Evolution: Parte 1 escrita por Hairo


Capítulo 5
A Primeira Noite




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Capítulo 5 – A Primeira Noite

O resto do dia seguiu da melhor maneira possível. Dave e Eevee andaram lado a lado, ambos com largos sorrisos estampados em seus rostos. Com o animo e a moral elevados, a dupla conseguiu cobrir uma boa distância aquela tarde e já viam as colinas ficando maiores à medida que iam chegando mais perto.

– Ei Eevee, vamos tentar chegar até as colinas antes de ficar muito tarde. Lá a gente pode achar um lugar melhor para dormir.

O objetivo traçado por Dave ainda estava consideravelmente distante e o céu já começava a se avermelhar com o pôr-do-sol anunciando que em minutos a noite chegaria, mas nada iria abalar a confiança daqueles dois depois de sua primeira vitória em uma batalha, mesmo que ela tenha vindo contra um treinador novato e inexperiente. Dave nem ao menos prestava atenção ao fato de que não havia capturado nenhum Pokémon naquele seu primeiro dia. Nem mesmo havia tentado.

O sol se pôs e a estrada começou a ficar escura rapidamente, mas o rapaz estava determinado a chegar às montanhas antes de parar para descansar, ainda que tivessem que viajar no breu.

– Eevee! Eevee fique perto de mim – chamou ele – Não se afasta muito se não eu te perco de vista, ta ficando escuro.

E realmente estava. A noite estava negra e a lua estava em sua fase nova no céu, deixando apenas as estrelas responsáveis por iluminar a terra. Dave não conseguia ver muito mais do que alguns metros à sua frente e agora nem ao menos sabia a que distância estava das colinas. Se ele estivesse pensando direito, pararia ali mesmo e procuraria um lugar para passar a noite, mas o rapaz estava determinado a chegar o mais rápido possível em Cardo. Lá eu vou conhecer um especialista Pokémon, e deve ter muitos treinadores novatos também! Vou colecionar vitórias...

Eles seguiram caminhando por pelo menos mais meia hora até que, de repente, Dave viu um vulto se mexendo na estrada a sua frente. Estava escuro de mais para saber exatamente o que era, mas dava pra perceber que estava crescendo a cada passo que dava. Está vindo para cá pensou. Mas já era tarde de mais para procurar um esconderijo já que o vulto deveria estar a menos de 10 metros de distância e não havia nada no pequeno campo de visão de Dave que poderia lhe dar cobertura. Um pouco apreensivo, o menino decidiu não fazer nada.

– Eevee, vem pro meu colo.

O Pokémon pulou imediatamente para o colo do treinador e antes que ele pudesse dar três passos, Dave observou a silhueta de um homem tomar forma a sua frente. Era alto, certamente já adulto, com cabelos negros ondulados batendo no ombro. Usava uma calça também preta e um casaco branco que estava fechado por um zíper até o pescoço. O homem mais velho parou e olhou para o menino com uma expressão mista de surpresa e satisfação.

– Boa noite rapazinho. O que você faz andando sozinho nessa noite escura? Isso pode ser perigoso sabia? – o homem falou.

A palavra “rapazinho” ecoou nos ouvidos de Dave por alguns segundos enquanto ele compreendia seu real significado. Seus parentes lhe chamavam assim quando ele era menor e fazia alguma coisa de errado, mas agora ele era um treinador Pokémon e não um simples “rapazinho”.

– Por favor, senhor, não me chame de rapazinho. Eu já tenho 12 anos e estou na minha jornada Pokémon. E eu não estou sozinho, eu estou com meu Pokémon. – Disse ele, tentando esconder o nervosismo.

– Desculpe rapazinho, mas eu vou chamar você do que eu quiser.

A resposta despertou um sentimento de raiva no jovem treinador e seu rosto ficou quente e vermelho. Ele mal podia acreditar que aquele estranho estava falando daquela maneira. Não ia deixar isso acontecer. Não podia. Ele tinha um Pokémon agora e poderia mostrar tanto para esse homem mal educado quanto para qualquer um que quisesse ver por que ele deveria ser tratado com mais respeito.

– Ah é? Vamos ver então que é criança aqui! Aposto que você nem tem um Pokémon...

O homem olhou incrédulo para o menino que o desafiava e começou a rir abertamente.

– Você está me desafiando para uma batalha? Você nem mesmo sabe com quem está lidando não é rapazinho?

– Quem é você então? Me diz! – Desafiou o menino enfurecido.

– Meu nome é Peter. Peter, da Equipe Rocket, rapazinho. E sim eu tenho um Pokémon. – E com isso, Peter abriu seu casaco, revelando a camisa preta com uma letra R pintada em vermelho no centro.

Ao ouvir as palavras "Equipe Rocket" tanto Eevee quanto Dave congelaram. Ele não podia acreditar na grande besteira que acabara de fazer. Por causa de um orgulho bobo e fútil o rapaz tinha desafiado para uma batalha Pokémon uma das pessoas de quem ele deveria estar fugindo e se escondendo. E agora? O que eu faço? Como que eu vou sair dessa? O cérebro de Dave trabalhava mais rápido do que nunca e ele começava a sentir gotas de suor surgindo no topo de sua cabeça. Eevee estava congelado no seu braço, sem fazer um movimento sequer.

