Elliot ainda estava tentando entender tudo o que estava acontecendo, provavelmente não só ele como todos os seus amigos e os sobreviventes daquele horrível acontecimento. Mesmo não conseguindo entender nada, agradeceu por ser irmão estar vivo e seus amigos também. Todos seguiam Chase, sem saber para onde ele iria então Elliot decidiu perguntar – Para você tá indo, Chase?

– Quero dar uma olhada naquela cratera – respondeu Chase ainda seguindo em frente.

Elliot olhou para trás e viu os olhares um tanto surpresos dos alunos dos 3ºano do E.M., 2ºano E.M., 1ºano E.M. e os do 9ºano. “Como eles podem estar reagindo de maneira calma a isso?” eles se perguntavam – Até em meio ao caos as pessoas julgam uns aos outros – disse ele com um olhar de repugnância.

– Isso se chama “raça humana” – falou Brend em resposta enquanto eles olhavam para os sobreviventes na quadra.

Enquanto isso Chase observava cratera junto de Lori e Dakota, a cratera era tão funda que dava a impressão de que o chão era oco, e aquele buraco, juntamente com algumas pedras, fechava a principal saída do colégio deles, Chase então se abaixou para observar mais de perto o estrago.

– E lá se vai uma saída – disse Dakota colocando as mãos na cintura – Então Chase, qual é o plano? – a pergunta, de certa forma, pegou o Chase de surpresa e ao mesmo tempo chamou a atenção de todos os nove, os deixando curiosos para saber o que ele responderia.

– Primeiramente – Chase se levantou e se virou para seus amigos – quem me elegeu líder?

– Não é uma questão de liderança, se você tem um plano nós merecemos saber se ele é um bom plano ou não - falou Dakota.

– E se não for nós podemos melhora-lo e coisa do gênero – completou Peter que estava de mãos dadas a Tália.

Chase olhou para seus amigos, bufou e resolveu falar o que ele tinha em mente – O que eu pensei não é algo esplêndido, nós ficaremos aqui por mais ou menos três dias, até os cadáveres que aqui residem comecem a feder, trazendo corvos, doenças e podendo até mesmo atrair mais monstros, pegamos suprimento suficiente para nós e metemos o pé daqui – explicou ele o seu plano.

– Você tá querendo dizer que ficar aqui não é seguro? – perguntou Elliot apontando o dedo para baixo, indicando a escola.

– Tecnicamente falando, não – respondeu Chase – Na verdade, em um apocalipse não se deve ficar no mesmo lugar por muito tempo.

– Isso é verdade – falou Brend pensativo.

– Mas e os outros sobreviventes? – perguntou inocentemente Tália – Eles sabem que não é seguro ficar aqui?

– Quanto menos melhor – disse em resposta Hades cruzando os braços com uma cara emburrada.

– Então vamos sair e deixar eles sem saber que... – Tália falava até ser interrompida por Chase.

– Hades está certo, - ele cruzou os braços - já estamos em nove, um número maior que isso já seria suicídio – explicou ele tendo de aceitar a verdade.

Elliot achou a atitude de Chase egoísta, mas no fundo sabia que o que ele dizia era verdade, em um apocalipse maior número de pessoas em um grupo é igual a mais chance de perecerem enquanto se movem, nesse momento, enquanto lembrava-se de apocalipse, Elliot percebeu que Chase não tinha explicado o porquê dele ter chamado isso tudo que está acontecendo de armaggedom – Chase – chamou ele – Você tinha dito que isso que está ocorrendo se chama armaggedom, por que?

– Ah, é mesmo – lembrou-se Lori – você ia explicar quando foi interrompido pelo babaca do Carlos – ela olhou torto para a quadra mirando em Carlos.

– O armaggedom é o apocalipse pela visão bíblica, seria um evento onde os demônios lutariam contra os anjos pelo controle da Terra, os selos que mantém os demônios fora de nosso mundo romperiam deixando o caminho livre e Jesus voltaria a vida para liderar os anjos – explicou Chase.

– Pera aí, quer dizer que os monstros que enfrentamos na verdade eram demônios? – perguntou Lori indignada apontando para os cadáveres dos monstros.

– Tecnicamente, sim – respondeu Chase.

– Bem se é assim é só irmos atrás dos anjos para procurarmos ajuda e abrigo – propôs Dakota.

– Não acho que seja tão simples, o armaggedom, na versão mais antiga, seria a purificação do mundo, ou seja, os humanos “pecadores” seriam exterminados – todos começaram a olhar desconfiados para Chase – e outra, por que não houve se quer uma arrebatação que poderia ser vista do nosso campo de visão? Percebam que nós, humanos, estamos largados no meio dessa guerra, se vamos sobreviver ou não só depende de nós mesmos. Por isso que temos que ficar juntos, juntos teremos mais chances de sobreviver – finalizou Chase, recebendo olhares de estranhamento, mas aos poucos eles foram raciocinando e começando a perceber uma lógica no que ele tinha falado.

Mas Elliot ainda tinha uma pulga atrás da orelha, ele sabia que Chase era agnóstico e por isso não era muito fã de religiões, mas ele não acreditaria que seu Deus abandonou a raça humana, ele olhou para Dakota e percebeu que ela também não estava engolindo muito bem a história de Chase e, enquanto os outros iam para dentro da cantina procurando um meio de liberar a passagem, ele foi falar com Dakota – Você acredita no que Chase falou? – perguntou.

– Não – respondeu ela – Não acho que Deus faria isso conosco.

– Eu também não acredito – falou Elliot.

– Só porque ele não acredita não quer dizer que ele deva fazer a cabeça dos outros com essas baboseiras – ela falou franzindo a testa – Mas... – Elliot a olhou – a também a possibilidade de ser verdade, e outra, eu não acho que Chase queira acreditar nisso, em que estamos largados no meio dessa guerra, ele tem esperança – Elliot refletiu e sorriu conhecendo o amigo que tem – Ah, e você percebeu? – ele virou curioso para Dakota

– O que? – perguntou.

– Ele foi o primeiro de nós a engolir o choro e tentar seguir em frente – ela sorria olhando para Chase que ajudava Brend a tirar as pedras do caminho da escada, Elliot olhava para ela e percebia o que ela tinha dito, ele sorriu também, pois sabia que seu amigo estaria disposto a aguentar a dor para dar um exemplo a eles.