Tentação escrita por MePassaAManteiga


Capítulo 10
- Capítulo 10




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Depois de trocar de roupa, fui para a biblioteca a procura do Ramon. Ele fazia aula de química com Jess, talvez ele podia me falar sobre o Jess. Não estava fazendo isso para saber sobre ele tipo aquelas garotas idiotas que ficam em cima dos caras e tratam eles como ídolos, nada disso, sentia que Jess era errado, errado demais, ele parecia esconder coisas. Isso não era da minha conta mas eu queria ter certeza.

O silêncio era extremo, a cada canto da biblioteca era possível ver um grupo de jovens concentrados na leitura e outros faziam deveres nas mesas espalhadas pelo local. Estudei o lugar todo e não havia nem um sinal do nerd bobalhão. Uma garota se aproximou, ela era baixa, cabelos pretos enrolados com mechas azuis espalhadas por todo lado, - aquilo não foi feito em um cabeleireiro, mas estava bem legal. – ela ergueu sua cabeça para olhar no meu rosto, fez bico e forçou seus olhos atrás das lentes de seus óculos.

– Você é amiga do Ramon, certo? – Sua voz era aguda e um pouquinho irritante.

– Sabe onde ele está? – Eu não conhecia ela, mas ela conhecia Ramon, possivelmente ela seria uma colega de estudos.

– Ele está em uma reunião.

– Que reunião? – Perguntei.

– Agora ele faz parte de um grupo acadêmico de matemática. – Ela sorriu, seus olhos brilharam. Não sei se estava correta, mas essa garota estava afim dele. Me segurei para não rir da cara que ela fez, ela parecia encantada.

– Oh... – Falei tentando me segurar. – Obrigada... é... – Não sabia seu nome.

– Anna. – Falou fazendo um movimento com as pernas.

– Anna... Obrigada então.

Ramon estava arrasando corações enquanto Edie sofria para conseguir arrasar o de Caroline que não dava a mínima pra ele. Louis tinha faltado, então minha carona tinha ido pelos ares. Olhei as horas no meu celular e me apressei, estava dois minutos atrasada para pegar o ônibus. Quando consegui passar por todo o tumulto nos corredores e correr em direção ao ponto, o ônibus já havia ido embora. Bufei, meu dia poderia ser chamado de “merda”.

Ajeitei minha mochila nas costas e coloquei meus fones de ouvido, andar era péssimo, mas andar com música era menos péssimo. Atravessei a rua e parei na padaria mais famosa da cidade, seus brigadeiros eram os mais deliciosos, porém não eram eles que matariam minha fome. Depois de comprar chips, continuei meu trajeto.

Ao atravessar outra rua para pular pro próximo quarteirão, senti uma mão me puxando para trás e na minha frente um carro em alta velocidade freara bruscamente quase patinando pelo asfalto. Meu coração quase pulou pela boca.

– Andar com fones é uma ideia meio inadequada. – Eu estava grudada com Jess. Ele me segurava por trás, seus braços estavam amarrados em mim.

– Meu Deus. – Falei baixo, quase inaudível.

– Minha nossa, você está maluca? – Um homem vestido de terno saiu do carro. – Você quase morreu, eu quase matei você. – Ele estava desesperado. – Você tem que prestar atenção na porcaria do semáforo. - Ele se abaixou colocando uma mão no joelho e outra na cabeça. – Ah meu Deus, você quase me matou de susto. – Seu rosto brilhava de suor.

– Ela vai prestar mais atenção da próxima vez. – Jess falou ainda me segurando. Eu percebendo aquilo me soltei de seus braços rapidamente.

– Senhor, me desculpe. – Falei indo em direção ao homem de terno. – Eu estava errada, me desculpe mesmo, não queria causar isso. – Eu estava em choque, mas não conseguia demonstrar, eu estava assustada demais e parecia que eu tinha me paralisado por dentro.

– Tudo bem. – Ele olhou pra cima colocando as mãos na cintura. – Você está bem, isso me deixa feliz. – Olhou para a rua e várias pessoas buzinavam para que ele tirasse seu carro da frente. – Não use essa porcaria nos ouvidos, não quando está andando na rua. – Falou apontando pros fones pendurados em meu pescoço, então saiu com a mão no coração e entrou em seu carro.

– Uau. – Jess se aproximou. – Isso foi muita... adrenalina.

– Adrenalina? – Falei trêmula. – Eu quase morri. – Falei desacreditada.

– Quase. – Ele repetiu. – Eu não deixei. – Sua expressão mudou para uma mais séria.

– É. – Eu estava assustada, mas ao mesmo tempo me sentia bem, porque Jess estava ali, e me salvara. – O-obrigada. – Gaguejei.

– Você consegue ser bonita até mesmo depois de um “quase acidente”. – Ele sorriu. Eu revirei os olhos e comecei a andar e ele me seguiu. – Não quero que passe por isso de novo. – Sua mochila estava sendo segurada somente por uma alça, seu braço tocava o meu uma vez ou outra com nossos movimentos.

– Você pode parar por aqui. – Eu parei de andar. – Não quero companhia.

– Temos mais algumas ruas pela frente, - Ele começou. – você precisa de um cavalheiro para te ajudar se por acaso você parar o trânsito novamente com sua irresponsabilidade.

– Não tem o direito de falar assim. – Eu estava furiosa. – Eu nem conheço você, não preciso de ajuda. – Ele estava sorrindo. – Só por isso vai ficar aí se gabando? – Eu queria socar a cara dele. – Eu também salvei você. E aí?

– Eu já agradeci. – Ele ergueu uma sobrancelha. – Vamos. – Ele continuou andando. – Sua casa não está longe.

– Eu deveria ter deixado você morrer naquela porcaria de estrada. – Não queria dizer aquilo, mas eu estava brava, ele me deixava brava, ele me tirava do sério e eu queria muito beijar aquela boca.

– Se fizesse isso, você estaria morta hoje e então estaríamos seguindo o mesmo caminho. – Ele era tão tranquilo, não parecia se importar com nada.

Estava cansada de falar, ele não tinha a menor intenção de dar importância ao que saia da minha boca. Ele apenas sorria e continuava andando. Até o jeito que seus pés se movimentavam era sexy. Tudo nele era sexy. Eu queria ele.

Já na frente de casa ele andou até a varanda e parou no segundo degrau encostando-se em um dos pilares de madeira que seguravam o teto da varanda.

– O festival no Lago continua. – Ele falou me olhando seriamente. – Eu vou estar lá hoje à noite.

– E daí? – Eu não queria saber disso.

– Se você estivesse lá, ficaria melhor. – Ele se aproximou passando a mão em meu rosto. Ele estava sendo sincero, pelo menos parecia sincero, sua face estava muito perto da minha. Seu hálito era quente e cheirava a hortelã, sua mão parou em meu queixo. – Quero você lá. – Foi quase um sussurro. Eu me segurei para não fazer nenhuma besteira.

– Não. – Minha voz falhou levemente. – Não sei, - Automaticamente, de um “Não” passou para um "talvez". Eu estava pensando em ir. Estava pensando em sua boca na minha. Estava pensando em sair correndo. Estava pensando em como ele me fazia me sentir bem. – Preciso entrar. – Falei me afastando, eu estava desconcertada. Abri a porta e olhei pra ele. Ele continuava me observando, seus braços estavam cruzados em seu peito.

– Vou esperar. – Ele falou. Aquilo me fez sentir borboletas no estomago, eu estava encantada, tipo a Anna. Um sorriso apareceu em meu rosto, e ele retribuiu com uma piscada.


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