Zombie escrita por JSchiatti


Capítulo 17
Madness


Notas iniciais do capítulo

Heey.
Então, depois de um tempo mais longo do que eu gostaria de admitir: estou de volta. Estou tendando conciliar a escrita com a falta de criatividade e inspiração e os estudos e ainda conseguir postar. Preciso dizer que tenho perdido a inspiração pra Zombie, mas hoje encontrei o suficiente dela para postar um capítulo que mantive guardado. Tentarei manter as postagens em um ritmo rotineiro, e espero conseguir.
Me desculpem pela demora.



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Liese sentiu o sangue quente escorrer por seu pescoço desde onde havia batido a cabeça. A dor em seu peito era excruciante, e ela percebeu a visão embaçar. E mesmo com uma bala na altura da clavícula, a risada que se seguiu conseguiu fazer com que ela sentisse certo pânico.

Thomas se ajoelhou ao lado dela, arma apontada para as sombras de onde viera a risada. Seu olhar era desesperado, e apenas piorou ao ver quando ela tossiu sangue. Os olhos âmbar de Adriel se voltaram em um milésimo de segundos para a parceira e ele voltou a se concentrar no ser que saía das sombras. A visão da loira embaçou, e então tudo virou trevas. Estava surda a qualquer coisa do exterior.

Adriel percebeu a mudança mas nem sequer se mexeu, se concentrando em Kirstie e em como o sorriso sádico tomava seu rosto em um alegria estranha. Um risadinha saiu por seus lábios e Adriel sentiu asco. Thomas abaixara a guarda, se focando em Liese. Tentou mexer seu ombro mas ela não respondeu, não estava respirando. O moreno entrou em pânico, sem entender o que estava acontecendo. Por que raios Adriel estava tão calmo?

— Ela morreu? — Dratch riu novamente, os olhos prateados brilhando tanto quando a pedra da lua que usava como brinco. A pedra era bruta, e Adriel tinha suas suspeitas de que se fosse qualquer outra espécie de pedra Dratch já teria perdido o pouco de sanidade que lhe restava há muitas décadas. — Seria uma pena, eu queria mais alguma diversão. — ela passou a língua pelos dentes no final da frase, guardando a pistola no coldre e estalando o pescoço. — Está sempre tão quieto em nossos reencontros, Adri. Pra quê isso?

O albino não respondeu, os olhos queimando num tom perigosamente próximo ao laranja. Ele não possuía calma alguma. A marca nas costas de sua mão queimava enquanto ele tentava manter a si mesmo sob controle. Todos os pares de olhos presentes se viraram para a loira quando ela tomou uma respiração profunda, como quem acabou de ser resgatado de se afogar. Os olhos lilases arregalados, que voltaram ao seu típico indiferente quando ela expirou.

Levantou o olhar para Kirstie, ignorando o Thomas que ainda não conseguia ser capaz de acompanhar todos os eventos que aconteciam ao seu redor. O olhar nos olhos de Liese foi feroz, mas havia algo novo brilhando neles. Perceber isso fez com que os ombros de Adriel se tensionassem.

Aquilo estava longe de acabar bem.

— Olha só! — Kirstie jogou os braços no ar em felicidade insana. — Está viva. — Ao finalizar a frase seu olhar se tornou repentinamente mais sério, apesar do sorriso sádico. Um divertimento estranho que puxava o canto seus lábios. O desespero de Adriel foi ver — quando sua parceira se prostrou ao seu lado — que a expressão em seu rosto espelhava a da pálida.

— Mas não acho que você vai estar por muito tempo. — a voz da ameaça de Liese tinha um tom diferente do seu indiferente típico. Adriel havia ficado ainda mais sem cor, se aquilo fosse possível, ao perceber a tonalidade que tingia os olhos de Liese.

Roxo faiscava nos olhos da loira assim como as fagulha de eletricidade explodiam em suas mãos. Não era mais Liese que estava ali, era outra coisa.

