Tentação escrita por MePassaAManteiga


Capítulo 37
- Capítulo 37




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Kane estava no alto da escada com uma toalha no ombro, sem camisa, usando um short largo. Ele desceu os degraus secando seus cabelos lisos bagunçando-os.

– Ele fez as interrogações? – Kane se aproximou, não me deixando responder. – Ele veio falar sobre o que aconteceu aqui, sabe, arrombaram a nossa casa e quase mataram vocês. – Ele seguiu pela cozinha. – Ele é um detetive, talvez ele consiga achar os caras que fizeram isso. – Kane pegou uma maçã da cesta e levou a boca, dando uma mordida brusca.

– Ele te disse isso? – Perguntei. O detetive Hants não me disse nada sobre o ocorrido, na verdade ele tocou no assunto, mas o foco foi o sequestro da Abgail.

– Sim. – Respondeu de boca cheia. – Eu queria ter participado, mas precisava de um banho.

– Eu... vou subir. – Falei tentando esconder minha preocupação. – Estava quase pegando no sono quando você me chamou. – Eu menti, na verdade eu estava pegando o Jess e confesso que estava adorando.

Quando fechei a porta do meu quarto atrás de mim, vi Jess encostado na parede de braços cruzados. Sua feição estava séria e eu pude perceber uma preocupação ascender.

– Você viu isso? – Eu disse. – Ele sabe de alguma coisa, tem algo errado. – Fui de encontro com minha cama e me sentei na mesma. – Acha que Abgail abriu a boca? – Perguntei.

– Não... não sei. – Ele coçou o queixo, como um ato pensativo. – Ela não arriscaria a própria vida. – Jess se aproximou agachando na minha frente. Suas mãos pousaram em minhas cochas. – Aliás, esse cara é um detetive, você queria saber da Abgail, ele veio lhe informar.

– Mas porque ele mentiu pro Kane? – Eu só não estava em choque porque não era possível ficar em choque quando o Jess me tocava.

– Não sei. – Jess olhou para a janela e em seguida pra mim. – Vou ver qual é a desse detetive, mas acho muito difícil ter algo errado com ele, eu não consegui sentir nada fora do lugar, ele me parece normal. – Seus lábios entortaram, e suas sobrancelhas se juntaram.

– Não consigo nem pensar direito, tantos acontecimentos... – Jess não me deixou terminar de falar, seu polegar apertou meus lábios.

– Você precisa dormir. – Ele sorriu com os olhos. – Vou pesquisar mais sobre Hants, te informarei se souber de algo. – Ele se levantou e beijou minha testa.

– Tome cuidado. – Jess não precisava tomar cuidado, ele não era alguém que poderia ser subestimado facilmente, ele sempre sabia o que estava fazendo. Mas mesmo assim eu me preocupava.

– Descanse. – Ele me fitou com seus olhos escuros, um olhar doce que nem sempre se conseguia dele. – E saiba que precisamos terminar o que começamos. – Ele piscou. - Kane não é um bom garoto.

Jess desapareceu pela janela e eu apaguei, estava cansada e cheia de preocupações. Precisava de uma noite de sono para poder livrar meus pensamentos ruins pelo menos por um tempo.

Na manhã seguinte, acordei com o som do maldito despertador. Kane estava na cozinha preparando ovos mexidos e mamãe estava no sofá da sala vendo um programa chato. Ela estava melhor, mas eu não queria deixa-la sozinha em casa, queria estar ali para o que ela precisasse.

– Tudo bem? – Perguntei, me sentando do seu lado. Ela parecia exausta, suas costas estavam apoiadas em uma almofada.

– Sim, já estou bem melhor. – Ela sorriu. – Não está atrasada? – Ela ergueu uma sobrancelha.

– Não vou deixa-la sozinha, mãe.

– Ora, Kane está aqui. – Ela entortou os lábios. – É seu último ano, não quero que se prejudique. – Ela continuou, pegando o controle da TV, apontando-o pra mesma. – Não quero que fique como seu irmão, já estou me imaginando na sala do diretor ouvindo que meu filho vai fazer o mesmo ano novamente. – Ela olhou para a cozinha com um olhar assassino. – Vá logo, e não se preocupe, estou bem.

