Um amor de outra vida escrita por Maria Vitoria Mikaelson


Capítulo 55
Nova Fase - Discursos Ensaiados.


Notas iniciais do capítulo

Esse é o capítulo, com mais emoções dessa temporada!
Boa Leitura!



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      Não quero alguém que fale “Ei, não chora. Não vale a pena chorar.” Quero alguém que diga “Pode chorar, eu estou aqui com você”.

 (Música do Capítulo)

Ponto de vista : Katherine Evans.

Enquanto eu caminhava com Edward e meus amigos pelo corredor principal da escola,as coisas pareciam estar normais.Mas ao meu ver só pareciam.Eu estava simplesmente fingindo que Dean não estava aqui,e que eu não estava afetada com sua presença.Havia beijado Edward daquela forma em frente ao colégio para que o Walker visse que eu estava bem ciente do que eu queria...Mas a questão era:Eu realmente estava?

    Aperto a mão de Edward,querendo me sentir tranquila, e não demora para eu me sentir assim.É claro que eu estava ciente do que eu queria.Era Edward.Não foi desde sempre,mas era agora.Era,porque aquele popular que antes eu considerava um babaca,despertou algo em mim.E mesmo eu dizendo que o amava,não parecia ser só amor,era algo mais que isso,muito  mais.

    Direciono um sorriso a ele,que é retribuído.Ele confiava no que eu dizia sentir por ele.Eu só tinha que confiar nesses sentimentos também.Edward era o meu farol,e de qualquer forma eu daria um jeito de voltar para ele,se adentrasse a escuridão de novo.Edward era a minha âncora,e quando eu estivesse enlouquecendo novamente,ele me prenderia a sanidade.Edward era todos os termos que englobassem o amor que pudessem existir.Nele eu me perdia e também me achava.

   Meu momento de reflexões acaba quando Hillary surge,saindo de um sala.A loira,usava um tipoia no braço,e exibia um pequeno curativo em uma das sobrancelhas.Mas a superioridade ainda estava lá, bem clara e nítida em seu rosto. Ri por isso —com escárnio é obvio —.

—Como está,Hillary? —indaguei.Não estava fingindo preocupação ou algo do tipo.Só estava sendo cordial.

—Como eu pareço estar? —sua resposta foi irônica.Arqueei uma sobrancelha,com deboche.

—Tão insuportável quanto sempre. —fui sincera,e ao meu lado Edward tentou abafar uma risada.Isso mesmo! Tentou.A Potts revirou os olhos por minhas palavras.

—Aposto que está feliz por seu amiguinho californiano quase ter me matado. —ela disse com escárnio,tal como o meu sorriso anterior.A menção de Dean me fez ficar tensa no mesmo instante.Droga! Eu precisava me controlar.

—Acredite ou não,eu estão tão feliz quanto você com esse acidente. —murmurei irônica.Não me referia exatamente ao acidente,mas sim ao fato de Dean estar aqui para causa-lo.

—É meio dificil de acreditar,levando em conta que você me odeia. —nem mesmo toda quebrada ela deixava aquela postura de deboche de lado.

—Eu também odeio o clima frio de New Town e nem por isso quero que a cidade pegue fogo. —retruquei no mesmo tom,e percebi que logo mais a situação sairia do controle,quando senti Edward apertando meu braço levemente,então suspirei fundo.

—Que lindo,é só mais um da corja californiana aparecer que ela fica mais solta ainda. —provocou irônica.Estava pronta para responder a altura quando Xavier Stewart apareceu no corredor.Nosso adorável professor de Artes,observou minha posição de embate com certa cautela,e eu contive meus impulsos.

    Ele deveria estar muito irritado por meu comportamento na última vez que nos vimos,e se ele normal já era chato,imagine irritado.O Stewart ajeitou a armação dos seus óculos,enquanto avaliava o grupo de pessoas no qual eu estava incluída.

—Já que chegaram agora não devem saber;a diretora quer que todos compareçam ao refeitório,será lá que ela os dará o castigo por todo o ocorrido da lavagem de carros. —avisou com seu tom “Pareço sério,mas na verdade sou um baita intrometido”.

