Tentação escrita por MePassaAManteiga


Capítulo 27
- Capítulo 27




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– Qual é o seu problema? – Perguntei a ele, depois de me acalmar em saber que não era nenhum pervertido.

– Tá fazendo o que aqui? – O tom da sua voz soou mais dura.

– O que as pessoas costumam fazer em festas... – Encarei-o. Ele usava uma camiseta preta de gola redonda, jeans escuro e botas, como de costume. – Estou me divertindo.

– Aqui? - Sua face expressava calma, mas eu sabia que ele estava pegando fogo por dentro, seu olhar duro e escuro mostrava o quanto ele estava insatisfeito. – Você nunca vem aqui. – Ele estava perto, mas não muito. Eu estava de costas para o espelho e Jess estava de frente para mim, me prendendo entre ele e a longa pia de mármore escuro.

– Mas agora eu vim, e estou gostando. – Mentira, eu estava querendo provocá-lo mesmo sem saber o motivo do por que Jess não me querer lá, até porque Hanna disse que eu estaria segura na boate.

– E vai voltar pra sua casa, já. – Aquilo era uma ordem, Jess estava me ordenando a voltar para casa, algo que eu não iria fazer, ele não mandava em mim.

– O que? – Fiz careta. – Por que não posso estar aqui? – Jess revirou os olhos, como se estivesse cansado de responder minhas perguntas. – Hanna disse que estaria segura aqui, tenho direito de me divertir.

– Hanna? – Ele perguntou, de um modo com que me fez perceber que ela não havia contado sobre o fato de ele ter posto ela para me espionar.

– É... A sua espiã secreta. – Falei desgostosa. Jess virou o rosto, e seus lábios se mexeram, sua língua empurrou a sua bochecha e em seguida ele passou as mãos em seus cabelos negros.

– Não foi esse o combinado. – Ele resmungou baixo.

– Colocou alguém para me espionar, Jess. – Pausei, tentando manter meu fôlego. – Colocou Hanna para me espionar. – Ele sabia que eu não gostava dela.

– Isso foi pro seu próprio bem. – Ele retrucou. – Eu me preocupo com você, queria manter você segura.

– Mas não precisava ser em segredo. – Minha voz se alterou.

– Quis fazer assim por que sabia que não iria gostar.

– É... Eu não iria gostar, mas talvez poderia aceitar, só que você preferiu manter em segredo. – Meus olhos arderam. – Ainda bem que Hanna é um demônio honesto. – Falei com ironia, ela tinha me dito a verdade, mas não significava que ela era honesta. Aquilo foi para jogar na cara dele que ela sendo um ser maligno, ainda conseguia ser melhor que ele, mas falei da boca para fora. – Isso tudo é culpa sua, eu tinha uma vida normal, daí você aparece e muda tudo, eu posso morrer, minha família está em perigo, Abgail está sumida a dias... Meu melhor amigo me odeia. – Me lembrei de Louis, e quase desabei. Pensar nas palavras dele me cortava o coração, eu não conseguia retribuir o que ele sentia por mim.

– Não vou deixar nada acontecer com você. – Jess murmurou, se aproximando mais, até nossos corpos estarem encostados um ao outro. – O que eu mais quero nesse mundo é manter você segura, não só você, mas as pessoas que você gosta também e estou trabalhando nisso. – Ele me abraçou, seu abraço era quente a me fazia sentir alívio. Por mais que eu quisesse estar longe de Jess, eu não conseguia manter minha palavra. – Você vai acabar comigo desse jeito. – Ele falou baixo. – Odeio vê-la assim. – Falou com sua voz grave e baixa. – Eu amo você, Mag. – Meu coração acelerou quando ele disse aquelas palavras, ele acabara de me desmontar em milhões de peças, como um quebra-cabeça. Eu não tinha mais forças para me separar de seus braços, eu estava aninhada a ele, sentindo seu cheiro bom e ouvindo sua respiração calma. Jess mostrara todo seu carinho por mim e eu jamais teria coragem de deixa-lo daquela hora em diante, eu também o amava mas estava surpresa e tão desconcertada que não consegui dizer que também sentia o mesmo. – Eu tenho você, e não vou te abandonar. – Sua mão passava pelo meu cabelo, enquanto a outra laçava minha cintura me mantendo perto dele. – Nunca mais tente me afastar de você, por favor. – Ele segurou meu rosto, e eu estava pronta para sentir seus lábios novamente, mas algo impediu-nos de continuar.

Do lado de dentro do banheiro pudemos escutar pessoas gritando, Jess segurou minha mão me puxando para trás dele.

– Não saia daí. – Ele ordenou, levando minha mão em sua boca para dar um beijo. – Eu já volto.

– Não posso ficar aqui sozinha... – Sussurrei, não havia necessidade para abaixar o tom da minha voz, mas o susto me fez fazer isso. Jess me ignorou e abriu a porta saindo do banheiro. Eu estava sem reação, pensei em entrar por alguma porta das várias que dividiam os sanitários e me esconder, mas me sentei no canto da porta e fiquei ali esperando Jess voltar. Minha impaciência aumentava a cada segundo, minha vontade era de abrir a porta, imaginei apenas uma briga entre caras bêbados ou sei lá, a polícia invadindo o local, até porque a maioria que estava enchendo a cara eram menores de idade. Logo meus pensamentos escureceram e sumiram, alguém saiu de uma das portas batendo palma.

