Somente à noite escrita por Ys Wanderer


Capítulo 17
Terminando assuntos inacabados




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Se eu morresse hoje, agora mesmo, ao invés de sair por aí flutuando em direção à luz eu iria acabar me tornando uma daquelas almas errantes, perturbadas e que ficam vagando sem rumo eternamente pelos planos inferiores.

E sabe de quem seria a culpa?

Lógico que seria toda dele. Assuntos inacabados não me deixariam partir em paz e eu acabaria voltando só para puxar o pé de algumas pessoas.

É...

Pensando bem, até que seria bastante divertido.

Bom, eu nunca havia me apaixonado antes, exceto quando vi o rosto de Bryan Adams em um antigo disco de vinil da minha avó, e então a sua voz rouca penetrou tanto em mim que eu quis casar com ele no mesmo instante. Porém, agora, depois do que havia acontecido com Davi, eu não conseguia dormir, pensar com clareza e volta e meia me pegava lembrando de detalhes que, apesar de me deixar imensamente feliz, também faziam com que eu sentisse vontade de arrancar meus cabelos fio a fio com as próprias mãos.

Minha nossa.

Era muita sofrência para uma pessoa só aguentar.

Por isso decidi parar de fitar o teto empoeirado do meu quarto e dividir o que eu sentia com a minha melhor amiga, mesmo que isso fosse ser tão constrangedor quando o dia em que ela me explicou que os bebês não vinham das cegonhas, mas sim de partes do corpo dos meninos que eles colocavam dentro de você. Esgueirei-me – mesmo que ainda não fossem nem seis da manhã – até o quarto dela, pois em poucas horas eu me encontraria com Davi e precisava urgentemente saber o que fazer. Bom, eu imaginava que depois da conversa sobre “não deixe que os meninos coloquem essas partes em você, Anna!” nada no mundo poderia me deixar com tanta vergonha como naquele dia, por isso não havia nada a temer.

Seria apenas mais um dia tranquilo...

— Vó, eu preciso de... — empurrei a porta de supetão e — CARALEOS, EITA! PORRA! — me engasguei assim que abri a porta e dei de cara com Alex.

Pelado.

Como veio ao mundo.

E lá se foi a minha tranquilidade.

— Anna, por que você não bateu antes de entrar?!!!! E o que você está fazendo aqui a essa hora? — vovó gritou mais do que furiosa e eu desatei a rir, escondendo o rosto com as mãos. — Eu não te ensinei a ser mal educada assim! E que boca suja é essa, garota?

— Me desculpa! — foi a única coisa que conseguir dizer enquanto tentava não cair dura ali mesmo. Por sorte ela estava vestida e isso me impediu de ter um infarte fulminante, embora a combinação: vovó com espartilho vermelho mais um homem nu no quarto dela tenha me deixado traumatizada. — Mas é que nessa casa ninguém nunca bate em uma porta antes de entrar e eu sempre faço isso, esqueceu! Me desculpem mesmo... — gargalhei. — Deus, acho que vou precisar de um remédio tarja preta e de uma garrafa de vodca. E, claro, de alguém que fure os meus olhos!

— O que é que já tá acontecendo nesse hospício? — Conchito resmungou vindo em direção ao quarto. — Será que nem dormir eu... JESUS, APAGA A LUZ! — ele berrou assim que deu de cara com Alex e só então o homem percebeu que ainda estava pelado. — Sarah do céu, você se deu bem, hein? — Alex sorriu amarelo, provavelmente querendo morrer tanto quanto eu, e cobriu suas “coisas” com as duas mãos.

— Fora daqui!!! — vovó gritou, jogando em nós tudo o que estava ao seu alcance: chinelo, escova, livro, perfume, roupa, travesseiro... — Fooora! — corremos com medo dela e ainda fomos perseguidos pelo corredor, e eu senti quando um copo passou de raspão pela minha orelha. Conchito infelizmente não teve a mesma sorte, pois um frasco de esmalte atingiu as suas costas enquanto ele descia as escadas, e isso o fez dar um grito agudo de susto e de dor.

