Namorado "Inventado" escrita por Luh Marino


Capítulo 16
Capítulo quinze


Notas iniciais do capítulo

Assista ao trailer da fanfic aqui: https://www.youtube.com/watch?v=mbHeLpQKFMQ&feature=youtu.be
E ouça a playlist inspiradora aqui: http://open.spotify.com/user/callmeluh/playlist/2MMzq8V7Ay58rxSviNFn1s



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A tela da televisão estava preta, e nenhuma imagem passava. Afinal, ela estava desligada. Mas, na verdade, eu não me importava. Já havia perdido as contas de quantos minutos ou horas passei encarando a TV desligada.

Eu pensava sobre a noite anterior. Estava acabado. Quando eu consigo me acostumar com a ideia de Ash e eu, juntos, acaba. Mas a Lei de Murphy é uma vadia nojenta, mesmo.

Quando Tay acordou, depois do meio dia, eu devia estar no sofá com cara de monga há mais de uma ou duas horas. Havia ido dormir por volta da uma da manhã e acordado pelas cinco ou seis. Tomei banho, comi, fiz uma tarefa aleatória e passei a encarar a TV. Então, quando Tay acordou, eu já estava ali há um bom tempo.

— Que diabos você tá fazendo? — Ela perguntou, e eu saí do meu transe pra olhar pra ela.

— Olhando pra televisão?

— Tá, isso é bem notável. — Resmungou, se jogando ao meu lado e olhando pra TV também, talvez tentando achar algo que pudesse ser o motivo da minha obsessão pela tela preta. — Mas por quê?

Abaixei a cabeça. Quando Tay percebeu que eu não tinha respondido, alguns segundos depois, se mexeu desconfortavelmente e olhou pra mim com uma cara confusa.

— Emily… O que aconteceu?

— Terminei. — Foi a única coisa que eu disse, e ela não precisou de mais nada para entender.

— Mas… de vez? — Perguntou. Acenei que sim com a cabeça. — Como isso?

Expliquei pra ela que Ashton fora me buscar na faculdade no dia anterior, que me deu uma carona e que passamos o caminho inteiro em silêncio. Falei que ele tentou dizer algo, mas que eu não deixei e saí do carro. Contei que fui dormir tarde, depois de pensar muito, e acordei poucas horas depois, passando a pensar muito novamente.

— Uau! Mas você não deixou ele se explicar nem um pouco? — Perguntou, parecendo um pouco surpresa.

— Não… Não sei se aguentaria a explicação dele.

Taylor ficou em silêncio, e eu também. Não tinha nada pra falar.

— Eu tinha certeza que vocês iriam ficar juntos de verdade, que nem eu e Eric. - Ela disse, baixinho, depois de vários minutos quieta. - Pareciam perfeitos um pro outro.

— Nada na vida é perfeito, Taylor. — Resmunguei, querendo chorar de novo.

Definitivamente, fazia anos que eu não chorava tanto.

— Você e Ashton eram.

–x-x-x-

A Tobby’s estava movimentada naquele dia. Eu realmente não sabia de onde tinha saído tanta gente. Ainda mais porque a maioria dos fregueses era da faculdade, e era raro os alunos de lá irem tomar café em algum lugar que não fosse hipster que nem a Starbucks.

O sininho tocou pela vigésima vez em dez minutos, e eu nem me dei ao trabalho de olhar quem era. Apenas continuei limpando o balcão. Alguém passou atrás de mim e tocou minha cintura como se pedisse licença. Aproveitei a deixa e fui para a área interna da cafeteria, guardando o pano e logo depois voltando para o balcão.

Chegando lá, reconheci o cliente na hora. Ele olhava para o menu gigante colado na parede, tentando decidir o que queria, mas quando eu me aproximei, levou o olhar até mim e seu rosto pareceu se iluminar. Forcei um sorriso.

— Emy! Há quanto tempo! - Exagerou um pouco, rindo em seguida.

— E aí, Cameron? Realmente, já faz um tempinho. - Sorri, apoiando os braços no balcão.

Era verdade, em partes. Depois da nossa terceira ou quarta aula (não lembro), Cameron avisou que iria viajar por duas semanas. Viagem de formatura ou alguma coisa assim. Não me importei muito.

— A viagem foi boa? Lembro que você comentou que chegaria por esses dias. — Perguntei, não muito interessada.

Ashton ainda não saíra da minha cabeça.