        Agradeci mesmo que estranhamente por esse castigo,afinal ele chegou em boa hora,pois seu eu continuasse ali seria presenteada com uma bela suspensão por agredir fisicamente uma garota que aparentemente está indefesa.Digo aparentemente ,porque mesmo naquela situação Hillary Potts ainda era a criatura perigosa de sempre.

    Me preparo para ir até o refeitório com meus amigos,quando Xavier barra meu caminho,arqueio uma sobrancelha para ele,sem entender sua ação.

—Onde pensa que vai, Katherine? —sua pergunta faz com que eu deixe minhas sobrancelhas franzidas.

—Para o refeitório. Onde a diretora nos espera. — falo pausadamente para que ele entenda.

—Você não está incluída nesse chamado,já comuniquei a diretora que cumprirá seu castigo na minha sala. —seu aviso,me faz ficar incrédula.

—Só por que eu fui um pouquinho grossa com você?Eu sou grossa com a Maggie o tempo todo e nem por isso ela toma esse tipo de decisão ridícula. — meu protesto faz com que minha melhor amiga me olhe indignada.Hillary ri pelo meu castigo diferente,e Xavier não dá a miníma para minha reclamação.

—Se não quiser que seu castigo aumente, sugiro que me siga até a sala de Artes. —falou como se houvesse outra opção agradável que não fosse ir com ele.

    E ainda me perguntam porque eu não gosto dele.

   Sabe aquilo de agradecer pelo castigo...Eu estava errada.Muito errada.

   Sem opções realmente o sigo até sua sala,me despedindo de Edward com o olhar.Minha má vontade de cumprir esse castigo especial é tanta,que eu me pergunto como o chão não rachou com a força com que eu pisava nele.

    Ele abriu a porta da sala vazia para mim,como um cavalheiro faria,e eu lhe olhei com tédio.Larguei minha mochila em uma das cadeiras desocupadas,e sentei de qualquer jeito em outra.

   Aquilo poderia parecer rebeldia,mas era só minha forma de protestar contra a injustiça cometida ali.Porque eu não podia ir cumprir castigos com os outros? Porque tinha que ser com ele? Eu aceitaria até o professor Connor,mas não esse intrometido ai.

—Então...O que farei nesse castigo? Anotarei em um caderno 100 vezes que nunca mais serei grossa com você?  Sinto muito, mas,  eu estaria mentindo. — fui irônica,enquanto o encarava com os braços cruzados. Ele havia se encostado em sua mesa e me olhava de uma maneira séria.

—Seu castigo é conversar comigo. —contou.

—Oh...Isso realmente parece um castigo...É cruel de mais. — falei com um sorriso de escárnio. —Sobre o que falaremos? Sobre seu casamento fracassado? —É!Eu realmente estava me sentindo injustiçada. Ele não se afetou com minhas palavras.

—Sobre Dean Walker...Seu passado na Califórnia...Seu passado aqui. —aquilo teve o poder de me desarmar.Fingi não estar destabilizada com aquilo,e me fiz de desentendida.

—O que falaremos sobre o novato? —indaguei, me negando a acreditar que ele sabia.

—Eu sei de tudo, Katherine. —revelou e aquilo me atingiu. —Sempre soube...Antes de sua chegada na escola, seu pai teve uma conversa privada com alguns membros superiores do conselho, ele queria que soubéssemos com quem estávamos lidando...Quando a conheci duvidei que você fosse a pessoa que ele descreveu...Só que ontem eu vi aquela pessoa desenhada por William Evans...E aquela pessoa despertou por algo...Ou melhor dizendo:por alguém. — desconfortável era pouco para definir como me senti sobre aquilo.

—Por que nunca disse a Edward o que sabia? —perguntei num fio de voz.

—Não era meu segredo.E se estou dizendo o que sei agora é porque vejo que você precisa desabafar. —tentou ser solidário.

—Não com você. —neguei.

