Um amor de outra vida escrita por Maria Vitoria Mikaelson


Capítulo 56
Nova Fase - Conversas Perdidas.


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo!
Boa Leitura!!!



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(Música do Capítulo)

 

Não devia ser tão difícil, não devia doer tanto, não devia fazer diferença, não era para acontecer, não era para sentir tanto, mas sinto muito.

Ponto de vista: Katherine Evans.

      Encostei minhas costas em um dos armários do vestiário, e deslizei até o chão, abraçando meus joelhos, como se aquilo fosse diminuir a dor que eu estava sentindo. Eu soluçava a medida, que as palavras de Edward se repetiam em minha mente. Elas ecoavam, como uma daquelas músicas chicletes, que você quer tirar da cabeça, mas não consegue.

       Aquela era eu, de novo, quebrada, incompreendida e com o peso do mundo em minhas costas. Mas, será que algum dia, eu me consertei de verdade? Ou, só estava fingindo que sim? Talvez o fato de Dean estar aqui, fez com que eu compreendesse, que não posso, nem conseguirei escapar dessa dor. A que me sufoca, me tortura e me faz acreditar que não mereço nada além dela.

       Era exatamente por isso, que eu não queria me aproximar de Edward, não queria me importar com ele, não queria amá-lo. Pois, se fizesse isso, daria a ele, o poder de me machucar, do modo que várias outras pessoas que eu amei, já fizeram. Eu sempre tive medo, de sentir esse desespero, misturado com agonia, de novo. Mas, nesse momento, eu só sentia a culpa me corromper mais uma vez. Eu estava machucada, era verdade, mas, eu havia o machucado também. Eu havia feito, aquele cara que não se apegava a ninguém, gostar de mim, virei seu ponto fraco, e rompi esse laço, sendo a imbecil afetada por Dean.

         Eu não merecia Edward. Eu merecia Dean. Todo o caos, que vinha junto com ele, pois eu era um caos muito pior. Estava enganada, quando achei que podia ignorar a Katherine que eu fui, ela ainda existia aqui dentro, e ela sempre seria maior, que a Katherine que eu quero ser. A Katherine que ama Edward, é fraca demais, em comparação a outra.

      Enxuguei minhas lágrimas, e me levantei. Decidida, a fingir, que tudo estava indo bem. Eu era boa nisso, ou ao menos, achava que sim. Fiz uma maquiagem básica, para camuflar a face de choro, e prendi meus cabelos em um coque.

           Suspirei, antes de sair dali, e enfrentar o terrível cenário, de uma escola do ensino médio, após um término, que ainda parecia irreal para mim.

              Ao alcançar o corredor principal, coloquei minha melhor expressão de indiferença, e caminhei com meus livros, em mãos. Por uma infeliz coincidência, acabei dando de cara com Maggie, que vinha em minha direção.

—Hey, você e Edward sumiram, não me diga que brigaram por causa da aula de literatura? — questiona, curiosa como sempre, e quando recebe meu silêncio como resposta, abre um sorriso malicioso. — Não me diga, que resolveram  as coisas, se agarrando no armário do zelador? — brinca, e eu suspiro.

—É...Fizemos isso. — disse, com uma careta e ela gargalhou. Ela logo descobriria, sobre nosso término, mas, eu não me sentia preparada para dizer agora. Não queria dar explicações, e nem consolos, só queria que não tivesse acontecido.

—Então, quer ir para o shopping, mesmo? — ela questiona, arqueando uma sobrancelha.

—Na verdade...Não. Preciso fazer algo, então não posso ir. — digo, mordendo os lábios, e ela revira os olhos.

—Bem previsível da sua parte...Então, vai assistir sua próxima aula? Já vai começar. — Maggie me alerta, e só ai eu noto, que o sinal tocou.

—Quer saber? Acho que vou para biblioteca, não estou afim, de uma aula com o Xavier agora. — comento, com um sorriso sem humor.