— Alguém me ajude! — nós dois viramos e vimos que agora o alvo de tanta fúria era Jeferson, coitado, que também havia acordado com o barulho e ido verificar o que estava havendo. — A velha tarada está louca! — berrou quando alcançou a gente e nós três nos escondemos atrás do sofá.

— Acho que é o apocalipse! — exclamei.

Agora sim, definitivamente eu era uma alma perturbada.

— A munição dela acabou? — Conchito sussurrou.

— Não sei — respondi, pensando que depois dessa com certeza havia um lugarzinho reservado no céu para mim.

— E eu que nem sei o que foi que aconteceu, quando passei na frente dela tomei logo uma sapatada na cara! — Jeferson choramingou.

— Shiu!

Nós ficamos quietos, tentando ouvir mais alguma coisa, e só quando percebemos que tudo já estava mais calmo saímos detrás do sofá e fomos em direção à cozinha. Porém, ao nos vermos naquela situação ridícula olhamos um para a cara do outro e começamos a rir como três loucos desvairados, daqueles que não veem remédios há muito tempo.

Conchito tinha razão. Aquilo realmente era um hospício.

*

— Um dia eu ainda me mudo daqui! — um dos dois falou, mas eu não identifiquei quem foi. Minha cabeça no momento estava em outro lugar.

Em outro planeta.

Viajando na maionese.

— E eu vou com você, não sei se aguento mais isso — o outro respondeu. — Quero viver em lugar onde eu não corra o risco de ficar biruta.

Viajar na maionese? Que coisa idiota...

— Nem morta, queridinha, vou sozinho. Quero distância de gente excêntrica — alguém retrucou e ouvi o outro resmungar. — Anna, quer café?

Se eu fosse para Nárnia poderia ter uma vida normal, não é? Acho que conviver com animais falantes seria bem menos esquisito do que isso aqui...

— Anna, quer café?

Agora, preciso respirar fundo e tentar pensar no que fazer assim que der de cara com Davi. Por favor, Deus, não deixe ele sorrir, senão eu vou acabar fazendo uma besteira na frente de todo mundo!

— Anna, diaba, quer café? — perguntaram com impaciência e eu me espantei, lembrando que Anna era eu.

— O quê? — falei assustada para os dois e vi que Conchito estendia uma xícara fumegante em minha direção. — Hãm?

— Eu pergunteeeei se você queeer caféééé — ele repetiu lentamente e pisquei algumas vezes, retornando da minha viagem astral.

— Ah, sim, café — me recompus e os dois me olharam esquisito. — Quero. Quero. É.

— Eu sempre soube que você era estranha, mas é a primeira vez que te vejo desse jeito. Aliás... — Conchito se sentou bem na minha frente e me encarou. — Você está esquisita desde ontem. Não sei por que, mas eu tenho a impressão de que é algo relacionado a um certo boymagia importado — zombou. — Acertei?

— O quê? Não, não, nada disso — tentei disfarçar e Jeferson deu uma risadinha.

— Estranho — Conchito continuou —, pois você sumiu com ele depois que foi “comprada”, e quando voltou estava com cara de quem viu um passarinho verde. Então, você disse para mim que queria ir logo para casa, “dormiu” o trajeto inteiro, e depois foi correndo para o quarto sem nem me dar tchau. E... — ele se aproximou mais e fez um biquinho —, você pensa que eu não notei esse sorrisinho indecente aí nessa sua cara — os dois se olharam e Jeferson confirmou. — Abre logo o jogo, mona, quero saber todos os detalhes sórdidos!

— Argh, por que vocês acham que tudo nesse mundo tem que ter um detalhe sórdido?

— Ora, porque tem — foi Jeferson quem me respondeu. — E aí, o que rolou?

— Nada. Cuidem das suas vidas.

— Conta, conta, conta! — eles começaram a repetir ininterruptamente. — Conta, conta, conta! — tomei meu café e fingi indiferença. — Conta, conta, conta! — aquilo começou a me irritar. — Conta, conta, con...

— Tá bom, calem a boca! — disse de uma vez, para ver se me deixavam em paz, e os dois logo me fitaram com expectativa. — A gente se... ah... foi... foi só um beijo, ok? Nada de mais. Satisfeitos agora?