—Todos os seres humanos tem um lado escuro Katherine, um passado que não querem que ninguém descubra,uma decisão errada da qual se arrependem amargamente...Não acha que está se cobrando de mais com isso tudo? Está cobrando de si mesma uma perfeição que nunca existirá. —ele ia continuar,mesmo se eu não quisesse.

—Esse meu lado escuro,como você define...Me consumiu. Então me desculpe por não querer falar sobre isso. —ai estava meu senso de defesa de volta.

—Eu vi uma garota dançando com o cara que ela gostava na festa dos fundadores, os olhos dela brilhavam e mesmo que fosse de dia, eram como dois vagalumes.Não consigo acreditar que aquela mesma garota deixaria algo escuro a consumir. —aquilo me surpreendeu.

—Você sabe de tudo mesmo? — quis confirmar.

—Cada detalhe. —contou.

—Você leu os relatórios do hospital, certo? —indaguei num tom baixo.

—Sim...Vi que fez terapia por um tempo,mas não apresentou resultados. —É!Ele sabia de tudo mesmo.

—Quando eu era pequena... —iniciei e vi uma sombra de sorriso aparecer em seu rosto.Acho que pensando que eu estava começando a ceder. —...Mais especificamente quando saí de New Town e fui para Califórnia; comecei a ter sonhos estranhos, com coisas desconexas;Uma garota do século passado, neve, um homem sendo separado dela, sangue,dor...Eu tinha medo daqueles sonhos, eu era só uma criança e não sabia o que significavam,mas eu sempre tive a certeza que significavam algo.Contei a minha mãe e ela disse que aquilo só era resultado da minha mudança, que eu não estava acostumada com LA, disse que era uma fase e que aquilo passaria...Mas não passou... —a essa altura eu sentia meus olhos marejarem,eu nunca havia falado de forma sincera sobre aqueles sonhos com ninguém,mas ele precisava saber sobre aquilo,para entender o quão complicado era para mim, a situação com Dean. —...Eu cresci,e eles ainda estavam lá,eles faziam parte do que eu era, não me acostumei,mas aceitei que eles continuariam lá...Eu odiava a sensação de fragilidade que eles me passavam, era como se eu estivesse perdendo uma parte de mim em cada sonho... —eu já tinha a voz embargada. —Eu queria que eles sumissem...Então aquilo aconteceu, e de alguma forte aquele momento também se fixou em mim. E mesmo com as terapias eu sonhava com aquela noite,eu podia sentir cada coisa que senti naquele instante, eu ouvia a voz da Blair,se misturando com o que eu achava ser minha última respiração...Eu podia descrever tudo com riqueza de detalhes...Nesse meio tempo os sonhos estranhos sumiram...Mas eu quis a agonia deles de volta,porque nenhuma dor era tão forte quanto os sonhos que se sucederam após aquilo. —o encarei e vi que ele me olhava estático.

 —Então...Seja o que for que tem a dizer a favor da minha situação com Dean,não diga...Não vai adiantar,porque quando eu fechar os olhos,aqueles momentos ainda estarão lá,e ainda doerá,e Dean é como aqueles sonhos; Ele é a lembrança constante...Ele é o álcool na ferida...E se você não sabe ele está morando na minha casa...Então eu garanto que se eu quiser colocar para foraos sentimentos que tenho em relação a ele,não preciso conversar com você sobre isso...Pode me dar uma suspensão,mas não ficarei aqui,fingindo que acredito que quer me ajudar,quando na verdade sei que há uma parte em você que me considera mais culpada do que Dean. —meu discurso finalmente o despertou. Xavier suspirou.

—Conte para Edward. —aquela foi sua maravilhosa sugestão.

—Se eu contar, ele nunca mais me verá como a Katherine pela qual ele se apaixonou. —afirmei fria.

