Tentação escrita por MePassaAManteiga


Capítulo 28
- Capítulo 28




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– Já pode entrar. – Hanna falou, estacionando o carro na frente de casa. – Jess está cuidando dos comparsas de Eliel. – Ela olhou pro banco de trás, Eliel estava esticado, coberto por um saco plástico preto. – Vou dar um jeito nesse meninão. – Ela voltou a sua atenção pra mim e arregalou os olhos. – Ande. – Ordenou.

– Mas e agora? – Eu não poderia ficar tranquila depois de passar por aquilo. Jess havia desaparecido depois que saiu do banheiro, a boate estava vazia e os litros do bar estavam quebrados, foi uma cena horrorosa, fora a parte em que Hanna me obrigou a ajudá-la a carregar o corpo de Eliel para sua Mitsubishi l200, sim esse era o carro dela. – Vou estar segura?

– Vai. - Ela se curvou na minha frente, abrindo a porta. – Não tenho tempo.

– Diz ao Jess para entrar em contato assim que der. – Falei descendo do carro.

– Não saia de casa. – Hanna falou séria e saiu.

Quando entrei em casa, Lucia correu na minha direção me fazendo várias perguntas sobre o corte na minha bochecha. Kane estava deitado no tapete da sala e se assustou quando Lucia ergueu seu tom de voz preocupada.

– Eu esbarrei em um pilar com pregos. – Menti, passando a mão no corte, que não estava fundo. – Está tudo bem.

– Vamos cuidar disso. – Lucia disse me puxando pela mão. Ela me levou até o banheiro do corredor e puxou uma maleta vermelha, com vários curativos. – Isso vai arder um pouco. – Ela passou um algodão com álcool, logo pondo um curativo no lugar. Eu gemi de dor, mas foi passageira.

– Prego idiota. – Ri sem humor.

– Ainda bem que não foi pior, imagine ter pontos na bochecha? – Ela fechou a maleta e jogou o algodão no lixo. – Seria horrível. – Ela entortou a boca. – Espero que isso sare logo. – Sorriu e saiu do banheiro.

– Esbarrar em um prego? – Kane apareceu. – Boa desculpa. – Então coçou o queixo. – Péssima desculpa, me diz o que houve.

– Disse a verdade. – Revirei os olhos, e entrei no meu quarto.

– Você mente tão mal. – Ele falou em um tom de voz indignado. – Sem segredos, eu já sei sobre Jess, Hanna, Eliel. – A cada nome que ele falava, um dedo de sua mão subia. – Vamos lá. – Ele disse. Fechei os olhos e suspirei, contaria a verdade.

– Eliel fez isso. – Apontei pro corte. – Ele me atacou no banheiro da boate Beats. – Me sentei na cama. – Hanna me salvou.

– Filho da mãe. – Kane sentou do meu lado. – Mas Jess havia matado ele, não?

– Sim, porém Jess errou o coração dele. – Kane ouvia atento. – Mas agora ele está morto, e dessa vez é para valer. Hanna o apagou e uma hora dessas ela já deve ter arrancado seu coração e o enterrado em algum lugar.

– Essa garota é tão... – Ele pausou. – Irresistível.

– Kane, isso é sério. – Soquei seu braço.

– Sério? – Ele se levantou. – Você namora um demônio, e corre perigo, aliás todos a sua volta correm perigo. – Ele fez um gesto circular com o dedo. – Se for pra ser assim, eu tenho que aproveitar. – Kane nunca levava nada a sério, mesmo um assunto de vida ou morte.

Depois que Kane se mandou, eu entrei no chuveiro. Uma ducha sempre me fazia pensar, pensar e pensar. Lá era o lugar para decidir sobre as coisas da minha vida. A água quente batia em minha pele, e era como se ela tirasse toda minha preocupação do momento. Depois do banho, me enrolei na toalha e saí, levei um leve susto quando vi Jess sentado na cama de frente para mim.

– Jess. – Andei depressa em sua direção, o abraçando. – Está tudo bem? – Perguntei baixo em seu ouvido.

– Como pode se preocupar comigo? – Sua voz estava exausta.

