Saint Seiya: Hercólobus, o Destino Final escrita por Gemini Saga WL


Capítulo 5
03. LEMBRANÇAS DE UM PESADELO.




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20 Beautiful Gold Saints.mp3



► 3. LEMBRANÇAS DE UM PESADELO.

Shakespeare não sabia, aliás, sequer imaginava como estava certo quando disse sua célebre frase. Realmente, entre o céu e a terra há muito mais coisas do que pode imaginar a nossa vã filosofia.

Em determinada região do planeta... Havia uma montanha. Essa montanha era tão alta, que seu pico era invisível aos olhos dos que olhavam do sopé. Todos apenas acreditavam que era uma montanha alta, mas que qualquer alpinista poderia escalar. Realmente, alguns contavam para outros que a haviam escalado... Mas mal podiam imaginar que foram iludidos por um poder além de nossa imaginação. Eles apenas pensavam ter chegado lá. Radares e outros equipamentos eletrônicos também apenas detectavam uma montanha de porte médio. Foram enganados da mesma forma.

Aquela montanha, na realidade, ia muito além de onde o ser humano era capaz de escalar com suas próprias forças. Do alto daquele relevo era possível ver tudo o que ocorria no planeta. Havia uma pequena edificação de formato circular no cume daquela montanha, cuja decoração era diretamente ligada à utilizada por gregos e romanos no auge de suas civilizações. Por fora, parecia apenas uma pequena casa, mas ao se adentrar aquele recinto notava-se que por dentro o tamanho de seus salões e cômodos era inimaginavelmente grande, metros e metros de altura, comprimento e largura. Pareciam quartos, corredores e salas feitos para gigantes. A Física não era capaz de explicar como o ambiente interno de tal construção podia ser tão maior que o prédio em si...

No maior salão daquela mansão de proporções gigantescas, podia-se ver o que parecia ser um senhor de barbas grisalhas sentado em um trono, cuja ornamentação era no mínimo curiosa. Pareciam raios e relâmpagos faiscando para fora do objeto, iluminados de uma forma que poderia cegar quem os olhasse de frente. Esse senhor estava envolvido em um manto dourado, sustentado por ombreiras do que parecia ser uma armadura sagrada, de aspecto prateado, mas com detalhes dourados, e com desenhos de raios por toda sua extensão. Ele exibia um ar preocupado, e suor escorria pelo seu rosto. As lembranças de uma época sombria voltavam à sua mente, vivas como nunca, como se sua humilhante derrota tivesse ocorrido no dia anterior...

Nesse momento, algo interrompe as divagações desse senhor. Um homem, muito alto, com cabelos vermelhos e agitados como se fosse feito de fogo, utilizando uma roupa de cor vinho e com detalhes em dourado, adentrou aquele salão enorme.



— Apolo...

— Grande Zeus.

— Traz-me novidades?

— Trago, sim. Os Cavaleiros de Ouro já foram libertados de suas prisões espirituais e ressuscitados, conforme ordenaste. Neste momento já devem estar reunidos com sua filha.

— Excelente.

— Porém...

— Hum?

— Mais uma vez, manifesto meu repúdio contra essa decisão, grande Zeus. Athena nos afrontou muitas vezes, ela deve ser castigada por incitar os humanos contra nós. Qualquer um de nós é mais capaz do que ela!


Zeus apenas permaneceu calado...

— Grande e onipotente Zeus, meu pai... Como pôde confiar o destino do Olimpo a essa ovelha desgarrada, a essa rebelde que cospe no prato em que comeu todos os dias, a essa filha problemática que...

— Já chega, Apolo! –
esbravejou Zeus. — A decisão do Conselho teria sido quase unânime, não fosse por você não ser capaz de reconhecer o fato que está bem debaixo de nossos narizes há muito tempo!

— Que fato seria esse, meu pai?

— O fato de que a seleção natural e o passar dos anos fez com que os humanos evoluíssem, e dia após dia os cavaleiros de Athena provaram que, se não abrirmos os olhos, eles podem nos superar. Hades e Poseidon foram os primeiros que concordaram com a decisão de deixar tudo nas mãos de Athena, pois guerrearam com ela várias vezes e sempre foram rechaçados, mesmo sendo Deuses oriundos de épocas muito mais remotas que ela.

