Namorado "Inventado" escrita por Luh Marino


Capítulo 10
Capítulo nove


Notas iniciais do capítulo

Gente, ceis tão comentando menos. :( Tão me deixando triste UHAEUHAE
Assista ao trailer da fanfic aqui: https://www.youtube.com/watch?v=mbHeLpQKFMQ&feature=youtu.be
E ouça a playlist inspiradora aqui: http://open.spotify.com/user/callmeluh/playlist/2MMzq8V7Ay58rxSviNFn1s



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— EMILY! — Acordei com um berro.

Olhei em volta. Havia adormecido com a cara na escrivaninha, babando em cima dos livros. Minhas provas decisivas começariam em breve, e eu estava me matando de estudar. Esse semestre da faculdade era cheio de matérias que eu não gostava muito, então tinha que me esforçar pra aprendê-las.

Pelo jeito, não estava dando certo, já que eu caí no sono na página 8 do livro.

Tay voltou a berrar meu nome e me levantei da cadeira e fui até a sala, onde ela estava parada na frente da porta com uma roupa qualquer de sair, uma bolsa a tiracolo e um molho de chaves na mão.

— Vou ao supermercado, quer alguma coisa? — Perguntou.

— Disposição. — Respondi, coçando o olho e bocejando, e ela riu.

— Tudo bem, passo na cafeteria e te trago um expresso. Bolinhos também?

— Por favor.

–x-x-x-

Tay voltou pouco tempo depois com as compras e nosso café-da-manhã. Comemos em silêncio na bancada da cozinha estilo americana. Eu estranhei seu comportamento. O silêncio, quero dizer. Depois de quase um mês morando com ela, eu já sabia cada detalhe de Tay – além do que eu já sabia do pouco que conversávamos no trabalho. E pra ela estar em silêncio era porque algo grave havia acontecido. Tay era a pessoa mais bem-humorada e faladeira que eu conhecia.

— O que aconteceu? — Não me contive, e ela me olhou pelo canto dos olhos.

— Vou conhecer meu noivo hoje.

— O QUE? — Berrei.

Nossa, eu berrava essas duas palavrinhas com frequência.

— Você ainda não o conhecia? — Perguntei abismada e ela soltou uma risadinha fraca, fazendo que não com a cabeça.

— Eu já te disse quem é meu pai? — Ela perguntou e eu neguei com a cabeça. — Com certeza sabe o que é o Conselho Municipal, certo?

O Conselho Municipal é o corpo de administração de Wolverhampton. É como a prefeitura, mas menor, digamos. Decide e põe em ação melhorias pra cidade e para a população. Seu tosco bordão diz que “O Conselho Municipal de Wolverhampton: lidera, guia, apoia e inspira nossa cidade. Nos orgulhamos de estar prestando os serviços de hoje e nos impondo para vencer os desafios de amanhã.” George odiava o conselho, dizia que ele realmente era bom em algumas coisas, mas em outras deixava a desejar – e muito.

Perdi as contas de quantas vezes ouvi reclamações do meu padrasto.

— Bom, meu pai faz parte do conselho. Eu sou de uma família rica, sabe? Mas não gosto de sair falando disso, porque as pessoas começam a achar que eu tenho tudo que quero porque meu pai me dá, sendo que eu trabalhei pra chegar onde estou. Com minhas próprias mãos.

Me arrependi de tê-la julgado mal quando a conheci. Achei que ela só tinha tudo que queria por causa do papai, mesmo.

Foi mal, Tay.

— E por sermos de uma família rica, meu pai quer ascender na política. Por isso, fez um contrato com o prefeito da cidade para que me casassem com o filho dele. — Ela baixou os olhos e eu quis abraçá-la até que ela se sentisse bem o suficiente pra encher o meu saco em relação a Ash de novo.

Coloquei minha mão sobre a sua, em um gesto que dizia que eu sentia muito. Ela me olhou no fundo dos olhos e sorriu.

Não falamos mais nada.