—Você está bem? — pergunta, com os olhos preocupados.

—Sim...Só tem sido...Intenso. — murmuro, dando de ombros.

—Tudo bem...Então, nos vemos depois, preciso ir para a aula de história. — avisa, antes de me enviar um sorriso breve. Assinto, e a vejo sumir no corredor, tão rápido quanto surgiu.

                        Meus olhos lacrimejaram de novo, e eu estava a ponto de chorar, quando ouvi uma voz conhecida, atrás de mim.

—O que aconteceu? De verdade? — me virei, e dei de cara com Nick. Meu fiel amigo, aquele que provavelmente não faria parte da minha vida, anos atrás, dado meu comportamento.

—Eu fiz algo muito errado. — resumo o motivo, de tudo.

       Ele olhou ao nosso redor, onde os alunos estavam começando a irem para suas próximas aulas, e em um gesto carinhoso, me puxou para ele, e me abraçou da maneira mais carinhosa, e protetora que pôde. Funguei, em seu pescoço, e abracei sua cintura, apertando o tecido de sua camisa, tão forte, que meus dedos mudaram de cor, por alguns segundos.

—Edward não aguentou...Ele me deixou, Nick. Desistiu de mim. — conto e ele me aperta mais contra si.

—Quer cabular aula comigo, e me contar tudo? — É, ele realmente era meu amigo. Nick nunca cabularia aula, por outra pessoa.

           Concordo, sabendo que preciso daquilo, mais do que qualquer outra coisa no mundo.

[...]

         Nicholas ficou em silêncio, provavelmente digerindo tudo que ouviu. Estava com medo, do que ele pensaria de mim, depois de toda a verdade, e sua falta de reação estava acabando comigo. Estávamos no CaféSabores, em um mesa dos fundos. Parecia que aquele era o lugar certo, para todas as conversas sérias.

—Como conseguiu guardar isso tudo? — era só, o que ele queria e precisava saber no momento, e isso me fez suspirar.

—Sempre fui boa com mentiras e fingimentos. — digo, com um sorriso amargo.

—Você é uma Evans, e eu que sou seu melhor amigo, nunca soube disso. — é claro que ele ficaria magoado.

—Nunca me orgulhei do título. — tento zombar, e quando noto, que aquilo não tem graça, olho para ele, e obrigo a mim mesma, a tentar continuar, a ser sincera. — Não era para ter durado tanto tempo, eu deveria ter te contado antes. Deveria ter contado a todos. Mas, o fato de todos saberem, faria com que o fato de que eu não sou a pessoa, que aparento, se tornar mais real. Eu te contei tudo, Nick. Nem Maggie, sabe dessa parte tão feia. Tem que entender, que eu precisava de um recomeço. Fugir do Dean...Do que ele me fez, do que nós fizemos. — explico desesperada.

—Você se arrepende? — foi direto, me fazendo baixar os olhos por um instante, e logo depois ergue-los.

—Não. — eu devia ser sincera, então... — Amar Dean, foi doloroso em níveis extremos, e isso teve consequências terríveis, mas, o que ele me fazia sentir, me deixava completa, viva e...Era a coisa mais intensa, que eu poderia sentir. Era agoniante, e viciante, era bom e mal, era conflitante, e tranquilizador. Tudo se resumia á complicação...E então, eu conheci Edward, e descobri que o que eu sentia por Dean, não era bem amor. Dean era minha paixão avassaladora, ele tirou tudo de mim, sem que eu esperasse...E Edward...Ele me devolveu tudo que perdi. — tento fazer, com que ele entenda.

—E você perdeu Edward, porque esses sentimentos em relação a Dean, ainda existem. — murmura, um tanto acusador.

