Evolution: Parte 1 escrita por Hairo


Capítulo 7
A Caverna


Notas iniciais do capítulo

E aí?

Será que essa garota nova é boa praça? Será que o Dave vai aturar?
E o Eevee, como será que vai lidar?

Vamos ver no que vai dar.



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Capítulo 7 – A Caverna

Aquele dia passou mais devagar do que os outros, para a surpresa de Dave. Mindy estava cabisbaixa e seguia em um ritmo lento enquanto ele se esforçava para não ficar muito à frente, o que pareceu desapontá-la um pouco. O único que falava era Eevee, seguindo feliz e correndo na frente das crianças. As colinas que o rapaz havia visto agora estavam ficando maiores, mas ainda estavam relativamente distantes e ele viu que mesmo se tivesse andado a noite anterior inteira, não as teria alcançado.

– Ei Mindy, você sabe como passar por aqueles morros ali na frente?

– Claro que sei. Eu vim por lá esqueceu? – Respondeu a menina em um tom grosso. Mas não explicou para ele o caminho. O rapaz, por sua vez, preferiu não perguntar de novo.

Almoçaram apoiados em algumas árvores secas à beira da estrada, e a distante garota preparou a comida para os Pokemons calada. Depois de uma boa refeição e com as barrigas cheias novamente, o grupo seguiu seu caminho. Mindy havia dito, em um dos seus raros comentários enquanto comiam que a melhor opção para eles seria passar a noite nas montanhas.

E assim o dia inteiro se seguiu. No fim da tarde, eles estavam no pé das altas colinas e Dave torcia para que a morena que liderava a caminhada soubesse de uma trilha que não pedisse que eles escalassem.

E ela sabia.

– A entrada do túnel deve estar aqui em algum lugar – Disse Mindy.

– Túnel? – Perguntou o garoto, sem entender muito bem.

– É nós vamos atravessar por um túnel. – explicou a menina – A estrada oficial faz ziguezagues por entre as colinas e nós levaríamos um dia para chegar do outro lado, se déssemos sorte e não nos perdêssemos. Mas o Charmander e eu exploramos a região enquanto estávamos na cabana e descobrimos esse túnel que leva para o outro lado, cortando o caminho pela metade. – Ela soltou o cabelo e lançou um olhar orgulhoso para Dave. – Além do mais, podemos acender uma fogueira e dormir melhor dentro do túnel do que do lado de fora.

Dave não gostou muito da idéia de entrar em um "túnel" que ninguém usava. Provavelmente existia um motivo para não ser o caminho oficial, já que era mais curto, mas decidiu confiar em na garota, afinal, ela havia explorado a região por dois meses.

Andaram por alguns minutos em ritmo lento, na direção sul, e depois de algum tempo Mindy pareceu encontrar o que estava procurando.

– Achei! Agora vamos precisar de fogo. – Disse sacando sua Pokebola. – Charmander vai! Ilumine o caminho.

– Vamos Eevee, vamos segui-los – Disse o rapaz, ao perceber que seu amigo estava um pouco relutante a entrar na caverna – Não tem problema, ela sabe o que está fazendo. Eu acho – mas essa ultima parte ele guardou para si mesmo.

Charmander foi à frente, usando seu rabo como tocha enquanto o grupo o seguia de perto. O túnel era rochoso e abafado, e a tocha do Pokémon de fogo não ajudava com o calor. Logo ficou muito escuro e a fraca chama que os guiava era a única fonte de luz do lugar. Depois do que pareceu uma eternidade para o menino, mas que foram apenas algumas horas de acordo com Mindy, eles resolveram parar em um lugar com um pouco mais de espaço onde todos podiam deitar, mesmo que apertados. Se ajeitaram e comeram um pouco, e logo a menina chamou Charmander de volta, deixando todos na maior e completa escuridão.

– Boa noite – Disse – Vou botar meu relógio para despertar cedo de manhã. Se acordar antes dele, volte a dormir, pois ainda será de madrugada. Eu te acordo quando der a hora.

E com isso todos foram dormir, Mindy de um lado com sua Pokebola no cinto e Dave e Eevee do lado oposto, se abraçando para aquecerem um ao outro.

O menino acordou com o calor. Charmander estava fora de sua pokebola de novo e Mindy estava guardando suas coisas. Não parecia ser de manhã já que o túnel estava tão escuro como antes, e Dave ainda se sentia cansado.

– Vamos – Disse Mindy – Quero dormir na casa de meu avô hoje.

