Tentação escrita por MePassaAManteiga


Capítulo 11
- Capítulo 11




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/579801/chapter/11

O rock’s estava vazio. Abgail fazia a soma do mês sentada em seu banco apoiada com um cotovelo no balcão. A menina que costumava me ajudar havia faltado, eu estava sentada no canto do balcão olhando para a porta que ligava o bar. Um vidro me deixava ver o que acontecia lá dentro e na minha cabeça, Jess poderia aparecer a qualquer momento. Eu queria vê-lo novamente, mais cedo eu havia ficado com o coração disparado e quase o beijei. Queria muito senti-lo, mas ele não era confiável.

– Pare de pensar em seus namoradinhos e vá pegar os refrigerantes que chegaram, - Abgail falou. – estão no depósito. – Ela apontou para a porta. – São nove fardos. – Ela sorriu, gostava de me escravizar.

– Você que manda. – Falei erguendo meu corpo e indo até o depósito.

Era grande e cheirava a tuti-fruti, várias caixas se espalhavam pelo lugar, era escuro e quente, me sentia mal só em pensar em ficar lá por mais tempo. Procurei os fardos e coloquei-os em um carrinho próprio para isso e dei o fora de lá. Abgail me mandou colocar todos no grande freezer que ficava dentro da cozinha.

– Feito. – Me sentei respirando cansaço.

– Só foram nove e você está nesse estado? – Sua expressão era de deboche. – Quando eu comecei, eram quase vinte todos os dias.

– Mais um defeito meu. - Estiquei meus braços pra cima e joguei-os em meus joelhos.

– Você deve ter alguma doença. – Ela mascava um chiclete, e já deveria ter perdido o gosto. Eca.

– Claro que não. – Sorri torto.

– Pode ir se quiser. – Ela fechou seu caderno e jogou a calculadora em uma gaveta. – Está vazio, não virá mais ninguém a essa hora.

– Tudo bem. – Eu nem pensei em perguntar “Tem certeza, não precisa de mais nada?”, eu não teria outra chance dessa e ela poderia mudar de ideia facilmente.

Eu estava sem carona, mas ainda estava cedo e os taxis rondavam pela cidade, eu poderia andar por alguns quarteirões até que um taxi aparecesse e me levasse embora. Meu celular vibrou no bolso, na tela estava o nome do Louis acompanhado por uma foto dele comendo macarrão.

– Meu Deus. – Sua voz estava alterada. – Oi, Mag. – Ele estava bêbado.

– Aonde você está? – Perguntei.

– Festival. – Ele disse. – Vem, preciso de alguém para dirigir. – Louis era irresponsável, mas nem tanto. Quando ele bebia, a parte protetora de seu cérebro funcionava perfeitamente e fazia com que ele não pegasse no volante alcoolizado.

– Mas que droga, Louis. – Eu não queria aparecer lá. Jess me disse que estaria lá, eu não queria vê-lo, na verdade eu queria sim, mas não queria que ele soubesse que eu queria. Entenderam?

Na esquina avistei um carro com uma placa acesa escrito “Taxi”, apontei meu dedo para frente e ele parou do meu lado. Um velho careca com tatuagens pelo braço abaixou o vidro e me olhou de baixo em cima.

– Pra onde? – Ele tinha um dente de prata e fedia cigarro.

– Lago Kunt. – Eu estava em dúvida, mas acabei entrando na porcaria do carro. Ele me assustava, minha bolsa era cheia de tralhas, qualquer gracinha e eu enfiaria algo na guela dele.

O lugar estava cheio, o taxista me cobrou trinta dólares, e eu quase vomitei quando saí do carro, aquilo precisava de uma lavagem completa, eu estava quase certa de que tinha um bicho morto lá dentro. “Nunca mais entre em um taxi com um motorista careca de tatuagens que tem dente de prata, e é careiro”, falei em minha cabeça.

Me misturei ao formigueiro procurando pelo Louis. Seria impossível achá-lo naquela multidão. As barracas estavam cheias, os brinquedos estavam com filas gigantes e eu estava andando como uma barata tonta a procura do idiota. Em um giro com meu corpo para tentar achar qualquer vestígio do Louis, meus olhos pararam em uma direção e meu corpo paralisou. Jess estava na barraca de tiro ao alvo, ele segurava uma espingarda, seu corpo todo estava apoiado com uma perna para trás, ele segurava a pistola por cima de seu ombro e quando menos esperei ele apertou o gatilho me fazendo assustar com o barulho. Eu estava prestes a sair voando dali, mas ele me viu.