–x-x-x-

Uma semana depois e as primeiras provas decisivas já haviam passado, depois de muita ralação. Ai de quem disser que biologia é fácil. Te digo uma coisa, querido: não é, não. Enfim, eu ainda tinha outras pra fazer, e a preguiça de estudar me controlava.

Estava sozinha em casa, assistindo um filme qualquer do Homem Aranha (o com o Tobey MaGuire, porque eu não ia com a cara do Andrew Garfield) quando meu telefone tocou.

— Fala! — A voz do outro lado riu e eu não consegui conter um sorriso.

Oi, Emy! — Ash respondeu. — Posso passar por aí? To sem nada pra fazer.

— Nossa, assim me sinto ofendida. Agora sou segunda opção, Ford? — Me fingi de indignada e ele riu.

Claro que não, coisinha linda da minha vida. Enfim, to passando aí. — Nem me deixou responder e desligou.

Mas é um cara de pau, mesmo.

Não demorou muito para que ele chegasse à minha casa. Só deu tempo de eu perceber que estava sem calças, cobrir as pernas, aproveitar pra ir ao banheiro e logo ele estava lá. O apartamento de Tay era mais no centro da cidade, e a república dele não era tão perto, por isso achei estranho que ele tivesse chego tão rápido. Imaginei que ele já contava com a minha resposta afirmativa à sua visita e, quando me ligou, na verdade já estava a caminho.

Depois de dizer ao porteiro que ele poderia subir, ele demorou mais cerca de um minuto ou dois pra tocar a campainha do apartamento. Abri a porta e ele me cumprimentou com um beijo demorado na bochecha, para o qual eu sorri. Ele entrou e, todo folgado, já se jogou no sofá. Perguntei se ele queria alguma coisa, e com sua resposta negativa, sentei ao seu lado.

Conversamos por um tempo, mas logo eu não consegui controlar meus impulsos e entrei no assunto das provas e minha preguiça de ajudar. Ash alegou que, se soubesse alguma coisa de biologia, me ajudaria. Então eu dei um leve coice nele ao dizer que não era ruim na matéria, já que eu era um gênio; eu só não gostava muito. Ele riu e entramos em um silêncio.

Eu não sabia muito o que conversar. Antes da ideia do namoro, eu e Ash éramos inseparáveis. Não ficávamos um dia sem falar com o outro – fosse por telefone, internet ou celular. Mas depois da minha ideia meio problemática, parecia que tínhamos nos afastado um pouco. Isso me deixava triste e um pouco decepcionada – não com ele, mas comigo mesma. Afinal, eu que tive a ideia, certo? Talvez se eu não tivesse inventado tudo isso, eu talvez ainda teria o meu antigo melhor amigo.

Veja bem: não que eu estivesse reclamando do comportamento de Ash. Ele estava agindo como sempre agira.

Só não parecia querer agir do tal jeito perto de mim.

–x-x-x-

Ash estava no apartamento há pouco mais de duas horas quando Tay chegou do terceiro encontro com Eric, seu noivo. Acontece que eles se deram super bem naquela primeira vez que se viram. Tay dizia que Eric era bem parecido com ela em alguns aspectos e completamente diferente em outros, e que isso equilibrava a relação. Quando eu perguntei se ele não agia exatamente do jeito que ela queria porque estava tentando fazê-la se apaixonar, ela disse que não, ele era daquele jeito mesmo. Alegou que, depois de conhecer tantas pessoas que se fingem por interesse, ela já sabia distinguir quem estava sendo verdadeiro e quem estava sendo falso.

Depois de se conhecerem, saíram mais três vezes juntos, em encontros reais, como se fossem um casal de namorados – ou melhor, “ficantes” –, dispostos a se conhecerem melhor, e não dois jovens prestes a se casarem. Eric tinha a minha idade, dois anos a mais que Tay (aliás, até hoje eu acho um absurdo que a forçaram a se casar com apenas vinte anos!). Mas, apesar da pequena diferença de idade, eles pareciam se dar muito bem.

Fiquei feliz por ela.

Ao chegar, se jogou ao meu lado no sofá e parecia doida pra falar cada mínimo detalhe do encontro, e só não tinha começado pela presença de Ash ao meu outro lado.