— Grande Zeus, mas isso não muda o fato de que eles são culpados! O inimigo deles, desta vez não tem nada a ver conosco, o que garante que conseguirão fazer o que nem mesmo nós conseguimos?


Zeus fita Apolo com um olhar austero, o que faz Apolo perceber que tocou em um fato que não deveria... Aquela derrota nunca fora digerida por Zeus...

— Apolo, é justamente por isso que eu os deixei ir. É claro que, se eles sobreviverem, eventualmente nós os puniremos com o castigo divino por terem afrontado a nossa autoridade, e isso inclui Athena, não vou poupá-la apenas por ser minha filha. Mas entenda que nós não temos poder suficiente para resolver a situação sozinhos. É um caso emergencial e, pela primeira vez em tantos anos, me sinto de mãos atadas, sem ter poder para proteger o Olimpo do mal vindouro.

— Perdão por insistir, mas ainda acho que estamos cometendo um erro ao deixá-los livres...

— Não estamos cometendo erro algum. –
Uma terceira pessoa entra na sala, atraindo a atenção de Zeus e Apolo. O vulto ostentava uma reluzente armadura, ornamentada com asas por toda parte...

— O que faz aqui, Hades? – Ao que Apolo pergunta...



...Hades ajoelha-se perante Zeus também.

— Terminei de ressuscitar os cavaleiros de ouro, conforme as ordens que me foram dadas. Vim para comunicar que estou oficialmente apoiando a decisão dele, e mais, se o Poder Divino me autorizar, posso enviar meu exército de Espectros para rechaçar o inimigo que nos atacará em breve. Suas almas estão seladas, mas tenho certeza de que Athena pode libertá-las, para que eles possam ajudar os cavaleiros dela nessa árdua batalha.

— Eu ouvi direito, Hades? Você também pretende se aliar a Athena? Ficou louco de vez após a última derrota? –
Apolo fitava Hades com ar de surpresa e ao mesmo tempo ira.

— Uma vez eu disse a Athena... Um dia os humanos quererão confrontar Deus. Pois bem, esse dia chegou. O inimigo não está brincando, e vem aí com muito mais sede de sangue e morte do que nunca.

Apolo cala-se outra vez.

— E outra... É loucura querer garantir o mantenimento de meus domínios...?

— Como disse?

— Eu não estou nem um pouco interessado em proteger este Olimpo, Apolo. Mas entenda que, se a Terra desaparecer, o Submundo desaparecerá junto com ela. São dimensões interligadas e diretamente conectadas. O Tártaro precisa da Terra para manter seu ciclo natural e sua existência.

— E também, não faz mais do que a obrigação, depois de nos colocar nesse enorme risco com seu ato impensado, Hades. –
Apolo interrompe. — Seu Grande Eclipse nos colocou na rota de Hercólobus! Sua ambição desmedida nos levará à ruína!!!

— Nada disso teria acontecido se Zeus não tivesse interferido em nossas lembranças! –
Hades é quem interrompe Apolo agora, furioso. — Se eu lembrasse do desastre que ocorreu há 26 mil anos, certamente nunca teria evocado o Grande Eclipse! É dele, Zeus, a culpa... e não minha. – Hades aponta um dedo para Zeus, em sinal de culpa. — Zeus, o seu orgulho é o que provocou tudo isto.

— Não discuto. Admito sem problema algum, se é o que deseja: eu cometi um grave erro. Tive vergonha de ser derrotado e salvo por humanos e por isso apaguei a lembrança de todos. Mas tentem entender... Somos os seres supremos deste Universo, e mesmo assim... Mesmo assim...


Zeus começa a recordar aquele triste dia...

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O planeta inteiro estava em chamas. Magma incandescente surgia de todas as partes, brotava do chão com violência, como se fosse o sangue de um corpo humano que criasse vontade própria e tentasse se desprender das veias e artérias.

Não havia sinal de vida em parte alguma. O máximo que se podia ver eram pedaços de carne carbonizada, esqueletos ilhados no magma fervente e pedaços de ossos espalhados perto dos enormes geisers de lava que apareciam por toda parte.

Era como se o Inferno descrito na Bíblia saísse das folhas de papel e tomasse para si o mundo real.

Em uma região ainda intocada pelo magma fervente, devido à sua altitude elevada, restavam os últimos sinais de vida do que um dia fora a Humanidade...