E eles continuaram andando. O calor era maior agora e Dave daria tudo para terem outra fonte de luz se não o fogo. De acordo com a morena eles estariam na casa do Prof. Noah ainda aquela noite, e o treinador não conseguia acreditar que teria que se apresentar como um treinador que veio de Grené, mas que não pegou nenhum Pokémon pelo caminho. Ele vai rir de mim pensou.

Ao andar mais um pouco, eles alcançaram uma bifurcação no túnel. Enquanto um caminho seguia em frente, o outro virava para a direita, seguido para o Norte.

– Uhm, eu não lembro disso. – Confessou Mindy olhando para Charmander.

– Char, char! – Disse o Pokémon coçando a cabeça.

– Ótimo! Perdidos num túnel escuro. Muito bom! – Disse Dave, sentando no chão.

– Uee – Disse Eevee baixando a cabeça.

– Olha só... – começou Mindy, mas mudou de idéia, bufou para extravasar o que quer que fosse falar e sentou no chão de frente para Dave.

– Isso não faz sentido, eu sei que esse é o túnel certo e eu fui até o outro lado quando viemos aqui. – Disse a menina pensativa, como se estivesse falando consigo mesmo.

Então eles ouviram um barulho estranho vindo do túnel ao norte. Charmander direcionou sua cauda para o local de onde o som vinha como um reflexo e ali, mal iluminado pela luz vermelha da cada do Pokémon de fogo, eles viram um Sandshrew.

– Nossa um Sandshrew! É a minha chance - exclamou o garoto se levantando – Eevee, vamos lá!

– Espera ai, você não ta pensando em lutar aqui nesse escuro não é? – Disse Mindy, se levantando rápido. – Isso é perda de tempo. - Mas Dave não estava mais ouvindo. Ele estava concentrado.

– Eevee use a cabeçada agora!

– Uee!

Eevee correu e acertou o ataque em cheio no peito do desatento Pokémon terrestre que até então não havia percebido estar em uma batalha. O golpe foi forte e Sandshrew foi jogado alguns metros para trás, caindo no escuro, fora do campo de visão do treinador.

– Ah não! Cadê ele?

– Eu disse que não adiantava – Começou a menina, se preparando para sentar. Mas antes que pudesse fazê-lo, ela percebeu o que Dave estava fazendo. O rapaz correu para dentro do túnel escuro sem poder ver nada a sua frente, mas buscando incessantemente o pequeno Sandshrew. Eevee ficou para trás, demonstrando mais senso que seu amigo.

–Uee! Eevee! – Chamou tristonho.

De repente, ouviu-se sua voz vinda do túnel, aparentemente poucos metros dentro da escuridão.

– Eevee? Eevee cadê você? Ai! Espera ai! AAAII!

E então tudo o que ouviram foi um forte som de algo pesado batendo no chão e rolando. A voz de Dave ainda exclamou por alguns minutos assustadores como um eco, antes de sumir no escuro.

Mindy não acreditava no que estava acontecendo. Como se não bastassem eles terem se perdido, aquele garoto resolvera sumir dentro de um túnel sem luz nenhuma, sozinho. E ainda deixando o seu Pokémon e toda a sua tralha para trás.

– Uee! Uee, ueevee!

Eevee estava frenético e olhava para a garota com desespero, enquanto a puxava na direção do túnel por onde seu treinador e amigo havia acabado de desaparecer.

– Ta bom! Ta bom! A gente vai procurar ele, deixa eu só pegar minha mochila ok?

Ela pegou sua mochila, já pronta para sair, e quando estava prestes a iniciar a busca, percebeu que o rapaz tinha deixado seu saco de dormir desarrumadas, suas roupas largadas no chão e sua mochila aberta, com vários pequenos equipamentos caídos. Mais incrível que a bagunça era que o rapaz não tinha sequer uma lanterna. Foram vários minutos perdidos organizando tudo, ate que os três saíram à procura de Dave, Mindy com o peso de duas mochilas nas costas.

Um pouco a frente da bifurcação, eles reparam que o chão começava a se inclinar para baixo, e logo estavam em uma ladeira bem íngreme onde tinham que se equilibrar para não cair para frente.

– É agora estamos mesmo no subsolo – Disse ela – DAVE! DAVE CADE VOCE?

De repente, eles ouviram um barulho de asas batendo. Não apenas uma, mas muitas asas batendo freneticamente e um zumbido agudo irreconhecível. O pior era que o barulho aumentava, significando que o quer que fosse, estava vindo na direção deles.

