Denied Thrice escrita por tory m


Capítulo 3
Two


Notas iniciais do capítulo

Terceira postagem! (e todas em dia, oh god, parece sonho!) hahaha Esse sistema de agendamento de postagens do Nyah realmente é uma baita mão na roda. e_e eheh
Eren e Levi finalmente trocando 'gentilezas' no chap de hoje!

Muito obrigada por acompanharem a fic, seus lindos! ^-^ ~



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– Eu não acho que só isso baste para você, Levi. – Erwin era o que podia ser chamado de "meu agente e consultor de imagem", mas agora parecia ter encarnado de vez o personagem e se tornado o mais novo detentor do prêmio Estorvo do Ano – ele servia muito bem nesse papel. O joguinho de me dizer o que podia e não podia fazer já havia ficado menos interessante do que a hipótese de espancar a cara de bom moço que ele tinha.

– Eu não me import-

– Tsc. – Ele arrancou o cigarro dos lábios e o apagou no cinzeiro horroroso do escritório, bem a sua frente. – Pare de ser um menininho revoltado na pré-adolescência e me escute, Levi. – Ele voltou a se encostar completamente na cadeira em que estava, massageando o centro da testa e bufando. A impaciência no rosto de galã mexicano dele era atípica, mas eu ainda não via razão para tudo aquilo. – Você não pode bancar o revoltado, moderninho e rebelde sem causa. Ou esqueceu que já passou há um bom tempo dos vinte e poucos anos? Que tipo de credibilidade acha que algum idiota daria à alguém que nem um motivo tem para se dizer "revolucionário"?

– Eu não preciso de droga de razão nenhuma para justificar meus quadros. Eu vou lutar e mostrar o que os babacas de Sina fingem não ver. É isso que eu devia fazer!

– Devia também volta à morar com sua mãe. – Em segundos qualquer coisa de metal foi atirada contra a cara daquele imbecil e eu bufei cansado de todas aquelas voltas que nunca me levariam onde eu queria e devia chegar.

– Vá se foder, bastardo! Eu não vim até aqui para perder meu tempo ouvindo as suas babaquices. – Estava já no meio da tal sala agarrando as sacolas de materiais para as telas novas e arrastando os pés para fora dali.

– Sinceramente, você age pior que menininhas. Já que gosta tanto de mostrar esse seu ladinho "em prol de pequenas causas " porque não arruma logo um namoradinho, huh?

(...)

Não fazia ideia de o quanto havia bebido até então. Eu era bom em me manter sóbrio e conhecia meu limite, mas o quanto de álcool eu já tinha posto para dentro a muito já dinha deixado de ser a minha preocupação da noite. Erwin tinha enchido minha cabeça como a muito não fazia e depois de ter ficado horas tentando tirar o verniz derramado no chão impecavelmente marfim do meu estúdio, eu merecia algum tempo.

O ar do lugar parecia mais denso e maçante do que de costume. Pessoas e mais pessoas repugnantemente suadas e esfregando-se umas nas outras era a única visão que eu tinha, meus olhos tropeçavam em meio a tantos rostos estranhos e eu não estava com humor nem para mais um provável remake das minhas contemplações do pirralho 'de sempre' – que aquelas alturas ainda não havia dado as caras desde que havia chegado.

Desviei de praticamente toda a multidão que se espremia ali e empurrei meia dúzia de caras para conseguir me ver fora daquele lugar. A altura nunca me ajudou, mas força e meia dúzia de palavrões sempre estiveram ao meu lado.

Eu praticamente fui cuspido para fora e já na calçada eu ajeitei as luvas de couro que usava, logo enfiando as mãos nos bolsos do sobretudo e tomando o caminho mais embaçado que o normal até meu apartamento.

– Hey, como assim a noite já acabou para você, boneca?

Eu já havia dado alguns passos mas a voz dele pareceu ecoar e travar minha mente da pior e da melhor maneira possível. Não demorei para girar o rosto para trás e dar de cara com quem-quer-que-fosse. A rua, perpendicular à do bar em que estava e por onde caminhava, estava praticamente deserta e poucos postes iluminavam mal as calçadas. Além dele, só um par de olhos enormes.

