Eventualmente Claricce Stracci escrita por TM


Capítulo 10
Capítulo 10




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Manhattan, 20:15

O taxi fora mais rápido do que Yuri imaginara. Em poucos minutos, Suzane já estava batendo a sua porta. Yuri continuava com o rosto cheio de espinhas, e com o cabelo penteado pra trás. Não tinha mudado nada, absolutamente nada. Ele parecia feliz em vê-la.

– Suzaninha! Que saudade que eu senti! – Ele se arrependeu de ter dito aquilo em voz alta. – Não só de você, mas de todos os outros também.

– Aham, claro. Também sinto saudades de toda nossa turma... – Ela forçou um sorriso, e fez um rabo de cavalo em seu cabelo. Não estava mais suportando o suor se misturando com seu cabelo.

Os dois ficaram se encarando, até que Suzane olhou atrás de seu ombro.

– Não vai me convidar pra entrar?

– Ahh, claro, me desculpe! – Ele deixou a passar. – Seja bem vinda ao meu lar, doce lar.

O quarto e a cozinha eram muito próximos, tanto que as almofadas fofinhas fediam a fritura. Em cima da mesa de jantar só tinha computadores de última geração, e deveria ter, no mínimo, uns quatro roteadores.

– Pra que tanto roteador? Ficou maluco? – Ela o encarou surpresa.

– Você não entenderia nem se eu explicasse. – Eles se entreolharam. – Então, quem quer rastrear?

Ela pegou seu celular e mostrou o número para o colega. Ele levou seu celular perto de seu computador e começou a digitar loucamente. Parecia que estava testando o quão resistente seu teclado era. Suzane sentou no sofá de cor azul turquesa, e começou a olhar pros cantos.

– Então, vai demorar muito?

– Talvez a noite inteira. Por que tanta pressa? – Ele notou que ela estava nervosa.

– Ahn, nada não. Bobagem. – Ela olhou pra ele. – Dá pra acelerar esse troço aí? Por favor.

– Só um min – A campainha tocou. – Eu atendo.

Suzane virou a cabeça e acompanhou detalhadamente cada movimento de Yuri. Quando ele abriu a porta e ela reconheceu aquele perfume, teve vontade de cavar um buraco no chão e ficar lá até que essa pessoa fosse embora. Maldição.

– E aí Yuri, como vão as coisas? – Suzane se encolheu no sofá para que ele não a visse. – Posso entrar?

– Errr, agora não é um bom momento, sabe?! Por que você não volta outra hora? – Yuri estava constantemente olhando para o sofá, dava pra ver os cabelos de Suzane presos num rabo de cavalo. – Sério, agora não é uma boa hora.

– Quem é a gatinha? – Eric foi entrando na casa. – E aí princesa, meu nome é Eric Gibbs. – Ele olhava para o cabelo dela, Suzane estava corada.

– Eu sei quem você é. Sei também que sou uma gata, sei que você não deveria estar aqui. – Suzane virou para encara-lo. – Boa noite pra você também, doutor Gibbs. Como vai a Jô? Tá pegando ainda?

– Por que? Quer pra você? – Eric disse.

– Desculpe, recuso a oferta. Sabe – Suzane cochichou. – eu não jogo nesse time.

– Querem parar os dois? – Yuri gritou. – Parecem duas crianças, nem parecem que um dia namoraram. E se ainda resta um pouco de amor em vocês doi – Suzane o interrompeu.

– Nem um pouco. Eu tenho ódio por ele, se eu fosse médica, faria uma biópsia nele vivo. Faria ele sofrer cada segundo da vida, até finalmente morrer, bater as botas, partir pra uma melhor, cantar com os anjos, comer uva no céu enquanto escuta Mozart... Ou talvez você fique com os demônios – o que é mais provável pra alguém como você –, gritando de dor enquanto eles espetam essa sua bunda branca.

– Concordo com tudo que Michelle disse. Não tem nada entre nós além do mais puro ódio. – Eric se arrependeu por tê-la chamado assim.

