Untouchable escrita por Gilya


Capítulo 7
Capítulo 5 - Estante de Livros


Notas iniciais do capítulo

Hey! Sentindo falta de Reviews hein? muita falta T-T



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I - Teddy

Beijo Charlie, explorando sua boca com minha língua. O hálito dela tem gosto de canela, do chá que ela tomou mais cedo. Suas mãos exploram delicadamente minha barriga, subindo pelo meu peitoral, e seus dedos seguram delicadamente a barra da minha blusa. Dou um sorriso e me afasto do beijo.

─ Charlie… ─ Digo olhando nos olhos dela. ─ a gente devia estar assistindo a série.

Ela morde meu lábio, me calando. Cedo, passando minhas mãos pelas costas dela. Ela avança pelo meu rosto, beijando meu maxilar e migrando pela minha orelha. Charlie mordisca meu lóbulo, e não posso evitar um gemido baixinho. Ouço ela rir.

─ Você… me deixa louco… Charlie ─ Digo tentando recompor meu pensamento.

Estamos deitados. Ela sobre mim de frente para a televisão ligada que nos assiste. Charlie apalpa a mesinha de centro, até achar o controle e desligar a TV.

Beijo ela, subitamente sedento por seu gosto. Ela percebe minha urgência, e o que antes era um toque tímido na barra da minha blusa, acaba se tornando um pedido para que eu a retire. Levanto os braços, e Charlie faz a camisa preta de uniforme do palácio escorregar para longe. Seguro os cabelos dela, continuando o beijo interrompido pela retirada da blusa. Charlotte então se despe da própria blusa. Para um segundo para apreciar a visão dela só de lingerie. E não demoro muito para atacar seu pescoço liso e exposto. Suas unhas se cravam em minhas costas, quando desfiro beijos desesperados pelo seu pescoço, ombros e clavícula. Cada toque é como um choque elétrico. Uma onda de prazer. Ninguém jamais me fez sentir nada parecido. Estou cada vez mais viciado nela. Cada cheiro, sabor e textura. É como respirar, só que mais fácil.

─ Eu amo você... ─ Ela sussurra no meu ouvido.

Sinto uma onda de paixão me atingir. Beijo ela mais delicadamente. Charlie retribui do mesmo modo, passando a mão pelos meus cabelos. Levanto aos poucos, de modo que acabamos sentados no sofá. Ela sobre o meu colo. Suas mãos explorando minha nuca.

Alguém bate na porta tão repentinamente que nós dois nos sobressaltamos. Charlie me fita, num silencioso: “tá esperando alguém?”. Eu devolvo-lhe um outro olhar confuso.

─ Eddy! Você tá aí? ─ Diz a minha mãe do outro lado da porta.

Olho para ela e percebo sua cara de confusão. Sem emitir som, formo com os lábios a frase: “é a minha mãe”. Ela arregala os olhos de surpresa e, levanta-se de repente, esbarrando na mesinha de centro e fazendo barulho.

─ Eddy, você tá aí? Tá tudo bem? ─ Insiste minha mãe do outro lado.

─ Sim! ─ Respondo. E, enquanto corro pela minha camisa, completo: ─ Já vou!

Minha mãe não sabe que namoro a Charlie. Elas nunca se conheceram, e o momento não poderia ser mais constrangedor. Ao meu lado Charlotte veste a blusa e ajeita o cabelo. Eu faço o mesmo, e depois vou até a porta para receber minha mãe. Charlotte fica ali no meio da sala, um pouco deslocada. Hesito um segundo antes de destrancar a porta.

Quando abro a porta minha mãe me agarra em um abraço.

─ Oi filho! ─ Ela diz no meu ouvido. Nos afastamos novamente. ─ achei que não ia abrir a porta. ─ ela diz me fitando com uma sobrancelha franzida.

Dou um sorrisinho desconcertado.

─É. Me desculpa. Eu estava… me vestindo.

Ela olha para o meu uniforme do palácio de modo cético. Abro espaço para ela passar.

─ Vai trabalhar agora? ─ pergunta ela ao entrar na casa. ─ Achei que íamos sair para almoçar.

─ Ah não. Não vou, não. É só que… pera almoçar?

Charlotte sai do canto da sala, onde ela estava, por falta de melhor expressão, se escondendo. Minha mãe me olha, confusa. É então que percebo que ela está esperando uma apresentação.

─ Mãe, essa é a Charlie… Quer dizer, Charlotte… Bhenz.

─ Olá. ─ Diz Charlie com um sorrisinho constrangido.

