Evolution: Parte 1 escrita por Hairo


Capítulo 6
Uma Menina de Família




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Capítulo 6 – Uma Menina de Família

– Eevee, Eevee! Você está bem? – Disse Dave chegando onde seu amigo estava caído, bastante machucado no chão.

– Uee, ueeve... – Respondeu ele, baixinho.

– Eevee me desculpe. Fui eu quem botou a gente nessa encrenca toda e eu que não consegui evitar que você fosse atingido. Me desculpe. – Com um grande sentimento de culpa o rapaz pegou carinhosamente o Pokémon no colo.

–Uee. – Disse Eevee dando uma lambida no rosto de seu treinador.

Então eles ouviram uma nova voz.

– Charmander, volte!

Com isso, o Charmander que havia acabado de salvar a dupla foi atingido por um raio vermelho e desapareceu na escuridão por atrás de Dave. O menino olhou na direção de onde viera o raio e conseguiu ver um vulto se aproximando, não de um adulto dessa vez, mas de uma criança. Depois de mais alguns passos, uma menina aparentemente mais nova que Dave saiu das sombras. Ela tinha os cabelos lisos e morenos, presos em um longo rabo de cavalo, usava um casaco vermelho e calças jeans escuras e tinha sua pokebola na mão.

– Obrigado! – apressou-se em dizer o rapaz - Muito obrigado! Você não tem noção de como estou agradecido... Meu nome é Dave Hairo e eu estou vindo de Grené.

–Prazer Dave – disse a menina com um olhar severo para ele – Você devia tomar mais cuidado sabia? Não devia entrar em batalhas que não pode vencer. Não por você, mas por seu Pokémon. Isso é maldade com ele.

O rapaz ficou vermelho de raiva mais uma vez. Como se não bastasse Peter, o membro da Equipe Rocket, agora até uma menininha estava tratando ele como criança. Mas essa menininha tinha acabado de salvá-lo então ele tentou se controlar.

– Eu sei, mas eu queria chegar logo à cidade de Cardo, e agora preciso chegar lá o mais rápido possível.

– Você está maluco? Não pode continuar viajando esta noite. – falou ela olhando incrédula para o apressado treinador. – Além disso, mesmo que você caminhe a noite toda, não vai chegar a Cardo. Ainda falta muita estrada.

– Mas eu tenho que levar o Eevee para o centro Pokémon de lá. É o mais perto. Ele está machucado! –O rapaz se levantou bruscamente com seu Pokémon ainda gemendo baixinho em seu colo. Ajeitando a mochila, ele começou a caminhada na direção da cidade – Obrigado pela ajuda menina, mas eu tenho que ir. – E voltou para estrada.

Alguns segundos se passaram e Dave estava quase desaparecendo do campo de visão da garota que ainda o observava atentamente. Seu rosto estava indeciso, como o de alguém que se vê obrigado está prestes a fazer uma coisa que não pretendia.

– Espera! – Gritou – Eu posso ajudar você. Venha para minha casa, eu consigo cuidar do Eevee.

Dave virou de costas e olhou para ela como alguém que não havia entendido bem o que ouviu.

– Consegue? Mas você não é enfermeira. Como conseguiria cuidar do Eevee?

A menina andou até ele, estendeu a mão em um gesto de comprimento e disse – Meu nome é Mindy Noah. Sou neta do Prof. Noah. Seu Eevee está machucado, mas não parece muito ferido. Eu acho que posso ajudá-lo.

Depois de alguns minutos andando fora da estrada com o Charmander da menina clareando o caminho, Dave e Mindy chegaram a uma pequena cabana de madeira. Não era muito grande e não parecia ter mais do que dois cômodos vista pelo lado de fora.

– Essa é sua casa? Achei que você disse que era neta do Prof. Noah... – Disse Dave, observando a pequena cabana.

– Eu disse que era neta dele, não que morava com ele. Meu avô mora em Cardo. – Respondeu ela.

– Mas porque então você mora aqui, sozinha no meio do nada?.

– Não estou sozinha. Tenho meu Charmander. – Disse a menina num tom forte de quem não gosta de dar muitas explicações - Além do mais eu não moro aqui de verdade, só estou nessa cabana há alguns meses. Para falar a verdade essa é minha ultima noite aqui.

– Mas por... – Começava o confuso rapaz quando foi interrompido.