Não era uma boa época para criar uma crush em um colegial qualquer.

— Sim, foi ótima. Cancun é incrível... — Ele começou, e parecia querer falar mais, porém deve ter notado que eu estava pouco me fodendo e voltou a olhar pro menu atrás de mim. — Me vê um mocha médio pra levar, por favor. — Sorriu.

Anotei o pedido e entreguei o papel pra um outro atendente que estava passando por ali, voltando a me apoiar no balcão em seguida.

— Mas então, como anda a vida? — Ele perguntou, parecendo realmente interessado, diferente de mim. - Ainda namorando? - Sorriu.

Nossa, Cameron, você tem um dedo podre pra escolher assunto.

— Não. Na verdade, terminei com ele, tipo, ontem. — Falei, mesmo que já tivesse feito uma semana desde que eu havia indiretamente terminado com Ash.

— E quem era o sortudo?

— Não sei se você o conhece, o nome dele é Ashton Ford… — Fui interrompida.

— Uou, pera aí! Você é a namorada do Ashton Ford? — Perguntou, empolgado. “Era a namorada do Ashton Ford”, corrigi mentalmente. O motivo dele parecer idolatrar Ash é algo que nem Deus sabe. — Quero dizer, ouvi falar que ela era gatinha, mas… Eu não esperava por isso! — Sorriu de canto.

É sério que essa criança está me cantando?

Quero dizer, Cameron é muito lindo e inteligente. Para um garoto da idade dele, ele me parecia bem maduro. Mas não deixa de ter dezessete anos. Além do que, falta de senso parece uma característica do menino.

Fala sério, cara! Eu acabei de dizer que terminei com meu namorado ontem e você já tá dando em cima de mim?

Por favor.

O sininho tocou novamente bem no momento em que eu me virei para pegar o mocha de Cameron. Voltei a olhar pra ele, já falando novamente.

— Pois é. Mas, como já disse, nós terminamos.

— Bom saber disso, Emy. — Ouvi uma voz conhecida e quase derrubei o café do garoto. — Legal da sua parte me deixar por dentro das novidades. — Ash sorriu ironicamente, e eu coloquei o copo em cima do balcão, na frente de Cameron. Este, por sua vez, parecia ao mesmo tempo entretido e com medo da situação que acabara de se desenrolar bem à sua frente.

— Ashton, que surpresa te ver aqui. — Comentei, tentando me manter calma.

Não pula nele, Emily.

Controle seus hormônios.

Controle sua vontade.

Tudo bem que esse corpo dele parece pedir pra ser abraçado, e que essa boca dele parece pedir pra ser beijada…

Mas se controle, mulher!

— Eu ia pedir um café e uma conversa, mas acho que é desnecessário, não é mesmo? — Fechou a cara ao mesmo tempo em que eu fazia uma careta. Virou-se pra Cameron, ao seu lado. — E você, tem quantos anos, quinze? Para de dar em cima de meninas cinco anos mais velhas que você, pivete. Toma vergonha nessa cara jovem. — Ele parecia querer dar um belo soco no menino, mas conseguiu se controlar. — Foi um imenso prazer te ver de novo, Emy. — Ash disse, e eu nunca ouvi seu tom de voz tão seco.

— Ash, espera aí! — Tentei, em vão, fazê-lo ficar.

Acho que aquela cafeteria já havia presenciado mais cenas da minha vida pessoal do que meus pais.

Bati a cabeça no balcão, ouvindo os passos de Cameron em seguida, me dizendo que ele tinha ido embora. Sequer me importei se ele havia pagado a conta, aquele era o último dos meus problemas.

Por um lado, eu estava frustrada. Não gostava de ter meu melhor amigo bravo comigo. Ash sempre fora a parte mais especial da minha vida, e pensar que ele estava desapontado comigo me deixava pra baixo. Mesmo depois de ele ter pego meu coração, jogado em água quente, picado com uma faca de açougueiro e jogado para lobos selvagens comerem.

Por outro lado, eu estava ardendo de raiva. Eu pensei que tinha deixado bem claro que nada mais poderia acontecer entre a gente! Achei que não precisava dizer com todas as letras “nós terminamos!” porque, na minha mente, ele tinha inteligência o suficiente para deduzir isso sozinho. Aliás, eu fui bem clara, na verdade. “Não dá mais pra continuar com isso, ‘isso’ sendo ‘a gente’, quero dizer” faria a maioria dos seres dotados de cérebros entender muito bem o que diabos estava acontecendo!