Minha mãe alterna em fitar nós dois, surpresa com o fato da sobrinha da rainha estar no alojamento de seu filho. Desejo mais do que nunca que ela diga alguma coisa. Mas ela apenas dá um sorriso meio engessado e responde de volta com um vacilante “Oi.”. Seus olhos passam de relance sobre minha blusa de uniforme, e ela parece entender o motivo da demora em atender a porta. Fito meus próprios pés, querendo que toda aquela situação acabe logo.

─ Bom, então… acho que almoço fica para outro dia. ─ Diz minha mãe tentando soar natural perto de Charlie.

─ Ah não… eu já estou de saída.

Ela vem até mim e me dá um abraço contido. Não adianta mais disfarçar. Seguro o rosto dela com delicadeza e dou-lhe um selinho. Ela me devolve um sorrisinho e então vira-se para minha mãe. ─ Foi um prazer conhecer a senhora. ─ Diz Charlotte​ sem jeito.

─ Igualmente, querida. ─ responde minha mãe com um sorriso rápido.

Elas se abraçam, em um cumprimento estranho e desajeitado. Charlie sai do alojamento com agilidade, pondo fim a situação. Olho para minha mãe desconcertado por ter escondido minha namorada por tanto tempo. Ela suspira e seus lábios formam uma linha fina.

─ Troca de roupa. Estamos atrasados.

─ » ♛ « ─

O restaurante escolhido é um pequeno bistrô no centro. Minha mãe vai em silêncio no carro. É meu pai quem dirige, e ele é uma pessoa extremamente tranquila, de modo que não percebe o clima estranho.

Quando chegamos no restaurante, um garçom nos atende. Minha mãe é bem monossilábica nos pedidos. Quando o atendente se afasta, ela me fulmina com o olhar.

─ Não vai dizer nada? ─ Desafia ela.

Olho para o meu pai, em busca de apoio, mas ele me fita de volta confuso, sem saber da situação.

─ O que houve? ─ Ele pergunta preocupado.

─ Ele está namorando! ─ Diz minha mãe indignada.

A cara de preocupação de meu pai se dissolve em um sorriso.

─ É mesmo? ─ Ele pergunta animado.

Não consigo evitar um sorriso.

─ Não é legal! ─ continua minha mãe. ─ Sabe quem ele tá… ─ ela então percebe que está falando muito alto, e abaixa o tom de voz. ─ Sabe com quem ele está namorando? A sobrinha da Rainha Florence.

Meu pai engasga com o vinho e tosse um par de vezes. Seu rosto fica da cor da bebida. Olho para ele, preocupado, mas ele volta a falar com uma voz falhada.

─ A filha do Conde de Eowa?

Minha mãe assente com gravidade, e eu começo a me sentir em uma novela mexicana. Reviro os olhos sem paciência.

─ Parem de exagerar, vocês dois! Eu e a Charlie só estamos namorando.

─ Os pais dela sabem disso? ─ pergunta a minha mãe, sem medo de tocar na ferida.

Me encolho por dentro.

─ Mais ou menos. Ela contou que estava namorando, mas eles não me conhecem. E… não sabem que eu trabalho no palácio.

Minha mãe suspira exasperada.

─ Eddy, isso vai acabar sobrando para você. E se eles demitirem você ou algo do tipo? A sua bolsa na universidade depende do seu emprego. Se você for demitido…

─ Eu sei! ─ Interrompo ela bruscamente. Passo as mãos no cabelo. ─ eu sei…

Um silêncio recai sobre a mesa.

─ Porque ela está com você? ─ pergunta minha mãe, quebrando o clima tenso.

Dou de ombros.

Ando me fazendo essa mesma pergunta frequentemente. Ainda me lembro o dia que a vi no salão da tarde. Ela tinha brigado com Alice. Estava chateada e chorando. Ofereci a ela um chá e cupcakes. “Vão te animar, Condessa”. Ela apenas riu e recusou. Mas dias depois, quando nos trombamos nos corredores, ela me agradeceu a gentileza, e era apenas isso que era necessário para quebrar a estranheza. Logo estávamos nos falando por mensagem. E depois indo a encontros. E depois e brigando. E depois pedindo desculpas e nos amando. E agora eu já não me lembro​ o que é não contar com o apoio dela. Assistir as séries sem seus comentários malucos. E viver sem seu sorriso quando a gente se encontra nos corredores.