–Todo mundo, abaixa! – Disse Mindy, se jogando no chão e cobrindo a cabeça com as mãos. Os Pokemons fizeram o mesmo. Bem na hora, um grupo de Zubats passou por cima deles.

–Ufa, essa foi por pouco. – Suspirou a garota. Eles seguiram andando, mas não gritavam por medo de atrair mais Pokemons morcegos na sua direção.

Depois de alguns minutos eles viram que o túnel se abria em uma região cavernosa. Ela não era muito alta, e podia-se ver uma entrada para um segundo túnel, bem em frente, há uns 10 metros de distância. Ali Charmander usou seu lança chamas por um tempo para que pudessem ver melhor o lugar, e o grupo se impressionou. A caverna era enorme. O túnel parecia passar exatamente na borda da área, e, para a direta, ela se estendia ate onde os olhos não podiam mais ver. As chamas de do Pokémon pareciam um pequeno fósforo em uma enorme sala escura. Eles não conseguiam ver o teto, muito menos a parede oposta a que eles estavam.

Se nós entrarmos na caverna, perderemos o túnel e quem sabe quando conseguiremos sair daqui? Pensou Mindy. Mas se o Dave foi lerdo o suficiente para entrar nela, não temos outra escolha...

– Dave! Dave você ta aqui? – Gritava a menina enquanto o eco percorria toda a caverna. Eles ouviram de novo barulho de asas batendo, mas dessa vez era distante.

– Uee! Ueeeevee! - gritou o POkemon, dando alguns passos a frente.

– Não Eevee – chamou a menina – se entrarmos ai, nós vamos nos perder. Se ele estivesse aqui, ele teria respondido.

– DAVE! DAVE CADE VOCÊ? – gritou ela de novo, ouvindo o eco seguir por toda a área subterrânea.

– Ele definitivamente teria ouvido se estivesse aqui. Vamos gente, vamos seguir em frente.

Então, eles seguiram em frente. O túnel que tinham a sua frente era bastante igual ao anterior, fazendo curvas quase como em espiral, só que não mais descia, e sim subia, fazendo com que eles andassem bem mais devagar além de ficarem bem mais cansados. Principalmente Mindy com suas duas mochilas. Eu vou matar esse menino!

Depois de bastante tempo, quando todos estavam exaustos e com poucas esperanças, eles ouviram um som diferente vindo da frente. Mindy não conseguiu reconhecer o que era, mas Eevee se animou e correu para frente, desaparecendo da vista da menina.

–Eevee! Eevee espera ai! – exclamou sem sucesso. Ela pensou em correr atrás dele, mas estava exausta de mais. Suas costas reclamavam e suas pernas quase gritavam de cansaço. O que esses dois têm na cabeça? Pensou a menina, inconformada

Mindy e Charmander seguiram ainda por mais 10 minutos (que pareceram 10 horas, na ladeira íngreme, quente e com duas mochilas nas costas) até verem uma luz, vinda depois de uma curva não muito a frente. À medida que se aproximaram do local eles começaram a sentir um estranho cheiro de queimado e, ao finalmente contornar o túnel, a garota viu que a luz vinha de um buraco à frente. Ela teve que forçar os olhos para conseguir enxergar na luz do dia, depois de tanto tempo no escuro, mas quando conseguiu, teve uma enorme surpresa. Ninguém menos do que Dave estava sentado do lado de fora, apoiado em uma árvore, com Eevee no colo fazendo carinho.

– QUAL O SEU PROBLEMA? – Esbravejou a menina, saindo finalmente da caverna e desabando no chão. Ela tirou a mochila do menino das costas e a jogou em cima dele. – Isso é SEU! E vê se não esquece ela de novo, porque essa é a ultima vez que eu carrego suas coisas!

– Calma, Mindy. Eu achei uma saída do túnel não achei? Acho que você deveria estar me agradecendo. – Disse Dave, com um sorriso na cara, ainda brincando com Eevee. – e eu tenho novidades. - Com isso ele pegou um Pokebola e jogou no chão, liberando um Sandshrew.

– Eu tropecei nele quando me virei para chamar o Eevee, e a gente rolou aquele túnel inteiro, até chegar à caverna. Aliás, vocês viram aquele lugar? Incrível! Ai lá eu aproveitei que ele estava tonto com o tombo e o capturei – Disse Dave, com muito orgulho.

