Namorado "Inventado" escrita por Luh Marino


Capítulo 22
Capítulo extra: 12 - POV do Ashton


Notas iniciais do capítulo

Aqui está a primeira short de NI. É o capítulo 12 contado no ponto de vista do Ash. Foi escrita quando a fic ganhou destaque como fic do mês em outro site. Espero que gostem! :)



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Eram dez horas da manhã e eu andava de um lado pro outro na sala da república. Augustus, que estava estudando pra um teste que teria no dia seguinte, já havia me pedido pra ficar quieto umas três vezes, e eu tinha tentado. Tinha mesmo. Mas toda vez que eu me sentava no sofá ao lado dele, me levantava dois minutos depois, voltando a perambular.

O telefone na minha mão parecia berrar que eu o usasse logo antes que sua bateria acabasse. Precisavam inventar um telefone fixo que consiga ficar fora da base por mais de duas horas. Porque aquele era basicamente o tempo há qual eu estava com o aparelho na mão, tentando pensar em um modo de falar com Emily e chamá-la para sair.

Meu deus, que boiola.

Se alguém chegasse no Ashton Ford com sete anos de idade e contasse pra ele que ele ficaria melhor amigo de uma garotinha pseudo-depressiva, aos treze anos se apaixonaria por ela, reprimiria esse sentimento até que, aos vinte e dois, ele voltasse com tudo; o Ashton Ford de sete anos iria rir da cara do sujeito e provavelmente cuspir nele também. E em seguida sairia de perto para comer seus cookies favoritos.

Na verdade, se alguém chegasse no Ashton Ford com vinte e dois anos e sete meses e dissesse a ele que sua melhor amiga iria propor um namoro falso a ele e que, com isso, ele voltaria a sentir por ela o que sentia há uma decada, o Ashton Ford de vinte e dois anos e sete meses iria rir da cara do sujeito, cuspir nele e sair de perto pra comer sua mina favorita.

Que, aliás, era Ellinor. Ô garotinha insuportável aquela, viu. Só porque o que tinha entre as pernas era bom, achava que todo o resto era bom também. Coitada.

— Se você não ligar pra ela logo, eu ligo e chamo ela pra sair comigo. — Augustus murmurou, me acordando dos meus devaneios, e eu tratei de digitar os números do apartamento de Emily.

O cara era boa pinta, vai que ela me troca por ele.

Quem é o desgraçado? — Foram as palavras proferidas pela minha melhor amiga ao atender o aparelho, poucos "tus" depois.

— Ei, Emy! — O Ashton galanteador tomou conta de mim na hora. Não consigo controlá-lo. — Tudo bom?

Estava tudo ótimo até eu ser acordada. — Resmungou, e eu ri. Gus me olhou com raiva, pegou suas coisa e saiu, sussurrando algo como "o cara não se controla, não sabe nem falar baixo, não sou obrigado". Fiz uma careta pra ele. — O que você quer, desgraça do mundo?

Delicada como uma pata de elefante.

— Sair com você. — Respondi, e ela gargalhou. Nossa.

Muito boa, muito boa. Tem mais alguma?Retrucou, e eu fiquei quieto. Então sua ficha caiu. — Ah, você tá falando sério?

— Sim, Emily, estou falando bem sério.

Mas é algum tipo de ocasião especial ou…?

— Emy. — Fiz uma pausa, xingando-a mentalmente de idiota.

Porque se verbalizasse minhas ofensas, provavelmente acabaria sem bolas.

— É dia dos namorados.

Ela calou a boca por uns bons cinquenta segundos, e eu achei que a linha tinha caído. Até que ela soltou um suspiro e eu achei que finalmente receberia uma resposta decente.

Oi?

Puta merda, garota idiota.

— Emily, você quer ser minha namorada no dia dos namorados?¹

Ela voltou a ficar quieta, dessa vez por mais tempo, e eu achei que tinha falecido. Juro, achei que a garota tinha tido um ataque cardíaco e morrido do coração.

Eu sabia que Emy nutria algum tipo de sentimento por mim. No começo, achei que era apenas minha imaginação, que ela não estava me dando bola nem nada. Mas quando ela me deu um selinho inesperado, eu tive certeza. Veja bem, eu conhecia Sanders muito bem. Eu a conhecia melhor que todo mundo, inclusive, às vezes achava que eu a conhecia melhor que ela mesma. E ela não é de sair dando selinho nos outros simplesmente porque ela se importa e quer ver as pessoas felizes e sorridentes de novo. Ah, não. Seria até cômico. Ela beijaria até Abigail.