—Tem razão...Ele deixará de te ver como a garota acanhada pela qual ele se apaixonou,e te verá como a garota forte,decidida,e objetiva que você sempre foi...Uma antiga professora sua,uma que fez seu relatório disse as seguintes palavras “Nunca conheci ninguém como Katherine Evans; ela pode ser uma pedra de gelo,constituída por indiferença.Mas ela também pode ser quente,se ela quiser te queimar,basta um olhar...Ela tem foco e ela sabe o que quer.” —eu sabia de quem se tratava aquela frase e foi impossível não sorrir.

—O fogo se foi. —constatei

    Xavier abriu uma das gavetas de sua mesa, e para minha surpresa retirou algo de lá.Era um isqueiro, ele me jogou e com maestria eu o capturei. Me perguntei naquele instante se ele fumava,mas não o questionei sobre isso.

—Então o acenda. —parecia uma ordem.Me virei pronta para ir embora,mas não demorei a desistir.

—Obrigada. —aquele momento havia me feito bem de alguma forma.

—Você ainda tem um tempo de castigo,quer continuar conversando? —indagou solicito.

—Eu quero abraçar Edward. —surpreendi a mim mesma por admitir isso em voz alta. —Eu realmente quero abraça-lo. —reafirmei.

  —Então faça isso. — diz com um sorriso.

Ponto de vista: Edward Cullen.

        Ainda não estava lidando nada bem, com o fato daquele idiota loiro parecer ter um passado com minha namorada, mas,  estava tentando me controlar para não socar a cara arrogante dele. Eu não seria um babaca. Não estragaria as coisas com Katherine, agora que estávamos bem de verdade. Ela me amava, eu o amava. Ela não sabia sobre a aposta, nem descobriria, e o maldito arrogante não se intrometeria no nosso relacionamento.

                   Acho que eu estava o encarando com fúria, enquanto limpava algumas mesas no refeitório, pois ouvi Maggie murmurar as seguintes palavras:

—Dá para fingir que não quer esganar ele? — ela questionou com os olhos verdes, me alertando que eu deveria parar.

—Tudo bem. — falei baixo, então desviei meu olhar. Focando, dessa vez em Hillary, que estava sozinha, encostada em uma das paredes do salão. Parecia triste, mas ignorei aquilo, sabendo que não passava de mais um teatrinho seu. — Acha que Kath vai demorar? — perguntei a melhor amiga dela, que deu de ombros.

—Não...Quer dizer, eu não duvido de que ela vá dizer alguma grosseria para o professor Xavier. Ela não vai muito com a cara dele e tenha que ficar mais tempo lá. — ela diz divertida.

—Não entendo porquê. Xavier é legal. — digo, franzindo as sobrancelhas.

—Bom, a maior parte da humanidade não entende Katherine. —zomba, e eu noto que ela está alegrinha demais.

—Por que está assim? — dou voz as minhas dúvidas.

—Assim como? — questiona, esfregando uma mesa.

—Feliz e brincalhona. — esclareço.

—Tive um bom encontro ontem. — diz, sem dar muita importância.

—O cara não era um babaca? — pergunto divertido.

—Ele era comprometido. — diz direta.

—Isso parece grave. — pontuo.

—Foi um encontro de amigos. — conta, mas parece que no fundo não acredita em suas próprias palavras.

—O que Nick achou disso? — questiono curioso, e ela revira os olhos.

—Você está perguntando demais, Richards. — afirma.

—Só estou tentando me distrair, para não ir até aquele babaca californiano e bater muito nele, por parecer ter um passado com a Katherine. — digo a verdade e ela suspira.

—Todos tem um passado, Edward. — é claro que ela vai defender a amiga. —Eu era praticamente uma vadia, há algum tempo atrás, e você um galinha incorrigível, e eu tenho certeza que não acrescentaria em nada em sua vida, saber qual foi o pecado passado da Katherine. — tenta soar sábio.

—Então,  ela tem um passado com ele? — aquilo é como se ela confirmasse isso.

—Não estou dizendo isso...Só estou dizendo, que se ela tivesse, você não deveria surtar. — fala, tentando não falar demais.