Eles gritaram tanto e tão alto por causa da notícia que eu imaginei que logo logo a polícia bateria na nossa porta e prenderia todo mundo por perturbação à paz da vizinhança.

— Como assim nada de mais? — Conchito questionou depois de se recompor. — Está praticamente escrito na sua testa: eu saí da friendzone! — ele ergueu os braços e os sacudiu, o gesto me lembrando um daqueles bonecos de posto de gasolina. — E aí, foi bom? Vocês estão juntos? O que foi que ele disse? E o que você sentiu?

— Eu não sei! — proferi tonta com tantas perguntas sem respostas. — Eu não sei o que dizer, e nem sei o que pensar. A única coisa que eu sei dizer é que foi... maravilhoso — suspirei e ouvi quando eles disseram: “own, que fofo.”

Droga, eu já tava suspirando. Mau sinal.

— Que lindo, minha menina está apaixonada! — Conchito me abraçou com força. — Ai, minha santa Madonna, daqui a pouco vocês se casam e você vai abandonar a gente para viver com aquele ninja e ter um monte de filhinhos de olho puxado!

— Hei, que história é essa? — comecei a rir alto do entusiasmo dele. — Vamos com calma, a gente ainda nem se falou depois do que aconteceu. E, sinceramente, eu ainda não faço ideia de como ficarão as coisas daqui para frente.

— E o que você vai dizer quando vê-lo? — Jeferson quis saber.

— Não sei. É por isso que eu fui falar com a vovó — imagens traumáticas me fizeram piscar. — Nossa, nunca me arrependi tanto de algo nessa vida... — reclamei e todos nós desatamos a rir. — Então, o que me aconselham?

— Bom... — Conchito pigarreou. — Apenas sinta o que tiver que sentir.

— E isso lá é conselho? — Jeferson reclamou.

— Não te mete! — ele ralhou e continuou, ignorando o amigo. — Anna, não há nada que você possa pensar com antecedência, não há nada que você possa ensaiar para dizer. A vida não é um roteiro, ou seja, o outro não vai seguir o texto que você acha que vai rolar. Então, quando vocês estiverem frente a frente pense que é apenas mais um dia normal.

— Eu não sabia que você era tão filosófico assim — brinquei e ele beijou a minha testa.

— Que nada, ele tirou isso aí de uma revista! — Jeferson entregou Conchito e levou um chute por debaixo da mesa. Eu ri.

“Apenas mais um dia normal...”

Será que ninguém entendia que isso era impossível?

*

Cheguei adiantada à escola e quando percebi que teria de ficar cara a cara com Davi me dei conta de que era covarde demais para isso. Apenas alguns poucos alunos esperavam e por isso resolvi entrar logo e me enfiar em algum lugar onde Andressa não me visse ao chegar, assim eu teria que evitar explicações sobre algo que nem eu sabia direito. Encaminhei-me até a biblioteca – que sempre ficava aberta, pois ninguém ali se interessava muito pelos livros – e sentei no chão frio, no mesmo lugar que eu e Davi gostávamos de ir para conversar e estudar. Ali era calmo e tranquilo, o que me daria mais um tempinho a mais para pensar direito.

Mentira, eu estava era me escondendo.

Fiquei ali por algum tempo, ignorando o meu celular vibrando feito louco dentro da minha mochila. Por fim, cheguei à conclusão de que isso era ridículo e resolvi que era hora de levantar. Caramba, eu não tinha medo de nada e estava com medo de um beijo?

— Gostei do casaco — me tiraram de dentro da minha cabeça e quando olhei vi Davi parado na minha frente, carregando sua mochila por uma alça só. O desgraçado parecia ainda mais bonito do que da última vez e eu tentei, com muita luta, fingir que não havia sentido nada. — Eu tinha um igual, mas não faço ideia de onde deixei — continuou. — Onde você arrumou esse?

Droga, a anta aqui tinha que ter vestido justo o casaco que ele havia esquecido na minha cama. Mas é que era tão cheiroso...