—Sabe, o que você sente pela Maggie? — ele franze as sobrancelhas, pela mudança de assunto, e eu continuo. —Nunca vai passar, porque esse amor, essa paixão, está impregnado em você, não importa o quão boa, e o quanto a Jane tenha mudado, quando você pensar que está completo, sempre haverá uma parte de você, que se perguntará, como teria sido, se isso fosse com Maggie. Quando você ama alguém com todas suas forças, isso não vai embora...E eu sei, sempre disse que não acreditava no amor. Mas, essa foi só uma das minhas mentiras. Amar dói, Nick. Amar acaba com você. — Minhas palavras soam ofensivas, eu sei.

—Por que não diz a verdade para Edward? — aquela pergunta me assombra.

—Porque, não posso. — afirmo.

—Por que não? — quer saber.

—Não posso fazer, com que ele perca as esperanças em relação a mim. Não, posso perder isso. — digo, com a voz embargada.

—Ele já perdeu. — Nick diz tristemente. — Ele te deixou, Katherine. — não é com maldade que ele fala aquilo, mas, me afeta e machuca completamente.

          Ele já perdeu. — Aquela parecia ser, a mais pura verdade.

         Após a conversa “libertadora” Peço para que Nick me deixei em casa, e me preparo para encontrar Dean, e encara-lo depois de te-lo dito odiá-lo, quando nós dois sabemos, que isso não é verdade.

           Por sorte, não precisei passar por essa batalha, e antes mesmo que eu percebesse, lá estava eu, em minha cama, chorando por um coração partido.

[...]

Ponto de vista: Edward Richards.

          Joguei mais uma maquete, em direção a parede e grunhi de frustração, quando ela se espatifou no chão. Eu já estava nessa, há um bom tempo, quebrando tudo que via pela minha frente, e causando medo nos empregados da minha casa, que por sorte, não contava com a presença dos meus pais hoje.

       Peguei a foto de Katherine, e encarei o rosto, da garota pela qual, eu me apaixonei completamente. A garota que eu apostei que conquistaria, e que por descuido, acabou me conquistando. A garota mais complexa, e misteriosa que eu conhecia. A minha perdição.

                 O porta retrato se espatifou, quando caiu contra o chão, e eu permiti que lágrimas deslizassem dos meus olhos azuis. Quem diria, que o galinha Edward Richards, um dia choraria por conta de uma anti social maldita, que tinha o irritante defeito de ser adorável?

             Maldito momento, em que aquela aposta foi feita, sem ela, eu nunca teria me aproximado de Katherine, e nunca teria ido tão fundo nisso. Eu não iria amá-la, com cada átomo do meu corpo, e não doeria tanto, perceber que ela não ama só a mim. Porque, não adiantava palavras disfarçadas, ou desejos camuflados. Estava ali, na minha frente. O jeito como ela olhava Dean, deixava evidente, que ela tinha sentimentos fortes por ele. Um passado com ele.

            Lembrar dos momentos que tive com ela, era doloroso. Eu terminei isso, e era perturbador, saber que não poderia mais, ficar perto dela, e ouvi-la comentar sobre as coisas mais esquisitas. Eu tive que acabar com aquilo, antes que aquilo acabasse comigo. Não suporto ideia, de poder ama-la mais, e então ela terminar comigo. Era egoísta, mas, ai vai uma novidade; Eu sou um egoísta, um cretino que apostou que ficaria com ela, e nunca a comunicou disso.

         Katherine e eu, demos um ao outro, o poder de nos destruirmos. Colocamos toda nossa alma, e nosso coração nesse sentimento, e nos iludimos achamos que poderia dar certo. É claro que não daria. Nunca daria.

         Ela mentiu para mim sobre quem era, e eu sabia, que haviam mais mentiras ali. Mais segredos e que eram tão escuros e perturbadores, quanto Dean parecia ser. Katherine, era uma Evans, afinal. E pelo que meu pai me disse uma vez, os Evans eram implacáveis.