                Tento não pensar mais naquilo, enquanto cumpro meu castigo, mas, sem que eu perceba meus olhos estão novamente no babaca, que falava com Nick. Ótimo, então meu melhor amigo estava do lado do idiota agora? Espera...Quando Nicholas Adams virou meu melhor amigo?

                     Reviro os olhos, eu estava ficando patético e inseguro. Foi nisso que Katherine me transformou, que beleza.

                Falando nela, abro um sorriso mais patético do que meu comportamento, quando avisto a dona do olhos mais bonitos e misteriosos da terra, adentrar ao refeitório, de forma hesitante. Ela parecia ser de novo, aquela garota anti social, que tinha medo. Um medo que era desconhecido por mim. Mas, no momento que ela olhou para o idiota que ainda conversava com Nick — o mesmo não fazia nada, porque não tinha participado da confusão no dia da lavagem de carros, pelo menos não no começo. — Eu notei. Era dele que Kath tinha medo. Não dele fazer algo com ela. Kath tinha medo, do que parecia sentir ao estar perto dele.

           Eu a conhecia bem demais agora, para não notar suas mãos tremendo, seu peito subindo e descendo lentamente, por conta de sua respiração ofegante, e principalmente seus olhos, que demonstravam várias emoções.

                         Senti uma dor, que nunca havia sentido antes, uma mistura de perda com traição, mas, sorri falsamente para camuflar isso, esperando que quando ela virasse o rosto na minha direção, ela pudesse não notar meu estado.

            Mas, então, algo aconteceu, e todas minhas teorias anteriores perderam o sentido. Katherine olhou para mim, e em seus olhos, eu vi alivio, certeza e amor. Havia muito amor ali. Ela me lançou um daqueles sorrisos, que eu tanto amava e começou a andar em minha direção.

         Larguei a flanela que estava em minhas mãos, quando ela me abraçou, e a apertei contra mim, assim que notei que Katherine precisava daquilo. Senti seu cheiro tão agradável e beijei seus cabelos com todo carinho que pude.

              Naquele momento, liguei o modo “dane-se” para o babaca. Não era ele, que tinha Katherine nos braços, não era para ele, que ela correria quando precisasse de um abraço. Era eu. Conquistei esse direito, com paciência e dedicação.

—O que aconteceu? — perguntei de modo baixo, preocupado.

—Eu só notei...Que nunca tinha mostrado, o quanto você é importante para mim. — ela diz, então sai do abraço, para me encarar. —No começo, você só era o cara babaca, que eu tive o desprazer de conhecer. — engoli a seco, com suas palavras. — Mas, você se tornou tudo. — arregalei os olhos. — O motivo do meu sorriso, da minha irritação rotineira, o motivo da minha saudade. — fala sorrindo.

—Por que está dizendo isso? — questiono sem entender. Mas, feliz.

—Porque você precisa saber. — me comunica, e eu dou um sorriso, encostando nossas testas.

—Quando nos tornamos tão patéticos? — pergunto para descontrair, e ela ri.

—Quando começamos a namorar. Eu acho. — entra na brincadeira, e une nossas mãos. Sem ao menos se preocupar com o fato, de que tem um monte de gente no refeitório.

—Okay, o que eu vou dizer agora é a coisa mais idiota que poderia dizer, mas quero falar. — aviso, e ela suspira.

—Você é Edward Richards, dizer coisas idiotas é um talento seu. — zomba, sendo a Katherine.

—Quero ficar com você para sempre. — ela fica estática com as minhas palavras. — Tipo, para sempre mesmo. — reafirmo.

                Katherine não diz nada, em vez disso, ela me beija. Só, que nós dois sabemos, que ela fez aquilo, apenas para me calar, e não retribuir minhas palavras. Por hora, sigo o conselho de Maggie, e resolvo não surtar.

[...]

Ponto de vista: Katherine Evans.

     Quando o castigo é dado por encerrado, pela diretora Hastings, todos seguem para a aula de Literatura coletiva da professora Lana, no ginásio de basquete. Vou de mãos dadas com Edward, sendo seguida por Maggie. A mesma estava conversando com Maurício por meio de mensagens. Coisa de irmão, segundo ela.