— Um idiota esqueceu esse na minha casa e eu resolvi ficar com ele para mim — respondi e Davi fez uma expressão engraçada. Lembrei que Conchito havia dito para agir normalmente e deixei as coisas seguirem o seu curso. — Você não devia estar na sala? Eu não sabia que o bom moço gostava de matar aula.

— Eu não sou tão bom moço assim — ele disse e eu achei que a frase carregava uma pitada de sarcasmo. — E, de algum modo, eu imaginei que você poderia estar aqui — Davi sentou ao meu lado e encostou o ombro no meu. — Por que você não atende? A Andressa está louca atrás de você.

— Só a Andressa?

— Bom... — ele coçou a nuca. — Achamos que você tinha faltado, mas uma garota disse para a Andressa que te viu chegar... Então eu vim te procurar — ele arqueou as sobrancelhas. — Por que está aqui sozinha, Anna? Você está bem? Aconteceu alguma coisa de ruim com você?

É que hoje eu acordei pensando em você e no fato de termos nos “agarrado", então fui conversar com a minha avó e acabei vendo o namorado dela pelado...

— É que eu precisava de um lugar tranquilo para colocar a minha cabeça em ordem. As coisas andam meio bagunçadas aqui dentro ultimamente — apontei para a minha testa depois de ponderar o tudo o que já havia acontecido em tão curto espaço de tempo.

— Se precisar de ajuda, pode contar comigo — Davi pegou na minha mão e ficou fazendo carinho nela. Nós estávamos lado a lado, tão próximos que eu conseguia ver o meu reflexo nos olhos dele.

— É impressão minha ou você está tentando me seduzir novamente? — falei quando ele mexeu no meu cabelo e Davi ficou surpreso. Adorei ver que ele tinha ficado com vergonha.

— Seduzir?

— É — eu ri. — Já vi isso antes. É assim: você faz essa pinta de garoto solitário, depois conta coisas da sua vida... Aí quando a gente menos espera a vítima se rende.

— Então você está dizendo que eu seduzi você? — ele estava se divertindo com o rumo da conversa.

— Claro que sim — rebati. — Ou você acha que eu fico beijando as pessoas daquele jeito por aí?

— Fico feliz em saber disso — Davi devolveu e acabamos rindo. — Então... — ele pareceu hesitar — o que você achou de tudo... isso?

— O que eu achei de tudo isso? — repeti a sua pergunta enquanto encostava a minha cabeça no seu ombro, nossas mãos ainda unidas. — Eu não sei dizer ainda. Acho que ainda temos que resolver.

— Bom, você me disse que da próxima vez que a gente se encontrasse teríamos que reiniciar tudo de novo. E aí, só então, poderíamos conversar sobre o que aconteceu, terminar um assunto inacabado. Lembra? — eu senti que ele estava envergonhado e entendi o que ele quis dizer.

Ele queria reiniciar.

De onde havíamos parado.

E nós havíamos parado na melhor hora.

— Que droga, Davi, era para a gente ser só amigo! — reclamei quando ele se aproximou, passando os dedos levemente sobre o meu rosto. Como da última vez, coloquei minhas mãos em torno do pescoço dele e ele sorriu. Eu sabia que se ele sorrisse eu não conseguiria me conter. — Acho que agora vou ter que beijar você outra vez.

— Você vai sempre me avisar quando isso for acontecer? — ele brincou.

— Provavelmente — respondi e o puxei para mim.

Eu nunca fui do tipo de garota que matava aula para me agarrar com alguém pelos corredores, mas agora eu estava ali, no chão de uma biblioteca beijando o cara que até dias atrás era um dos meus melhores amigos. A gente não havia esclarecido nada, nem sequer conversado algo concreto, mas na atual situação em que nos encontrávamos falar qualquer coisa seria desnecessário.

Como dizia a frase: há gestos que valem mais do que mil palavras.

Dessa vez fomos menos intensos do que na última ocasião, pois de alguma forma a gente queria somente sentir que aquilo era real. Então, ele apenas ficou, respeitosamente, com as mãos na minha cintura e eu tive que me conter bastante para não morder aquela boca macia. Era muito bom sentir a sua respiração junto com a minha, sentir que ele gostava de mim assim como eu gostava dele.

