Denied Thrice escrita por tory m


Capítulo 2
One


Notas iniciais do capítulo

Yeeee~ segundo capítulo! Como prometido voltei!
Fiquei muito feliz com as visualizações e acompanhamentos que recebi. Pode ser super pouquinho pra maioria, mas qualquer feedbackzinho (whhaaaat?) de vocês me faz muito, muito grata e me incentiva também.



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– Parece que alguém aqui conseguiu vender até o pó que estava sobre os cavaletes, Levi.

Um sorriso de canto é o que bastou como resposta para a mulher ao meu lado e esgueirando um pouco os olhos para a esquerda vejo os dedos longos e pintados da jornalista segurando uma taça de champanhe. Os olhos avelãs, antes presos na imagem a nossa frente, se viraram para outro lado do salão a medida que a taça tocava suavemente os lábios pálidos dela. Eu quase podia sentir seu olhar ácido dela tocando deliberadamente minha pele conforme ela analisava cada centímetro meu com os olhos grandes de um modo quase debochado.

– Você fica ainda menor com esse terno, parece uma criança no meio do salão, sabia?

– Como se você não ficasse ridícula nesse vestido laranja, quatro-olhos de merda. Suas roupas eram para ser uma piada, ou...?

Ouch, parece que a língua de alguém aqui continua bem afiada, não? – Hanji deu com a taça em suas mãos para todos os lados, fazendo o líquido perolado rolar bem perto da borda seguidas vezes até que ela voltou a beber mais um pouco da champagne.

– Vai levar quantos goles dessa merda para pedir a entrevista ou o que quer que seja, Zoe? – Perguntei indiferente, aguardando até que ela gargalhasse deselegantemente como de costume e ajeitasse os óculos na curva acentuada do nariz, como sempre fazia. Depositou a taça na bandeja de algum garçom que passava sem se importar com educação ou finèsse. Hanji respirou fundo e tomou postura, postando a voz.

– Mais nenhum, Sr. Ackerman. – Debochada, ela passou a minha frente, me olhando diretamente nos olhos, de cima para baixo, pela primeira vez na noite. Fez de seu olhar o laço que me arrastaria dali para onde quisesse. – Pode me acompanhar? Eu prefiro um lugar mais reservado, não quero interrupções. – Ela sorriu torpe enquanto já caminhava intencionada a cruzar o salão. Ao passo que a seguia, corri os olhos por toda a galeria decorada apenas com luzes de diferentes cores e intensidades. Havia críticos, curiosos e milionários espalhados por todo o salão, bebendo, comprando e cuspindo meia dúzia de mentiras uns nos outros.

Procurava por aquele maldito brilho displicente que obviamente se forçaria a sobrepor-se à todos os outros clarões dali e encontrei-o nos olhos do único pirralho despreocupadamente encostado no bar.

Oh, Eren...

Ele me olhava e seus dentes perfeitamente alinhados prendiam um dos cantos de sua boca e soltavam-no lentamente. Fosse intencionalmente ou não, Eren sabia que pequenos gestos como aquele conseguiam fazer meu sangue correr mais e mais rápido, numa direção só. O pirralho adorava brincar com fogo e pior ainda, parecia não ter medo nenhum de se queimar.

Maldito.

Os cabelos – pouco mais compridos que de costume – ligeiramente cobriam-lhe a testa e um terço dos olhos verde-amarelados. Ele sabia que eu estava prestando mais atenção nele do que em meus próprios pés, que caminhavam mais devagar agora. Ele sabia que tinha o controle da situação e sabia como piorar as coisas para mim. O copo de qualquer-coisa que ele – ilegalmente – bebia foi até seus lábios, entornou o líquido dourado entre eles. Pequenas gotas se esgueirassem e minimamente parassem na curva de sua boca que já se torcia no sorriso naturalmente nervoso de Yaeger.

Pelo visto, eu não era o único com boa memória ali.

(...)

Denied Thrice
14 meses antes

Cheio demais. Monótono demais.