– Bela cena. – A voz do rapaz fez eco no local, suas palmas pararam quando ele se virou para mim. Era Eliel. – Amor entre uma humana inútil e um demônio, ou melhor, um traidor.

– Você... – Minha voz estava trêmula. – Você... – Não conseguia falar. – Vo...

– É, eu estava morto. – Ele sorriu. – Estava. – Ele repetiu a palavra. – Jess não conseguiu acertar meu coração, ele não é muito bom nisso. – Ele andava para lá e para cá, a cada passo que ele dava meu estomago se embrulhava. – Mas vamos direto ao ponto, matar você é minha prioridade agora, e depois eu posso acabar com Jess. – Ele tirou um canivete do bolso da sua calça, puxando a lâmina para cima. – Mas antes, é claro, estava me esquecendo. – Ele forçou uma risada. – Desconfiei de Jess quando ele começou a frequentar a escola, não precisamos estudar, mas Jess queria entrar para o colegial. Até então eu achei que ele estava apenas a procura de diversão. – Ele acariciava o canivete com o dedo. – Sabe? – Ele me olhou. – Usar pessoas, transar com aquelas bundudas gostosas, conhecidas como líderes de torcida, conhece? – A cada palavra que Eliel soltava, eu sentia mais nojo dele. – Isso eu esperada dele. – Ele fez bico e olhou para cima. – É prazeroso fazer isso. Elas também portam seios grandes, você está longe de ser uma delas. – Eu estava soando, Jess havia desaparecido, eu só queria que ele aparecesse e acabasse com aquilo logo, estava me segurando para não derramar lágrimas. – Contei com a ajuda de alguém para fazer vocês dois se separarem, ele seria um estorvo se estivesse aqui agora, tentando proteger alguém tão inútil quanto você.

– Ele vai voltar e acabar com você. – Gritei, criando coragem. Eliel soltou uma gargalhada maligna.

– Você é tão ingênua. – Ele se aproximou, abaixando um de seus joelhos até encostar no piso do banheiro e colocou a ponta do canivete em minha bochecha. – Continuando. – Ele encostou a lâmina no meu lábio inferior. – Jess encontrou você por aí, e as chamas de garoto bonzinho ascenderam, algo que não deveria acontecer com qualquer um de nós se quer. Não podemos amar alguém, nem entre nós mesmos. Nada é verdadeiro, nada deve ser verdadeiro, mas pra ele é. – Eliel ficou sério. – E isso tem que acabar. – Seus lábios se curvaram. – Você prefere lentamente? – Ele perguntou. Eu não estava acreditando no que estava acontecendo, estava prestes a morrer, meus primeiros pensamentos foram no Jess, em pensar que ele acabara de dizer que me amava e eu não havia dito o mesmo me fez sentir uma agulhada no peito. Não ver mais Jess seria uma tortura, não ver mais Kane, mamãe, Louis e todos. Fechei meus olhos e suspirei. – Então será lentamente. – Eliel cortou minha bochecha e pude sentir o sangue escorrer pelo meu pescoço.

– Acabe logo com isso. – Lágrimas rolaram pelo meu rosto, Eliel era forte demais e não adiantaria tentar fugir.

– Sem pressa, amorzinho. – Eliel estava se divertindo. – Você pode escolher o próximo lugar.

– Vai a merda. – Cuspi em seu rosto.

– Sua vadia. – Ele xingou, limpando a saliva do seu rosto. – Vou arrancar sua língua. – Eliel me puxou pelo braço, sua força me fez levantar rapidamente, então comecei a lutar, mas era em vão. Eliel me jogou contra a pia, sua mão veio em direção a minha boca para abri-la a força. Eu estava usando toda minha força para não deixar que ele conseguisse o que queria e quando não tive mais forças ele conseguiu abrir minha boca, naquela hora eu percebi que ele falava sério, ele puxou minha língua encostando a lâmina nela e me prensando com seu corpo. Quando a lâmina se preparou para escorregar, a porta do banheiro desabou no chão. Hanna agarrou Eliel pelo pescoço e o jogou contra o mármore da pia, eu caí do outro lado, o canivete escorregou das mãos de Eliel caindo junto a mim. Hanna bateu fortemente a cabeça dele várias vezes contra a pia.

Eu havia entrado em pânico, o sangue de Eliel era de um vermelho tão escuro que parecia preto, aquela cena me fez sentir ânsia de vômito, corri para uma das portas dos sanitários e vomitei tudo o que estava dentro de mim.

– Parece que esse lugar começou atrair o time mal. – Hanna apareceu na porta, com suas mãos manchadas de sangue, e ofegante. – Sou capaz de cuidar de você, Jess acertou na escolha. – Ela me puxou pelo braço me ajudando a levantar. – Dê descarga nisso. – Ela apontou para a privada. – Eu odeio vômitos. – E foi lavar as mãos.

– Obrigada. – Falei trêmula, me aproximando dela. – Se não fosse você, eu estaria sem língua agora. – Eu sorri aliviada, mas ainda estava apavorada.

– É meu trabalho agora. – Ela olhou pra mim pelo espelho e ajeitou sua jaqueta de couro. – Vamos dar um jeito nesse corpo, que agora sim, vai voltar a queimar no inferno. – Ela se referiu a Eliel, que estava esticado no chão, com o rosto deformado. Eu assenti com a cabeça.


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