– Já ouviu aquela frase: quem briga se ama? Acho que ela é facilmente aplicada na situação e no relacionamento de vocês. – Yuri disse indo até sua mesa de computador.

– Não, você está errado. Completamente errado. Amor não é igual ao ódio, na verdade, existe uma barreira enorme entre o amor e o ódio. Talvez a barreira seja até maior que o Muro de Berlim, mais extensa, mais perigosa. E também nessa mesma barreira tenha fuzileiros navais a cada dez metros, prontos pra acertar qualquer pessoa que possa interferir nessa ‘separação’. Então, não me venha falar que amor e ódio são a mesma coisa, por que eu nunca irei amar esse doutorzinho de merda.

– Você já me amou, Suzane. Não se esqueça disso. – Eric exibia um sorriso metidinho.

– Infelizmente, fui burra durante muito tempo. Mas agora acordei pra vida... Seu corno. – Suzane viu que ele ficou perturbado com essa ideia. – Sim, você mesmo. Te chifrei com seu melhor amigo. Glenn Rowlling, lembra dele? Delícia de homem.

– Você não tem provas que me traiu com ele. – Eric gritou.

– E você não tem provas que eu não te traí com ele. – Suzane falava calmamente.

– Gente, vamos focar no trabalho? Por favor! Sem DR aqui. – Yuri disse enquanto digitava furiosamente. – Isso não faz sentido.

– O que não faz sentido? – Eric e Suzane perguntaram juntos.

– Cala a boca Eric, eu disse primeiro. – Suzane falou enquanto andava até a mesa de Yuri. – O que é isso?

– Sonhe com isso, Suzane. – Eric a observava.

– Você sabe com quem que você está mexendo? Hein Suzane? – Yuri estava preocupado, e Suzane assustada. – Não pode ser..

– Heather Volaski. – Suzane colocou a mão na boca para que ele calasse a boca. – Agora faz sentido. Suzane, você está devendo alguma coisa pra algum traficante? Fale pra nós, nós iremos te ajudar.

– Então, eu não sou drogada, Eric. Obrigada pela preocupação.

– O que está acontecendo então? E não me diga que não é nada. – Yuri parou de digitar para encara-la.

– Mas não é nad – Eric a interrompeu.

– Ou você nos conta sua história, ou nunca mais procure por nossa ajuda. Sendo você Heather Volaski ou Suzane Dudek. – Ele a encarou. – Você não tem escolha.

Suzane concordou, e contou toda a história a eles, que ouviram pacientemente e silenciosamente, sem nenhum julgamento. Ela disse que não fazia ideia do nome de Heather, e que se fosse pra ela mesma mudar seu nome, certamente não colocaria um nome desses. Ela contou desde a mensagem até a carta, e estava disposta a saber quem ela teria que enfrentar.

– Então gente, o que vocês tem a declarar depois de ouvirem tudo isso e um pouco mais? – Ela olhou nos olhos de cada um enquanto formulava a pergunta.

– Você tá fudida. –Eric foi o primeiro a falar. – Mas eu vou te ajudar no que precisar. Conta comigo.

– Apoio do galinha eu já tenho, só falta do morcego. – Suzane tentou sorrir. – E você Yuri?

– Te apoio, claro. – Ele voltou a olhar para a tela do computador.

– Então, de onde veio a ligação? – Ela perguntou.

– Tenho duas notícias, uma boa e uma ruim. Qual você quer ouvir primeiro?

– Conta logo de uma vez! – Eric o apressou.

– A má notícia é que as mensagens estão vindo de um celular descartável, e que provavelmente, será jogado no lixo muito em breve. E a boa, é que um federal está mandando essas mensagens. Tem um federal te ajudando, Anne.

– Como assim federal? – Suzane estava cada vez mais intrigada.

– A localização exata do celular não fica muito longe daqui. Pensei que tinha sacado. A localização fica no Federal Bureau of Investigation, conhecido por vocês como F.B.I..


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