Definitivamente eu estava apaixonada. Sem ter como correr disso.

Mas quem disse que eu queria correr?

— E agora, o que a gente faz? — ele perguntou baixinho.

— Eu não sei, Davi. Embora eu goste do que está acontecendo aqui devo te avisar que não sou do tipo que desenha corações no caderno, faz coleção de papel de bala e chora assistindo “A culpa é das estrelas”.

— Se você fosse diferente disso eu não gostaria tanto de você — ele afirmou.

E meu mundo girou e virou do avesso.

Infelizmente escutei passos apressados vindo em nossa direção e imediatamente reconheci o barulho irritante do salto de uma certa bota. Me separei de Davi, como se nada tivesse acontecendo, e fizemos cara de paisagem, ele se segurando para não rir do meu embaraço.

— Fica quieto! — repreendi antes que ele nos delatasse.

— Ah, vocês estão aí, não é? — Andressa berrou quando nos encontrou e tivemos que pedir para que falasse mais baixo. — Posso saber por que você não veio falar comigo hoje? — ela agora sussurrava. — O seu celular quebrou ou o quê?

— Desculpa — pedi com uma voz sonolenta. — Eu não estava me sentindo bem e resolvi ficar aqui sozinha.

— Ainda passando mal?

— Não, são só problemas de ordem mental.

— Mas você já está melhor?

— Sim — respirei fundo. — O Davi me deu uma ajuda — respondi e Davi deu uma risadinha. Andressa olhou feio para ele, com certeza achando que ele não se importava comigo.

Ah, se ela soubesse...

— Bom, então vem logo comigo que eu não vou para esse passeio chato sozinha! — ela pegou minha mochila que estava no chão e me rebocou com ela.

— Passeio? Que passeio? — questionei.

— Ah, eu me esqueci de avisar — Davi pareceu lembrar somente agora que Andressa havia chegado. — Os alunos vão visitar o Museu dos Perdidos, que fica dentro do cemitério da Saudade. O professor de história resolveu fazer essa excursão antes da prova para que a gente pudesse ver na prática como eram as coisas na época da escravidão.

— Você vai com a gente? — perguntei a ele.

— Não, o pessoal vai ter que andar debaixo do sol, visitando as lápides, então não vou poder ir — ele explicou. — Já falei com o professor e eu vou ficar por aqui mesmo, fazendo outra coisa.

— Ah...

Davi tinha um problema bobo que o impedia de andar sob o sol e muitas vezes eu até me esquecia disso.

— Ele vai ficar bem, não precisa se preocupar. Agora vamos, você já faltou demais para ficar de bobeira desse jeito — Andressa sentenciou. — Anda logo!

— Tá, tudo bem, eu já vou — disse, pensando que ela iria na frente, mas a garota cruzou os braços e ficou me olhando. — Tchau, Davi, a gente conversa depois — falei e ele balançou a cabeça. Eu ainda não queira nos expor e por isso tive que me contentar em apenas acenar para ele. Segui em frente e olhei para trás uma última vez, e ele fez um gesto avisando que me ligaria e que eu podia ficar com sua jaqueta.

— Tá achando graça de quê? — Andressa quis saber ao perceber meu sorrisinho indecente, como diria Conchito. — Tá rolando alguma coisa que eu não sei?

— Vamos dizer que sim — decidi que já era hora de poder contar para ela. — Mas é uma longa história.

— Eu não me importo — seu olhar era pura curiosidade. — Pode começar a abrir o bico, pois nós temos um longo e tedioso caminho pela frente.

— Então — pigarreei e ela me olhou séria. — Tudo começou no dia em que eu vim parar aqui nessa escola e acabei esbarrando em um garoto cheio de desenhos...

.

E, naquele dia, Andressa me disse uma coisa que eu jamais imaginaria ouvir, já que eu fugia disso como o diabo foge da cruz:

— Anna, não acredito, mas parece que agora você tem um namorado!!!!

 

 


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