O que a criatura não sabia é que eu estava triste aquele dia exatamente por causa dela. Eu havia percebido que meus sentimentos por ela, que estavam tão bem enterrados dentro de mim, deram um jeito de achar uma pá e escavar de volta à minha superfície. Eu achava que nunca mais iria ter o desejo de ficar com Emily, beijando-a e mimando-a até que a morte nos separasse.

Isso até ela chegar na minha casa, com cara de puro desespero, e me implorar para que eu a namorasse de mentira.

Ah, quando isso aconteceu, meus sentimentos bateram na minha cara com a maldita pá.

E eu ficara puto e decepcionado comigo mesmo por estar, novamente, nutrindo aqueles sentimentos patéticos por alguém que eu tinha a mais absoluta certeza que nunca me corresponderia.

Até a desgraçada segurar meu rosto e me meter um beijo de cinco segundos (juro que não contei) e depois se descolar de mim com aquele olhar de carinho na cara. Aí eu quis bater nela com a pá. E eu quis bater ainda mais forte quando ela demorou mais quatro meses pra fazer algo remotamente parecido. E, quando ela decide fazer alguma coisa, ela decide também que quer foder de vez com a minha vida e ME BEIJAR ENQUANTO DORMIMOS DE CONCHINHA.

A filha da puta é mesmo filha da puta.

Com todo o respeito, tia Agatha.

Ashton? — A filha da puta me chamou, e eu acordei do meu surto de raiva. Pelo tom de voz um pouco alto, imaginei que ela já tinha me chamado algumas vezes.

— Oi, fala! — Tentei disfarçar, batendo em algumas coisas ao meu redor. — Tava procurando um negócio aqui, foi mal.

Tá. — Fez uma pausa, respirou fundo e voltou a falar: — Que horas você passa aqui?

E meu sorriso rasgou minha cara.

–x-x-x-

O porteiro acenou com a cabeça pra mim e eu vi quando ele pegou o interfone, afim de avisar Emy que eu já estava a esperando. Apertei as palmas das mãos contra as calças, pra ver se o suadouro parava. Pra ser sincero, eu não via sentido nenhum no fato de estar tão nervoso. Era só a Emily, porra. Estranha, bizarra, nerd, assustadora e inapaixonável Emily. Eu não deveria ter medo de nada. Bom, nada é exagero. Talvez eu devesse ter um pouco de medo de ela arrancar minhas bolas.

Mas esse era um medo constante, então eu já havia me acostumado com ele.

Soltei um barulho de peido com a boca e olhei pro lado. O centro de Wolverhampton era extremamente sem graça, ao meu ver, e se eu pudesse não botaria meus pés ali nunca. Mas, infelizmente, era o lugar onde eu mais vivia na cidade. Lei de Murphy é uma vagabunda.

Uma gostosa passou do outro lado da rua e eu lambi os lábios.

Aí, Ashton! Muito bom! Indo num encontro com uma mina assustadora e fica olhando pra bunda alheia.

Ouvi um barulho de porta fechando e, quando olhei pra frente de novo, Emy vinha em minha direção, e parecia apressada. O lábio inferior entre os dentes a denunciou: ela estava tão nervosa quanto eu.

Bom, pelo menos eu não era o único maricas por ali.

Ela cumprimentou o porteiro, fingindo ser educada (acredite, ela não era. Sanders é um ogro. Fiona da vida real. Até pior) e eu sorri com isso. Ela olhou pra mim e sorriu de volta.

Puta merda, coisa linda.

Desencostei do carro e ela se aproximou. Observei sua roupa, e a blusa me chamou atenção. Levantei uma sobrancelha.

— Não tinha roupa melhor, não? — Carreguei a voz de deboche. — A gente tá saindo num encontro de dia dos namorados e você vai com uma blusa de caveirinhas?

A palavra encontro assustou até a mim mesmo. Quem diria? Eu, Ashton Ford, saindo num encontro com Emily Sanders, a melhor amiga psicótica.

Uau.

Emy olhou pra baixo, constatando que a estampa da blusa não era muito propícia ou até mesmo agradável para uma situação como a que nos encontrávamos. Sorriu, e eu soube que ela estava pouco se fodendo.

— Não podiam ser, sei lá, uns corações? — Proferi, antes de puxá-la contra mim em um abraço.