Ele sorriu com os olhos, três caras estavam do seu lado gritando e rindo, todos vestidos de preto. Eu estava sem jeito e tentando ao máximo não parecer nervosa. Quando ele se aproximava eu não conseguia ficar calma, minhas mãos soavam, meu coração acelerava e eu gaguejava, me odiava por isso. Ajeitei minha bolsa de lado que batia em meus joelhos e comecei a mexer meu pé tentando me distrair e levar meu nervosismo para longe.

Ele falou alguma coisa com um amigo e andou até mim, mas não parou, apenas me passou um olhar como estivesse dizendo “Me siga”, e senti o seu perfume masculino ao extremo passar pelo meu corpo junto ao vendo de seu andar. Depois de respirar fundo por cinco segundos eu o segui.

Em um lugar mais isolado do Lago, ele parou e encostou-se em uma árvore, suas mãos afundaram em seu bolso, e seu rosto me encarou.

– Você veio. – Ele disse, me estudando.

– Não por você. – Minha voz não saiu do jeito que eu queria. – Louis está aqui, ele precisa de um motorista. – Segurei a alça da minha bolsa, minhas mãos estavam molhadas. – Ele chapou.

– Louis. – Ele fez um bico e abaixou uma sobrancelha. – Não vou com a cara dele.

– Saiba que ele ajudou a levar você para o hospital. – Ele sorriu, tudo pra ele era piada, isso me deixava ainda mais furiosa por dentro.

– Você está um arraso. – Desencostou-se da árvore e se aproximou. Eu não estava bonita, estava simples. Minha calça jeans estava rasgada no joelho, minha blusa estava quase velha e meu all-star estava desbotado. Ele estava sendo irônico.

– Olha, se você me dá licença, eu preciso achar meu amigo. – Falei ameaçando um passo para trás. Ele me puxou pelas mãos me jogando contra si, e de novo nossos corpos estavam colados. Ele laçou uma mão na minha e com a outra ele colocou meu cabelo para trás da minha orelha.

– Ele não precisa de você. – Ele murmurou. Eu estava prestes a gritar de alegria, ou será que era de medo, eu não sabia, eu queria agarrá-lo e ao mesmo tempo queria afastá-lo de mim, eu não sabia o que se passava pela minha cabeça, não sabia se era errado ou certo, se era confiável ou não. Mas no final era só desejo.

Seus lábios colaram nos meus, ele estava me beijando, seu beijo era leve e delicioso, lábios macios e perfeitos. Sua barba por fazer arranhava meu rosto, sua mão continuava laçada com a minha, e a outra estava em meu pescoço. Eu estava encantada, queria mais, queria viver isso pra sempre, não queria sair, queria ficar ali. Borboletas dançavam em meu estomago. Minha mão desocupada percorreu pela sua barriga e senti que era bem definida, e imaginei sua camisa sendo rasgada pelas minhas próprias mãos e então eu o afastei. Meus pensamentos estavam indo longe demais. Estávamos ofegantes, seus lábios estavam rosas e seu peito subia e descia com a respiração.

– Isso não fazia parte do meu plano. – É claro que eu estava mentindo.

– Você tinha um? – Ele sorriu maliciosamente.

– E-eu, - Gaguejei. – Eu tenho que sair daqui. – Eu estava desorientada, não sabia nem pra que direção seguir.

– Posso levar você pra casa. – Ele se aproximou.

– Não. – Falei de imediato. – Não. – Repeti. – Eu já tenho com quem ir. Obrigada por... por se oferecer, mas está tudo bem. – Minha nossa que homem era aquele, ele me deixara boba apenas com um beijo, imagine se isso fosse mais longe.

– Nos vemos amanhã. – Seus lábios tocaram nos meus com um beijo leve e curto. Eu me derreti, por dentro. Já não tinha mais órgãos.

Então o deixei para trás e saí a procura de Louis. Peguei meu celular e liguei para ele.

– Me diz aonde está?

– Lago Kunt. – Ele resmungou. – Você ainda não chegou, droga?

– Eu estou aqui. Me fale um ponto de referência para que eu possa te encontrar.

– Boliche. – Ele parecia acabado.

– Ok. – Falei. – Vamos dar o fora daqui. – E desliguei.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Tentação" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.