                 Tentei ignorar Dean, desde que tive aquela conversa estranha com Xavier, mas quando cheguei ao refeitório, foi impossível não olhar para ele, e ser atingida com lembranças. Boas lembranças, para ser mais especifica.

               Estranhei o fato de Nick estar conversando com ele, mas, perguntaria isso ao Adams depois.

         Nos acomodamos na arquibancada, e vi que Dean se sentou ao lado de Harry, não me surpreendi, um babaca se dá bem com outro. A professora Lana fez aquela idiotice de fazer o “Novato” se apresentar, e as meninas pareciam bem animadas para saber mais sobre Dean. Se elas quiserem posso fazer uma lista, ditando os mil motivos pelos quais elas deveriam não se envolver com ele. Mas, dane-se.

—Falaremos de Shaskepeare na aula de hoje. Já que faremos uma peça, nos baseando em uma obra dele. — reviro os olhos por conta das palavras de Lana, e espero que ela torne aquilo ao menos interessante. —Vários livros deles, estão inclusos no programa escolar daqui, e eu realmente espero que tenham lido, pelo menos um, para que possamos discutir e comentar sobre suas obras. — ela prossegue com sua aula, e eu encosto minha cabeça no ombro de Edward, que abraça minha cintura. — Primeiramente, vou pedir que cada um de vocês, fale uma frase dele, ou um trecho de algum livro que ele escreveu e depois me contem porque escolheram determinada frase ou trecho. — comunica com animação e eu suspiro. —Maggie, pode falar. — pede e minha melhor amiga, pensa um pouco antes de dizer.

Só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame, não significa que esse alguém não o ama.”  — ela pronuncia a frase, e para seu total desconforto, Nick a encara, como se tentasse entender aquilo.

—É uma bela frase, por que a escolheu? — Lana questiona.

—Porque às vezes, por mais que queiramos, não conseguimos retribuir o sentimentos das pessoas que nos amam...Pelo menos, não no momento certo. Mas, de alguma forma, amamos essas pessoas, não do jeito que elas querem ou merecem. — parece confuso para todos, mas para Nick e eu, faz todo sentido.

—Hillary. —  ela pede, encarando a loira.

—“A raiva é um veneno que bebemos esperando que os outros morram.”  — não poderia ter escolhido palavras mais verdadeiras.

—Explique-se. — Lana solicita.

—Não há o que explicar, a frase fala por si só. — diz arrogante, e a professora resolve ignorar.

—Nicholas. — chama e ele tosse antes de falar.

—“Nem palavras duras e olhares severos devem afugentar quem ama; as rosas têm espinhos e, no entanto, colhem-se.”  — fala em seu tom mais sereno, e eu percebo que aquela aula estava se transformando em um jogo de indiretas, e eu esperava não me afetar.

—O que quis dizer, a escolhendo? — Lana indaga.

—Que não se deve desistir de quem se ama. Mesmo, quando parece que tudo está perdido. — Jane parece ter levado um soco com aquilo e Maggie se encontra surpresa.

                Assim, ela segue perguntando para todos os outros, e recebendo respostas estúpidas dos caras do time, que nem ao menos diziam frases que eram realmente de Shakespeare.

              Estava preocupada, até agora, ela não havia chamado nem a mim, Edward ou Dean. Será que essa mulher, sentia que havia uma tensão entre nós, e resolveu nos deixar por último?

—Edward. — ela pede que ele fale e meu namorado aperta minha mão direita levemente.

—“O amor dos jovens não está no coração, mas nos olhos.”  — dei um sorriso por aquelas palavras, e o encarei, me lembrando de todas as vezes que nos fitamos com intensidade.

—Bom, eu acho que essa não precisa de explicação, vejam como esses dois se olham. — ela brinca e nós rimos. Dean, por sua vez, suspira entediado.

—Dean. — chama ao notar sua reação, e sorri para ele, que assente.

—“Se você ama alguma coisa ou alguém, deixe que parta. Se voltar é porque é seu, se não, é porque jamais seria.”  — suas palavras me afetam a um ponto que lágrimas se formam em meus olhos.