Sua parceira teria pego as pistolas e começado a atirar, mas o que havia tomado o seu lugar apenas tirou as luvas e deu alguns passos a frente, Kirstie espelhando seus movimentos ao tirar as tiras de couro em seus pulsos.

— Você não faz ideia de quanto tempo esperei por algo assim, Weisstein. — uma sombra negra e suspeita circundava os tornozelos de Dratch, e Adriel deu um passo para trás antes que tivesse percebido. A marca no pulso do albino ardia enquanto ele tentava acalmar as duas, mas não funcionava. As duas mulheres estavam tão perdidas na própria insanidade que não respondiam as suas forças. Já não havia mais nada que Adriel pudesse fazer.

Indo até o lado de Thomas, puxou a blusa do garoto e se afastou um pouco do lugar em que as duas estavam. O olhar apavorado no rosto de Thomas refletia completamente o desespero do mais velho, aquilo não se comparava com nada que a dupla tivesse explicado para ele antes.

As faíscas que circundavam os punhos de Liese se expandiram, o sorriso tão incomum que tomava lugar em seus lábios mostrava uma admiração pela situação que era refletida em seus olhos enquanto elas se rondavam como felinos.

E então Kirstie atacou.

Nenhuma das armas fora tocada, não era preciso, e Liese desviou sem nenhum problema o soco da pálida. A sombra — agora esfumaçada — parecia mais espessa a cada instante, e as faíscas começavam a subir pelos braços de Liese. Levando um dos punhos de encontro ao estômago da outra, liberou a primeira carga elétrica.

Kirtie tremeu, num espasmo claro, e foi jogada para trás por conta do impulso dado pelo choque. Liese a olhou com um sentimento fingido de pena.

— Ora, vamos, essa é a famosa braço direito das Matriarcas? — o olhar sério nos olhos de Liese fez sumir seu sorriso. — Eu só vejo um bichinho de estimação assustado. — E Dratch realmente estava surpresa, tossindo antes de rir de forma insana. Adriel girou a espada, avaliando tudo aquilo e mantendo Thomas atrás de si. Os olhos dourados do albino se arregalaram quando a sombra se dirigiu até Liese, a cercando como uma cobra e a erguendo do chão.

As faíscas de eletricidade que emanavam do corpo da loira faziam com que algumas partes das sombras recuassem de leve, mas não a soltavam.

— Vai precisar de mais do que isso. — a pálida se levantou e fez um movimento com o braço direito, as marcas no pulso em dourado, e as sombras puxaram Liese para frente, uma expressão de dor em seu rosto. — Eu me aperfeiçoei.

O sorriso que se espalhou no rosto de Liese mais uma vez, os olhos arregalados levemente, disseram para Adriel que era hora de intervir.

— Eu também. — faíscas voaram pra todos os lados, fazendo com que o albino tivesse que se virar assim como Thomas. O som era uma espécie de explosão e a luz era quase como um outro sol no meio da noite. Kisrtie foi jogada contra a parede do beco do qual saíra, cuspindo sangue. A loira a olhava como um manequim quebrado, passos lentos ao se dirigir até lá.

Bastava para o albino, puxando um ainda atordoado Thomas atrás de si ele correu pelo prédio antigo, e desceu as escadas em suas maior velocidade. Empurrou a porta para a grande sala em que repousava a mesa de Constantine e seu olhar dizia claramente que algo estava errado. Irena chegou alguns segundos depois, percebendo as ondas de preocupação enviadas pelo albino.

Pegando a arma de fogo da mão do primeiro ajudante que encontrou, fez um sinal para Constantine que se levantou na mesma hora, um olhar preocupado nos olhos. Thomas respirou fundo, tentando manter-se concentrado apesar de ainda estar zonzo pelas visões que se apresentaram a ele, decidiu que não seria um fardo naquele momento. Ele percebia a importância do momento e não seria considerado um estorvo.

Os imortais subiram as escadas da maneira mais rápida que puderam, e Adriel realmente não gostou da cena com que se depararam.

