Tentação escrita por MePassaAManteiga


Capítulo 8
- Capítulo 8




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/579801/chapter/8

O lugar estava cheio. Jovens, adultos, crianças e até animais participavam. Descemos do carro e fomos para o centro do lugar. Havia um pequeno lago e alguns bancos em volta dele, o espaço era muito grande, luzes coloridas se espalhavam pelas barracas de comida e jogos. Louis se sentou no braço do banco de madeira.

– Você quer pipoca? – Ele perguntou.

– Não, Louis. – Puxei-o para se levantar. – Vamos procurar o Kane e dar o fora daqui.

– Ah, qual é? – Falou erguendo as mãos com uma careta. – Vamos nos divertir, seu irmão já é grande o bastante pra se cuidar sozinho.

– Eu sei... mas não quero matar a Sra. Flitz do coração. – Olhei em volta. – Você vai para esse lado. – Falei apontando para meu lado direito. – E eu vou pro outro. Se acha-lo me ligue. – Saí.

O cheiro de churros estava me deixando louca de fome, as barracas faziam filas imensas de crianças acompanhadas pelos pais, algumas choravam, outras riam sem parar. Já estava cansada, andara por todo lado para achar Kane, mas nenhum sinal dele. Já tinha tentado ligar mas só dava caixa postal e Louis não tinha dado notícias. Me apoiei em um poste de metal e liguei pro Louis.

– Nenhum sinal dele? – Perguntei passando a mão na testa.

– Não. – Respondeu, parecia que ele estava comendo algo. – Deixe ele se divertir.

– Talvez ele não esteja aqui.

– Tanto faz, como eu já disse ele é um homem, sabe voltar pra casa sozinho. – Não falei nada, então ele continuou. – Estou aqui no lago. – E desligou.

Louis estava sentado em uma mureta de cimento, do seu lado uma lata de coca com dois canudos coloridos enfiados nela, nas suas mãos um pastel tamanho família.

– Isso está tão bom. – Ele falou fechando os olhos erguendo a cabeça.

– Você ao menos saiu daqui para procurar o Kane? – Cruzei os braços.

– Claro que saí. – Abocanhou o pastel. – Mas então eu me cansei e fui comprar algo pra comer. – Falou de boca cheia. -Ok. Louis tinha razão, Kane voltaria.

Me sentei do seu lado e roubei sua coca, conversamos por alguns minutos até ele acabar de comer seu pastel gigante de carne. Depois ele me arrastou para uma mini pista de boliche que ficava do outro lado do parque. Eu o derrotei com 3 strikes, eu era boa, muito boa mesmo, joguei na cara dele umas vinte vezes que eu era boa e ele quase me chutou pelos ares. Depois da minha vitória voltamos para o pequeno lago.

– Ei, aquele é o Ramon? – Louis apontou para trás.

– Não sei. – Me virei para observar. Ele estava usando uma camisa manga longa vermelho vinho e um jeans claro. – Sim, deve ser.

– Como assim ele está aqui? – Falou indignado. – Ele não deixaria de estudar para vir aqui. – Ei, Ramon. – Louis gritou, quase me deixando surda. Eu soquei seu braço e ele ignorou.

– Eai. – Disse correndo em nossa direção.

– Você está um arraso. – Louis brincou.

– Fui arrastado pra essa merda. – Falou insatisfeito. – Minha mãe está aqui com seu novo namorado, ela quis que saíssemos juntos, como uma família.

– Que chato. – Debochei, adorava enche-lo. E com um olhar para o lado avistei o garoto que eu e Louis encontramos na estrada. Meu coração acelerou, ele não tinha me visto, estava rodeado de meninos fortes e não pareciam ser amigáveis. – Louis. – Cutuquei-o.

– O que?

– O menino. – Falei. – O menino que encontramos na estrada. - Ele seguiu meu olhar.

– E não é que é ele mesmo. – Louis curvou seu pescoço tentando ver melhor.

– Quem? – Ramon perguntou.

– Aquele sentado nas costas do banco. – Falei olhando de canto, tentando não fazê-lo perceber.

– O Jess? – Ele perguntou apontando pro menino. Jess, esse nome não me era estranho... aah... sim... bingo, era o novato que estava na aula de química junto com Ramon. – Vocês o que?

– Encontramos ele jogado na estrada, parecia que tinha sido atacado, sei lá... levamos ele para o hospital. – Louis explicou.

– Que louco. – Ramon mexeu as mãos.

– Vamos dar um “Oi” para ele. – Louis falou andando.

– Não... – Sussurrei.

– Ele tem que agradecer a gente, Mag. – Continuou em direção a ele.

– Mas que droga. – Resmunguei baixo e fui logo atrás.

