Tentação escrita por MePassaAManteiga


Capítulo 36
- Capítulo 36




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Jess rolou para cima de mim entrelaçando minhas mãos nas dele, colocando-as contra a cabeceira da cama. Sua respiração estava forte e vinha de encontro com a minha, seus lábios macios saíram da minha boca e passaram vagarosamente pelo meu pescoço.

– Quanta tensão. – Senti seu lábio sorrir no meu ombro. – Relaxe.

– Você não sabe o efeito que tem sobre mim. – Falei suavemente, minha voz deu uma vacilada, eu estava presa a ele de um modo que fazia meu coração saltar descompassadamente.

– Entendo. – Seu rosto estava a poucos centímetros do meu e seus olhos cheios de segredos estudavam os meus. – Você também me deixa louco. – Sua voz grave e sexy entrou em meus ouvidos como se acabasse de ouvir a melhor música de todos os tempos.

Meus dedos entraram por dentro de sua camiseta preta puxando-a para cima, queria tocar em cada centímetro do seu corpo. Ele se afastou, erguendo sua camisa aos ombros e passando a gola por sua cabeça, jogando a camisa longe. Seus músculos estavam rijos, a pele perfeita brilhava com a pouca luz que vinha da janela, minhas mãos subiram para o seu peito e desceram sentindo cada pedacinho que ele escondia detrás do pano de sua camiseta. A cicatriz roxa da facada que ele mesmo havia dado estava começando a sumir. Suas mãos vieram ao meu rosto me puxando para mais perto dele e eu me deixei levar, seus lábios úmidos tinham gosto de hortelã e seu cheiro era agradável, um perfume natural que só ele poderia exalar.

– Mag. – Uma voz abafada falou atrás da porta do meu quarto.

Eu quase gritei com o susto, seria fácil ter um ataque cardíaco já que Jess me fazia ficar descontrolada, mais dois minutos e meu coração teria um colapso se é que isso existe. Jess ainda estava próximo a mim, seus olhos semicerrados me fitaram e então a porta.

– O que seu irmão quer a essa hora? – Ele perguntou, não muito contente por Kane ter estragado o momento. Apoiei meu indicador nos seus lábios, para que ele não falasse mais nada, Kane poderia ouvi-lo e isso seria constrangedor.

– O que é? – Perguntei tentando fazer uma voz menos desequilibrada possível. Eu me segurei nos braços de Jess para poder subir e sair da cama.

– Acho melhor você descer. – Ele falou. – A polícia está aqui. – Eu gelei.

Eu não sabia o que a polícia estava fazendo em casa num horário tão avançado. Talvez Abgail tivesse feito caca e explicado as coisas de um jeito diferente do combinado. Jess pegou sua camiseta e a colocou, o pano deslizando pelo seu corpo me fez perder a atenção por alguns segundos.

– Algo a dizer? – Jess me encarou, isso fez minha atenção voltar.

– Eles estavam na casa da Abgail. – Comecei a explicar. – Ela me ligou, queria que eu a ajudasse em alguma desculpa. Ela não pode falar a verdade... você sabe... se ela dizer algo... – Ele fez um gesto com a mão, o que significava que ele havia entendido e eu não precisava dar detalhes.

– Por que eles estão aqui? – Ele perguntou.

– Não sei. – Cocei a cabeça, estava desconfortável em saber que eu seria interrogada. – Abgail deve ter dito algo sobre mim, eu não sei.

Eu não estava vestida descentemente para me encontrar com os policiais, precisava me vestir adequadamente, mas Jess ainda estava no meu quarto.

– Preciso por algo mais agradável. – Falei, isso fez ascender uma curiosidade no olhar do Jess.

– Já está agradável. – Ele me olhou de cima a baixo. – Para mim, é claro. – Pude ler os pensamentos de Jess pela primeira vez, e eu sabia que ele não queria compartilhar o que ele estava vendo com outros caras. Jess coçou o queixo e se aproximou. – Não diga a verdade. – Ele me deu um beijo rápido. – Siga a mesma desculpa de Abgail, eu estarei do lado de fora.