Era ali também o local onde ocorria a batalha final pelo destino do planeta Terra, travada entre Deuses e guerreiros renegados vindos de um planeta que agora crescia cada vez mais na abóbada celeste, cada vez mais torturando a Terra com seu poder.

Os últimos que ainda restavam para defender a Terra estavam seriamente feridos e em enorme desvantagem na batalha. O Hercólobus estava vindo, e nada parecia ser capaz de impedi-lo...

E no devastado campo de batalha, destruído pelos terremotos cuja intensidade já ultrapassava facilmente a de qualquer abalo que possa ser medido dentro da escala Richter, e sob um céu negro de fuligem e ornamentado pelo enorme e ameaçador disco planetário avermelhado de Hercólobus, que sobressaía por entre as nuvens de fumaça, quatro guerreiros, em meio a centenas de corpos desfalecidos de humanos que haviam lutado até a morte por seu planeta, guerreavam entre si para decidir qual planeta sairia vitorioso...

No chão podiam-se ver figuras poderosas, que posteriormente seriam veneradas pelo povo grego. Apolo. Hera. Ártemis. Hermes. Hefesto. Deméter. Todos caídos ao chão sem esboçar nenhuma reação, com seus trajes e corpos divinos carbonizados. De pé, só restavam os três Deuses mais poderosos: Hades, Poseidon e Zeus, também em péssimas condições e com suas Armaduras Divinas com partes destruídas e com seus corpos repletos de ferimentos, por onde escorria sangue divino. Não estavam conseguindo deter o último guerreiro do planeta invasor, que sem esforço estava colocando um a um os Deuses do Olimpo de joelhos.


(BGM: 13 Beautiful Gold Saints.mp3 — Parte 2 (1:12 — 2:30))

“Mas que maldito... Nossas leis e poderes divinos não fazem nenhum efeito sobre ele, nunca vi nada igual!”pensava Poseidon, estupefato.

“De onde será que ele tira tanta força? Sem esforço, derrotou todos os deuses Olimpianos e nenhum ataque lançado contra ele o atinge... Não consigo sentir seu espírito para poder arrancá-lo de seu corpo e o levar ao Tártaro, assim o derrotando...”Hades acompanhava o pensamento de Poseidon.

“Eu não acredito... sou o líder do panteão Olimpiano e estou sendo subjugado por um guerreiro qualquer? Isto é uma vergonha, não posso permitir que isso continue!”Zeus levantou-se mais uma vez, com muita dificuldade.

— Vamos lá, bando de inúteis. É o melhor que os “grandes” deuses da Terra podem oferecer? Depois de saber que o exército heracliano foi derrotado por vocês, vim aqui esperando alguma diversão e, no entanto, encontrei péssimos adversários...zombava, com voz grave e empostada, o ser que enfrentava os três deuses mais poderosos do Olimpo. Ele ostentava uma reluzente armadura azul com detalhes em amarelo, parcialmente coberta com uma vestimenta de tecido prateado.

— Esse... esse é diferente dos outros. – dizia Poseidon, ofegante.

— Sim... Tem algo diferente nele. Conseguimos... acabar com os outros grandes guerreiros deles, mas... mas agora... – Hades apoiava-se na sua espada pra tentar ficar de pé.

— Eu não sou igual aos que vocês venceram. Aliás, nem mesmo esperava ter que me mexer. Vocês me surpreenderam nesse ponto...

— Maldito... Diga logo, quem é você? –
esbravejou Zeus.

— Sou o comandante do exército heracliano e líder dos Abissais de Hercólobus. Meu nome verdadeiro é (nesse instante ele pronunciou um nome em um idioma totalmente estranho aos Deuses e outros seres da Terra, impossível de ser escrito), mas traduzindo para o idioma de vocês, eu sou Nêmesis.

Abissais... os guerreiros de elite que tivemos que entrar na batalha para derrotar, pois para os humanos foi impossível. E mesmo assim, foi muito difícil... –
lembrou Hades.

— Idiotas. Vocês não podem vencê-los. Tanto eu como eles somos guerreiros de outra dimensão, de um plano existencial superior e independente desta dimensão à qual vocês estão acostumados... Em outras palavras, vocês não podem derrotar aquilo que não existe. Vocês apenas fizeram com que eles retornassem ao Hercólobus para se recuperar da batalha. Mas é questão de tempo até que eles estejam prontos...