A fumaça negra, agora mais de espessa, circundava os tornozelos de Kirstie e se alastrava para contornar as duas mulheres, o que acontecia dentro daquela sombra só se tornara visível pelas faíscas que circulavam os braços da loira. O choque entre as duas forças causavam certo impacto, como pequenas explosões que causavam tanto a claridade quanto balançavam os cabelos das imortais. O corpos delas tinham posturas perfeitas, mas os espectadores sabiam que se uma delas padecesse, os resultados que aquilo causaria não seriam bons.

— Não dá pra atirar nessa... Coisa. — Irena se pronunciou, fuzil ainda em mãos, a voz soando mais alto do que as ocasionais explosões. — As balas podem voltar e se eu acertar uma delas...

A frase pairou, Adriel não precisava que ela terminasse para perceber o que ela queria dizer, mas aquilo tudo precisava de um fim. A expressão no rosto do albino era séria e concentrada, Thomas tinha medo dos momentos que traziam aquele estranho brilho aos olhos tipicamente alegres e tranquilos.

— Acha que consigo puxar uma delas? — os olhos arregalados de Irena e Constantine dispararam para o albino ao mesmo tempo.

— Você está louco?! — a exclamação alta veio em uníssono. Os os olhos castanhos e arregalados de Thomas estavam fixos naquela espécie de bolha, um mistura de sombras e choques elétricos, e ele sabia que se aproximar daquelas pequenas explosões seria perigoso. — Se encostar em Liese pode acabar--

— Eu sei. — ele interrompeu a frase de Contantine com olhos num tom de ouro velho. Irena voltou sua concentração para as duas mulheres, tentando descobrir uma brecha pela qual o albino pudesse passar mas não havia nada. Pensando então em algo que talvez pudesse resolver a situação ela soltou uma respiração sonora.

— Vamos conseguir abrir um espaço pra você. — Ela lançou um olhar cheio de significados para o parceiro que entendeu o que ela queria dizer, as partes prateadas dos olhos de Contantine pareceram mexer dentro do castanho. As marcas nos braços de Irena acenderam pela segunda vez naquele dia, enquanto ela andava para frente. — Você tem trinta segundos, Gasparzinho, é bom usá-los. — um sorriso alcançou o canto dos lábios de Adriel, e Irena passou a arma para os braços de Constantine. Um verde brilhante constava em sua íris quando ela estendeu as mãos para frente, um fogo alto se infiltrou por dentro da bolha de sombras espeças quando Adriel correu, se jogando para frente como fazia todas às vezes. As imortais pareciam ainda focadas em controlar as explosões, esperando que uma das duas perecesse aos pés da outra, sem reparar a passagem curta criada ali.

Thomas não estava respirando ao ver o vulto de cabelos brancos se jogar para dentro da bolha pela passagem aberta pelo fogo, e ele não foi capaz de ver quando o albino segurou Liese, correndo até o outro lado, pois as três mulheres eram jogadas para trás com uma explosão maior do que as outras, mais sonora.

Postes foram partidos, e Thomas correu até Irena junto com Contantine, vendo se ela estava bem. A menor possuía apenas alguns arranhões nos antebraços pelo impacto contra o chão, e os mesmos já começavam a se fechar. Os olhos tinham um tom opaco e ela respirava pesadamente. A mão pesada de Contantine segurou seu ombro e ela lançou um sorriso de confirmação para o parceiro. Thomas, no entanto, estava preocupado com a outra dupla. Não conseguia os ver em nenhum lugar.

Foi então que o vulto branco ressurgiu parando em frente ao moreno com Liese nos braços, inconsciente. Mais sangue parecia ter saído da ferida feita pela bala — o que estava preocupando Adriel, aquela ferida já devia ter começado a fechar — os braços e o rosto estavam aranhados e os cabelos ondulados estavam emaranhados. Algumas manchas de sujeira marcavam a camisa e o rosto do albino, e o moreno não deixou de perceber que algumas partes dos braços e o pescoço de Adriel tinham marcas vermelhas de queimaduras. O mais novo não gostava nada daquilo, mesmo com o olhar tranquilo do albino algo simplesmente não estava certo.