          Eu era um idiota, por acreditar que poderia durar para sempre. Onde o Edward Richars de verdade, estava, quando eu disse esse absurdo? Era patético, e completamente ridículo, pensar em eternidade, quando até mesmo nosso presente era fadado a ser inconstante.

        Apanhei a foto, junto com os vidros quebrados, e acariciei a foto, antes de amassa-la e me livrar dela.

             Katherine não seria minha. Ela nunca foi minha, de verdade.

         Eu abri mão de coisas por ela; Daqueles que achava serem meus amigos, das festas, das garotas a cada noite, entrei numa abstinência de sexo para respeita-la. Acreditando, que um dia, eu seria suficiente para ela. Mas, eu nunca serei.

            Me sento no chão, pego meu celular, ligo para Harry, e faço a coisa mais coerente que posso;  Volto a ser Edward Richards de verdade.

[...]

    Uma semana depois...

       Fazem exatos sete dias, desde a última vez que vi Katherine. Ela literalmente sumiu, Maggie e Nick, tem me ignorado, desde que Hillary anunciou nosso término para toda escola, depois de eu te-la contado. Parei de ficar com eles na hora do intervalo, e voltei a me sentar em minha antiga mesa, voltando pouco a pouco, aos meus antigos costumes.

           Fui há algumas festas com o babaca do Harry, jantei algumas vezes com ele e Hillary, e desde então, venho tentando acreditar que posso ser o Edward de antes, de novo...Mas, cada vez, isso parece mais impossível. Katherine fez algo comigo. Algo, que eu não conseguia mudar.

           Eu mentiria se dissesse, que não estava preocupado com ela. Eu queria saber, como ela estava. Se doía nela, tanto quanto em mim. Se fugir, era sua melhor tentativa de superação. Eu não sabia mais o quer fazer, para aliviar a vontade de ir até ela.

        Minha mãe, assim como todas as outras pessoas, ficou surpresa, quando eu contei que Katherine era uma Evans, mas, ainda sim, ficou alegre por eu ter terminado com ela. Disse, que seu sobrenome e status, não aliviavam o fato de que ela era uma mau-educada.

           Depois que contei a Hill sobre ela ser uma Evans, me arrependi, pois soou errado. Só que não tinha como voltar atrás, a raiva me guiou naquele momento, e isso poderia fazer Kath me odiar, e se ela me odiasse, ficaria longe de mim o bastante, para que eu não tivesse chances de implorar para que ela voltasse comigo.

          Assim, que sai da minha última aula, que era biologia, me conformei com o fato, de que Katherine também não apareceria naquele dia. Preferi, não sair com Harry hoje, inventei que tinha um compromisso com meus pais, e ele acreditou.

              Quando cheguei ao estacionamento, me deparei com uma presença desagradável. O maldito Dean, estava lá, encostado no seu carro, mexendo em seu celular. Isso, bem ao lado do meu carro, após revirar os olhos, fui até lá.

       Abri a porta do automóvel, e bufei de raiva, quando ouvi Dean, falando comigo.

—Você sabe que é um idiota, certo? — arregalei os olhos.

—Como? — questionei incrédulo.

—Você terminou um namoro, com a garota mais incrível do universo, porque é um maldito inseguro. — ele acusa, zombando.

—Qual é o seu jogo? Você fica cheio de deboches, dando a entender, que sempre estará colado a ela, e que sempre será lembrado, e agora me acha um idiota por desistir? Você não quer ficar com ela? Pois, era o que parecia. — grito em sua direção, e ele revira os olhos.

—Se eu quero ficar com ela? — questiona zombando. —Eu quero mais que tudo. Quero desesperadamente, com toda minha alma. — admite, e eu o olho com fúria. —Eu a ama tanto, de uma forma, que você nunca entenderá, ou chegará a amar. — como se ele soubesse dos meus sentimentos. — Mas, eu não posso ficar com ela. — diz convicto. — Eu abri mão de muita coisa, por ela. — fala parecendo sincero, e solto uma risada de escárnio.