—É uma bela frase. — Lana diz, esperando uma explicação.

—Para mim, ela quer dizer, que às vezes, é necessário desistir daquilo que se ama, para ter certeza se aquilo te pertence de verdade. — diz aquelas palavras com a mais profunda hipocrisia, e antes que eu perceba, falo algo impróprio.

—Ou às vezes, você só é covarde o suficiente para deixar o que mais ama ir. — falo, e toda atenção se volta para mim. Edward solta minha mão, e eu me arrependo do que disse, no mesmo instante.

—Talvez, o que você mais ama, não é de fato o que você pode ter. — retruca, sem parecer se afetar com meu comentário, e aquilo me irrita ainda mais.

—De qualquer forma, você não saberia. — pronuncio essas palavras lentamente.

—Como você sabe disso? Nem me conhece. — debocha.

—É só olhar para você, nunca deve ter tido alguém que te amasse e fosse reciproco, para deixar ir. — a Katherine do passado, mostra as caras.

—Na verdade, eu tive. Uma pirralha quebrada, que tinha tendência a ser idiota. — solto uma risada de escárnio, e adoro o fato da professora, não ter nos interrompido. Ao contrário, a mesma parece estar adorando nossa “Discussão literária”.

          Sem que eu perceba, estou de pé, bem de frente para ele, que também se levantou e me encara em tom de desafio.

—Aposto que era uma pirralha, que mexia com cada parte sua; Com seu coração, sua alma e seu corpo. — digo entredentes.

—Não, era só uma mimada, que achava que podia me dar algum tesão. — Oh, estamos indo para esse lado agora?

—Eu acho que ela dava, para os outros caras, com quem foi para cama, enquanto você perdia tempo sendo um idiota com ela. — vejo uma pitada de raiva no olhar dele, e lhe lanço um sorriso.

—Ela era uma vadia, realmente. — ofende,e eu quase dou um passo para trás.

—Aposto que ela te enlouquecia. — debochou.

—Completamente. — admite. — Com todo aquele atrevimento, teimosia, e aquela incapacidade de aceitar ordens. Ela tinha os olhos mais corajosos que eu já vi, os comentários mais irritantes, e tinha o pior dos defeitos; Ela fazia qualquer babaca cair na dela. — Okay, por essa eu não esperava.

—Certo, já chega. — Lana pronuncia por fim. —Sua frase, Katherine. — Pede.

—“Duvides que as estrelas sejam fogo, duvides que o sol se mova, duvides que a verdade seja mentira, mas não duvides jamais de que te amo.”  — saiu automaticamente, e sem que eu note mais uma vez, eu disse tudo.

        Era isso, não tinha como fugir. Dean me afetava, mais do que eu queria. Dean mexia comigo, em todos os sentidos, e ele sabia disso, e enquanto pudesse, usaria aquilo ao seu favor.

—Por quê? — a professora quer a maldita explicação, lanço um olhar para Edward, que está chateado, e engulo a seco, antes de ser sincera.

—Porque existem alguns sentimentos, que estão nas suas veias, e por mais que você queira elimina-los, não se pode. Porque, chega um momento, que você passa a precisar deles, mesmo eles sendo tão ruins e cruéis. — falo, ainda olhando para Dean, que pela primeira vez desde que chegou aqui, me olha de um jeito preocupado de verdade.

               A aula acaba, antes que eu possa falar qualquer outra bobagem, e para meu total desespero, quando isso acontece, Edward pega sua mochila, e sai esbarrando nas pessoas, com a intenção de sumir daqui, sem se preocupar com nossa próxima aula de biologia. Sem pensar duas vezes, o sigo, sob os olhares atentos de todos.

           Eu sou uma idiota.  É o que penso, a medida que grito para que ele pare e me ouça. Posso dar uma explicação, mesma que ainda não saiba qual.