É, pensando bem e colocando tudo numa balança, eu estava muito mais puta do que triste com ele.

Quando constatei isso, levantei a cabeça do balcão e o cliente que me esperava do outro lado pareceu se assustar. Eu devia estar com cara de serial killer. Tudo que eu mais queria no momento era pegar a cabeça de Ash e apertá-la, e esfregá-la contra um ralador de queijo, e passar por cima dela com um caminhão, e várias outras coisas dolorosas.

Ele merecia dor.

Na minha mente deturpada, ele merecia dor simplesmente pela dor que ele me fez passar.

Naquela hora, eu estava com tanta raiva que, se pudesse voltar no tempo, teria voltado aos meus oito anos e não faria amizade com ele nunca. Apesar de todos os momentos bons que Ash me proporcionara, a decepção que ele me causara pouco tempo antes parecia muito maior do que qualquer sorriso ou risada que ele arrancou de mim.

–x-x-x-

A rua da república de Ashton estava lotada de carros, e ao olhar para uma das últimas casas delas, pude constatar que o motivo de tamanha movimentação era uma festa que estava rolando. Pensei em esquecer a ideia de tentar falar com Ford apenas para comparecer na festa, de penetra, e encher a cara.

Uma tequila seria uma boa.

E eu não digo uma dose.

Digo uma garrafa.

Parei em frente à casinha amarela de dois andares, com uma tentativa falha de jardim na frente. As garotas que moravam ali tentaram plantar algumas flores, mas elas não pareciam saber cuidar delas, porque três quartos delas estavam mortas. As outras só estavam vivas por um milagre.

Bati na porta e a mesma garota que sempre me atendia abriu. Da primeira vez, ela me olhou com desdém. Talvez porque eu ainda era apenas a melhor amiga perdedora de Ashton Ford. Da segunda, ela me olhou com admiração. Talvez porque eu tinha virado a namorada maneira de Ashton Ford.

Daquela terceira vez, ele me olhou com pena.

— Ei, Emy. — Me cumprimentou, soltando um sorriso fraquinho. — Sabe, eu acho que sou a que mais gosta do Ash com você nessa casa. Talvez a única que não morre de ciúmes dele. — Soltou uma risada nasalada, e eu estava confusa. — E ele sem você fica insuportável, devo acrescentar. Mas ele não quer te ver. Disse que está de cabeça quente e talvez vá descontar em você mais do que você merece.

E eu devia merecer muito, na mente dele.

— Bom, tudo bem, ahn… — Eu não fazia ideia de qual era o nome dela.

— Georgina.

— Tudo bem, Georgina. Eu acho que entendo. — Virei, pra ir embora, mas ela me chamou novamente.

— Não quer deixar um recado ou alguma coisa assim?

Ponderei.

Eu queria que Ash fosse atrás de mim? Ou queria que ele me deixasse de lado e nós seguíssemos cada um pro seu lado? Será que eu aguentaria conviver sem ele todos os dias?

Eu sequer sabia o que estava fazendo na república dele, pra começo de conversa.

— Não. Obrigada de qualquer jeito. Se puder, nem diga que eu passei aqui.

Sorri fraco mais uma vez, e ela retribuiu antes de fechar a porta. Fui para a rua e olhei para a casa, onde a festa parecia badalada.

Eu nunca fui muito fã dos destilados, mas eles pareciam me chamar. Quem liga? A ex-namorada maneira de Ashton Ford merecia encher a cara de vez em quanto, e eu tenho certeza que ela seria aceita de braços abertos pelas pessoas da festa, mesmo que estivesse chegando de penetra.

Afinal, ela era a ex-namorada maneira do Ashton Ford.


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Notas finais do capítulo

EMY BEBUM! ASUIDHUDA
Gente, último capítulo teve pouquíssimos comentários. E acho que ninguém lê a nota, porque ninguém me respondeu. Já que não querem entrar no grupo do facebook, acho que não faz mal estragar a "surpresa", não é? Quando ele chegar aos 250 membros, vai rolar uma competição onde a ganhadora vai me ajudar a escrever o epílogo e, consequentemente, o final da fanfic. ^-^
Por hoje é só! Espero que tenham gostado do capítulo.
Qualquer erro, é só comentar ou me mandar uma MP que eu corrijo na hora!
Críticas construtivas são sempre bem-vindas, mas não deixe a educação de lado.
Beijos e até a próxima!