Eventualmente Claricce Stracci escrita por TM


Capítulo 9
Capítulo 9




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Manhattan, 18:00

Tony Hopkins demorou para levar o papel até a sua suspeita para ver como ela reagiria. No começo, ficou agitada, xingava todos que passavam por lá, e ameaçava processar todo o departamento se fosse preciso. Depois, Suzane cansou de gritar, sua garganta ardia, então, ela sentou num canto daquela sala fria e assustadora, e se encolheu lá. Não demoraria muito para que ela conseguisse dormir. Se sentir em paz, por mais pouco que seja, valia a pena naquele dia turbulento.

Ele começou a pensar em tudo que ela lhe dissera. Se ela fosse mesmo a assassina, o que estaria fazendo no local do crime? E por que mandaria alguém ligar pra polícia contando seu feito? Como ela mesmo disse antes, não tem lógica nenhuma. Talvez ele estivesse prendendo a suspeita errada, enquanto o cara certo deve estar escolhendo sua próxima vítima.

Tony ficou na porta da sala, a admirando dormir. Até que Dalia Lloyd, sua aprendiz e também sua amante ficou ao seu lado, o matando apenas com o olhar.

– Você acha que pegamos a pessoa certa? – Tony perguntou, sem desgrudar os olhos de Suzane.

– Se ela não é a certa, então por que está a mantendo presa aqui? – Dalia disse. – Termine logo com isso Tony, quero sair o mais rápido daqui e ir direto pra sua casa.

Ele virou para encara-la.

– Não vamos pra minha casa hoje.

– Então onde vamos? – Ela parecia empolgada.

– Acabou, Dalia. Não tem mais nada entre nós. – Ele voltou a fitar Suzane, que estava em sono profundo. – Deixo suas roupas no seu escritório amanhã.

– Você vai se arrepender, Anthony. Espere e verá. – Dalia saiu de perto dele rangendo os dentes.

Tony encarou o papel que continha o mandado de busca na casa de Suzane, e também o pedido de prisão dela. Ele não suportava a ideia de ter que prende-la, então rasgou o papel e jogou no lixo. Ele entrou na sala e Suzane acordou assustada.

– Não queria te acordar. Desculpe.

– O que aconteceu com o policial mal? Achei que estaria trazendo meu papel de entrada VIP pra cadeia, cadê? – Ela olhou nas mãos dele, e levantou. – Cadê o machão?

Ele riu e sentou na cadeira.

– Não se esqueça de que eu ainda posso prende-la por desacato a autoridade. – Ele deu um sorriso malicioso. – Peça desculpas, Suzane.

Ela se sentou na frente dele, e arqueou uma sobrancelha.

– Você mandou o meu beijo pros policiais gatinhos?

– Não Suzane. Agora peça minhas desculpas. – Ele estava gostando daquela brincadeira.

– E seu irmão, como está? Sentindo muito minha falta? Diga a ele pra não se preocupar, e que hoje a noite tem.

Ele soltou uma gargalhada que fez com que os olhos de Suzane saltassem.

– Tenho cara de palhaça? – Ela cruzou os braços e fez bico.

– Talvez. – Ele ria.

– Quer saber? Vá pro inferno você e seus policiais gatinhos. Brincadeira, você pode ir, eles não. – Ela foi andando até a porta. – Adeus, querido.

Tony foi mais rápido que ela, e chegou primeiro na porta. Sua mão estava na maçaneta, e ele exibia um sorriso triunfal.

– O que você quer? – Suzane já sabia da resposta. – Ok, me desculpe, nunca mais faço isso e blá, blá, blá. Agora me deixe sair.

Ele a encarava com mais intensidade, e abriu um sorriso.

– Eu quero sair com você, Suzane. Quero muito. – Ele disse.

– Então vai ter que esperar na fila. – Ela sorriu, o desafiando. – Tchau, Hopkins.