A muito tempo aqueles pubs do inferno em que eu sempre ia haviam perdido a graça. A música repetitiva rodeava-me, mas há muito não me entorpeciam mais que as bebidas baratas dali. Os corpos que se trançavam em meio a suor, fumaça e cheiro de tabaco pareciam todos indiferentes a mim agora. Por muito que meus olhos vagassem por entre eles, nada parecia ser capitado por meus sentidos, nada.

Sem mais olhares, nem toques. Sem mais admiradores, nem amantes.

Um ou dois anos depois de terminar a faculdade, eu finalmente havia conseguido minha primeira exposição numa galeria local, mas ninguém pareceu-me apto à comemorar aquilo junto de mim. Não, pelo menos, até a quinta dose do que eles tinham de pior ali.

– Viva! – Algum grupo de seis ou sete bêbados bradou do outro lado do bar e eu involuntariamente girei meu pescoço displicentemente na direção deles. Eram três pirralhos e algumas garotas se esfregando a eles, enroscadas aos braços dos jovens, de bocas abertas e suor escorrendo pelas roupas. Todos pareciam estar entretidos demais com as obscenidades e toda aquela imundisse deles. Tão entretidos que se faziam capazes de ignorar uma figura singular, dois bancos além deles.

Como podem?

De fato eu soava como um aproveitador de criancinhas, mas como aquele menino esguio e diabolicamente intrigante poderia ser alheio a todos os olhos daquele maldito lugar? Um sorriso estava agarrado à face pouco iluminada dele e tombava justamente no canto da boca. Ele tinha o braço erguido e grossas linhas de cerveja escorrendo por ali. Os dedos morenos contornavam a garrafa em sua mão e instantes depois pousaram-na sobre o balcão de madeira podre. Os olhos dele se abriram enquanto a cabeça ainda estava inclinada para cima e a luz amarelada do bar pintou as orbes aparentemente tristes do estralho de um peculiar tom de âmbar.

Era a figura era mais fascinante que qualquer obra jamais rascunhada em eras.

Em dois minutos, o que parecia ser um monte de merda a minha volta era só uma cena em câmera lenta ao som do que me pareceu ser Icky Thump. Sorri com a oportuna trilha sonora e só pude me conceder mais alguns séculos a admirar o garoto tão aquém de tudo ao seu redor.

A cabeça se abaixou até tocar o espaço em meio aos antebraços e os fios negros - bastante compridos e despontados - escorregaram molhados de suor do alto de sua cabeça. Ele dançou o pescoço no compasso da melodia, deixando os músculos de seu rosto se contorcerem e evidenciarem que ele murmurava até os acordes de guitarra. Aquilo era a coisa mais suja, baixa e estúpida que eu poderia fazer naquele momento, mas meus dedos estalaram e os garçom aproximou-se de mim para ouvir que levasse uma dose de whisky ao pirralho da esquerda.

Bastaram cinco minutos. Levi Ackerman não precisa de mais que frações de tempo para conseguir o que quer. Seu rosto em direção ao meu, as bochechas avermelhadas pelo calor do lugar. Verdes cruzados pelo acinzentado tom de meus próprios olhos. Sua blusa preta displicentemente desarrumada sobre sua pele jovem e dura. Lábios separados e gotas douradas a descer-lhe o queixo junto do que podia ser um sorriso bêbado do garoto. Ele não respirava bem fazia bons minutos.

Ele ainda estava do outro lado do salão, mas me dissecava os olhos com os seus próprios quando sussurrava alguma música mais sugestiva.

Inferno, aquilo era melhor que qualquer vadia na minha cama.


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Notas finais do capítulo

Finalmente! O próximo conta o estreitamento da história dos dois e estou pensando em adicionar ~talvez~ um cadinho de lemon e pah... ( ͡~ ͜ʖ ͡°) idk. Tenho mais um vestibular essa semana, então vai depender do meu tempinho entre matérias.

Fiquem à vontade pra interagirem, mandarem criticas e/ou perguntinhas, huh?

O terceiro chap chega pra vocês nessa quarta-feira! Até!



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