Pov: Sara

Eu estava sentada confortavelmente perto dos campos de morango, à sombra de uma árvore. Fiquei observando enquanto os filhos de Deméter faziam mágica para as plantas crescerem. Por algum motivo eu estava com um sensação ruim, como se alguma coisa nada boa fosse acontecer. Levantei e caminhei até o chalé de Atena.

Annabeth, como sempre, estava sentada em sua cama rabiscando alguma coisa. Pelo que eu entendi, agora ela era arquiteta do Olimpo, então passava o dia inteiro desenhando prédios e mais prédios. Também ouvi dizer que ela recebia milhares de mensagens de Íris dos deuses (em especial de Ares, Apolo e Afrodite), enchendo-lhe a paciência. Bati na porta e entrei.

– Com licença Annabeth! Tem um minuto?

– Claro Sara. Por favor sente-se! - ela respondeu sem tirar os olhos de um papel onde consegui enxergar um templo para Poseidon.

Sentei em uma cadeira que estava encostada em uma escrivaninha. A pequena lata de lixo estava cheia e um monte de bolinhas de papel cobriam o chão em volta dela.

– No que posso ajudar? - perguntou Annabeth finalmente olhando para mim.

– Estou com uma sensação ruim.

– Hum... o que acha que pode ser?

– Sei lá! É como se algo de ruim fosse acontecer.

– Bom, então está no lugar errado. Sugiro que procure um filho de Apolo. Afinal ele é o deus das profecias. Ou a Rachel.

– Você tem razão Annabeth. Obrigada!

– De nada!

Ela me acompanhou até a porta. Quando desci o primeiro degrauzinho, minha cabeça rodou e eu quase cai.

– Você está bem? - perguntou Annabeth me amparando.

– Eu... Acho que sim. É melhor eu ir.

Cambaleei um pouco e sai do chalé. Decidi seguir o conselho de Annabeth e segui para o chalé de Apolo. No caminho esbarrei em Lola.

– Olá Sara. - ela cumprimentou.

– Olá. Você está bem?

– Por que não estaria?

Jurava que a língua dela estava estranha, como se fosse bifurcada.

– Sei lá. A sua língua.

– Eu estou bem. Não se preocupe comigo.

– Talvez você possa me ajudar.

– Claro.

– Você sabe onde está a Rachel?

– Sim. Ela está na floresta.

– Obrigada.

Rumei para a floresta. Por sorte, encontrei com Rachel voltando de lá.

– Sara. Como vai?

– Estou bem. E você?

– Estou ótim... - ela parou no meio da frase.

Ela segurou a cabeça com uma mão e quase caiu pro lado. Seu corpo tremeluziu e ela se recompôs.

– Estou ótima.

– Tem certeza? - nesse momento eu já cogitava a possibilidade de sair correndo.

– Claro. O que você queria falar comigo?

"Calma, você não está louca!" pensei. Demorei um pouco pra lembrar o que queria falar, quando me dei conta do que estava acontecendo.

– Como você sabe que eu queria falar com você?

– Eu... Bem... É que eu...

– Quem é você é o que fez com a Rachel? - gritei ameaçadoramente.

– Não se preocupe, - ela sorriu, um sorriso diabólico que não era da Rachel. - Ela vai ficar bem.

Quando fiz menção de correr, alguém me acertou na cabeça. Cai no chão e olhei pra cima com a visão meio turva. Consegui ver Lola e Rachel. Mas não eram elas, seus corpos se transformaram e diante de mim estavam uma dracaena e um fantasma.

– Pronto. Deu tudo certo. É melhor irmos logo. Estamos atrasadas. Despina está esperando. - disse o fantasma/Rachel.

A dracaena me puxou pelo braço até um veículo voador que mais parecia um carro, escondido no meio das árvores. Ouvi um barulho de galho se partindo e as duas olharam para trás. Nada.

– Não foi nada. - disse o fantasma. - Vamos logo.

– Masss que menina pesssada. - comentou a dracaena/Lola.

– Pare de reclamar um pouco. - repreendeu o fantasma.

Desmaiei antes de chegar no carro.

n/a Pudim: Poha!

n/a Panda: Pudim, não fale palavrão!

n/a Pudim: Perdão!

Pov: Amanda

Cutuquei Piper, que encarava a janela.

