Meu nome é Jasmine, tenho 16 anos, sou filha de Deméter e eu tenho um sério problema com o Sr. D.
— Minnie, você vai me ajudar com nos campos de morangos hoje? - Perguntou minha irmã Katie.

As pessoas me chamam assim desde o primeiro dia que entrei no chalé três, quando perguntaram meu nome, eu estava tão tímida que acabei respondendo rápido demais e todos entenderam Minnie e para ajudar eu estava com um vestido vermelho de bolinhas brancas.

— Não posso, tenho que limpar o sótão da Casa Grande. - Disse revirando os olhos.

— Deixa-me adivinhar: foi o Sr D que te pediu isso. - Perguntou meu irmão Core.

— Acertou. - Digo bem desanimada.

O Sr D nem sabia que eu existia até eu uma vez admitir que ele era o meu deus menos favorito. Aí eu virei sua semideusa favorita para trabalhos horríveis.

Comecei a andar em direção a Casa Grande, quando Drew chegou.

— Oi, Jasmine.

Drew adora rebaixar as pessoas, ainda mais se forem filhas de Deméter.

— Desculpa Drew, mas hoje eu não posso...

— Olha, eu não entendo por que te chamam de Minnie, até ela tem mais estilo que você.

Eu não sei como ela conseguia falar dos estilos das pessoas, se quase todo mundo colocava a mesma roupa: camiseta do acampamento e uma calça ou shorts. Mas eu não estava nem de calça ou shorts, hoje eu estava com um macacão jardineira e a camiseta do acampamento por baixo.

— Por que você não pergunta pra quem me chama assim? Em vez de ficar me enchendo, então?

Todo mundo fala que eu sou muito delicada, talvez seja porque nunca me viram conversando com Drew. Felizmente ela desiste de me encher a paciência e sai.

Continuo andando em direção a Casa Grande, mas infelizmente o Sr D já esta me esperando na porta.

— Que bom que você chegou, Jade.

— É Jasmine, senhor.

— Tenho uma ótima notícia pra você, a Raquel vai te ajudar.

— É Rachel. - Grita a menina ruiva que aparece atrás de Dionísio.

— Podem subir daqui uma hora eu vou ver como ficou.

O deus mais arrogante que já conheci sai sem nem despedir.

— Então o que você fez pra ele? - Pergunto pra Rachel.

Ela me olha confusa e diz:

— Nada. Só não ia deixar você arrumar tudo sozinha.

— Obrigada.

Rachel sorri e depois entra no sótão. Sigo a e vejo um cômodo mais empoeirado que eu já vi, cheio de coisas inúteis e talvez até úteis.

— Melhor limparmos tudo e depois separamos o que vamos jogar fora ou guardar. - Disse o oráculo.

— Tudo bem e boa sorte para nós.

***

— Esse lugar é enorme. - Comento.

Rachel senta no chão e diz:

— Depois de todo esse trabalho preciso descansar.

Sento-me ao lado dela.

— Posso pegar uma coisa?

— Acho que não vai ter problema. - Fala Rachel dando de ombros.
Pego um colar prata com um pingente de flor.

— Que flor é essa? - Ela pergunta intrigada.

— Jasmim.

— O significado do seu nome?

— Sim, é a flor preferida do meu pai.

— Ele tem um ótimo gosto, ela é linda, como você.

Aperto a alça do macacão sem graça.

— Obrigada.

— Vem, eu te ajudo a por.

Fico de costas para Rachel, dou o colar na sua mão e quando sinto o frio do metal na minha pele passa um arrepio pelo meu corpo.

Ela pega um espelho encostado num canto e coloca na minha frente. Primeiramente só me vejo uma garota de cabelos negros preso num rabo de cavalo com um novo colar no pescoço, mas de repente a imagem muda, um barco aparece voando e com um zoom vejo Leo, Annabeth, Piper e Jason.

Dou um passo para trás assustada, acabo tropeçando numa caixa no chão e caio.

— O que aconteceu?

— Eu vi... O Argo II.

— Bem, esse espelho deve mostrar o presente.

— Não! Eu o vi pronto e voando.

— Tinha alguém a mais lá dentro?

— Não, só os quatro mesmo.

— Um espelho que mostra o futuro, interessante...

— Nossa, até que vocês duas limparam bem isso aqui.

— Obrigada Sr D. - Digo me levantando rapidamente.

— Jasmim...

— Meu nome é...

— Estou falando da flor. Eu sei seu nome Margarida.

Minha vontade é de falar: seu idiota meu apelido é Minnie, não Margarida, sabe a rata, não a pata. Mas ele só podia fazer isso para irritar os campistas.

Algumas semanas depois...

— Minnie, por favor, fala com ele. - Disse minha irmã com os olhinhos brilhando.