—E você acha, que eu não abri? — questiono com deboche.

—Abriu mão, de um título ridículo de popular. — diz com zombaria. — Eu abri mão da minha humanidade. — quando vê, meu olhar de escárnio, ele suspira. —Eu estava no inferno, e fiz uma coisa muito ruim, para salva-la. — esclarece, mesclando a ironia, de nada parecer claro.

—Olha, se acha que vou ficar aqui, escutando seu discurso deprimente, está completamente errado. — aviso.

—Não precisa ouvir tudo, só precisa saber, que se não ficar com ela, vai se arrepender pelo resto da sua vida. — após aquilo, ele entra em seu carro, e dirige, para um lugar desconhecido.

              Entro dentro do meu, e encosto minha cabeça no volante, tentando organizar meus pensamentos. Ótimo, um dos motivos para eu ter terminado com a Katherine, acaba de me dizer, que eu deveria estar com ela.

                 Sem pensar muito, disco seu número no meu celular, e ligo para ela.

             O celular toca algumas vezes, antes de cair na caixa postal.

        Assim, resolvo, deixar uma mensagem de voz, para ela.

—Hey, sou eu...Você provavelmente sabe disso...Não sei bem, porque estou ligando...Mas...Eu te amo, você sabe disso, não sabe? Eu te amo tanto Katherine, que minha vida parece sem sentindo sem você, eu estou perdido, não sei mais o que fazer...Porque você me hipnotizou sua respondona, completamente...Então, eu sei que estou me humilhando ao pedir, mas, por favor, seja sincera comigo, conte-me tudo, então me faça te perdoar. Quero amar, cada parte de você, Katherine, até aquelas das quais você não gosta...Só, me deixe fazer isso... — a essa altura, eu já estava chorando, como um bebezinho, de novo.

[...]

Ponto de vista: Katherine Evans.

   Há uma coisa boa, sobre eu ter quebrado meu celular, depois de ter reencontrado Dean, agora, eu não precisava aguentar, meus amigos me enchendo o saco, durante meu estado de tristeza por tempo indeterminado. Claro, que eles já haviam vindo até aqui, depois que a vadia da Hillary fez questão de espalhar sobre meu término, e sobre o fato de ser um Evans. Edward é um cretino e tenho o dito. Enfim, o foco é, que eles me visitavam com menos frequência do que, me ligariam e mandariam mensagens.

           Ignorei minha mãe como sempre, até quando ela ligou para o telefone residencial da casa, e tenho me saído bem, nisso de ser uma adolescente, viciada em séries e sorvetes depois de ter levado um pé na bunda. Estava começando a entender Maggie.

    Eu precisava de um tempo para mim, só agora, notei que eu nunca tive um tempo de verdade. Para ser uma adolescente normal, com problemas normais. Era revigorante poder fazer isso.

      Dei o play, em mais um episódio de How I Met Your Mother, e revirei os olhos, quando meu pai surgiu na frente da TV, e cruzou seus braços, em uma postura impassível.

—Eu aguentei isso até agora, você me ignorando, fugindo da sua vida, e esses pesadelos que você vem tendo na última semana, e acha que eu não noto...Mas, agora acabou, você é minha filha, e você querendo ou não, tem que dar um jeito de resolver seus problemas, sem precisar acabar consigo mesma, no processo. — ele diz de um jeito firme.

—Lindas palavras, pode me deixar em paz, agora? —questionei arqueando uma sobrancelha.

—Não!. — Diz, então, desliga a TV. —Nós vamos ter, uma conversa sincera agora. — decreta.

—Sobre o que? — quero saber, ajeitando minha postura.

      Ele se sentou na mesa de centro, de frente para mim, e me olhou intensamente.

—Sabe qual foi o dia mais feliz da minha vida? — começou com aquele papo estranho.

