A garota do apartamento à frente escrita por BomDiaPeeta


Capítulo 1
Apresentação


Notas iniciais do capítulo

Comentem. Espero que gostem!



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Albert Smith nasceu na Inglaterra, na cidade de Londres. Cresceu numa família de classe média alta, estudou num colégio particular, sempre tirou notas altas e era motivo de orgulho para seus pais. Sendo um rapaz dedicado e focado apenas em seus estudos, nunca teve tempo para encaixar o amor por qualquer garota em sua vida, desde a infância à adolescência. No colégio, tinha muito mais amigos que amigas e nunca saía para se divertir. O máximo que fazia era ir em uma padaria ocasionalmente e tomar o café da manhã completo, sempre sozinho.

Albert terminou o Ensino Médio sem nenhuma história de amor para contar. Estudou o ano todo para o tão desagradável vestibular e foi selecionado para a University of East London com um ótimo desconto financeiro. Sua maior ambição, até então, era tornar-se um ótimo jornalista e um dia se mudar para a França. Albert nunca foi um rapaz muito sonhador, portanto, seus anseios por uma boa vida eram passageiros. Quem insistiu para que ele não desistisse foram seus pais. O sr. e a sra. Smith matricularam o filho numa escola de francês, contra a vontade do rapaz. Mesmo que relutante, ele passou os quatro anos da faculdade alternando entre os trabalhos universitários e as lições do curso.

Terminou a universidade com 21 anos, se sentindo pronto para encarar o resto da vida. Não demorou quase nada para ser indicado à uma vaga na redação de um dos jornais londrinos mais famosos. Sendo muito competente em seu trabalho no “The London Gazette”, foi sendo promovido de modo extraordinário e, por consequência, seu salário aumentou muito. Esse dinheiro extra somado a tudo o que ele economizou durante a faculdade, com mais a ajuda de sua família, possibilitaram a Albert realizar o sonho tão impossível: sair da Inglaterra e mudar-se para Paris.

O dia da despedida foi o mais triste da vida de Albert. Se por um lado, ele estava radiante por finalmente ir para a França, por outro, não se sentia bem ao deixar os seus pais e a irmã pequena em Londres. Foi chorando que ele embarcou no avião e assim permaneceu até aterrissar no aeroporto da cidade-luz. Tomou o táxi para um apartamento num bairro de classe média, sua primeira casa. Seu emprego em Paris consistia em passar o dia trancado na redação do "The English TV", o correspondente televisivo do "The London Gazette", um canal de notícias que funcionava 24h por dia e que tinha redações por todo o mundo. Após sete meses de trabalho, ele comprou um novo apartamento no Edifício St. John, localizado em um bairro de classe social mais elevada.

Agora, aos 25 anos de idade, Albert se via realizado. Encarava-se no espelho e via um rapaz de estatura alta, olhos claros e curtos cabelos acastanhados e mal-penteados, além de uma barba sempre por fazer. Ele tinha tudo o que sempre sonhou e pensava que sua vida só poderia melhorar se ele pudesse ver sua família com mais frequência. Ele dava graças à Deus por não ter que sustentar nenhum filho ou esposa, como boa parte de seus amigos do trabalho. Claro, às vezes, ele se sentia solitário, mas nada como ter um emprego fatigante para se distrair um pouco. Ele mal ficava em casa, passando a maior parte do tempo na Central de Jornalismo. Nunca pensou que algo faltasse em sua vida, até aquele encontro no elevador...

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Nicolle Rousseau foi uma garotinha muito simpática por toda a sua vida, sempre a queridinha dos professores e dos coleguinhas na escola. Mas o tempo é cruel e transforma as pessoas... durante a adolescência, ela se tornou uma típica patricinha chata e metida e permaneceu assim pelo menos até concluir o Ensino Médio. Nunca teve amigos verdadeiros e sua maior paixão era uma garota de longos cabelos cacheados cor de fogo, de olhos azuis como o mar e pele branca como algodão, quase sem imperfeições como espinhas, pintas e outros "defeitos de fabricação". Ela tinha a oportunidade de ver esta paixão todas as vezes que parava em frente a um espelho. Andava por todo lado maquiada e encarando os outros com um olhar de superioridade, sempre enxergando apenas a ponta de seu nariz empinado.

O que ninguém sabia era que essa era a única defesa que a garota tinha contra aquilo que havia a machucado por dentro durante muito tempo: o amor. Nicolle teve um primeiro namorado aos catorze anos de idade, um rapaz popular da escola, que a chutou um mês depois de pedi-la em namoro, alegando estar apaixonado por outra. Depois, aos quinze, namorou um cara que tentou forçá-la a transar com ele. Aos dezesseis, conheceu o amor da sua vida... e descobriu que ele havia se metido com traficantes de drogas em Paris e foi morto com seis tiros. Aos dezessete, foi rejeitada pela única pessoa que ela decidiu tratar bem. Ao entrar para a Universidade, fez um pacto consigo mesma de que resistiria ao poder de sedução dos homens e os ignoraria sempre que possível. A última coisa com a qual ela iria se importar era com o que a opinião alheia pensaria a respeito dela.

Isso mudou quando ela conheceu sua melhor amiga, Miranda. Ela convenceu Nicolle a desfazer aquela máscara de garota malvada e voltar a ser a garotinha simpática que sempre foi. Miranda, que tinha saúde muito frágil, faleceu, vítima de uma pneumonia, quando estava no segundo ano da faculdade. Desde então, Nicolle prometeu para si mesma que tentaria se tornar mais sociável e, quando o conseguisse, jamais voltaria a ser aquela garota malvada, que Miranda repreendeu. Agora, com 20 anos e prestes a concluir a faculdade, também de jornalismo, Nicolle ainda sentia um vazio imenso no peito, que deveria ser preenchido com o desconhecido.

Ela morava sozinha, no mesmo edifício que Albert. Havia se mudado para lá há três anos, quando começou a estudar jornalismo numa universidade medíocre e pouco conhecida na cidade. No começo, era bancada por seus pais, mas depois passou a se sustentar com seu próprio dinheiro, que ela ganhava trabalhando em uma das inúmeras petisseries parisienses. Não era um salário muito alto, mas era o suficiente para que ela pudesse comer e se vestir bem. Não costumava se relacionar com o vizinho do apartamento que ficava em frente ao seu... aliás, ela não se relacionava amigavelmente com nenhum vizinho. A única vez que ela falou com o cara que morava à frente dela, foi para pedir uma escada de mão emprestada. Era um cara de meia-idade, gordo e com hálito de cerveja. Portanto, não era alguém com quem ela gostaria de ter amizade.

Mas esse costume de nunca falar com os vizinhos mudaria muito em breve, porque o cara gordo havia colocado o apartamento à venda, fazia quase seis meses... e finalmente alguém havia o comprado.


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