– O que houve? – Perguntei, passando meu polegar em seu lábio, que estava com um pequeno corte. – Pra onde você foi?

– Isso não importa. – Ele me apertou mais contra ele. – Você está aqui, isso é mais importante.

– Vou cuidar disso. – Falei, desviando meus olhos em seu corte.

– Não, eu estou bem. – Ele sorriu, mas foi um sorriso frouxo, ele parecia acabado. – Te ver só de toalha me deixa bem, mas confesso que sem ela, eu ficaria melhor. – Mesmo naquele estado, Jess não perdia seu bom humor e seu lado insano.

– Me esqueci disso. – Sorri. – Não saia daqui. – Saí do quarto fechando a porta em seguida, fui ao banheiro do corredor pegar o mesmo kit socorros que Lucia usou. Quando voltei, Jess estava no mesmo lugar. – Isso vai arder um pouco. – Repeti o que Lucia havia me dito mais cedo.

– Sem problemas. – Ele falou, correndo seus olhos em mim. – Você está me distraindo.

– Sem problemas. – Fui ao banheiro do meu quarto e fechei a porta, vesti uma calcinha que achei na gaveta do armário da pia e vesti uma camisa grande e folgada. – Agora sim. – Falei saindo do banheiro, indo em direção ao Jess.

– Isso é tortura. – Ele riu, logo depois fazendo cara de dor, sentindo o álcool em seu lábio.

– Quem eram os comparsas de Eliel? – Perguntei séria.

– Eram garotos novos, não tão fortes como pensei. – Ele escorou suas mãos no colchão, atrás de si. – Estavam em três. – Ele me encarou. – Foram violentos demais, mas eu consegui acabar com eles. Encaro tudo que possa machucar você. – Ele passou o dedo no curativo que estava em minha bochecha. – Não sabia que Eliel estava lá. – Sua voz falhou. – Quando saí para perseguir o garoto que fugiu, encontrei Hanna, ela havia acabado de saber que Eliel estava preparando algo, soube por um informante não muito confiável. Hanna ainda é vista como um deles, mas ela está comigo. Quando ela me disse, eu pensei em voltar rapidamente para buscar você, mas ela disse que tomava conta disso e me mandou continuar atrás do garoto, se ele conseguisse fugir, ele espalharia para todos o que estava acontecendo e tudo estaria no fim. – Ele respirou fundo. – Confiei nela, e tive um ótimo resultado, você está aqui, viva.

– Passei a gostar mais dela. – Sorri. – Pronto. – Falei fechando a maleta, me aproximei e beijei seu lábio de leve. – Melhor? – Sussurrei.

– Sim. – Ele falou entre um sorriso. – Mas não foi só a boca. – Ele falou tirando a camisa, e pela primeira vez pude ver a parte bem definida, pude ver o que ele escondia embaixo do pano de sua camisa. Me assustei ao ver um roxo no mesmo lugar em que ele havia se cortado, quando o encontrei na estrada, e na parte da sua costela uma mancha vermelha.

– Meu Deus. – Minhas mãos estavam em minha boca, eu estava chocada, me senti mal em ver aquilo, meus olhos arderam.

– Tudo bem. – Ele se levantou com dificuldade e me abraçou. – Essa é uma parte chata da minha existência. Esse curativo não vai melhorar meu lábio, mas agradeço por se preocupar. – Ele beijou minha testa. – Tudo demora para cicatrizar em mim, sempre evito me envolver em algo que me machuque, ou essa é a consequência.

– Sinto muito. – Falei sem força.

– Mas a parte boa é que eu não morro fácil. – Ele riu.

Ficamos abraçados em silêncio por alguns minutos, minha mão começou um trajeto passando pela sua pele, nos lugares machucados. Aquilo tudo aconteceu por minha causa, ele estava daquele jeito porque estava prestes a fazer de tudo para me defender, tudo mesmo e isso me fazia sentir uma culpa tremenda.

– Não pense nenhuma bobeira. – Ele murmurou. – Se você estiver bem, eu estarei melhor.

– Eu te amo Jess. – Sussurrei, aninhada em seus braços.

– Eu a amo muito mais. – Ele devolveu.


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