— Precisamos sair daqui antes que mais gente como a Dratch apareça. — ele olhou para os amigos de longa data, Contantine ajudava Irena a ficar de pé. — Sugiro que entrem e fechem suas portas por hoje, não quero vocês mais envolvidos nisso do que já estão.

— Ficaremos bem. — a voz de trovão de Contantine foi o bastante para que Adriel soubesse que eles se cuidariam. — O que aconteceu com a Dratch? — Irena agora não tinha mais nenhum arranhão aparente, mas tinha dificuldades em suportar o peso do próprio corpo.

— Eu não sei. — o tom do albino e o balançar de cabeça eram levemente apressados.

— Eu não consegui ver ela depois que encostei em Liese e estou esperando que ela ainda esteja inconsciente. — Irena acenou com a cabeça em entendimento. Thomas observou a ferida ainda aberta da mentora e sabia que algo precisava ser feito rápido em relação a isso.

— Acho que é melhor irmos logo. — ele lançou um olhar que ele sabia que Adriel entenderia.

— Sim. — o mais velho confirmou. — Consegue correr?

— Consigo. — ambos lançaram um olhar rápido para a dupla que já estava novamente perto da porta e eles começaram a correr.

**

Adriel tirara o sobretudo da parceira, e tentava parar o sangue da ferida, algo estava errado demais em tudo aquilo. Thomas estava sentando em uma cadeira do outro lado da cama, observando a cena pronto para ajudar o mais velho em qualquer coisa que ele precisasse. O moreno girava o bracelete de prata nas mãos, pensando no que acontecera entre a mulher pálida e Liese, as expressões que ambas tinham.

— O que estava acontecendo com Liese depois que ela... — ele fez um pausa, ponderando a palavra certa. — Acordou? — o albino lançou um olhar para o garoto mas os olhos castanhos ainda eram fixos no objeto em suas mãos.

— Insanidade, mas seu estado nela não parecia tão alto quanto poderia ficar. — ele respondeu. — Meu trabalho como parceiro de Liese e o de Constantine com Irena, é controlarmos isso. Impedir que vire uma loucura completa.

— Elas podem virar algo como as cria-- 

— Sim. — ele o interrompeu. A marca de sua mão queimava, na tentativa de perceber o que se passava na mente de Liese mas não conseguia nada. Ela não acordar também era um sinal ruim para o albino. — Algo está errado.

O moreno olhou com o canto do olho para Adriel, era óbvio que algo estava errado. Sua mentora estava inconsciente, duas pessoas lhe disseram que ele era não só uma probabilidade como um líder de resistência contra algo que ele nem sequer sabia o que era, talvez estivessem sendo perseguidos por essa mesma coisa que ele não sabia o que era e as pessoas a sua volta poderiam morrer. Nada estava certo. Adriel pareceu perceber os pensamentos do garoto.

— Vou te explicar tudo amanhã, nós vamos tirar uma folga e explicarei tudo. — ele se virou totalmente para o albino. — Precisa se lembrar de quem é, Azarado. — as risadas quase secas diminuíram o peso do arma.

— O menino de ouro. Acho que ela tinha razão em me chamar assim. — Thomas riu um pouco mais e aquilo incomodou Adriel. A palavra oura ficava ecoando em sua mente.

Seus olhos se arregalaram e ele levantou da cama em um salto, uma epifania.

— Precisamos tirar a bala dela o mais rápido possível, ela não expeliu a bala em nenhum momento.

— O quê?! Por quê? — o moreno também se levantou, confuso em meio a tanta informação.

— Aquela bala não era de prata.


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Notas finais do capítulo

Bem, foi isso, eu espero que tenham gostado. Deixem suas opiniões nos comentários.
Até.



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