Quis segurá-la pro resto da vida, mas ia ser um desperdício de tempo. Eu poderia gastar aquele tempo fazendo algo bem melhor. Algo que não vou citar, porque acho que o horário nobre não permite.

Abri a porta do carro atrás de mim e catei o buquê que havia trazido pra ela. Lhe ofereci as flores e ela as olhou admirada e surpresa. Algo me dizia que ela não sabia que eu sabia que suas flores favoritas eram tulipas. Mas todos seus papéis-de-parede (tanto do celular quanto do computador) eram fotos de tulipas, e ela sempre tinha um vaso com uma única tulipa no quarto da casa dos pais. Eu sempre notara aquilo, ela que era babaca e não percebia que deixava seus gostos óbvios.

— Por que não disse que tinha trazido flores? Elas precisam de água! — Reclamou, e no segundo seguinte o porteiro a chamou.

— Pode deixar as flores aqui, se quiser, Srta. Sanders. Quando você voltar, eu te entrego de volta. — Ao dizer isso, botou a mão pra fora da guarita, segurando um vaso.

Emily sorriu e entregou o buquê ao senhor, logo voltando a andar na direção do carro. Entramos juntos no veículo e ela sorriu pra mim de novo.

A cada vez que ela fazia isso, meu coração morria mais um pouco.

E quem diria que eu era assim, tão romântico.

Dei partida enquanto ela colocava o cinto, abria a janela e deixava o vento bater em seu rosto. Não sei qual é a dessa mania que ela tem de gostar tanto de vento na cara. Não que eu esteja reclamando, é claro.

Na verdade, eu poderia olhar pra ela no banco de passageiro do meu carro, recebendo vento na cara, pro resto da minha vida.

–x-x-x-

O West Park era gigante. Dava pra se perder naquela porra. E olha que ele nem era tão grande. Imagine eu no Central Park, em Nova Iorque. Não voltaria pra casa nunca.

Enfim.

Emy sorriu quando descemos do carro e caminhamos para o lado de dentro do parque. Quis segurar sua mão, mas acho que ela se assustaria. Eu iria esperar um pouco pra isso. Ela resmungou quando eu disse que andaríamos de barco. "Ai, Ashton, mas tá frio!". Reclamona.

Não ficamos muito tempo naquilo, por mais que o exercício físico de remar estivesse me deixando com menos frio e mais longe de uma possível hipotermia, Emily é uma esfomeada louca e queria cair de boca no piquenique que eu levara.

Cair de boca.

Hehe.

Além do que, eu já estava ficando um pouco cansado, mesmo.

Arregacei as barras da calça e segurei os tênis com uma mão, a outra segurando a cesta do piquenique. A água estava gelada pra porra, mas eu já deveria imaginar. Era pleno inverno, afinal.

De quem foi a ideia de girico de entrar num lago naquele fevereiro congelante, mesmo?

Ah, sim.

Do gênio aqui.

Fomos em direção a uma árvore qualquer e nos sentamos no lugar em que, supostamente, estaria sua sombra - se estivesse ensolarado. Mas é a Inglaterra. Sol é algo desconhecido por ali.

Sanders secou os pés molhados (ou devo dizer, congelados) com a jaqueta e se ajeitou ao meu lado enquanto eu retirava as comidas da cesta de palha. Havia levado alguns sanduíches e frutas, além de sucos concentrados. Emy me olhou torto, e eu apenas ignorei. Imagino que ela estivesse brava pelo fato de eu não ter levado uma toalha, porque no segundo seguinte passou a colocar as coisas em cima da perna ao invés de deixá-las no chão.

Fresca. Pra. Caralho.

O que não mata, engorda, Emily. Nunca ouviu esse ditado?

Ela pegou um sanduíche de pasta de amendoim e eu ri. Ela me olhou confusa.

— Lembra aquela vez que minha mãe levou sanduíches pra sua e, ainda sem saber que ela tinha alergia, deu uma mordida monstra? — Expliquei. Emy pareceu se lembrar na hora e soltou uma gargalhada. — Tia Agatha ficou enorme! Foi hilário!

Rimos até a barriga doer e, depois, continuamos a comer. Eu tentava fazer piadas idiotas o tempo todo, não só pra fazê-la sorrir como também pra não deixar o clima chato. Eu sabia que Emy ainda não sabia como agir comigo depois daquele beijo no noivado de Taylor e Eric. Até porque eu não facilitei. Praticamente a ignorei até seu aniversário, quando eu também fiz a merda de ficar ausente. Mas eu não sabia o que fazer. Eu já imaginava que meus sentimentos por ela tinham voltado, e que ela sentia algum tipo de atração por mim também, mas ela ter me beijado foi demais!