– E então rapazinho? Agora você vai ter que lutar. Se prepare. – Disse o homem, olhando para Dave com desprezo e se virando para dar alguma distância.

Preciso de tempo, preciso de tempo para pensar no que fazer... Alguma coisa para distrair ele... Já sei!

– Desculpe Peter, mas você disse Equipe Rocket? O que é isso? – Perguntou.

O homem se virou sem acreditar nos seus ouvidos.

– Como é? Você não sabe o que é Equipe Rocket? Você é mesmo uma criancinha... – Disse. – Equipe Rocket é a maior organização de crime organizado do mundo! Nós somos os vilões, rapazinho, os caras maus. E você acabou de mexer com o pior deles – O tom de sua voz era assustadoramente ameaçador.

Dave viu que não tinha como escapar do desafio e que teria que lutar. Mas ele sabia que não poderia deixar seu oponente ver que seu Eevee era mais forte do que parecia por que, pelo menos por enquanto, o homem parecia não ter dado muita atenção ao Pokémon do menino, e seria muito bom que continuasse assim. O problema era que o rapaz não tinha nenhum outro Pokémon para lutar. Se ao menos tivesse procurado durante o dia talvez tivesse encontrado, mas ele estava ocupado de mais, lembrando da sua vitória sobre Chris e seu Squirtle para se incomodar com isso.

Toda a confiança que Dave tinha ganhado com sua vitória anterior desapareceu assim que o medo de perder seu amigo Eevee surgiu tão repentinamente.

– Vamos! Está na hora de uma batalha! Eu achei que era isso que você queria! – Desafiou Peter, pegando sua pokebola.

– Vai Scyther!

Eevee parecia congelado no colo de seu treinador. Dave então abaixou a cabeça para sussurrar em seu ouvido, tentando acalmá-lo. Se eles precisavam de alguma coisa nesse momento, era de calma

– Eevee olha só, parece que esse cara ainda não percebeu que você é você e seria muito bom se ele não percebesse, mas nós não temos outra opção agora se não lutar com ele. O Scyther é um Pokémon forte, eu sei, e a gente vai ter que dar um jeito de sair dessa sem usar nenhum ataque muito forte, pra não chamar atenção. Vai lá e não faça nada que eu não disser para fazer. Eu ainda não sei como, mas eu vou tirar a gente dessa.

Com isso, o pequeno Pokémon pareceu entender a situação e com um olhar um pouco mais confiante para Dave ele engoliu o terror que sentia e pulou de seu colo encarando o forte oponente.

– Eu escolho o meu Eevee. – Disse Dave.

O homem parecia ter notado pela primeira vez o Pokémon de seu desafiante e se interessou.

– Scyther, comece com um ataque rápido! – ordenou. Vamos ver do que esse Eevee é capaz.

– Cuidado Eevee, desvie! – Gritou Dave. Eu tenho que pensar em como sair dessa.

Eevee deu um pulo para o lado, mas o Scyther de Peter era muito rápido. Ele mudou de direção e continuou o ataque obrigado seu adversário a realmente se esforçar para não ser atingido.

– Scyther, use suas garras! – Mandou Peter.

O inseto Pokémon fez um movimento brusco de baixo para cima na direção de Eevee com sua garra preparada para o corte.

– Cuidado Eevee, desvia, evasiva! – Dave estava ficando desesperado. Uma hora ele vai cansar, e ai o que eu faço?

Scyther fez outro ataque com a garra de cima para baixo e por pouco não acertou o alvo. Sua garra se enterrou no chão, mas antes que Dave ou até mesmo Eevee pudessem assimilar o que estava acontecendo, ele usou a ponta da garra enterrada no chão como a ponta seca de um compasso, girando o seu corpo por cima dela e atingindo Eevee em cheio como um chute.

– Ueeeeee! – Exclamou Eevee enquanto voava alguns metros e caia na grama fofa ao lado da estrada.

Rápido, mas muito fraco para ser o Eevee do chefe. Pesou Peter com um sorriso.

– Acabe com ele Scyther! – Ordenou com uma satisfação assustadoramente maléfica no rosto. – Ensine esse rapazinho a não mexer com a Equipe Rocket!

– Não! Espera! A Luta acabou. O Eevee está fora de combate, deixa ele em paz! – Pediu Dave dando um passo a frente, mas Scyther já estava em movimento de ataque.

–Não! Eevee!

Foi apenas em uma fração de segundo que tudo mudou. Aparecendo do nada, em alta velocidade, um Charmander pulou entre o machucado Eevee e o Scyther pronto para o ataque, impedindo que o pior acontecesse.

– CHAAAAAAR! – gritou o Pokémon salamandra de fogo, cuspindo um jato de fogo que logo cercou Peter e seu Pokémon, se transformando em um tornado.

A força do ataque fez com que tanto o treinador e seu comandado fossem lançados a uma grande distância dentro da escuridão, ainda pegando fogo. Tudo o que o perplexo Dave conseguia ver agora era uma luminosidade alaranjada bem longe, que ele imaginava que fosse Scyther, ainda em chamas. Logo depois um raio vermelho saiu da escuridão ao lado do Pokémon que queimava e ele estava de volta a sua pokebola. Depois disso o rapaz não viu nem ouviu mais nada naquela direção. Aquele Charmander parecia ter mandado Peter embora definitivamente.


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