Eventualmente Claricce Stracci escrita por TM


Capítulo 8
Capítulo 8




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Manhattan, 09:00

Depois de chegar em casa, Suzane tomou banho e vestiu roupas limpas. Fez um bom bacon com ovos pra si, e tomou uma caneca de café. Também aproveitou o tempo para checar a ficha criminal de Lisa Fortier e de seu marido, Bruce. Deveria ter checado no mínimo umas cinco vezes, e ficou surpresa ao perceber que eles eram descentes.

A teoria de Suzane era que, os pais dos filhos sequestrados eram bandidos, ou cometeram algum erro no passado. Ela estava completamente enganada. A máfia também pegava gente do bem, e os transformava em gente ruim.

Bateu na mesa de jantar, na tentativa de amenizar sua frustação, o que fora em vão. Ela se apoiou na mesa, até ouvir o toque do seu celular. Uma nova mensagem estava sendo entregue. Ela pegou seu celular e desbloqueou a tela.

“Don't get discouraged, don't be afraid, we can

Make it through another day

Make it worth the price we pay”

Ela se lembrou daquela música, nos tempos que era adolescente e que vivia cantarolando Triumph, mas o que aquela música tinha a ver com a vida dela? E por que estariam mandando isso pra ela? Desta vez, ela tinha um remetente, o que não era tão ruim. Antes de poder responder, ela recebeu outra mensagem.

“Keep up your spirit, keep up your faith, baby

I am counting on you

You know what you've got to do!”

“Quem é você? E por que está me enviando essas mensagens?” – Ela respondeu.

Mais uma vez, respondido com mais um trecho de Fight The Good Fight.

“Take a look inside your heart

There's an answer in your heart

Eu sou quem você quiser que eu seja.”

Aquela conversa estava deixando Suzane nervosa, até que ela jogou seu celular no sofá e deitou de bruços no chão. Ouviu mais um som de mensagem recebida, e foi ver se era o mesmo malandro que estava mandando a música. Sim, era ele.

“Sou seu anjo da guarda, Suzane. Me chame de G, irei te ajudar nesta longa luta que você irá enfrentar. Se seguir meus conselhos, você e os outros sairão vivos.”

“Do que você está falando?” – Ela estava curiosa.

“Da grande luta que você vai enfrentar. Essa luta vai testar toda sua fé em você mesma, e espero que vença. Boa tarde. G.”

“Quem diabos manda boa tarde depois dessa puta revelação? Ou será ameaça? Você está de brincadeira comigo, não está?!” – Sem resposta.

Manhattan, 16:00

Suzane saiu desesperada de casa, e foi até o Café. Quando chegou lá, ficou aliviada ao saber que Lisa ainda não tinha aparecido, andou até as pessoas loucas por um copo de café, e sentou numa mesa.

– Olha quem voltou aqui! Pelo jeito gostou do café, não é mesmo? – JJ vinha do seu lado. – Deseja algo senhorita? – Seu cabelo marrom estava amarrado, e exibia um sorriso encantador.

– Oi pra você também JJ, ah, e eu estou bem, obrigada por perguntar. – Suzane sorriu, e JJ retribuía o sorriso. – Eu vou querer uma água, por favor.

– E o café? Desistiu? – JJ falava enquanto anotava. – Já trago.

– Ok, obrigada. – Suzane voltou a olhar todos a sua volta.

JJ trouxe sua água.

– Mais alguma coisa? – O telefone tocava. – Já volto, o dia hoje está bastante corrido.

– Tudo bem, JJ.

JJ sumiu naquela multidão, e quando voltou, estava com uma cara de interrogação.

– Telefone pra você. De novo. – JJ disse.

– De novo? Como assim? – Suzane se levantou da mesa.

– Ligaram pra cá querendo falar com uma Suzane, e a única Suzane que está aqui, é você, minha amiga. – JJ a encarava. – Está metida em drogas? Pode confiar em mim, Su.

Suzane fez uma cara de ofendida.

– NÃO! Claro que não.. Imagina eu, Suzane Dudek, drogada? Claro que não. Nunca vou me meter com essas coisas... Ouvi um amém, irmãos?

– Nunca se sabe.. – JJ a provocava.

– Ok, vou atender. Já volto, JJ. – Suzane foi marchando até o telefone.

– Alô? – Ela começou a conversa.

– Lisa Fortier não aparecerá aí hoje, por que ela está morta. E em breve, você também vai estar, é só uma questão de tempo, minha cara Suzane.

– O quê? Quem é você? – Suzane começava a entrar em pânico.

– Você sabe quem somos. – E desligou.

Suzane saiu do Café correndo, pegou um taxi e foi até a casa de Lisa. A casa estava trancada. Como tinha aprendido nos filmes, usou toda sua força pra chutar a porta, e conseguiu abrir. Lisa Fortier estava deitada no chão de costas pra ela. Suzane chegou mais perto dela e viu que ela estava de olhos abertos, e com uma faca cravada no peito. Em sua mão, estava um bilhete. Ela o pegou.

“A próxima será você.”

Aquilo a fez tremer de medo, e quando se virou para a porta, um delegado estava a fitando com os olhos verdes e com a arma apontada pra ela. Automaticamente ela ergueu as mãos, e uma lágrima escorreu de seu rosto.

– Delegado Hopkins. Fique onde está moça, e não faça nenhum movimento brusco, ou um de meus policiais irá te acertar, certo? – Ela concordou com a cabeça. – Vire de costas, e coloque suas mãos nas costas.