Eevee e Sandshrew já estavam conversando e se conhecendo, mas Mindy ainda estava com sua cara suada e vermelha de cansaço e raiva.

– Te agradecer? Você quer que eu te agradeça por achar uma saída do túnel? Muito bem, parabéns, você achou uma saída por onde eu não sei como chegar à estrada para Cardo. E enquanto você estava capturando seu Pokémon, você esqueceu o Eevee e fez a gente sair do curso atrás de você! E AGORA ESTAMOS PERDIDOS!

– Olha só, primeiro, eu não esqueci o Eevee. Quando eu vi que ele não estava comigo eu virei para chamar ele, mas eu tropecei no Sandshrew e rolei ladeira a baixo. Você não ouviu o que eu acabei de dizer? – Explicou o menino, como se aquilo o eximisse de culpa - Segundo, a estrada esta bem ali ó – ele apontou para uma estrada que saia das colinas, uns 200 metros a direita deles. – E terceiro, – Dessa vez diminuiu o tom de voz e olhou fundo nos olhos da garota, que estava jogada no chão, exausta – quando eu disse me agradecer, eu quis dizer me agradecer por isso aqui – e tirou uma Pokebola de seu cinto colocando-a na mão de Mindy, que olhou dele para a Pokebola sem entender.

– Vai dizer que você não pensou em como eu consegui achar o caminho para sair do túnel? E como eu consegui ver o Sandshrew para capturá-lo? – Disse Dave, sorrindo para sua amiga.

– Mas...o que? – Ela ainda não entendia bem o que estava acontecendo e olhava perplexa do garoto para a Pokebola em sua mão.

– Vai, abre logo! Isso é um agradecimento por tudo que você fez por mim e pelo Eevee. – Disse ele.

Curiosa, a menina então abriu a Pokebola e dela saiu um Pokémon familiar de cor laranja, que se assemelhava a um lagarto, mas se postava em dois pés e tinha uma chama na ponta da cauda.

– Charmander, char!

Mas, estranhamente, aquele não era o seu Charmander. A menina olhou para o seu e para o que Dave lhe dera, como se para conferir que não eram o mesmo. O garoto explicou:

– Quando eu caí na caverna lá em baixo, eu vi esse Charmander deitado, do outro lado, no túnel que subia até aqui. Então eu capturei o Sandshrew, que ainda estava tonto de tudo que tinha acontecido, e depois eu capturei o Charmander enquanto ele dormia. Eu usei ele pra me guiar pelo túnel e para queimar as plantas que estavam bloqueando a saída. Ai eu lembrei que você disse que teria que devolver o seu para seu avô, então eu pensei que esse pudesse te ajudar.

Os olhos de Mindy se encheram d'água e dessa vez ela não tentou esconder, mas olhou para Dave com um olhar que era uma mistura de raiva e desolação. Ela chamou o novo Charmander de volta para pokebola e falou:

– Você não entende não é? – as primeiras lágrimas desciam seu rosto – Eu não quero outro Charmander Dave, eu quero o meu Charmander. O que me ajudou e ficou comigo esses dois meses e que virou o meu melhor amigo. O Charmander pra quem eu preparo comida, o que dorme comigo quando eu to com frio. Como você pode pensar em me oferecer outro Charmander em troca?

O Pokémon de Mindy se aproximou dela, deitando no seu colo e a consolando.

– Ei... – disse Dave, assustado – espera ai, você não entendeu. Eu não to falando para você trocar esse pelo seu.

– En-então por que você está me dando esse Charmander? – disse a garota, soluçando.

– Porque você pode dar o que eu capturei pro seu avô, e tentar ficar com o seu. - disse Dave, se abaixando mais uma vez e botando a mão no ombro da chorosa menina.

Mindy então arregalou os olhos, percebendo o que o rapaz estava lhe oferecendo. Ela não conseguia assimilar o que ele havia acabado de lhe falar. Não acreditava. Ela olhava para ele, e para o seu Charmander no colo, e para a Pokebola em sua mão, tudo com uma cara de boba enquanto o entendimento preenchia sua cabeça e fazia um leve sorriso ameaçava surgir em sua face. Então sem conseguir dizer mais nada, ela olhou no fundo dos olhos do menino, emocionada, puxou Dave e o prendeu em um abraço bem forte. E chorou.


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Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam? Gostaram do resultado?

Quero saber a opinião de vocês! Espero lá nos comentários!



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