O garoto percebeu nossa presença e então as gargalhadas que eles davam desapareceram. Os meninos em volta ficaram atentos, uns olhavam feio e outros olhavam com curiosidade.

– Eai, cara. – Louis falou.

– Como posso ajudar vocês? – O garoto, conhecido como Jess, perguntou. Sua voz era como uma sinfonia para meus ouvidos. Ele usava uma camiseta preta, jeans escuros e uma bota marrom escura. Seus cabelos lisos e pretos estavam jogados para o lado, despenteados. Ele apoiava os cotovelos em seus joelhos e suas mãos estavam jogadas para frente.

– Não sei se você se lembra. – Louis começou. – Mas eu e minha amiga aqui, – Apontou para mim. – salvamos você da morte. – Jess abaixou as sobrancelhas como se estivesse tentando se lembrar, olhou para mim e rapidamente desviou seu olhar pro Louis.

– Oh. – Ele apontou um dedo para cima. – Então são vocês o casal.

– Sim, - Louis disse. – somos nós.

– Ok. – Ele balançou a cabeça. – Muito agradecido. – Então me estudou por alguns segundos. Os garotos que estavam ao seu redor não faziam a mínima ideia do que estava acontecendo, eles pareciam curiosos e desconcertados.

– A situação era grave. – Eu disse. – A enfermeira falou pro Louis que a situação era grave. No outro dia você estava no Rock’s. Como? – Perguntei.

– A enfermeira deve ter se enganado. – Louis interrompeu.

– Fique quieto. – Eu falei me segurando para não voar nele. – Quero que ele responda. – Continuei, olhando para Jess. Ele simplesmente sorriu.

– Louis está certo. – Ele falou se levantando. – Foi apenas um engano. Como pode ver, eu estou bem agora. – Falou passando a mão pelo lugar em que tinha sido ferido.

– Não disse. – Louis falou.

– Preciso ir agora. – Jess me olhou. – Obrigado, mais uma vez. – Então saiu, e os garotos foram atrás, era como se ele fosse o líder do bando.

– Até amanhã na aula de química. – Ramon gritou.

– Ele está mentindo. – Eu falei.

– Pare de maluquice. – Louis me segurou pelos ombros. – Você acha que ele é um mutante?

– Não. – Revirei os olhos.

– Então o que? – Ele soltou-me. – Já disse para parar de ver filmes. Tira isso da cabeça.

– Ai, gente. – Ramon chamou. – Vou procurar minha mãe. Vejo vocês na escola. – E saiu.

– Vamos embora. – Eu falei puxando Louis. Antes de sairmos, vi Kane encostado nas grades que cercavam um lado do parque. – Olha o Kane. – Corri em direção a ele. – Procurei você por todo esse lugar. – Ele segurava um copo que cheirava a bebida alcoólica.

– O que você está fazendo aqui? – Falou com desdém.

– Estou atrás de você. – Segurei em sua blusa. – A Sra. Flitz está surtando uma hora dessas. – Puxei-o. – Vamos embora.

– Calma aí. – Ele puxou seu braço para se livrar. – Eu tenho carona, vou chegar logo.

– Também tenho, Louis vai ser nosso motorista hoje. – Falei segurando-o novamente e o puxando. – Vai ir por bem ou por mal.

– Desde quando se importa pro que eu faço ou deixo de fazer? – Ele falou irritado.

– Eu realmente não ligo mesmo, mas se fosse a mamãe ela iria te fazer passar vergonha aqui. – Soltei-o.

– Chega de frescura. – Louis interveio. – Vamos logo, meu bebê está ali prontinho para mais uma rodada pelas ruas e eu preciso me desfazer daquele pastel que comi mais cedo imediatamente.

Depois de nos deixarmos em casa, Louis desapareceu, ele precisava mesmo usar o banheiro, porque normalmente ele tem a cara de pau de me pedir para passar a noite em casa, mas dessa vez ele preferiu a dele, graças ao sanitário.

A Sra. Flitz estava roncando no sofá. Kane correu para as escadas fazendo com que ela acordasse assustada.

– Mas o que se passa? – Levantou de olhos arregalados com a mão no coração.

– Está tudo bem Sra. Flitz. – Eu ri. – Kane já está em casa são e salvo.

– Minha nossa. – Ela respirou fundo. – Demoraram.

– Pois é.

– Vou ter que deixá-los sós. – Ela falou pegando uma bolsa feita de barbante cru. – Sabe que moro perto, qualquer coisa, corram para lá.

– Ok. – Assenti. – Vamos ficar bem, obrigada por ficar aqui hoje.

– Está tudo bem, estou sendo paga para aguentar-vos. – Ela andou até a porta abriu-a. – E podes me chamar de Lucia. – E fechou-a logo atrás.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Tentação" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.