Sabe como é, conversa de menina.

Acho que ele percebeu que Tay queria conversar comigo, então se despediu e foi embora pouco depois. Tentei convencê-lo a ficar – eu parecia quase dependente dele nos últimos dias, fazendo questão de sua presença –, mas ele não se convenceu. Quase matei Tay por isso.

— Emily Sanders do céu, o homem é perfeito! — Ela quase gritou assim que fechei a porta. Achei que ela falava de Ash, mas ao ver o brilho em seus olhos, me toquei que era Eric.

— Não duvido, você já está caidinha por ele.

— Não é pra tanto. Mas ele é perfeito! — Ela tentou negar, e eu só ri.

Ficamos o resto da tarde conversando sobre Tay e seu mais novo namoradinho. Ela parecia uma garotinha da sétima série que acabara de dar o primeiro beijo.

Ou uma garotinha do primeiro colegial que acabara de dar... Outra coisa.

Mas eu realmente não via grande diferença.

–x-x-x-

to aqui fora

Foi o que eu li assim que o professor dispensou a classe. Pedi a Ashton para me pegar na faculdade, porque queria ficar mais com ele – pra ver se conseguia recuperar a amizade antiga. Além disso, ainda tínhamos que manter o disfarce.

Do lado de fora do prédio, ele estava encostado no carro mexendo no celular. Suspirei ao vê-lo com minha jaqueta de couro favorita

O que?

Eu nunca disse que Ash era feio.

E eu tenho um fraco por jaquetas de couro.

Só isso.

Ao chegar perto dele, ele me recebeu com um abraço e um beijo no canto da boca. Repreendi um calafrio e sorri pra ele, que me devolveu o gesto e abriu a porta pra mim. Fiz uma feição surpresa pelo ato de cavalheirismo e ele riu, logo fechando a porta, dando a volta e entrando ao meu lado.

— Tudo bem? — Ele perguntou. Demorei pra responder, pois estava vidrada em uma garota assustadora, parada a poucos metros de mim, e que parecia querer me matar apenas com o olhar.

— Tudo, tudo sim. Você?

— Também.

A conversa se resumiu a, basicamente, isso. Ash parecia entristecido e distraído com alguma coisa, e eu imaginei que fosse pessoal demais para que ele ainda não tivesse contado. Assim, preferi não perguntar.

Dois dias antes, ele me contou que o pai dele fez a ele a mesma proposta que George fez a mim: se casar com uma desconhecida. Ele negou, e quando o pai perguntou o porquê, ele disse que tinha uma boa razão e só estava esperando o momento certo pra contá-la.

No dia seguinte, ele disse que diria ao pai sobre nosso “namoro”.

O pai de Ashton era um senhor bem rígido. Apesar de uma boa pessoa e geralmente calmo, não se podia dizer que ele era do tipo que deixa o filho fazer o que quiser.

Pelo contrário.

Então imaginei que Ash estava agindo estranho por ter tido, não sei, uma briga com o pai. Sr. Ford não deve ter reagido bem à notícia, e Ash deveria estar tentando pensar em algo para fazer o pai se convencer do nosso “namoro” e aceitá-lo.

Quando chegamos na frente do meu prédio, Ash parou o carro e destrancou as portas. Ao me virar para dar-lhe um beijo no rosto, meu coração se partiu com a carinha triste dele.

Não resisti.

Peguei seu rosto entre as mãos e selei nossos lábios por pouquíssimos segundos, me afastando logo. Ash parecia surpreso, mas eu apenas lhe dirigi um sorriso e sussurrei um “tchau” fraquinho. Abri a porta e saí do veículo. Antes de entrar no edifício, me virei e ele me olhava com um sorriso bobo no rosto. Acenei e ele devolveu o gesto. Sorri sozinha.

Talvez eu não tivesse só um fraco por jaquetas de couro.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Qualquer erro, é só comentar ou me mandar uma MP que eu corrijo na hora!
Críticas construtivas são sempre bem-vindas, mas não deixe a educação de lado.
Beijos e até a próxima!



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