Charlotte vive em um mundo diferente. As vezes vemos filmes estrelados por colegas de escola de Charlie. Ela se veste em um padrão muito acima do meu, e conhece mais países do mundo do que eu conheço cidades. Mas apesar disso às vezes se interpor na nossa tranquilidade, nossa relação sempre teve a ver com as coisas simples que podíamos fazer juntos, e as coisas complicadas que podíamos ensinar um ao outro, fosse da sociedade alta, fosse do subúrbio.

Quero dizer tudo isso a minha mãe, mas ao invés disso, respondo apenas:

─ Ela me ama... A gente se ama… ─ dou de ombros. ─ Não precisa de motivo.

Minha mãe suspira, provavelmente sem saber o que responder.

Meu pai suspira e faz a única pergunta que realmente deveria importar naquela história toda:

─ Ela é gente boa?

Olho para ele com gratidão. Assinto.

─Ela é sim.

E então começo a longa tarefa de atualizá-los quanto ao relacionamento que escondi por um ano.

─ » ♛ « ─

II - Lotte

Mando uma mensagem para Teddy:

Teddy, tá tudo bem?

Ele não visualiza, e também não entra online. Me dirijo para o prédio Oeste, no intuito de visitar Alice. Até que me lembro que na verdade ela deve estar na sala de conferência ocupada no seu segundo dia de projeto. Paro no meio do gigante Jardim. Me deixo cair no banco.

Quero chorar. Sinto-me sozinha. Sem Ally, não tenho ninguém mais além de Teddy. Mas nem sequer tenho ele. Faço um tremendo esforço para segurar as lágrimas. A Rainha Florence aparece. Ela está indo apressada para o prédio norte. Me vê ali encolhida no banco e levanta uma sobrancelha, surpresa. Minha tia vem até onde estou.

─ Lotte, está tudo bem?

Por um segundo quase digo sim, mas minha força vacila e eu começo a chorar.

─ Oh, querida. ─ Florence me envolve em seus braços, e pela primeira vez em muito tempo percebo que é de minha mãe que sinto falta.

─ Quero ir pra casa… ─ choramingo.

Florence me consola em silêncio. E eu sei que​ ela está pensando o mesmo que eu:

“Onde, afinal, é a minha casa?”

─ » ♛ « ─

TeddyBear: Oi Charlie (14:23)

TeddyBear: N aconteceu nada demais. (14:23)

TeddyBear: Minha mãe achou você linda  :D (14:24)

TeddyBear: Ela ficou um pouco  chateada da gente n ter contado nada, mas foi só isso. (14:26)

TeddyBear: Os dois querem muito te conhecer (14:27)

TeddyBear: Tudo bem contigo? (14:27)

Você: Tá sim! :D :D (16:49)

Você: Q bom q tudo foi bem ^-^ (16:50)

─ » ♛ « ─

─ Você quer vir passar um tempo aqui? ─ pergunta minha mãe do outro lado da linha.

Suspiro e troco o livro de lugar da estante.

─ Não. Eu só… sinto a sua falta. ─ Seguro indecisa um volume de Orgulho e Preconceito. Estou organizando minha estante de livros novamente. Gosto de fazer isso para desestressar. O critério de hoje é a cor. ─ Mas eu não posso ir agora.

─ Está bem. Mas Lotte, se você se sentir sozinha aí…

─ Não estou sozinha. Eu só estou… ─ Encaixo o livro ao lado de Fronteiras do Universo, a Luneta Âmbar. ─ Estressada.

Minha mãe fica em silêncio, e me pergunto se a chamada caiu.

─ Tem a ver com o seu namorado?─ pergunta ela vacilante.

Eu contei para ela que estava namorando alguém, mas nada além disso. Ela está chateada por eu não contar. Mas eu ainda tenho medo da reação dela e do meu pai.

─ Não. Não precisa ficar preocupada, ok?

─Ok. É só que...

─Mãe, tia Florence está cuidando de mim. Você sabe disso. Eu estou bem. Mesmo.

─ Está bem então.

─ Tenho que ir mãe. Eu tô um pouco cansada e quero dormir.

─ Ok. Boa noite, filha.

─ Boa noite.

Desligo a chamada e me deito na cama. Minha estante está perfeitamente organizada seguindo as cores do arco-íris. Quem dera minha vida fosse uma estante, e fosse fácil organizar tudo assim.


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Notas finais do capítulo

E aí? O q acharam hein? Clichê? Fofo? Exagerado? Quero a opinião de vcs quanto a esse casal. A opinião de vcs pode me ajudar a decidir qual vai ser o futuro dos dois ;)



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