— Antes disso... Derrotaremos VOCÊ!!!
Zeus avançou furioso sob Nêmesis, logo acompanhado por Hades e Poseidon.

JUSTIÇA DIVINA!!!

— ESPADA SAGRADA DO SUBMUNDO!!!

— TRIDENTE CONTROLADOR DOS MARES!!!

— Isso... Façam meu dia mais feliz...


Nêmesis apenas teve o trabalho de carregar sua força sobrenatural por um instante... seus olhos totalmente brancos emitiram um brilho ofuscante e o que poderia ser comparado a uma explosão atômica em pequena escala incendiou o local, atirando os três Deuses para cima, longe.

— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAARRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRGHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Berrando de dor, os três caíram aos pés do Abissal, com suas Kamuis vaporizadas pelo ataque. As armas dos deuses tinham se partido em pedaços também...

— Ma... Maldição... Não dá mais. – Zeus mal conseguia dizer qualquer coisa.

— É cedo pra se entregarem... Ainda não começamos o espetáculo que será ver este planetinha podre se retorcer e virar do avesso com a poderosa força negativa de nosso mundo. Pensam que nos derrotaram, mas em pouco tempo estaremos restabelecidos novamente. Aceitem, o ciclo do Universo é feito de mudanças, e a era de vocês acabou.

— Realmente... Não tenho mais forças... Os mares secaram, evaporados pelo magma que ocupou o lugar deles... –
Poseidon não conseguia mais mexer seu corpo divino. — S-se morrermos, tudo irá desmoronar junto conosco...

— Admitimos... A-a nossa derrota... Por... Por que não acaba logo com isto? A raça humana foi... extinta pelos seus guerreiros, e não há condições... de ser restabelecida por mim num mundo nesse estado de trapo em que o planeta Terra se encontra agora. Reconheço que sua força é superior à nossa... Agora acabe logo com isso! –
Hades fazia o possível para conseguir falar.

— É a primeira vez que eu vejo o perdedor me dar ordens... Tenho que reconhecer que a arrogância de vocês ultrapassou todos os limites. – Nêmesis iniciou o carregamento de sua energia, como anteriormente... — O farei porque merecem e não porque o querem. Desapareçam, inúteis.

Nêmesis disparou uma esfera de cosmo para matar os deuses, e nesse instante algo surpreendente aconteceu...

É A CHANCE QUE EU ESTAVA ESPERANDO!!!uma voz gritou, vinda de trás do Abissal, que de repente parecia ter recebido uma descarga elétrica. Sua energia se dissipou e os deuses não foram atingidos.

— Quem fez isso??? – perguntou Zeus, mais estupefato ainda.

— MA... MALDITO! UM HUMANO AINDA SOBREVIVEU... – Nêmesis urrava de dor, ajoelhado no chão, contido por uma espécie de prisão de cosmo que parecia torturá-lo.

Atrás dele, um homem alto, de cabelos longos e loiros, com duas pintas em sua testa, gravemente ferido, mas de pé, emanava um cosmo diferente, que estava conseguindo deter o inimigo que foi considerado invencível até para os Deuses!


— A questão não é quantidade de cosmo, mas sim freqüência da energia... Somos muito mais fracos do que os Deuses, mas nós, lemurianos, estudamos as diversas freqüências de cosmos dos mais variados planos existenciais a fim de poder transitar entre eles e os estudarmos, portanto você errou ao subestimar os humanos! — disse o homem.

— Que desgraçado... Ele sintonizou-se em minha freqüência de energia e descobriu como me atingir... – Nêmesis falava com dificuldade.

— Agora, sabe que existem seres que podem acabar com vocês de fato. Se não quiserem ter problemas, envie seu planeta para longe da Terra, e sumam deste Sistema Solar!

Nêmesis viu que não havia saída... Aquele homem poderia derrotar os Abissais e todo o exército heracliano, se estivesse com força total. Estava debilitado pelos acidentes sofridos por causa da reviravolta na superfície terrestre, mas ainda assim havia conseguido pará-lo. Quem sabe o que poderia fazer contra os Abissais se estivesse inteiro?

— Está certo...! Farei... com que o Hercólobus passe... sem interferir mais no planeta Terra...! – Nêmesis mal conseguia falar algo.