– Piper. Você está bem? - cutuquei ela de novo.

– Estou bem! - ela balançou a cabeça.

– Mesmo? Parece meio perdida em pensamentos! Aposto que está pensando em um certo semideus de cabelos loiros e olhos azuis.

Ela suspirou.

– É, acertou! Estava me lembrando de Jason!

– Sente falta dele? Sei como é! Bem, se precisar de alguém pra conversar! Estou a disposição.

– Obrigada!

Ela encostou a cabeça na janela. Encostei no meu banco e adormeci. Acordei com Nico me sacudindo freneticamente.

– Finalmente acordou.

– O que você quer?

– Nossa, um simples bom dia já seria o bastante.

– Bom dia! - falei de mau humor.

– Bom dia.

– E então? Por que me acordou? - perguntei me sentando e esfregando os olhos.

– Ah é, tem alguém mandando mensagem de Íris!

Saímos da minivan e pude ver Matt e Will em frente a uma poça de água. Um vapor saía da poça, as cores do arco-íris dançavam sobre ele. Quando me aproximei uma voz feminina muito agradável falou:

"Por favor, deposite um dracma."

– Não acredito. - disse Nico.

– No que? - perguntei.

– Estão nos ligando a cobrar. - disse Will.

– Que gente pobre. - Matt comentou baixinho.

Peguei um dracma do bolso e joguei no arco íris. O dracma tremeluziu e desapareceu.

– Ahn... Oh Íris, Deusa do Arco-íris, mostre-me... Quem quer que esteja me ligando! - falou Nico.

A névoa tremulou. Vi o rosto de uma pessoa alta e magra, com um tufo de cabelos castanhos encaracolados no alto da cabeça e olhos azuis que eu tinha certeza já ter visto antes.

– Finalmente. - disse Travis.

– Olá pra você também. - falei.

– Amanda. - disse Dan, ele e Connor apareceram na imagem.

– Como é bom ouvir a sua voz. Vocês estão bem?

– Bem, obrigada.

– Como vai a missão?

– Estamos perto de encontrar a última porta.

– Isso é bom.

Connor acenou para os meninos que estavam atrás de mim, e perguntou:

– Cadê a Piper e o Percy?

– Dormindo. - respondeu Will.

– Por que ligaram? - perguntei.

– Ah é, quase me esqueci. - respondeu Travis sarcástico - A Sara desapareceu.

– O QUE??? - perguntamos em uníssono.

– Nossa gente, calma.

– Não estou calma. - falei.

– Como foi isso? - perguntou Matt um tanto desesperado.

– Nós fomos chamá - la para o jantar, mas ela não estava em lugar nenhum.

– Já vasculhamos cada canto desse acampamento. Ela sumiu. - disse Dan. Era bom vê - lo de novo.

De repente, Annabeth apareceu na imagem.

– Olá Amanda! Você está bem?

– Olá Annabeth, é bom vê - la. Estou bem.

– O Percy está por aí?

– Sinto muito. Ele está dormindo. Mas posso acordá - lo se quiser.

– Não obrigada, deixe - o dormir.

– Annabeth, você pode ajudar? - perguntou Will.

– Olá Will. Posso sim. Tudo o que sei é que Sara passou no meu chalé mais cedo pedindo conselhos.

– Sobre o que exatamente?

– Ela disse que estava com uma sensação ruim, como se algo de mal fosse acontecer.

– E o que você fez?

– Falei para ela procurar um filho de Apolo ou quem sabe a Rachel.

– Será que ela foi embora? - Connor refletiu um pouco alto - Não acredito!

– Ela parecia feliz no acampamento, não acho que ela tenha ido embora! - falou Dan.

No fundo da imagem, uma figura morena e baixinha apareceu cambaleando. Era minha amiga Mari.

– Mari! Você está bem?

Ela não parecia nada bem. Suas mãos tremiam e seus lábios estavam meio azuis. Tinha um corte um pouco profundo na testa.

– Meu Zeus menina, o que você tem? - perguntou Travis.

– E-eu sei o que a-aconteceu com a S-Sara.

– Meu Zeus, então desembucha logo.

Ela contou seu ponto de vista da história.

