Evolution: Parte 1 escrita por Hairo


Capítulo 2
O Pokémon Perdido




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Capítulo 2 – O Pokémon Perdido

Dave abriu seus olhos, ainda tentando se lembrar do que aconteceu e percebeu que ainda estava na grama do bosque e que estava muito sujo. Seu peito doía bastante, e seus braços e pernas estavam bastante arranhados, mas o menino conseguia se levantar e andar sem muita dificuldade. Aos poucos ele se lembrava do que tinha acontecido. O Ratata tava roubando a ração, depois roubou meu tênis... Os acontecimentos passavam na sua cabeça como um filme. Ai eles me derrubaram, e tudo começou a rodar... E não conseguia se lembrar de mais nada.

Preocupado, o rapaz tomou consciência de que não sabia quanto tempo havia ficado desacordado. Olhou para o céu e já estava escuro, mas a lua ainda não estava muito alta. Já deve estar na hora do jantar. Mamãe deve estar preocupada. Será que meu pai já chegou? Ele lembrou porque estava tão ansioso pela volta do pai, mas ainda não conseguia entender o que tinha acontecido com os Ratatas. Por que eles pararam de atacar? Pensou. Dave deveria estar mais machucado, mas parecia que depois de derrubá-lo eles não o atacaram mais.

O menino olhou em volta e viu que o chão estava bastante mexido com pegadas para todo lado. Sinais de arranhões podiam ser vistos em algumas das arvores e Dave presumiu que tivessem sido feitos pelos Ratatas, mas com quem eles estavam lutando não conseguia imaginar. Olhou um pouco mais atentamente e viu um pouco a frente de onde há pouco seu corpo estava caído, um tufo de pelo. Curioso, ele se abaixou e observou o emaranhado de fios. Estranho, esse pelo é marrom. Ratatas não tem pelo marrom pensava intrigado.

Então ele ouviu um som diferente. O menino identificou o rush-rush que parecia de água corrente e percebeu que o som esteve ali o tempo todo, mas ele não tinha dado atenção. Era, é claro, o rio que cortava a estrada para a cidade. Cortava o bosque em algum ponto e, apesar de Dave não saber exatamente o quão dentro do bosque estava, sabia, pelo barulho, que o rio estava próximo. Sujo, o rapaz decidiu ir até o rio se limpar um pouco. De lá ele saberia exatamente onde estava e o caminho certo pra casa.

Dave andou um pouco, e chegou até o rio, mas ao chegar viu algo que não esperava. Havia alguma coisa deitada perto na margem do rio. Alguma coisa com pelo marrom. Normalmente o rapaz não se aproximaria de algo que não sabia o que era, mas afinal, não havia nada de normal naquela noite e ele estava extremamente curioso, portanto, se aproximou. Com todo o cuidado e cautela, o menino deu passo após passo tentando fazer o menos barulho possível, mas logo falhou. Após alguns passos ele pisou num pequeno galho de madeira que quebrou ao meio, soltando um alto "crack". Dave congelou com o barulho do galho quebrando. Não havia jeito de o que quer que fosse não ter ouvido aquilo. Mas, para a sua surpresa e alivio a misteriosa criatura não sem mexeu, nem ao menos mostrou sinais de ter reparado.

Cheio de coragem mais uma vez, Dave continuou andando até chegar bem perto. A noite estava escura e ele não conseguia ver claramente o que aquele pequeno ser realmente era. Chegou mais perto, e mais perto, e mais perto, até que finalmente ouviu um som agudo, bem baixo, quase como um choro: "Eeeveee".

Seu queixo caiu. Era um Eevee! Um Eevee! Mas ele não parecia bem. Agora sem medo, Dave se aproximou do Eevee e reparou que o Pokémon estava machucado. Estava todo arranhado e em algumas partes seu pelo estava baixo, como se alguma coisa tivesse arrancado vários fios contra a sua vontade.

– Então foi você! Você me salvou dos Ratatas! Obrigado Eevee! – Dave disse, enquanto pegava o Pokémon ferido no colo – Mas por quê? Você nem me conhece...

– Fique tranqüilo. Eu vou cuidar de você. Vou te levar pra minha casa, que tal?

Ao ouvir isso, Eevee ficou muito agitado e tentou fazer força para pular do colo de Dave, mas estava muito machucado para conseguir e Dave facilmente o segurou.

– EI! Calma ai Eevee, eu não vou te machucar. Você precisa de cuidados. Depois que estiver melhor eu deixo você fazer o que você quiser ok? – Dave tentou acalmá-lo passando a mão em sua cabeça – É o mínimo que eu posso fazer para te agradecer.

