosco.
— Não obrigada. Temos compromisso já! – Bia disse firme. Droga, onde mesmo estacionei essa merda de carro? Na rua à esquerda ou direita?
— Compromisso a essa hora? Está nos enrolando?
— Eu não sei se ouviu, mas eu disse não obrigada. – Ela os olhou com a expressão séria e eles começaram a rir.
— Escuta aqui garota. – Veio até nós e segurou Bia pelo braço.
— Ou tá maluco? Solta ela! – Uma voz familiar surgiu. Frederico? Não. Lucas? Olhei para os lados e logo atrás de nós estavam Lucas e Vinicius. Meus heróis.
— Como é que é? – O segundo cara de cabelos longos e pretos perguntou.
— Solta ela agora, porra! – Lucas disse entredentes ainda mais furioso.
— Não ouviu ele, caralho? Solta! – Vinicius completou.
— O que vocês vão fazer? – O terceiro homem alto perguntou se achando.
O escroto soltou Bia e foi o primeiro a partir pra cima de Lucas e Vini. E agora? Os idiotas estavam em três. Essa luta é impossível.
— Você não vai querer saber! – Lucas disse e deu passos à frente.
— Quem são vocês? Não se metem. – O homem alto interrogou.
— Não interessa.
— Corre! O carro está ali na esquina. – Bia sussurrou.
Corremos aflitas, eu tonta, cambaleando, tropecei inúmeras vezes e quase bati a cara no poste, mas chegamos vivas no carro. Bia deu partida e saiu acelerando até onde eles estavam. As pessoas que estavam por perto olhavam os caras puxando briga e não faziam NADA, apenas continuavam observando. Meus dois amigos valentes foram pra cima dos caras sem remorso e eles começaram a se empurrar sem parar.
— Seu filho da puta, covarde! – Lucas disse após o empurrão e andou em direção do carro.
— Se eu encontrar vocês na rua de novo o bagulho vai ser louco. – O moreno disse ameaçando apontando o dedo pra eles.
— To pagando pra ver. – Vinicius parou no meio do caminho até o carro e olhou o cara com desdém.
— Tá pagando pra ver playboyzinho desgraçado? – O cara deu passos longos em sua direção e tentou acertar um soco em Vinicius que se esquivou e acertou um soco na boca do cara. O cara passou às mãos na boca, olhou pra mão ensopada de sangue e eu vi ódio nos olhos daquele cara. Oh meu Deus! Ele deu um soco no estômago do Vinicius que caiu no chão gemendo de dor.
— Engomadinho do caralho! Nunca mais se meta no meu caminho.
Olhou Vinicius com indiferença e logo depois foi acertado com um puto de um chute do Lucas na canela que o fez cair no chão. Ah, não, chega de brigas! Olhei aquela cena com os olhos cheios de lágrimas e me senti culpada por tudo aquilo estar acontecendo. Porque comigo dá tudo errado?

Não consegui conter as lágrimas e elas rolaram pelo meu rosto e eu não consegui ter controle chorei feito um bebê com a briga lá fora. Só parou quando os seguranças da boate viram e decidiram separar.

— Prometa que nunca mais vai sair sozinha, Camila! – Vini disse apreensivo com a cabeça sobre o meu colo e eu assenti. – Não quero te dar sermão, é só que... Eu me preocupo com você.
— Tudo bem, você está certo, não vou sair sozinha. – Enxuguei minhas lágrimas com a costa das mãos que ficou manchada de rímel.

Legal, devo estar parecendo um monstro com essa maquiagem borrada. Lindo fim de dia Camila. Parabéns. Você se superou. Isso que é demonstrar pro idiota que te espera em casa que está tudo bem com você.
— Me desculpa por não ter te avisado sobre o Marcos. - Vinicius disse se sentindo culpado.
— Deveria ter feito isso. – Bia disse puta do banco da frente enquanto dirigia que nem uma maluca.
— Eu... – Ficou sem palavras por alguns segundos. – Não esperava. Não imaginei que isso fosse acontecer. De verdade. Pra ser sincero, eu esperava mais dele...
— Ele só esta sendo o que ele sempre foi, um cretino. – Disse com indiferença.
— Me desculpe. – Repetiu.
— A culpa não é sua de ter um amigo tão moleque como ele.
— Você tem razão... Mas mesmo assim me desculpe.
— Bom, já eu... Não tenho nada pra dizer. Eu sempre disse pra você a verdade. – Lucas disse do banco da frente onde gemia de dor pelos socos que recebeu.
— Só achei que... Ele gostasse de mim. – Disse deprimida e voltei a chorar. Não aqueles choros bonitinhos, mas sim aquele de soluçar, de catarro misturado com lágrima, é, esse ai.
— Não chora, Cami! – Lucas se virou desesperado me olhando com compaixão. – Ele não merece nenhuma lágrima sua, anjinho. Te prometo que vamos fazer de tudo pra fazer você se sentir melhor nessa viagem.
— Obrigada. – Tentei sorrir com o que ele disse mas não deu muito certo.

Quando chegamos em casa eu já havia me acalmado mas estava enjoada, meu estomago revirou e assim que desci do carro vomitei tudo na grama do jardim.
— CAMILA. – Samantha saiu correndo desesperada e segurou meus cabelos após eu vomitar. – Ai amiga! Nunca mais faça isso. – Disse com voz de choro.
Pior parte de ser amiga da Samantha é que parece que ela sente tudo o que você sente, se você tá chorando lá esta ela quase chorando contigo. Não quero isso agora. Muito menos um daqueles sermões que ela consegue tornar pior do que o da minha mãe.
— O que aconteceu com vocês? – Olhou espantada para Lucas e Vinicius que estavam todo ensaguentados.
— Longa história... – Lucas respondeu entrando em casa.
— Onde aquele puto está? – Perguntei depois de vomitar novamente.
— Em algum lugar da casa.
— Não quero vê-lo. Por favor! - Implorei.
— Sinto muito. - Ela passou a mão em meus cabelos acariciando-os e me olhou com tristeza.
— Para de me olhar assim. Eu vou chorar. – A olhei com os olhos cheios de lágrimas e ela me abraçou mesmo toda vomitada. Logo depois Bia nos abraçou por cima.
— Vocês são malucas... Mas eu amo vocês! – Continuamos abraçadas e pude sentir um pouquinho de amor depois de tanto ódio cultivado por mim durante a madrugada.


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Notas finais do capítulo

E aí o que acharam desse pequeno drama vivenciado? Deixem comentários falando a respeito, beijinhos com muito amor pra vocês e até um dia desses. Vou dar um jeito de postar, mas devo demorar ai por causa da quantidade de matéria que tenho pra estudar... As lindas semanas de provas estão chegando =(