Enquanto abria a porta e entrava nas pequenas acomodações de sua casa, ela cortou o momento de curiosidade do rapaz sem pena - Olha só garoto, sem mais perguntas por agora ok? Achei que você estava preocupado com seu Eevee. Vamos logo, me passa ele.

– Ah! Sim, claro! – Disse ele, já dentro da cabana, passando o seu Pokémon, que havia pegado no sono enquanto eles caminhavam.

– Ótimo agora você pode esperar aqui enquanto eu cuido dele. – E com isso, a independente menina desapareceu pela única porta que existia na sala.

A casa por dentro não era melhor do que aparentava ser do lado de fora. Não tinha sofá, nem televisão, apenas umas cadeiras e uma pequena mesa. Como essa menina cozinha por aqui? E como que ela guarda comida se nem geladeira eu estou vendo? Dave não conseguia entender como alguém poderia passar meses morando num lugar daqueles. Por que será que ela ta morando nesse buraco? O avô dela é um pesquisador Pokémon, ele pode bancar algo pelo menos um pouco melhor do que isso.

Alguns minutos se passaram e nada de Mindy aparecer pela porta. O rapaz estava ficando impaciente e começava a se arrepender de ter aceitado o convite da estranha. Como será que ela esta cuidando do Eevee? Eu deveria ter levado ele para um centro Pokémon e ter deixado alguém qualificado cuidar dele. Será que ele ta legal? Horas pareciam ter passado para o menino e ele nunca pôde dizer realmente quanto tempo tinha se passado até que a porta se abriu de novo.

– Eu e você vamos dormir aqui na sala. O Eevee está descansando na minha cama. – Disse Mindy.

– Como ele está? Ele vai ficar bem? – Perguntou ansioso.

– Fica tranqüilo, ele não se machucou sério. O Scyther era forte, mas ele só levou um chute. – tranquilizou ela, com tom seguro - Agora não se deixe enganar, a culpa disso tudo ainda é sua. Aquele Scyther poderia ter feito um estrago muito maior.

– Acho que eu tenho que te agradecer por isso.

– Tem mesmo, e por cuidar do seu Pokémon também. Você me deve duas, rapazinho. – Disse a menina, se virando e pegando o seu saco de dormir.

Ao ouvir a resposta Dave sentiu uma mistura de raiva e vergonha que deixava seu rosto bastante vermelho. Ele não se controlou e teve que responder a menina.

– Olha só, eu sou muito agradecido e tudo mais, muito obrigado. Agora, por favor, para de me tratar como criança. Eu aposto que sou mais velho que você! – Disse o rapaz em um tom um pouco mais elevado do que o necessário.

Mindy se virou para ele com seu olhar superior, e falou:

– Olha só você! Eu paro de tratar você como criança quando você parar de agir como uma. Eu posso ter só onze anos, mas fui eu quem salvou você na estrada, eu quem cuidou do seu Pokémon e é sob o meu teto que você vai dormir hoje. – Sua voz estava calma e decidida e seu rosto fixo em Dave. – Por favor, não me faça me arrepender de ter decidido te ajudar ta bom?

O menino pareceu ficar perdido com todas as verdades que a menina jogou na sua cara de repente, e sem ter uma boa resposta, ele disse impensadamente:

– Olha só, eu já agradeci por tudo, mas você me ajudou por que quis! Eu nunca pedi pela sua ajuda.

Mindy olhou para Dave, demonstrando surpresa pela ingratidão do rapaz a quem ela abrigava, deixando transparecer, pela primeira vez no dia, um pouco de raiva. Olhou diretamente para ele por alguns segundos, depois balançou a cabeça e bufou.

– Olha, eu estou muito cansada pra discutir com você agora ta ok? E é melhor a gente não fazer muito barulho para não acordar o Eevee, ele precisa descansar se você quiser continuar amanhã.

Dave, percebendo a besteira que havia dito abaixou a cabeça e respondeu:

– Tudo bem, me desculpe também. Acho que estou um pouco nervoso.

– Eu não pedi desculpas. – murmurou Mindy, deitando no seu saco de dormir e virando para o lado.

E assim ambos foram dormir.

***

No dia seguinte Dave acordou com o som da voz de Mindy lhe chamando.

– Ei! Acorda ai ô dorminhoco! Ta na hora de levantar.

Ele se sentia como se tivesse acabado de pegar no sono e teve que olhar pela pequena janela de vidro para realmente acreditar que o dia começava a clarear.

– Nossa, que horas são? Bocejou o rapaz, enquanto se sentava e saía de seu saco de dormir.