— Não. Eu não vou falar com o Connor, pra ele falar com o Travis pra ele falar com você.

— Ta certa que o Connor é seu ex, mas vocês são muito amigos. - Por que minha irmã tinha que me lembrar disso?

— Não tem a ver ele ser meu ex, mas sim que você tem que falar diretamente com o Travis.

— Jasmine Ganzer, você sabe que eu não tenho coragem.

— Katie Gardner, pode ir começando a ter.

Minha irmã cruza os braços e para no meio do caminho sem me deixar chegar ao nosso chalé.

— Katie, por favor...

— CONNOR! - Grita minha irmã.

Olho para trás procurando-o. Ele olha para a gente, acena e vem em nossa direção.

— Fala com ele, por favor?

Não aguento negar algo por muito tempo para Katie, por isso acabo aceitando.

— Ta, eu falo.

Um sorriso enorme aparece em seu rosto.

— Oi, meninas.

— Oi, Connor. A minha irmã quer falar com você.

— Quer? - Ele pergunta para mim.

— Quero. - Concordo. - Mas a sós.

Katie pisca pra mim.

— Tudo bem, vamos então. - Connor diz e me leva até o chalé 11.

Sento-me exatamente na segunda cama da fileira da direita, pois lembro bem que aquela era a sua.

— Eu não sei nem por onde começar... - Como Katie me fazia fazer isso?

— Se você quiser voltar, eu...

Começo a rir, ou melhor, gargalhar.

— Voltar com você Connor Stoll? Você continua o mesmo egocêntrico de sempre.

— Você não quer voltar comigo?

— Não.

— Então por que esta tão encabulada?

— É que é uma coisa meio embaraçosa.

— O que seria mais embaraçoso que conversar com sua ex-namorada que você não quer voltar, mas depois descobrir que não era esse o assunto?

— Realmente nada. - Digo rindo.

***

— Ela disse que estou horrível. - Katie estava quase pirando.

— Se acalma.

— Não. Eu não sou que nem você.

Minha irmã andava de um lado para outro, seu vestido já estava amassado de tanto que ela apertou ao vir pra cá.

— Você não pode deixar a Drew estragar seu encontro. – Digo segurando suas mãos. – Você tem que se importar com a opinião do Travis, não dela.

— Eu sei, mas ela não é nada amável para uma filha da deusa do amor.

— Esquece da Drew por três horas, amanhã eu prometo que vamos colocar hera venenosa embaixo de seu travesseiro.

— Jura de dedinho? – Diz Katie rindo.

— Juro pelo Rio Estige. – Respondo séria. Escutamos um trovão.

Katie me olha preocupada.

— Você não deveria ter dito isso.

— Não se preocupe, eu vou cumprir.

***

Acabei dormindo antes de a Katie chegar, por isso quando acordo vou direto para sua cama. Chacoalho-a um pouco forte demais.

— E aí, como foi?

Ela boceja.

— Bem...

— Como assim só bem?

— Espera eu acordar primeiro, foi perfeito! A gente foi num restaurante aqui perto e...

— Foram pegos?

— Não. Só você é pega quando foge Minnie.

— Como eu me arrependo de ter dito aquilo. Eu tenho certeza que o Sr D estava esperando à hora certa para interromper.

— Não duvido nada. Ele pegou você e o Connor quase se beijando, né?

— É. Ia ser nosso primeiro beijo.

Katie ri.

— E é por isso que não falo mal de nenhum deus.

— Da próxima vez eu te escuto, ta bom? Agora temos que aproveitar que acordamos bem cedo para ir ao chalé de Afrodite.

— Tem problema eu ir de pijama?

— Claro que não, quem vai estar acordado uma hora dessas?

Colhemos um pouco de hera venenosa e vamos em direção ao chalé 10, minha irmã tenta abrir a porta enquanto vejo se há alguém nos observando.

— A porta esta trancada. – Fala Katie.

Tiro um grampo do cabelo da minha irmã, desdobro-o e coloco na fechadura.

— Não se preocupe, aprendi uns truques com o meu concunhado.

— O quê?

— O irmão do namorado da minha irmã.

— Falava ex-namorado é mais fácil.

— Consegui!

Abro a porta bem devagar, procuro Drew nas camas da direita enquanto Katie procura nas da esquerda.

— Aqui! – Grita minha irmã.

Samantha se remexe na cama. Faço sinal para Katie falar mais baixo. Katie pega um punhado de hera e faz a festa no travesseiro da Drew, quase a acordando. Quando estamos quase saindo o Sr D aparece na porta bloqueando nossa saída.

— Vocês duas para Casa Grande, agora!

Passamos pelo deus de cabeça baixa.

— Pronto, só faltava essa.

— Não se preocupe ele não vai fazer nada com você, mas comigo não posso dizer a mesma coisa...