O pirralho-'de-sempre' me encarava seco, penetrante. Contrastando com todo o resto de seu rosto tão jovem e até inocente, talvez, seu olhar parecia carregado de sagacidade. Por aquelas semanas que se passaram, nós nunca havíamos feito mais que encarar um ao outro do lado oposto do bar e acho que talvez não soe tão idiota dizer que meus sentidos falharam por milésimos de segundo durante essa nossa primeira interação mais direta. Nem em um milhão de anos eu poderia esperar tremer e formigar só por ouvir a voz de alguém.

– O que disse? – Era óbvio que eu havia entendido, mas uma entranha necessidade de ouvir seu timbre cresceu em mim e não pude evitar.

– Eu queria saber o por quê da donzela estar, à essa hora da noite, caminhando aqui na rua. – Pontuando sua frase, ele estreitou ligeiramente os lábios quando riu e a pequena fumaça que se formava pelo contraste de sua respiração quente com o vento gelado embaçou a visão de seu sorriso torto. Puta merda. Talvez nem fosse por intenção, mas se havia algo que eu aprendi nos dias no bar era que aquele moleque simplesmente fazia tudo se tornar mais obsceno que o normal até sem querer.

Ao passo que ia respondê-lo, uma pontada me atingiu a cabeça e apertei os olhos enquanto torcia a boca. Decidi dar-lhe as costar e tomar o meu rumo, já que ficar ali bêbado e com frio, falando com o garoto, não estava em meus planos. Tratei de sair dali – mesmo que mal distinguisse qual era o meu pé esquerdo àquela altura –, não era hoje em que eu tentaria estreitar os laços com o estranho. Meu humor e enxaqueca pareciam concordar comigo.

Resolvi manter o silêncio, apenas comecei a caminhar novamente praguejando as vertigens que torciam meu caminho e giravam o chão em que pisava. Talvez foram dois ou cinco passos que dei, mas minha torpe caminhada não durou tão mais que isso, já que logo senti a ardência em minha bochecha denunciando que a mesma tinha ido de encontro com o chão áspero e sujo dali.

Hn, precisava mesmo de uma soneca.

(...)

Fui encostado contra algo gelado e parecia que uma forte chuva me atingia naquele momento. Tentei abrir os olhos sem sucesso. Me contorci contra o frio que os pingos grossos me causavam e levemente me debati, mas meu corpo acabou preso entre duas coisas quentes com as quais lutei por algum tempo.

– Caralho, dá para você parar de agir como se fosse uma lombriga, nanico?

Aquela voz. De novo. Mais perto. E mais forte. Mais quente. Mais... Mais.

Provavelmente soltei um grunhido em plena confusão. Meu consciente ainda não trabalhava direito e eu ainda não sabia distinguir o por quê de estar na chuva e ter aquela voz me fazendo cócegas tão perto de meu ouvido. Balancei-me com mais força e tentei soltar meus braços de onde quer que eles estivessem presos até que por segundos senti tal aperto afrouxar. Foi apenas isso e em seguida tive a sensação de minha bochecha arder ainda mais.

– Vai sonhar por mais quantos séculos, princesa Aurora? Não sou a porra da sua babá para ter a obrigação de dar banho em você, sabia!?

Não. Eu preciso de um minuto. Banho?

Forcei meus olhos abrirem, buscando foco naquele lugar de luzes tão claras e azulejos cor de ônix. Foram alguns vários segundos para conseguir levantar minha cabeça e outros mais para levar meus dedos até minha testa e afastar meus cabelos grudados no rosto até me permitirem encarar a pessoa a minha frente.

– Buu! – Não era hora da minha máscara cair, mas o brilho verde-amarelado tão perto dos meus e o sorriso curto que o acompanhou com certeza me rendeu uma leve expressão de pânico junto de um par de olhos arregalados. Confesso que por alguns instantes eu considerei como realmente eu devia agir em situações como aquela, mas não era a hora de deixar minha fama de mal-encarado escorrer pelo ralo.

– Mas que diabos você pensa estar fazendo comigo, garoto? – Já estava são o bastante (ou não) e pude erguer meus braços e jogar o corpo maior que eu para fora do box antes de me levantar. – Quem você pensa que é? E... porque eu vim parar agarrado com você debaixo do chuveiro em algum inferno imundo que não é a minha casa? – Pela primeira vez lembrei de conferir se ainda estava vestido e, por sorte ou não, apenas minha jaqueta não estava ali.