A menina já estava em pé e preparava alguma coisa na única mesa atrás dele. Apesar de não conseguia reconhecer o que era de fato, Dave deduziu que fosse alguma coisa para o café da manhã. E ele estava certo, em parte.

– Hora de levantar e de tomar café. Não vai preparar nada para o Eevee?

– Vou sim calma, eu acabei de acordar. – Disse ele, bocejando mais uma vez. – O que você está preparando ai Mindy? Posso provar?

–Não! Claro que não. Isso é pro Charmander. Não ta vendo que é comida Pokémon? – Disse a menina, olhando para o treinador com cara de espanto e estranhamento.

–Comida Pokémon? Você sabe fazer?! Que legal! Será que você podia me ensinar? – Perguntou Dave mostrando finalmente um pouco de animação.

–Mas você acabou de me dizer que ia preparar o café do Eevee! O que você ia dar pra ele? –Perguntou a menina.

– Eu... É... Bem... Eu ia dividir o meu com ele... - Disse o rapaz, baixando a cabeça e a coçando como quem sabe que está fazendo o que não devia.

A cara de Mindy não foi de surpresa, mas a de alguém que não podia esperar outra resposta do inexperiente treinador.

– Pode deixar – disse ela, bufando – eu preparo alguma coisa pra ele também.

– Nossa, muito obrigado mesmo!

Ele não tinha ido muito com a cara da garota na noite anterior, mas uma coisa ele tinha que admitir: ela sabia o que estava fazendo. Seu avô realmente a tinha ensinado algumas das coisas básicas e importantes.

– Eu não to fazendo isso por você, mas pelo Eevee – ela fez questão de apontar. – Para onde você está viajando Dave?

– Eu estou indo para Cardo. Eu quero conhecer o seu avô. E depois eu vou decidir para onde continuo.

Mindy parecia não acreditar na resposta.

Como eu pude ser tão demente?! Ele disse que estava indo para lá ontem! Pensava ela, enfurecida consigo mesma. Por que eu tinha que ajudar? Isso que dá querer ser boazinha Mindy, agora você vai ter que aturar ele...

– Então parece que estamos na mesma estrada. Eu tenho que ir para casa hoje. – Disse a menina, com desanimo.

– Para casa? Achei que essa era sua casa. – Disse o rapaz, confuso.

– Não, não é, eu te disse isso ontem a noite. Eu estive aqui sozinha no meio da estrada por dois meses, mas não moro aqui. Isso foi só um período de teste para mim e para o Charmander. – Explicou Mindy. – Eu sempre quis sair para explorar o mundo Pokémon, mas minha mãe me achava muito nova. Então meu avô a convenceu de me deixar aqui por um tempo, para provar que conseguia me cuidar sozinha. Mas mamãe não concordava então ele me emprestou o Charmander dele para me fazer companhia. O problema é que agora ele precisa do Charmander de volta e eu tenho que voltar para casa. – Mindy se mostrava desanimada agora.

– Nossa então você vai ter que devolver o Charmander? – Perguntou Dave sentando ao seu lado.

– Vou sim – Disse Mindy num tom mais baixo que o normal – Ele é um dos Pokemons iniciantes do vovô e ele vai ser dado para um treinador iniciante em alguns dias...

Só em pensar nisso as lagrimas vinham aos seus olhos. Ela escondeu a cara e virou o rosto para que Dave não a visse chorando. Vendo a cena, o menino não sabia o que fazer. Ele estava se sentindo mal pela jovem garota. Conhecia Eevee à apenas alguns dias e já odiava a idéia de se separar dele e agora, depois de dois meses juntos, Mindy seria forçada a se separar de seu Charmander. Dave não sabia o que falar.

– Ei Mindy, não chora... – disse ele meio sem jeito.

– Não estou chorando – disse ela, ainda sem mostrar o rosto. Sua voz denunciava a mentira que ela havia acabado de contar.

– Olha só... – Começou Dave. Mas ela o cortou, se levantando e indo para dentro do quarto. Enquanto ela se movia, ele pôde reparar que o rosto dela estava vermelho.

– Não precisa sentir pena de mim, OK? Agora vai arrumar suas coisas que eu vou sair daqui dentro de 15 minutos. Eu vou dar a comida pro Eevee. – Disse a menina batendo a porta do quarto às suas costas.

E foi o que ele fez. Em 15 minutos, Dave, Mindy e Eevee saíram da cabana e pegaram a estrada para Cardo mais uma vez.


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