—O dia que transou com a mamãe pela primeira vez? — debocho, mas, ele não se afeta.

—O dia em que você nasceu. — engulo a seco. — Eu estava aterrorizado, mas, feliz, como nunca estive antes. Eu era só um adolescente, que tinha passado a noite com a minha namorada de forma desprevenida, e acabei engravidando ela, resultando em um casamento as pressas. Você era a bebê mais linda do universo, e me olhava com esses olhos azuis tão lindos, como se dissesse que a parti dali, eu nunca mais estaria sozinho, e eu disse a mim mesmo, que também nunca te deixaria. — ele diz com a voz embargada, e meus olhos começam a marejar. —Você deu sentido a minha vida, e tudo que sempre quis, foi que você tivesse orgulho de ser minha filha. Mas, eu errei tanto com você. Quando precisou de mim, eu não estive lá. E eu me odeio por isso, Katherine. Me odeio, por não ser o pai que você merece. Me odeio, por cada vez, que tento fazer a coisa certa, e acabo te machucando, pois na verdade é a errada. Odeio o fato, de não estar lá para te proteger, quando a vida foi tão cruel ao te quebrar. E acima de tudo, tenho orgulho, pelo que você foi capaz de enfrentar, e por ainda estar aqui, lutando.

—Eu precisei de você, e você tem razão; Nunca esteve lá...Dean foi a única pessoa, que sempre esteve, e ele quebrou o que restava de mim, pai...E agora, não sei se consigo mais...Lidar com a dor. — admito aos prantos.

—Eu preciso que você me perdoe, Katherine...Porque, eu não tenho mais nada...Mas, acima de tudo, preciso que você se perdoe.

—Tudo bem. — cedo, com um suspiro, e ele arregala os olhos.—Está perdoado.  — complemento, e em resposta a isso, ele me abraça de um forma, que eu sempre precisei que ele fizesse. E dentro daquele abraço, eu soube, ele me amava, tanto ou mais do que eu amava ele.

[...]

   Estava em uma luta difícil, com o liquidificador, enquanto tentava fazer um Milkshake decente. Não é porque fiz as pazes com meu pai, que eu deixaria minha crise de menininha de lado. Eu precisava de um pouco de açúcar.

                   Para meu desagrado, Dean adentrou a cozinha, enquanto eu colocava o liquido em um copo de vidro. Ele estava me ignorando, e abriu a geladeira, em busca de água, pelo que parecia. Até que, não estava sendo tão terrível ele estar morando aqui. Digo, eu achei que ele me incomodaria mais, mas, o mesmo nem ao menos fala comigo. O que era bom, e ruim ao mesmo tempo. Eu sentia falta, até de brigar com ele.

         Dean estava se comportando, para voltar para casa mais cedo, e eu não sabia, se no fundo, eu queria que ele fosse mesmo.

—Posso te perguntar, uma coisa? —questionei de súbito, e ele assentiu, hesitante.

—Há alguns dias atrás...Eu te vi falar com o Nick, sobre o que conversavam? — ele não parecia incomodado com a minha pergunta.

—Sobre você...Eu estava perguntando a ele, porque a tal Hillary te odeia. — explica.

—Por que iria querer saber isso? — questiono sem entender.

—Curiosidade. — diz dando de ombros, e quando nota meu olhar, suspira e fala a verdade. — Porque me importo, e é uma droga se importar. — fala largando a água sobre o balcão.

—Eu que o diga. — debocho, então também deixo meu lanche de lado, e passo a brincar com uma flanela que está na pia, ficando de costas para Dean.

         Antes conversávamos sobre tudo de forma fácil, e agora quando não estávamos brigando, conversávamos desse modo estranho.