Ok, ela estava certa. Por mais que eu tinha boas notas e uma ótima frequência nas aulas, eu precisava mesmo ir para a escola, se perdesse algo, poderia me prejudicar na fase da faculdade e não era isso que eu queria. Depois de arrumar minhas coisas, desci correndo as escadas, eu estava atrasada. Mas se eu corresse o mais rápido possível eu poderia chegar a tempo.

– Magda. – Chamou minha mãe. – Pode usar o carro hoje.

– Oh, sério? - Mamãe não costumava emprestar seu carro, um fiat marea do ano de 2002 já fora de moda, pra mim, ela morria de medo que acontecesse algo.

– Sim. – Ouvi sua risada cansada.

Estacionei o carro no estacionamento da escola e fui para o bloco onde minhas primeiras aulas do dia começavam. Uma das primeiras foi educação física. Dessa vez iriamos usar o gramado de futebol para as atividades físicas. O tempo estava úmido e frio, a professora decidiu me deixar fora dos times, ela poderia ter usado a desculpa de que e era péssima em qualquer esporte e odiava me ver atrapalhando o time, mas ela disse apenas “Passou por coisas difíceis, merece um descanso”. Não levei a sério.

Fiquei sentada longe dos alunos, em uma das fileiras de bancos que havia nas laterais do campo. Edie estava jogando e uma hora ou outra ele mandava beijos para Caroline, que o observava na última fileira de cima dos bancos. Ela estava usando preto da cabeça aos pés, me perguntei se ela não tinha roupas coloridas no armário.

Concentrada no jogo a minha frente, não percebi Jess ao meu lado. Sua mão quente apoiou na minha que estava presa ao banco de madeira. Logo um calor subiu.

– Deveria estar arrasando no campo, gata. – Ele falou, com aquela voz sexy.

– Ambos sabemos que eu não sou muito boa nesse tipo de coisa.

– E em que tipo de coisa você é boa? – Ao mesmo tempo que curiosidade brotava em seu olhar, uma pitada de malícia se misturava nos negros de seus olhos.

– Conseguiu alguma pista? – Mudei imediatamente de assunto, quase engasgando.

– Não. – Suas mãos se ergueram logo após ele apoiar seus cotovelos no banco de trás. – Hants é um cara bem cuidadoso. – Jess estava sério. – Preciso de mais tempo, preciso pensar direito, não quero falhar em nada. – Ele me olhou. – Sua mãe está melhor?

– Sim, ela ficou em casa com Kane e Agora deve estar vendo algum programa ruim na TV. – Dei um meio sorriso. – Ainda não sei da Lucia, quero visita-la hoje.

– É uma boa ideia. – Ele voltou sua atenção ao jogo que estava rolando no campo.

– Mag. – Ouvi a voz do Ramon. Ele usava uma camisa social e jeans, algo que eu não costumava ver. – Ei, como vai? – Ele se aproximou, parecia ter acabado de apostar corrida. Seus olhos fitaram Jess com simpatia, talvez um “Oi” apenas com o olhar.

– O que houve? – Sorri. – Parece cansado.

– Estava te procurando. – Ele se sentou do meu lado. – Ganhamos a penúltima disputa, estamos na final. – Ele estava falando do suposto grupo acadêmico de matemática que ele fazia parte. – Vai ter uma festa, só... queria saber.... se quer ir. – Ele mostrou os dentes.

– Não sei, estou tendo alguns problemas. – Mordi os lábios. – Mas talvez eu possa aparecer lá.

– Ok, te espero. – Ele Se levantou. – Edie também vai. – Ele olhou para o jogo procurando Edie. – Preciso ir agora. - Ramon sorriu para mim e olhou para o Jess, então continuou sua corrida para fora do campo.

– Festa. – Jess falou. – Não sei se é uma boa ideia.

– Não sabe se é uma boa ideia? – Repeti em uma pergunta.

– Precisamos ter o máximo cuidado possível. – Ele disse.

– Não é nada demais, você também pode ir. – Me aproximei dele. – Pode estar lá para me proteger. – Beijei seu rosto.

– Vai ser trabalhoso proteger você de demônios e de adolescentes bêbados safados. – Ele sorriu e em resposta eu o beijei.


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