– Vou te provar que eu sou melhor do que você imagina. – Ele não a deixava sair.

– Dá licença, eu exijo meu direito de cidadã americana. Eu quero e posso sair daqui. – Ele não saia de sua frente. – Não vai sair? Então tá.

Suzane foi andando calmamente até a mesa de interrogatório, e subiu nela. Ela arqueou uma sobrancelha, o que fez Tony ficar confuso. Suzane estava parecendo uma deusa, com as mãos na cintura, e aqueles cabelos bagunçados faziam um certo charme pra ela.

– Se não me deixar sair daqui, eu vou gritar. E não vou ser a única que sairei daqui presa, quer apostar?

– Você não é louca de fazer isso. – Tony chegava mais perto dela.

– NÃO! SAIA DAQUI! NÃO ME TOQUE, SEU NOJENTO! AHHHHHHHH SOCORROOOOOOOO, ESSE HOMEM QUER SE APROVEITAR DE MIM! ISSO É ESTUPRO!!- Ela gritava e forçou uma lágrima.

– Cala a boca, Suzane. – Ele sussurrou. – Pode sair, está livre. Não vou mais te impedir.

– Obrigada pela colaboração. – Ela limpava a lágrima. – Talvez eu saia com você. Eu disse um talvez, não um ‘sim’.

Ela desceu radiante daquela mesa, e antes de sair, olhou para trás e olhou de cima a baixo o delegado bonitão. Ela percebeu que ele ficou sem graça.

– Até que você não é de se jogar fora. – E saiu daquela sala.

A delegacia mais parecia um monte de pessoas manipuladas a fazer tudo que era programado, seguir tais regras, adotarem outras personalidades. Alienados. Todos os ternos e as pessoas que o usavam pareciam sem graça, sem cor, sem vida. Suzane correu pra sair mais depressa daquele lugar que estava a deixando louca.

Pegou seu celular e viu que tinha três mensagens de voz, apertou o botão para ouvir todas de uma vez.

“Suzane o que significa aquela mensagem que você deixou pra mim? Você está louca? Perdeu o juízo? Quer levar uma surra depois de formada? Nunca mais faça uma brincadeira dessas comigo, ou quem vai te matar serei eu.

Eu estava na Ursula, minha vizinha, e fiquei assustada com aquela morte da mãe da moça desaparecida. Filha, fique em casa, por favor, temo pela sua vida. Não quero que você seja sequestrada, ou pior, morta! Qualquer coisa me ligue. Estarei aqui pra tudo que precisar, eu também te amo, e muito, minha bonequinha linda.” – Lucy Dudek.

“Suzane, me ligue, não sei o que te falar agora mas.. Eu gosto muito de você. E aquilo do e-mail foi pura dedução, me desculpe qualquer coisa. Me liga.” – Christopher Jane.

“E ai Suzaninha! Como você tá? Se não está reconhecendo minha voz, eu sou o Yuri, estudamos juntos. Lembra da nossa oitava série? Como poderia esquecer, não?

Enfim, estou te ligando pra saber se você gostaria de participar do encontro da nossa antiga oitava. Vai ser no Millan Restaurant, sexta-feira, ás oito da noite. Me ligue para confirmar.” – Yuri Gray Turner.

A última mensagem chamou sua atenção. Lembrava que Yuri era gênio em informática, e sabia rastrear celulares, hackear contas... Isso fez com que ela tivesse um plano prestes a ser executado. Ela ligou pra ele, ele atendeu no segundo toque.

– Yuri?

– Suzaninhaa! Como você vai? Vai pra nossa reunião, né? – Sua animação era contagiante.

– Eu queria saber se você ainda rastreia conta de celular. Ainda faz isso?

Silêncio.

– Yuri?

– Ah, claro Suzane. Mas por que você quer rastrear uma conta?

– Continua morando no mesmo endereço de sempre? – Ela entrava num táxi.

– Sim, por que?

– Já chego aí.


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