— Assim está melhor. O enviarei de volta ao seu mundo, e de lá não voltarão nunca mais! — O lemuriano, com um gesto, fez a prisão de cosmo se elevar ao céu, indo em direção ao planeta vermelho, que pareceu engoli-la como se ela tivesse caído em uma poça d’água.

De repente, os terremotos lentamente começaram a perder intensidade, e o magma parava de escorrer e secava. As nuvens de fuligem deixavam transparecer o monstro que se afastava lentamente da Terra... O lemuriano cai, exausto, ao chão. Esgotara seu cosmo naquele ataque...


— Foi um golpe de sorte... Se eu estivesse mais fraco, certamente só teria conseguido enfurecê-lo... Neste estado, só posso enviá-lo de volta... Meus amigos lemurianos, me perdoem por não ter sido capaz de salvar nosso mundo em definitivo...

Os três deuses olhavam espantados para o humano que agora estava de joelhos, exausto. Foram salvos por um ser inferior...?

“Minha vida foi salva por um humano...? Que vergonha... Isso é lamentável!”Zeus não conseguia esconder sua fúria com sua falta de capacidade naquele momento.

“É uma humilhação para todos nós, da qual dificilmente conseguiremos nos recuperar.”Hades também pensava o mesmo.

“Mas por que ainda estou com uma estranha sensação...?”Poseidon divagava. De repente, percebeu que seu pressentimento tinha razão...

Um fortíssimo abalo sísmico invadiu toda aquela área, fazendo com que o chão sacudisse e parecesse, naquela hora, um ser vivo que esperneava. Todos eram atirados para o alto e caíam no chão sem conseguir se segurar, repetidamente. Ao cair de costas para o chão, todos tiveram a visão mais assustadora de todas as suas existências...

AS ESTRELAS SE MOVIMENTAVAM EM ALTA VELOCIDADE NO CÉU, COMO SE ESTIVESSEM CAINDO SOB A SUPERFÍCIE TERRESTRE! Se tornaram riscos brancos que rasgavam o negro do céu da noite. Aquela obra de arte macabra lembrava um pouco os chuviscos do que hoje existe na forma de uma televisão mal sintonizada.

Provocando o mais violento terremoto que já existiu sob a superfície terrestre, todo o céu estava desabando!


SOCORRO!!! O PLANETA ENLOUQUECEU DE VEZ? O QUE ESTÁ ACONTECENDO???o lemuriano berrava em desespero, enquanto era atirado de um lado para outro pelo sacolejar das rochas.

O gigante vermelho, como se estivesse desdenhando dos quatro sobreviventes, passou maior do que nunca no céu, acima dos olhares arregalados dos mesmos. Parecendo acompanhar o movimento desordenado das estrelas, mal dava para notar que ele na realidade se movimentava em altíssima velocidade de uma ponta a outra da esfera celeste, totalmente desfigurada e agora tomada por riscos brancos que outrora foram estrelas.


“Estamos partindo, seus vermes... Mas um dia regressaremos. E quando esse dia chegar... Não haverá ninguém que poderá nos impedir. Aproveitem bem seus últimos tempos de vida, seus malditos.”De um ambiente escuro, Nêmesis observava o planeta Terra girar loucamente no espaço como uma bolinha de gude indefesa que fora atingida por um forte vendaval.

Hercólobus deixou sua herança sangrenta, como sempre fez... e destruiu totalmente a superfície terrestre antes de partir.


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Não se sabia quantas horas haviam se passado desde aquele monstruoso e apocalíptico incidente. Não havia mais nada. Tudo era magma, destruição e fumaça. Não havia mais céu. Só fuligem. Alguns corpos ainda restavam sob uma pequena ilhota carregada pelo magma fervente que, furioso, devorava tudo o que encontrava pela frente. Nela, haviam os corpos dos deuses Olimpianos, alguns humanos e o lemuriano. Os deuses ainda respiravam...

...Mas a raça humana estava totalmente extinta.

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Pouco a pouco, Hades finalmente abre os olhos...

Com certa dificuldade, se levanta e, de pé, toma conhecimento da situação. Estava ilhado em meio ao magma, com alguns corpos inertes ao seu lado. Reconheceu todos os seus conterrâneos do Olimpo, o lemuriano, e alguns outros humanos mortos. Não havia sinal de vida humana em nenhum local do planeta, do contrário Hades perceberia.