Você nunca sabe como agir com a sua melhor amiga que te beija do nada.

Principalmente se ela for meio sociopata.

Ah, meu amigo, aí você não faz a menor ideia do que fazer, mesmo!

Por isso fiquei tão longe dela por tanto tempo.

Aí a desgraçada apareceu na minha república e me contou sobre um cara gatinho pra quem ela estava dando aula e ainda riu de mim quando fiquei com ciúmes? Pelo amor de deus, tinha como não ficar com ciúmes? Quem nunca quis namorar uma mina mais velha? Aposto que o cara estava de quatro por ela.

Pirralhozinho do inferno.

Terminamos de comer e eu me encostei na árvore atrás de nós. Emy olhou em volta antes de chegar mais perto e se encostar em mim. Abaixei os olhos pra focar nela e ela mexia no celular, fuçando o facebook e curtindo mil posts seguidos. Tirei os olhos da telinha e passei a olhar pra ela. Fiquei daquele jeito por não sei quanto tempo, até ela guardar o celular. Então eu me decidi. Já sabia o que fazer.

— Ei, Emy. — Chamei, e ela só fez um barulho com a boca. Tá bom, inferno, eu sei que você tá ouvindo. Mas olha pra mim, por favor? — Olha aqui.

Ela olhou, com uma sobrancelha levantada. Sorri e olhei para seus lábios. Tão rosadinhos, tão mordíveis, lambíveis, beijáveis…

Ah, foda-se.

Me inclinei e a beijei. É, beijei mesmo e estou pouco me fodendo. Aquela situação toda era uma loucura, mas eu não estava mais ligando. Não estava ligando pra mais nada. Só me importava com Emily.

E nosso beijo.

E nosso namoro.

E repito: foda-se. Não era mais de mentira. Eu não era mais um namorado inventado. Essa desgraçada ia me assumir como namorado de verdade, e se não fizesse…

Bom, se não fizesse eu provavelmente iria entrar em depressão ou alguma coisa assim.

Mas vamos omitir essa parte.

Se não fizesse! Ela iria se arrepender. E eu ia persegui-la até que ela mudasse de ideia e me assumisse.

Isso aí.

Badass.

Ela interrompeu o beijo e eu quase chorei.

Mas eu sou macho. Não choro.

— Ash, acho que temos que falar sobre esses beijos… — Disse, e eu ainda estava um pouco fora de mim, então demorei alguns segundos pra entender. E então sorri da bobeira dela.

— Pra que falar se podemos praticar? — Foi o que eu disse antes de colar nossos lábios de novo.

É, eu estava pouco me fodendo.

–x-x-x-

— Já volto! — Dei mais um selinho nela e me levantei.

O dia não poderia estar mais perfeito. Eu estava num lugar incrível e relaxante, com a mina que eu gostava, beijando-a e agarrando-a o tempo todo, sem restrições. E sem que ela cortasse minhas bolas pra fora. E estava indo comprar um cachorro-quente.

Não há nada melhor que isso.

Olhei pra trás e Emily sorria, com a ponta dos dedos encostados no lábio inferior. Fofinha. Ela está naquele estado "eu realmente beijei Ashton Ford?". Todas passavam por esse estado. Eu era irresistível, afinal.

Cheguei ao carrinho de cachorro-quente e pedi dois, fuçando minha carteira pra achar algumas libras. Era fim de tarde, e o por-do-sol estaria lindo se existisse sol na Inglaterra. Mas não existe. Enfim.

O tiozinho me entregou as comidas e eu paguei por elas. Ele sorriu e eu me virei para voltar a me sentar com a coisa linda que era Emily Sanders. Dei alguns passos olhando pra baixo, já dando algumas mordidas no meu delicioso lanche. Quando olhei pra cima de novo, paralisei.

Ellinor Clarke era o demônio em pessoa.

E ela estava falando com outro demônio em pessoa.

E demônios, quando se encontram, causam problemas. Problemas grandes.

Engoli a seco e continuei ali, com os pés fincados no chão, por puro medo de me aproximar e ter minhas bolas cortadas duas vezes. Emy estava com a feição neutra, mas eu imagino que ela estava apenas fingindo. Minha ex também parecia séria, e o fato de ela não estar com um sorrisinho cínico na cara apenas me deixou com mais medo ainda.