Suzane fez o que Hopkins mandara, e ele colocou aquelas algemas frias nela. Ela andou até o carro de polícia, e viu que JJ a observava com lágrimas nos olhos.

– Por que você fez isso? – JJ movimentou sua boca, sem fazer nenhum som.

Suzane apenas abaixou a cabeça e começou a chorar no carro. Hopkins vinha dirigindo o carro em que ela estava. Ele a olhava pelo retrovisor, pensando em quão bonita aquela mulher seria pra cometer tamanha brutalidade. Só de pensar aquilo, Hopkins ficou com enjoo. Finalmente quando chegaram na delegacia, Hopkins a deixou sentada em sua frente, na sala de interrogatório.

A sala era cinza, com apenas duas cadeiras de plástico e uma mesa do mesmo material. A sala a fazia sentir medo, raiva e desespero.

– Então, Suzane Michelle Dudek, sabemos que você iria se encontrar com ela hoje. Conte-me sua história. – O jovem a estudava cuidadosamente. Rejeitando a ideia de que ela poderia ser a assassina, era uma possibilidade, mas por enquanto não era fato.

– Qual o seu primeiro nome? – Ela limpou os olhos, e sorriu. – Sabe, eu ficaria um pouco mais confortável se te chamasse pelo primeiro nome, já que você sabe tudo de mim, e eu não sei nada de você.

– Tony. Agora me conte sua história.

– Certo, Tony. Eu combinei de sair com Lisa no Café, para perguntar sobre o desaparecimento da filha dela, e tentar resolver alguma coisa. Quando estava no Café, recebi uma ligação dizendo que Lisa estava morta, e que eu era a próxima. E eu fui conferir, sabe, pra saber se não era trote mesmo, ou sei lá... Quando cheguei lá, a vi com um bilhete em mãos, e nele estava escrito “A próxima será você.”, claro que era pra mim! Pra quem mais poderia ser? – Tony a encarava. – Tá achando que eu inventei tudo isso? Aham, claro, sou louca.

Suzane dava graças a Deus por ficar no hospital com nome falso, assim Tony não jogaria isso na sua cara. Heather Volaski, seja lá quem você seja, obrigada, você salvou minha vida, ela agradecia em silêncio.

– Por que mata-la desse jeito? O que ela te fez de tão ruim? Já sei, você pegou a filha dela, inventou toda aquela história de máfia só pra ela te pagar uns milhões... E ela não tinha condições financeiras pra isso. Então você a matou, certo?

Suzane explodiu de raiva.

– Você acha que se eu tivesse matado ela, eu estaria lá, lendo cartinha meu admirador secreto, no caso, do assassino? O que eu poderia estar fazendo com o cadáver dela? Transando com ele? Assando ele em um forno, talvez? – Suzane o fitava. – Eu não estaria lá brincando de vítima e assassino, não acha? Eu não matei ela! Por que insiste em se iludir? Isso simplesmente não tem lógica nenhuma, e pela sua cara, você já deve saber disso. Se eu tivesse a matado, acha que eu estaria aqui? Estaria na Europa, na Argentina, mas aqui não.

– E pela sua cara, eu deduzo que não esteja me contando alguma coisa. Está escondendo algo da polícia, Suzane? – Ele ficou de pé.

– Exceto pelo fato do seu irmão ser um gostoso, creio que não está faltando mais nada. – Ela olhava para suas unhas, e aproveitou pra ver como as algemas ficaram nela. – Agora posso ir embora? Tenho mais coisas pra fazer. Foi muito bom te conhecer, Tony. Em outras ocasiões lhe daria meu telefone e meu endereço, mas creio que você já tem os dois, então qualquer coisa pode me ligar, certo? Ou até passar em casa, pra gente sei lá, dar uns pegas. Beijos de luz pra você e pro seu departamento todo, principalmente pros policiais gatinhos! – Ela ia se levantando até que ele a segurou pelo pescoço.

– O que você está escondendo de mim? – Tony gritava. – Você sabe quem está por trás disso, não sabe? Quem é?

– Você está me sufocando. E isso não é nada gentil! – Ela disse. – Grosso!

– Me fala Suzane! – Ele gritou mais uma vez.

– Me solta!

Ele a soltou, o que fez com que ela caísse com tudo no chão. Até ela conseguir se levantar, ele já estava com um olhar raivoso pra cima dela.

– Me conta agora, ou eu juro que eu saio por aquela porta e só volto com seu pedido de prisão. – Os olhos de Tony ficaram vermelhos, ele passou a mão no cabelo. – Eu não queria ser o policial mal, mas – Suzane tinha começado a confessar.

– Foi a mesma máfia que está sequestrando os jovens. Ela está matando quem entrar no caminho dela, e sugiro que você fique bem longe de mim, porque você é um rostinho bonito demais pra ficar dentro de um caixão. – Ele sorriu. – Satisfeito?

– Eu te dei uma chance, e você a desperdiçou. Já volto com seu pedido de prisão. – Ele saiu da sala, deixando-a trancada.

– HEEY! MAS E TUDO QUE EU TE DISSE? CONTINUA ACHANDO QUE EU INVENTEI TUDO AQUILO? ACHA QUE EU TENHO UMA IMAGINAÇÃO TÃO FÉRTIL ASSIM? – Ela gritava em vão. – Merda.


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