Curiosamente, ele ao invés de desesperar-se, sentiu certa alegria com o cenário que estava vendo...


“O que eu sempre quis... Estender meus domínios até a Terra. Eis um segundo Mundo dos Mortos... No fim das contas, acabei recebendo valiosa ajuda. Agora eu serei o senhor de tudo... estenderei o Tártaro até aqui e não haverá mais quem possa me deter!!!”

— Não fiques tão feliz, Hades, eu ainda estou vivo. – disse uma voz atrás dele.

— Zeus... Já era de se esperar. – Logo o sorriso que estava em seu rosto desapareceu. Tinha se esquecido de que deuses sobreviveriam àquele tipo de incidente facilmente... Zeus havia se levantado também, e Poseidon já abria os olhos.

— Quando eu morrer poderá fazer o que quiser, se provar ser o mais forte com certeza conseguirá dominar tudo. Mas ainda falta muito tempo para que isto ocorra.

Foi então que Zeus notou que não havia mais nenhum humano vivo no planeta. Apesar de se sentir envergonhado por ter sido salvo por um humano, sentiu que deveria fazer algo para recompensá-los. “Estes que estão nesta ilha poderiam repovoar o planeta”, pensou. (Dentre os humanos, ali só havia um lemuriano, foi o único que restou de sua raça.) “Sim. Farei isto em sinal de gratidão. Mas isto tudo ainda não me agrada nem um pouco. No futuro, espero que sejam capazes de rechaçar o Hercólobus novamente...”

Então, Zeus comunicou seu plano a Hades. Ordenou que os humanos fossem ressuscitados, por tratar-se de mortes ocorridas em um evento anormal. Hades relutou bastante, mas era obrigado a obedecer. Zeus era superior a ele. Só pôde ressuscitar os que ainda tinham seus corpos inteiros, ou seja, os que estavam na ilha. Os deuses deixavam agora a sobrevivência a cargo dos humanos. Se fossem fortes e valorosos o bastante, conseguiriam atravessar aquela época de trevas.

Mas, ao retornar para o semi-destruído Olimpo, Zeus, em um ataque traiçoeiro, retirou as memórias da luta contra Nêmesis das memórias dos outros deuses e dos humanos que haviam sobrevivido. Os Deuses haviam perdido boa parte do respeito que tinham por ele, ao vê-lo ser massacrado, pouco antes de também perderem a consciência. Zeus finalmente sucumbira ao próprio orgulho e não resistira a ter sua imagem onipotente e ultrapoderosa manchada por aquela humilhação. Convenceu a todos de que ele mesmo havia rechaçado Hercólobus.

Os humanos conseguiram sobreviver e repovoaram o planeta Terra. E assim, essa página obscura da História do planeta havia sido arrancada e perdida nas brumas do tempo...


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De volta ao presente. No Olimpo, Hades apenas fica calado, assim como os outros. Aquela lembrança não o deixava feliz também, acabara de ser lembrado de que um dia fora humilhado por um desconhecido.

No fundo, mesmo condenando a atitude, todos entendiam os motivos de Zeus...

— Ainda assim. Também tem culpa nisto tudo de agora, Hades. Não esconda sua inconseqüência por trás do ato de Zeus.

— Apolo, já chega. Agora está feito, não adianta reclamar. Hades, tu tens minha autorização para fazer essa solicitação a Athena. Realmente, não creio que o exército desfalcado de Athena, cansado por causa das últimas batalhas, possa conter o inimigo sozinho. Mas deixo a decisão a cargo dela, e não me responsabilizo caso ela não seja capaz de confiar em tua palavra. Sabes que ela tem razões para isso. Pode se retirar.


Hades, em silêncio, levanta-se e caminha na direção da porta do grande sala, saindo por ela.

— Vai demorar muito até eu ser capaz de engolir o fato de que agora dependemos de Athena e seus cavaleiros... A minha maior vontade era puni-los por afrontar nossa autoridade.

— Apolo, sua impaciência e temperamento são suas maiores marcas, e ao mesmo tempo seus maiores defeitos. Hoje compreendo certas coisas, isso tudo me ensinou uma grande lição... Existem diversas vezes em que temos que aceitar o fato de que nosso poder é grande, mas é limitado, e já foi provado diversas vezes que não podemos fazer nada em um combate direto. Agora, é apenas aguardar o desenrolar dos fatos...