Veja bem, Ellinor tem essa mania insuportável de ser sincera demais. E ela também gosta de guardar rancores. E sua memória é infalível. Não me surpreenderia se ela se lembrasse do dia em que nasceu. A filha da puta não esquece nada. Nadinha de nada. E meu cu estava apertadíssimo por causa daquilo. Se ela resolvesse fuçar sua memória e achar algo que faria com que Emily me odiasse pra sempre, ela acharia. E todo meu plano de ser namorado da psicopatinha iria água abaixo. E eu não teria mais a mina que eu gostava.

Sanders franziu a testa e abriu levemente a boca em surpresa. E eu soube que era hora de me aproximar. Respirei fundo e andei com passos rápidos até chegar onde elas estavam.

— Ellinor? O que está fazendo aqui? — Perguntei, olhando na direção da minha ex apenas porque tinha medo do olhar de Emy. Mas vi pelo canto do olho que ela olhou pra mim. Engoli a seco novamente.

— Vi sua namorada aqui e achei que talvez fosse bom te expor um pouquinho. — Respondeu, e o meu mais temido pesadelo chegou. O sorriso cínico. — Como é, mesmo? Freak show?

E eu morri naquele exato momento.

Minha vida passou pelos meus olhos em flashes rápidos. A filha da puta estava fazendo exatamente o que eu mais temia. Revirou sua memória pra achar algo que eu tinha dito literalmente quatro anos antes só pra me foder com Emily.

Eu conhecia Ellinor há anos, já era amigo dela antes de namorarmos. A parada do "freak show" tinha sido dita em um momento de raiva. Eu estava puto com Emily, e saí falando mal dela pra todo mundo no campus. Por isso ela tinha tanta fama de perdedora. Graças a mim e minha boca maior que a cara. Eu sequer me lembrava do motivo que me tinha deixado bravo com ela na época, mas quando ela reclamou das fofocas que faziam sobre ela pela primeira vez, eu me arrependi instantaneamente. E ela não parou. Toda vez que nos encontrávamos em público, ela fazia algum comentário sobre os olhares que recebíamos. E eu não falava nada simplesmente pelo fato de que eu também já havia falado daquele jeito sobre ela.

Foi uma única vez.

Mas quem disse que Emily Sanders se importa com isso?

Bom, pra falar a verdade, eu também não ligaria. Também perderia a cabeça e ficaria puto.

— É verdade? — Ela perguntou, e eu me virei em sua direção. Seus olhos estavam lacrimejando, e eu sabia que ela estava extremamente decepcionada.

Não soube o que dizer.

— Eu… Eu só disse uma vez. E eu não quis dizer aquilo, Emy, eu juro! Estava fora de mim!

Nem sei que porra "eu estava fora de mim" queria dizer, mas foi o que saiu na hora. Não tinha mais nada pra falar. Não tinha justificativa. Emily estava magoada, era óbvio, e nada que eu falasse naquele momento a tiraria daquela situação.

Ellinor sorriu mais.

— Eu não acredito nisso. — Foram as últimas palavras da minha melhor amiga.

E, ali, com aquelas mesmas palavras, eu quase chorei de verdade.

Eu conhecia Emily. Conhecia muito bem. Às vezes, a conhecia melhor do que ela mesma.

E quando ela pegou suas coisas e saiu do meu campo de visão sem olhar pra trás, eu soube que seria absurdamente difícil conquistá-la de novo. Não só no sentido romântico; na verdade aquela era a menor das minhas preocupações. Emy estava brava com o Ashton melhor amigo, não com o Ashton namorado. E demoraria dias, semanas, até mesmo meses para conquistar sua confiança de novo, convencê-la a me dar outra chance, convencê-la a ser minha melhor amiga de volta.

Mas eu não desistiria por nada nesse mundo.

Porque Emily Sanders era meu mundo.

A melhor coisa que eu tinha.

E se eu desistisse dela em algum momento na minha vida, eu mesmo faria questão de me bater com uma pá.


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Notas finais do capítulo

¹- Nos EUA/UK o dia dos namorados é "Valentine's Day", e os namoradinhos que você arranja nesse dia são chamados de Valentines. Então a frase ficou meio que "Emily, do you wanna be my valentine on Valentine's Day?". Não sei se ainda tem gente que não sabe disso, porque aparece bastante em filmes e tal, mas to explicando mesmo assim UHEAUAH

E aí? Gostaram? Vou postar a outra short agora.. :)



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