—Foi minha culpa. — ele disse do nada, com a voz suspeita, e eu me virei, confusa. Então,  vi, algo que me assustou como o inferno; Dean estava chorando. — A culpa da Blair estar morta é minha. — sinto o impacto daquelas palavras, e me encosto no balcão, tentando engolir as lágrimas. — Sei, que sempre precisou ouvir essas palavras.  E eu nunca disse, porque uma parte egoísta de mim, queria que você também sentisse culpa. — fala, ainda afetado, enquanto, eu já chorava copiosamente. — Eu te escolhi, porque te amo e você sabe disso. — afirma com toda certeza que tem. —Sabe, que eu faria qualquer coisa por você, mesmo que isso significasse dar uma sentença de morte a minha melhor amiga. — solucei. — Sabe, o quão  difícil, é ficar longe de você, e fingir que sou indiferente ao fato de que você me ama, assim como eu amo você? Eu não posso mais te machucar.  Porque você é a pessoa que eu mais amo no mundo. Te amo com cada poro, célula e órgão do meu ser. E eu te quero tanto Katherine, tanto que dói, mas, eu e você juntos, só causamos caos. — decreta chorando ainda mais.  — Quando você voltou do hospital, e me encontrou com a Tiffanny... — aquela lembrança ainda dói muito. — Foi de propósito, combinei com ela, para que você nos visse juntos. — arregalei os olhos. — Eu precisava que você perdesse as esperanças, em relação a mim, que se libertasse desse sentimento. — suas palavras me fazem arfar.

—Bem... — tento falar. — Você não libertou, ainda está aqui dentro, junto com as outras coisas ruins. Meu coração se recusa a desistir de você. — conto, dando de ombros. — Mas, ele também o escolheu...Edward...Eu o amo...Não entendo porquê, é como se uma força maior, me dissesse que é o certo a se fazer, mas, eu o amo, e o machuquei, por sua causa, porque é isso que nós dois fazemos Dean, nós machucamos quem está a nossa volta, quando achamos que conseguiremos lidar com esses sentimentos. — comento com a voz rouca.

—Eu não durmo, fico somente pensando naquele dia, quando eu tirei a oportunidade da Blair de viver, e não importa, quanto digam que a escolha não era minha. Nós dois sabemos que era. — me diz sofrendo. — Mas, quer saber? A pior parte é que eu não me arrependo...Eu nunca abriria mão de você, Katherine. — decreta cruel

—Você disse que enfrentaria tudo ao meu lado, mas, fugiu. — acuso desesperada.

—Sou um covarde. Posso lidar com isso. — ele se dá ao direito de zombar, em uma hora dessas.

       Me aproximo dele, de forma, que ficamos de frente um para o outro, e suspiro.

—Por que você me deixou? — eu tenho que saber.

—No fim, sabemos, que eu nunca te deixei. — aquela é a mais pura verdade.

            O encaro intensamente, e para minha surpresa, uma mão dele, acaricia meu rosto, de forma tortuosa. Arfo, e em resposta a isso, Dean faz algo errado, ele cola seus lábios nos meus, e nossas lágrimas fazem o beijo se tornar salgado. Movo minha cabeça, para aprofundar a caricia, enquanto meu corpo, tenta se acostumar de novo, com aquele toque tão costumeiro, sinto como se tivesse desesperada para senti-lo de novo. Minhas mãos tremem, e o ar me falta, a medida que Dake me puxa pela cintura e cola seu corpo no meu. Fazendo com que meus pelos, se arrepiassem.

           Ele me olha daquele jeito que eu tanto amo.    

    Que se dane a sanidade, o controle ou os receios.

           Puxo sua nuca, e mordisco seus lábios de maneira sensual, enquanto sinto ele se excitar com minha ação.

         Era tão bom, tão viciante e tão tentador. Dean se afasta para me encarar mais uma vez, ele queria confirmar, se aquilo era real.

     Saltei e em um movimento previsível, ele fez com que eu enroscasse minhas pernas em sua cintura. Então, aquilo soou como uma boa confirmação.

—Vamos para o seu quarto. — peço.


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Notas finais do capítulo

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