Tentação escrita por MePassaAManteiga


Capítulo 9
- Capítulo 9




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“Tudo bem”, pensei, “Você só precisa mover seu corpo para cima e PIMBA, estará em pé”, pensei mais uma vez, eram quase oito e meia e já estavam na segunda aula uma hora dessas e eu estava em casa, no meu quarto tentando criar coragem para me levantar. Eu poderia faltar, mas a Sra. Gil iria colocar pontos extras para uma atividade na quadra. E eu não queria dar mais motivos pra ela querer me odiar mais ainda.

A Sra. Flitz estava sentada em uma cadeira do lado da escada, ela segurava um gato preto. Ele brincava com o babado da blusa dela. O olhar do gato se direcionou a mim, ele me encarou com uma cara de preguiça e então se ajeitou sentando no colo da Sra. Flitz, - conhecida também como lúcia. – e deitou sua cabeça em cima das patinhas. Eu não tinha nada contra gatos, mas preferia que fosse um cachorro.

– Ora... – Ela falou se virando na cadeira. – Estás aí.

– Sim. – Desci os últimos degraus que faltavam. – Estou atrasada, como sempre.

– É. – Mexeu a cabeça como um sim. – Tem biscoitos no pote em cima da mesa, e café. – Ela apontou para a cozinha. – Fiz tudo em casa. O fogão daqui é complicado demais, me recuso a cozinhar nele novamente. – Eu sorri e fui para a cozinha. Peguei um biscoito e fui em direção a saída. – Menina. – Ela chamou. – Seu irmão está lá em cima. Subo para fazê-lo descer ou fico aqui esperando?

– Fique aí. – Falei. Ela fazia carinho no gato e ele se contorcia todo, estava adorando. – Tentar tirar ele da cama será em vão, ele não vai sair de lá tão cedo hoje. – Então saí.

Nohva era a professora mais jovem da escola, ela dava aula de Arte, suas roupas eram extremamente ousadas, mas não eram ousadas no sentido indecente. Faltava pouco para sua aula acabar, corri pelos corredores e achei a porta da sala dela. Bati e em seguida empurrei a porta para frente, ela me olhou por cima dos óculos e então me fez um gesto com as mãos para que eu me sentasse. Ela usava uma blusa amarela florescente, calça leg listrada de preto e branco e em sua cintura uma sobre pele preta amarrada para tampar suas partes que poderiam ficar vulgares vestindo apenas a leg. Pois é, ousada, eu não usaria isso nem a pau.

– Bom, senhorita Magda. – Ela me olhou. – Estávamos falando sobre os maiores artistas que já passaram pela terra deixando-nos obras que ficarão para sempre na memória, tanto em pinturas, como em músicas, danças e etc. Tudo é arte, você é uma arte. – Ela andou até o quadro. – Pesquisem sobre quem vocês quiserem, alguém que tenha criado algo interessante que nunca esquecerão e me entreguem na próxima aula. – O sino tocou. Eu gostava da Nohva, não por apenas gostar de arte, mas ela era uma professora excelente, gostava do que fazia, gostada da arte, ela vivia para a arte, ela sentia arte.

A próxima era Educação Física. Edie estava encostado em um pilar do outro lado da quadra, andei até lá.

– Como vai a sua relação com a Caroline? – Perguntei me encostando no mesmo pilar.

– Vou conquistar o coraçãozinho dela aos poucos. – Ele falou desencostando-se do pilar. – Eu sou um galã. – Falou jogando seus cabelos ondulados fazendo pose. – Vou fazê-la me amar. E isso não vai demorar.

– Galã. – Gargalhei. – Tá bom.

A Sra. Gil entrou na quadra e todos os alunos foram atrás dela. Ela estava com uma bola nas mãos, usava uma calça larga, uma regata com o número 7, e um Nike nos pés. Seus cabelos curtos e vermelhos estavam presos para o alto em um rabo de cavalo.

– Queima. – Ela falou. – Formem seus grupos. Ótimo, queima. Eu era péssima nesse jogo. Na verdade eu era péssima em tudo. – Vamos. – Ela gritou. – Quero dois times, andem logo.

Haily estava sentada no chão se alongando. Seu estado era bom, o acidente fez ela parar com seus saltos pelos ares mas não impediu-a a correr de vez em quando. Ela apontou para todos que queria em seu time, e eu não fazia parte dele. Só de pensar nela, minha ânsia de vomito aparecia.

Com os times formados, eu e Edie no mesmo. A Sra. Gil foi até o guarda objetos, que podia ser deslizado pela quadra por conta das quatro rodas que o apoiava, e jogou oito bolas pela quadra. Cada time era dono de quatro bolas. Ela ergueu seu apito colocando-o entre os lábios e soprou. Que o jogo comesse.

Bolas voavam pela quadra e eu ficava no canto do fundo com medo de levar uma bolada na cara. Hayli corria de um lado para o outro desviando das bolas. Edie jogava tentando acertar os adversários mas era em vão, e quando menos esperava, Hayli lhe tacou uma bolada na cara.

– Bingo. – Ela gritou.