FLASHBACK ON

Eu tinha acabado de sair da aula de esgrima e estava indo até o chalé tomar um banho. Eu vi Sara saindo do chalé de Atena em direção ao chalé de Apolo. Pude ver ela esbarrar em alguém. Era a irmã dela, Lola. Elas conversaram por alguns segundos e depois Sara seguiu para a floresta. A silhueta de Lola tremeluziu e pude ver as pernas dela ficarem verdes. Mas aí ela voltou ao normal e adentrou a floresta pelo mesmo lugar que Sara.

Nesse momento eu achei que o cansaço estava me fazendo ver coisas. Então decidi segui - las. Quando ela parou, eu subi em uma árvore e me escondi. Vi Lola escondida em um arbusto um pouco mais a frente. Ela estava espiando alguém. Subi alguns galhos e vi o que ela estava espiando. Sara estava conversando com a Rachel. Mas a forma de Rachel tremeluziu (igual a Lola). Eu não escutei a conversa, mas pude ouvir quando Sara começou a gritar com Rachel. Nesse momento, Lola se esgueirou pra perto dela e bateu com um pedaço de metal na cabeça dela.

Eu não imaginei o que a levara a fazer algo tão horrível contra a própria irmã. Então, algo ainda pior aconteceu. Os corpos delas mudaram e eu não vi mais a Rachel ou a Lola, só uma dracaena e um fantasma. Elas trocaram algumas palavras e saíram andando. Só ouvi uma palavra: Despina, então eu pulei para a árvore ao lado pra ver melhor. Sem querer acabei quebrando um galho. Elas olharam pra trás, mas eu estava alto demais para me enxergarem. Elas entraram em um veículo voador (que mais parecia um carro) e foram embora.

Nesse momento eu caí da árvore e bati a cabeça em uma pedra. Quando acordei, eu sabia que precisava contar pra vocês. Então saí da floresta e por sorte vocês estavam aqui.

FLASHBACK OFF

– E por que você não foi ajudá - la? - Matt quase gritou.

Mari pareceu assustada. Mas continuou confiante.

– Bom, porque elas poderiam ter me pegado e aí eu não teria contado nada disso pra vocês. - ela respondeu enérgica.

– Bom argumento. - disse Nico.

– Desculpe. - Matt abaixou a cabeça aparentemente envergonhado.

Mari colocou atrás da orelha uma mecha de cabelo empapado de sangue.

– Mari, preciso que me escute. - disse Will - Você precisa tratar essa testa, se infeccionar, não vai ser nada bom.

– O que eu faço?

– Vá até a enfermaria e procure por Denyel. Não se preocupe, ele é meu irmão, saberá o que fazer. E depois tome um banho. Você está precisando.

– Obrigada Will.

Ela saiu.

– Bom, então Despina está com a Sara. Isso não é bom. - disse Annabeth.

– O que aquela bruxa quer com a minha irmã? - Travis pensou alto.

– Nós vamos encontrá-la! - falei.

– Tem certeza? - perguntou Connor.

– Tenho sim Connor. Fiquei tranquilo, eu sei que ela é sua irmã, mas ela é minha amiga também. Não vou deixar que nada a machuque.

Jules Albert resmungou alto da minivan.

– É melhor vocês irem. Boa sorte.

– Obrigada.

Os meninos entraram na minivan. Travis, Connor e Dan saíram me deixando só com Annabeth. Pude ver seus olhos cansados. Me lembrei do dia em que ela me contara sobre Luke e até me mostrara uma foto, ela estava com a mesma expressão. Então, eu já sabia onde eu tinha visto aqueles olhos (n/a: do Travis). A diferença dos olhos de Travis e de Luke era que nos olhos de Travis eu via um brilho travesso, os olhos de Luke eram vazios!

– Amanda. Se puder, diga ao Percy quando acordar que eu amo muito ele e pare que volte vivo e rápido se puder. - ela sorriu involuntariamente.

– Pode deixar que eu falo.

– Fique bem.

– Ficarei.

Dei um meio sorriso e a imagem apagou.

– Amanda você vem? - perguntou Matt.

– Estou indo!

Caminhei até a minivan e entrei fechando a porta atrás de mim. Me ajeitei no banco e pensei nas palavras de Annabeth. Fiz uma promessa silenciosa de trazer Percy vivo. Adormeci com isso em mente, o sopro do vento se misturando com o barulho do motor.