Liv’s POV

Finalmente, depois de dirigir por sete horas encontrei West River. O lado ruim é que a gasolina estava no fim. Tinha um posto logo perto da entrada da cidade e era quase noite, precisava abastecer o carro e comprar alguma coisa para comer. Agora eu ia morar em definitivo nessa cidade, a casa já estava arrumada e meu trabalho no hospital estava garantido. Estacionei o carro em frente à bomba de combustível e abasteci. Logo depois fui a uma loja de conveniência que ficava no posto mesmo.

Peguei uma caixa de suco, alguns biscoitos, comida congelada, leite e sorvete de chocolate. Me dirigi ao caixa com as compras e saí da loja logo depois. Um homem parado perto do meu carro, fumando um cigarro, chamou minha atenção. Ele era alto, tinha um corpo extremamente forte e cabelos escuros.

― Com licença, posso ajudá-lo? ― falei me aproximando do carro.

Ele me olhou de forma selvagem, mais parecia que eu estava pelada. Senti-me estupidamente desconfortável naquele momento.

― Pode... Se desejar. ― ironizou dando um sorriso safado.

― Com licença, tenho mais o que fazer.

Abri o carro, coloquei minhas coisas dentro e fui para casa. Nunca vi alguém me olhar daquele jeito. Era estranho e me fazia sentir arrepios só de lembrar. Chegando em casa, peguei um pacote de biscoito e fui para meu quarto. Tomei banho e me troquei, vestindo algo mais confortável. Mandei uma mensagem para meus pais, avisei que já estava em West River e logo após, me joguei na cama esquecendo de pegar um livro na estante para me distrair durante a noite. Às vezes ser uma bruxa faz com que você seja um pouco preguiçosa, sabe? Não costumo abusar do poder desse jeito, mas o livro estava tão longe de mim, que foi uma questão de honra. Estendi a mão direita em sua direção e ele veio até mim bem rápido. Agora sim, posso ter uma noite interessante.

Gabriel’s POV

Já estava escurecendo e eu não podia ficar em casa sem fazer nada. Decidi ir à um barzinho que ficava perto do apartamento. Ouvi falar que teria uma festa no centro e com toda certeza eu não iria perdê-la por nada, mas enquanto não dava o horário, fui beber um pouco. Passei em frente ao posto de gasolina e avistei um carro parado perto da bomba de combustível, um Jipe prata, não muito comum da região.

Me aproximei do carro, aparentava ser um pouco velho, mas bem cuidado. Observei uma mulher vindo em minha direção. Seu corpo era bonito, suas coxas na medida certa e seios de tamanho médio, caberiam facilmente em minhas mãos. Eu a encarei e ela parou perto do carro.

― Posso ajudá-lo?

Pode, com toda certeza, indo para minha casa e se deitando na cama do meu quarto seria um ótimo jeito de me ajudar, pensei.

― Pode, se desejar.

Seu rosto corou e seus batimentos aceleraram. Ela pediu licença e se retirou rapidamente do local. Tenho certeza que ainda a encontrarei por aqui.

POV OFF.

UMA MANHÃ EM WRHS

Led caminhava pelos corredores da escola em busca de algo novo. O elfo de 110 anos, mas aparentemente um adolescente, já estava lá há uma semana e não havia nem se quer um canto que ele já não tivesse conhecido. Ele era agitado, quase hiperativo, estava extremamente encantado com sua nova realidade. Humanos, bruxos, lobisomens, vampiros, demônios, tudo era novo para ele, pois viveu em uma floresta encantada em um lugar muito muito muito distante por mais de um século, sem conhecer a realidade.

Depois de muito andar, ir e voltar, descer e subir escadas, o garoto voltou ao seu lugar preferido. A maior árvore do bosque era o local ideal para Led ler seus livros de bolso. Já no topo da árvore, o elfo se distraia com um conto de aventura, quando foi interrompido pelo som doce de uma voz delicada e feminina. Uma garota magra que possuía cabelos metade loiro, metade preto e lábios rosados, quase vermelhos, ela caminhava pelo bosque sozinha, cantarolando uma canção.

Sem hesitar, ele desceu da árvore o mais rápido que pode, foi cuidadoso para não atrapalha-la cantar. Cada vez que a garota percebia um som estranho, ela olhava para trás. Led a foi seguindo por alguns minutos, até que uma hora ele tropeçou em seu próprio pé, assustando a menina que o olhou furiosa.

― Mas que diabos você quer? Por que está me seguindo?

― Perdão, não foi minha intenção interromper um canto tão bonito. ― o elfo falou levantando-se e a olhando sem jeito ― Eu só estava...

― Não te ensinaram que não se deve espiar alguém?

― Desculpe-me, não farei novamente, mas devo dizer que tens uma bela voz. Me chamo Lëadan Ingiel... Poderia ao menos me dizer seu nome?

A garota que já havia se virado para sair, quando ouviu tal elogio e aceitou de bom grado.

― Me chamo Lisa...

A dona de uma voz suave e doce continuou andando pelo bosque, agora não mais acompanhada de alguém a “espionando”. Led voltou a área de convivência do colégio e dessa vez encontrou alguns outros alunos. Ele falou com cada um deles, se apresentou e os fez várias perguntas. Seu jeito extrovertido e simpático encantava muita gente, o elfo realmente gostava de sorrisos e pessoas felizes, sempre fazia de tudo para ser o mais agradável possível. É, esse garoto pode colocar um sorriso na boca de muita gente... Talvez várias pessoas precisem disso por esses tempos.