– Fora. – Gil gritou. Edie saiu com as mãos no rosto. Ok, eu precisava reagir. Corri para o outro canto e esperei que alguma bola voasse em minha direção, Gordon – um gordinho ruivo cheio de sardas - colocou seus braços para trás, ajeitou seus óculos e jogou a bola em minha direção. Eu abri meus braços e consegui agarrá-la. Corri para frente à procura de Hayli, desviei das bolas, e soltei minhas mãos para frente com toda força, a bola girou com velocidade e se chocou com a barriga da Hayli, que infelizmente conseguiu segurar. Eu corri para trás e acabei tropeçando em meus próprios pés caindo de bunda no chão. Uma bola bateu na minha cabeça e Gil gritou. – FORA.

– Bom, pelo menos você tentou. – Edie falou segurando um saquinho de gelo em seu olho esquerdo.

– Eu odeio essa aula idiota. – Sentei-me no piso de madeira e passei a mão pela testa, logo estaria com um galo gigante.

A Sra. Gil apitou duas vezes avisando que o jogo estava encerrado. Ela pediu para recolhermos as bolas e descansarmos.

– Ótimo jogo. – Ela falou. – Os pontos extras serão incluídos em seus boletins. – E então saiu pela porta dos fundos.

– Você precisa melhorar, Mag. – Hayli apareceu. – Eu estou toda quebrada, e ainda consegui acabar com você. – Ela riu e entrou no vestiário.

– Eu não mereço isso. – Revirei os olhos. Edie sorriu.

Todos já haviam deixado a quadra, Edie e eu ficamos ali morrendo. Ele com um olho roxo e eu com um galo na cabeça. No alto das arquibancadas, algo me chamou atenção. Um garoto. Ele usava uma camisa cinza e jeans escuros, estava sentado na última fileira em uma das cadeiras vermelhas de plástico, uma de suas pernas estavam para cima escoradas na fileira da frente. Ele estava me observando, um arrepio correu pelo meu corpo. Era o Jess.

– Vamos nessa. – Edie levantou do banco.

– Pode ir. – Eu falei me levantando, com meus olhos pregados na arquibancada.

– Quem é? – Falou erguendo as sobrancelhas movendo sua cabeça na direção de Jess.

– U-um cara. – Gaguejei. Ele entortou os lábios e então chacoalhou os cabelos como um cachorro molhado, respingando suor.

– Preciso cuidar desse olho. – Passou as mãos, expressando dor com o toque. – Cuide-se. Estou de olho. – E então saiu.

Subi pela escadaria de cimento que ficava entre as cadeiras e parei ao lado de Jess. Ele me olhou e abaixou sua perna vagarosamente.

– O que houve com você aquele dia? – Perguntei com a voz mais firme que consegui.

– De novo essa história? – Ele não parecia se importar com a minha pergunta.

– Sim. – Cruzei os braços. – Você foi assaltado?

– Mais ou menos.

– Me dê uma resposta melhor. – Falei erguendo as mãos.

– Você é péssima em queima. – Ele sorriu e se levantou. – Me causou problemas aquela noite no Lago Kunt. – Ele se aproximou.

– O que? – Eu não entendi o motivo dele ter dito aquilo. – Que problemas? – E então percebi que ele tinha falado sobre meu desastre na quadra. – Eu não sou péssima em queima. – Estava irritada.

– Você precisa de um banho. – Ele passou a mão em um fio de cabelo que estava grudado na minha bochecha com o suor. Aquilo me deixou paralisada, as mãos dele eram tão macias e quentes, por um momento pensei em nunca mais sair dali, pensei em sentir seu toque por todo meu corpo. Isso estava errado, eu não queria sentir nada, não por ele. Bati em seu braço fazendo sua mão ficar distante de mim.

– Não respondeu minha pergunta. – Encarei-o.

– É, foi um assalto. Me roubaram. – Ele não demonstrava nenhum pingo de preocupação. Na verdade ele não demonstrava nenhuma emoção, nada.

– Quantos pontos? – Perguntei. Ele ergueu uma sobrancelha, pareceu não entender minha pergunta. – No corte.

– Não sei, - Ele parou. – quatro, não me lembro. – Ele fez parecer com que minha pergunta fosse algo idiota de ser perguntado.

– Posso ver? – Queria ter certeza, aquilo estava estranho demais.

– Está indo rápido demais. – Ele sorriu maliciosamente. Confesso que fiquei encantada ao ver ele sorrir daquele jeito. Era sexy. - Pra isso eu preciso erguer minha camisa. – Ele passou a mão em sua barriga.

– N-não. – Quase me bati por gaguejar. – Quer dizer. O que isso tem de mais? – Me afastei. – Quer saber, dane-se.

– Se eu fizer isso, as coisas vão esquentar. – Me lançou um olhar malando.

Fiz cara de nojo e desci as escadas deixando ele pra trás. Ele era um idiota estranho que gostava de se aparecer. Me passou um arrependimento em não ter deixado Louis atropelá-lo de uma vez. Olhei para trás e Jess já não estava mais lá, talvez teria ido ao banheiro de cima. Por mais que minha irritação só aumentasse, eu estava loucamente atraída por ele, mas isso deveria ficar em segredo. Nunca admitiria.


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