Ele bufou, se levantando do chão e apalpando a blusa encharcada. Por motivo não aparente, ele não se envergonhou em puxar a blusa e arrancar a mesma pela cabeça, jogando num cesto de roupas a seu lado. Meu primeiro pensamento foi em como aquele menino era demasiadamente abusado, mas depois, céus.

Aquilo era digno de adoração.

Ele já estava de costas e portanto não precisei repreender-me por estar julgando cada traço das algumas palavras riscadas em suas costas. Não que eu estive destinando tempo de mais a analisar a pele cor de caramelo saindo do meu campo de visão, muito menos que pensasse que haviam outras ideias em meu subconsciente sobre querer mais tempo para olhá-lo. Ora, eu era um artista, um pintor, e aquele tom era realmente fascinante.

Nunca fui tão concentrado ao ponto de ficar mais que minutos preso à uma só coisa e assim se fez quando a água ainda tão gelada me alçou daquele vale de pensamentos e me trouxe à tona a pequena irritação de ter sido ignorado em minha pergunta. Obviamente eu já traça linhas do que poderia ser verdade já que vagamente me lembrava de ter sido ele a última pessoa que vi antes de tombar nas ruas de Trost, mas ainda não me parecia claro o motivo para ele ter me socorrido e levado até algum lugar mais "seguro" para me curar o porre.

Por fim resolvi que o mais sensato seria procurar algum lugar que não fosse o chão para por minhas roupas e me limpar. Usei a camiseta que usava por baixo da blusa social e da jaquela para me esfregar – já que nem em um milhão de anos eu usaria aquela coisa amarela e aos pedaços que era a bucha de banho que ele e aparentemente mais trinta mil pessoas deviam usar naquela casa. Usei o sabonete líquido da pia e preferi ficar o mais longe possivel do sabonete e dos fios sabe-se-lá-de-onde que estavam agarrados nele. Uhrg.

Desliguei o registro, arranjei algo para me secar e, como não havia saída, fui pacificamente até meu "sequestrador/salvador" pedir por explicações.

No caminho me lembrei do porre que os últimos dias tinham sido e principalmente das palavras de Erwin. E já Levi Ackerman gosta das coisas mais intensas e instigantes sempre, por que não fazer aquela ocasião um pouco mais... Interessante? Não, não era nenhum tipo de atração, tensão sexual ou perseguição com o garoto displicente, mas me pareceu tão boa a ideia que me correu a mente que seria adorável pô-la em pratica.

Pus-me a caminhar para fora dali, pelo chão marcado e marrom da casa em que estava. Havia apenas um corredor com algumas portas que desembocava na sala e ali pareceu a direção certa. Bingo. Ele cruzava o cômodo devagar e a pouca distancia entre nós agora facilitaria as coisas.

E que os jogos comecem!

Mas o que-

– Shhh! Não, não, adorável garotinho, você não vai falar mais nada que eu não queira ouvir, certo?

Estava à suas costas. Eu, uma parede salmão e o corpo molhado dele entre nós. Uma mão minha torcendo os fios curtos de sua nuca, a outra com dois dedos esticados contra o pescoço dele. Quase – vergonhosamente – na ponta dos pés, eu mantive os lábios próximos à lateral de seu rosto. Nos dele, um sorriso começava a brotar. Hn, interessante. Ele, então, parecia ser mesmo uma pessoa apita para meus joguinhos.

– Eu posso te soltar e vou, mas queria fazer algumas perguntas antes... Pirralho.


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Notas finais do capítulo

Ugh, e essa conversa deles, huh? O que será que vai sair?

Acho que vou postar o capítulo extra que escrevi. Enquanto revisava a fic e adaptava ela, eu senti que explorei pouco essa parte e deu vontadezinha de escrever e detalhar mais. Pois bem, vou adicionar o extra então.

Sábado eu posto ele para vocês, okay? Como tenho meu último (thanks god) vestibular no sábado, mas já tenho ele pronto, vou deixar agendado. Daí não tem erro.

Espero que estejam gostando da história!
Beijos e até a próxima!
tory out.



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