O menino olhou de um lado para o outro, e identificou o sentido que deveria caminhar para voltar para sua casa. Eles caminharam por alguns minutos, enquanto Dave tentava acalmar o agitado Pokémon. Ao sair do bosque, ele viu seus pais gritando por ele na fazenda.

– Mãe! Pai! Eu estou aqui! – Dave gritou de volta, atravessando correndo a estrada de terra, e entrando em sua fazenda, com Eevee no seu colo.

–Meu filho! Meu filho! – Sua mãe correu para ele e estava pronto para dar um forte abraço, mas Dave a parou com a mão estendida.

– Calma mãe está tudo bem. Cuidado, cuidado! O Eevee está machucado.

Só então sua mãe pareceu perceber o Pokémon em seu colo. Seu pai, no entanto, havia ficado muito quieto e muito sério quando viu o que o filho carregava.

Eles entraram em casa e sua mãe logo cuidou do Pokémon ferido, fazendo curativos, e o colocando em um lugar confortável para dormir. Então a família se sentou à mesa para jantar e Dave contou toda sua historia, de como o Ratata havia feito a bagunça no celeiro, de como ele havia seguido o roedor para pegar o tênis roubado, e como o Eevee o havia salvado. Sua mãe passou a história toda fazendo caras de surpresa e comentários como "Ai meu Deus" ou "E ai? E ai?", mas seu pai estava completamente quieto, pensativo, como se nem estivesse prestando atenção.

Depois da refeição, Dave decidiu ir se deitar, mas não na sua cama e sim perto de Eevee, para lhe fazer companhia. Deitado no sofá da sala, o rapaz não conseguia parar de pensar na bravura daquela pequena criaturinha, enfrentando todos os Ratatas, sozinha. Ficou lá por bastante tempo sem conseguir dormir, até ouvir uma agitação incomum vinda do quarto de seus pais. Curioso como era, ele se levantou indo até a porta que dava para o quarto e prestando atenção na discussão que ocorria do outro lado das paredes.

– Mas ele é perigoso, querida! Não podemos mantê-lo aqui. – dizia a voz de seu pai.

–O que vamos fazer então? Não podemos largá-lo por ai. Ele está machucado. E ele salvou nosso filho! Não vou fazer isso.

– Querida, eu estive na cidade hoje... Estava tudo um caos! Parece que uma tal de Equipe Rocket estava trabalhando com um Pokémon raro por essas áreas e o Pokémon fugiu. A polícia avisou que eles são perigosos e que todos devem ficar de olhos abertos.

– Mas como você pode saber se esse é o Pokémon deles? – Sua mãe perguntou.

Nessa hora Dave não se segurou e entrou no quarto, assustando os pais.

– Porque ele é um Eevee mãe. Esses Pokemons não são fáceis de encontrar, principalmente na nossa área. Esse Eevee é o Pokémon que a Equipe Rocket está procurando. – Dave estava sério, como se estivesse tomando uma difícil decisão. – Não sei quem é Equipe Rocket, nem o que eles querem com o Eevee, mas eu sei que um Pokémon não costuma fugir de seu treinador. Pelo menos, não de um treinador que lhe trate bem, e Eevee é um Pokémon tão naturalmente dócil... Ele não fugiria a não ser que ele estivesse sendo muito mal tratado.

O rosto de Dave estava determinado, sério, como nunca havia estado antes e seus pais ficaram surpresos com o olhar de segurança que vibrava no rosto do filho.

– Eu não vou deixar ninguém pegar o Eevee, sem que ele queira ir. Não importa se for você, o papai, a Equipe Rocket ou qualquer outro. Aquele Eevee me salvou no bosque e eu não vou deixá-lo na mão. - Não havia desafio na voz do menino, mas sim certeza e determinação. Ele não gritou, nem elevou muito a voz, mas fez com que ela estivesse alta o suficiente para soar de modo claro e respeitável.

Vendo a atitude madura do jovem rapaz, seu pai então falou, levando as mãos à cabeça como quem sabe que tem um problema nas mãos.

– Me orgulho de você meu filho. Você e sua mãe estão certos, não podemos abandoná-lo. Mas também é perigoso demais deixá-lo aqui. Não sei o que poderemos fazer.

– Eu sei pai. – Disse Dave. – Nós não vamos deixá-lo aqui. Amanhã de manhã, quando ele já estiver melhor, eu convidarei ser o meu Pokémon, e iremos juntos, na minha jornada.


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