Jess desapareceu depois de passar pela janela. Eu coloquei um conjunto de moletom escuro e desci as escadas. O detetive Hants que eu havia falado a dias atrás, estava sentado no sofá da sala. Apesar de sua aparência dura do tipo “Eu não estou para conversa”, ele estava formal até demais para o meu gosto.

– O que houve? – Passei por trás do sofá, parando em sua frente.

– Oh, Magda. – Ele se levantou para me cumprimentar e em seguida sentou-se, seus olhos passaram para o outro sofá como me convidando para sentar também. Eu o fiz. – É sobre Abgail.

– O que tem ela? – Eu não sabia o que Abgail tinha falado, mas esperava que ela não tivesse posto meu nome ou o de Jess no meio.

– Ainda não sabe? – Ele ergueu uma sobrancelha e não me deu tempo para responder. – Ela voltou. – Ele sorriu sem mostrar os dentes. – Eu tinha perdido as esperanças, você sabe, eu havia te ligado para dizer. – Ele cruzou as pernas.

– Oh, claro. – Então Abgail não havia falado sobre mim ou Jess. O detetive Hants estava em casa para me avisar sobre a volta dela. – Ela está bem? – Fingi estar surpresa.

– Sim. – Ele puxou um cigarro do maço e um isqueiro prata do bolso. Eu o encarei, ele precisava saber que estava no meu território e eu não estava afim de inalar uma fumaça cancerígena. – Me desculpe. – Ele guardou os objetos novamente em seu bolso. – Como ia dizendo, ela está muito bem até. – Ele olhou em volta da sala, observando o lugar. – Sua casa é bem aconchegante.

– Sim. – Falei confusa. – Mas... o que realmente houve... com ela? – Perguntei, tentando não dar pistas de que eu sabia de algo.

– Bom, ela me disse que a levaram para um lugar estranho e depois disse que só se lembrava de ter acordado no meio da estrada. – Ele estalou o pescoço, jogando ele de um lado para o outro. – Estranho não se lembrar de nada, não é? – Seus olhos passaram desconfiança, ele estava agindo estranhamente.

– É... bem estranho. – Eu quase engasguei. – Não... não acha que eles podem ter dado algo para ela tomar, não sei, algo que fez com que ela perdesse a memória? – Sugeri.

– Talvez. – Ele olhou suas unhas e então me encarou. – Não sabia mesmo que Abgail havia voltado? – Ele questionou.

– N-Não. – Gaguejei. – É... eu até... agradeço por você vir me contar, isso é bom, é bom saber que ela está bem, seria horrível se ela não estivesse viva. – Sorri nervosa.

– Ok. – Seus olhos me cortaram por dois segundos, e nesses dois segundos eu imaginei que ele queria sacar sua arma e me matar ali mesmo. – Considere-se avisada. – Ele sorriu, dessa vez mostrando os dentes, com simpatia em seu rosto.

– Era só isso? – Me levantei, bocejando falsamente. Eu queria me livrar dele o mais rápido possível.

– Sim. – Ele se levantou, estendendo sua mão para apertar a minha. – Era só o que eu tinha para dizer.

Seus passos longos atravessaram a sala em direção a porta para sair, ele girou a maçaneta e se virou bruscamente quase trombando comigo.

– Tenha cuidado. – Seus lábios ergueram em um lado. Não consegui decifrar muito bem, não pude saber se era um aviso do tipo ameaçador ou do tipo protetor. Eu estava quase descartando o segundo. Minhas mãos seguraram a porta para que ele pudesse sair. – Soube o que aconteceu aqui. – Ele falou e eu segurei minha respiração. – Arrumem essa fechadura logo, eles podem querer voltar, espero que sua mãe melhore. – Quase morrendo asfixiada eu soltei minha respiração vagarosamente tentando fazer com que ele não percebesse que eu havia ficado em pânico. Ele finalmente andou até seu carro e desapareceu na escuridão das ruas.

Me encostei na porta e me sentei no chão pressionando minha mão no coração que estava acelerado. O detetive Hants começara a ficar estranho, obvio que esse era o trabalho dele, intimidar as pessoas, mas ele não sabia de nada, não se Abgail estivesse ocultado qualquer informação.


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