          Edward me ignora com frieza, e assim segue o caminho até o estacionamento. Solto um palavrão, quando saímos da escola e o ar frio nos abraça de forma rotineira. O Richards continua a andar até seu carro, e eu noto, que se não fizer algo agora, irei perde-lo. Edward precisa que eu confie nele e só posso fazer uma coisa para que ele saiba que eu confio.

É Evans. — grito e  ele estanca no lugar, em seguida vira-se lentamente, enquanto eu ofego. Era isso, minha vida era assim, uma hora ele se declara dizendo que quer ficar comigo para sempre, e outra hora foge de mim, em um momento sou a garota dos mistérios, e no outro estou revelando um dos meus segredos. A maravilhosa vida de Katherine.

—O que? — indaga sem entender.

—Meu sobrenome...É Evans. — simplifico, uma dúvida que sempre esteve em sua mente. —Sou a filha problemática, de William Evans, aquele cara que você viu jantando comigo em um restaurante, há muito tempo atrás, era meu pai. Sou a porcaria da herdeira, do maior império de New Town. A garota que foi expulsa da casa da mãe, por seu comportamento nada exemplar. Moro em uma mansão irritantemente enorme, tenho os melhores carros na minha garagem, e um cartão de crédito ilimitado. — solto tudo de uma vez, e eu sei que em sua cabeça, tudo começa a fazer sentido, tanto que ele suspira com todas essa informações.

—Tudo faz sentido. — dá voz aos meus pensamentos.

—Xavier sempre soube, Maggie sempre soube, e eu não pensei em te contar. — sou sincera.

—Claro que não. — diz com ironia.

—Você humilhava a todos com seu grupinho ridículo, e eu não queria ser parte daquilo, porque sabia que se soubessem sobre minha grana iriam querer me incluir. — falo o que acho e ele ri com escárnio.

—Você disse que me ama, mas não confiou em mim o suficiente para contar uma coisa malditamente importante sobre você. — ele berra.

—Não confiei em você? — repito e dou uma risada. —Sabe aquele idiota lá dentro. — aponto para escola. — Ele pisou em mim, me machucou e depois cuspiu em cima do que eu sentia por ele. — revelo de uma forma leve, e Edward revira os olhos. — E depois disso, me forcei a aceitar que nunca deixaria ninguém se aproximar daquela forma de novo. Mas, deixei, você. Porque eu amo você, seu idiota. E pode apostar, que se não amasse, seria nas drogas dos braços dele que eu estaria agora. — grito também.

—Ótimo consolo. — debocha.

—Você vai ser infantil depois de eu ter te dito o que disse? — indago sem acreditar.

—Eu tenho o maldito direito de ser infantil, Katherine. O que me garante, que nesse exato momento, não está falando comigo, mas com vontade de abrir as pernas, para o idiota que você deve confiar mais do que eu? — questiona em fúria, e eu dou um passo para trás, ofendida.

 —Não tenho como garantir. — digo e ele revira os olhos. — Não posso garantir nada, para esse Edward babaca, diferente do Edward pelo qual me apaixonei. — afirmo.

—Você é inacreditável. — afirma rindo com escárnio. —Quer saber? Esse sou eu de verdade, não o estúpido que você me transformou. Cansei de você, dos seus segredos, do fato de você ser incompleta, cansei de acreditar que em algum momento você estará pronta. Sinto que só existo em uma parte de sua vida, e isso não é o suficiente para mim. — aquilo parece um fim para nós, por isso não impeço que as lágrimas desçam por minha face.

—Eu sinto muito. — é a única coisa que posso dizer.

—Não mais do que eu. — após aquelas palavras, me deixa sozinha e vai embora em seu carro.

          É oficial, Dean destruiu mais uma vez tudo. Ou, fui eu. Como sempre. Quando me viro, vejo que ele está lá, e que pela sua expressão noto que ele presenciou, parte da minha discussão.

—Eu te odeio. — sou sincera, e ele suspira. — Por que eu? Por que você decidiu me quebrar assim? — questiono desesperada e ele não diz nada. Esse é o problema, Dean nunca diz ou faz nada.

 


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Notas finais do capítulo

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