Bom dia, grande Zeus. — Uma voz sinistra ecoou por todo o Olimpo.

— Quem está aí? – Apolo e Zeus olham para todos os lados, mas não vêem ninguém, nem sentem qualquer presença. Seus sentidos os estariam pregando uma peça?

Ninguém. Eu não estou aí. Eu não existo... Não por enquanto...

Aquilo em que Zeus menos queria acreditar tornava-se verdade aos seus olhos. Ele já estava próximo...

— Não posso acreditar... – Zeus suava frio. — Então és o novo líder daquele povo?

Chegou o dia em que o Anjo do Abismo retornará para vingar-se... Há quanto tempo, Zeus! Alguns dentro de mim reconhecem você. Tu pareces bem mais envelhecido desde a última derrota humilhante, por acaso teus fios de cabelo ficaram grisalhos de tanto remoer o sofrimento que passaste em nossas mãos e que tentaste esconder de teus companheiros? HAHAHAHAHAHA!

— Pare de se esconder e apareça se tiver coragem...!

Um enorme sujeito encapuzado e utilizando um enorme manto cujas pontas encontravam-se em sinistros farrapos materializou-se diante de Zeus. Ele segurava uma enorme foice, que tornava a sua figura o retrato da própria Morte...



(BGM: 13 Beautiful Gold Saints.mp3 — Parte 1 (até 1:11))

Prazer... Sou Abadom, o Anjo e General do Abismo. — Zeus reconheceu a aura da sinistra figura... Aquele povo que tinha enfrentado. — Muita gente te odeia com todas as forças, caro Zeus... entre os meus, o ódio é tão forte que minhas mãos sentem uma enorme vontade de guiar esta foice ao encontro de suas "divinas" vísceras... hehehe. Mas seria fácil demais... O poder de meu povo já o colocou de joelhos, e agora que este poder se intensificou tanto ao ponto de me trazer à vida e de me personificar, farei tudo de um jeito muito mais divertido... Junto com meu exército e com meus Abissais, a guarda de elite de meu planeta conforme sabes muito bem, o farei ajoelhar-se e me venerar por toda a eternidade, depois que seu grãozinho de areia no espaço for destruído.

— Você não acha que fala demais? – Apolo se irritou com a prepotência do encapuzado. — Fala tanto de Zeus, mas sua aparência é bem pior, parece mais um moribundo que esqueceu como se faz para morrer! Se não desaparecer daqui, eu mesmo o castigarei por se dirigir dessa forma a um Deus!

Eu não preciso nem falar... Somente as diferenças entre nossos planetas demonstram a minha superioridade, reles ser terreno. Não me amole, este assunto não diz respeito a você. Agora, fique quieto e volte a correr para baixo das asinhas de Zeus.

— O QUÊ? MORRERÁ AGORA, BLASFEMADOR! – Apolo concentra toda sua energia em suas mãos e dispara contra Abadom, mas a mesma apenas atravessa o ser encapuzado...

Imbecil... Vi que tens memória curta. Um conselho... Vá estudar sobre dimensões com seus amigos humanos antes de pensar que pode me atacar. Quando tirar as fraldas eu conversarei com você, moleque.

Apolo, ao ver que não podia fazer nada contra Abadom, se consome em raiva...

— Apolo, deixe-o falar. É apenas uma imagem, e, como ele já disse, ele não está aqui. – Zeus aparta o confronto que, na realidade, era de um oponente sozinho...

Zeus, desculpe-me a brevidade deste encontro, mas me ausentarei por uns dias. Mas não se preocupe, logo eu e meu povo voltaremos para fazer companhia para todos vocês... DEFINITIVAMENTE. HAHAHAHAHAHA!

A sinistra figura se desmaterializa.

— MALDITO!!! NINGUÉM NOS DESACATA DESTE JEITO E FICA SEM RECEBER A PUNIÇÃO DIVINA!!! – Apolo estava furioso.

Enquanto Apolo esbravejava, Zeus apenas divagava, em silêncio.

“A situação está piorando cada dia mais... a personificação de todo o mal do Universo está vindo para vingar seu povo. Essa será a verdadeira e última Guerra Santa, e a pior missão já enfrentada pelos cavaleiros de Athena nesta e em todas as eras.”




















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